ATLETA ANIMAL: PARTICIPAÇÃO DE ANIMAIS EM PRÁTICAS ESPORTIVAS SOBRE UMA PERSPECTIVA DA COMUNIDADE DAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Guilherme Resende de Almeida1, Jean Kaique Valentim2, Cláudio Henrique Viana Roberto3, Tatiana Marques Bittencourt4, Rúbia Francielle Moreira Rodrigues5, Gabriel Gobira Alcântara Araújo6, Thayssa de Oliveira Littiere7, Lidiane Caroline de Castro Weitzel8
1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
2 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
3 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
4 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
5 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
6 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
7 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
8 - Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais Campus Rio Pomba

RESUMO -

As Vaquejadas, Rodeios e Provas de Laço são modalidades esportivas e culturais de nosso País, que estão entremeadas no cotidiano de muitos brasileiros a muitas gerações. Busca-se com o presente trabalho analisar a opinião de profissionais e estudantes das ciências agrárias de todo o país. Foi realizada uma pesquisa descritiva – exploratória via questionário, disponibilizada na internet a partir do Google Docs formulários, foram obtidos 250 registros. O cenário atual da atividade exibe muitos pontos que ainda são muito discutidos e polemizados. Na análise dos resultados, a maiorias dos entrevistados está na faixa etária de 15 a 25 anos, homens e mulheres, com ensino superior completo, conhecedores dos preceitos de Bem-estar, concordam com o uso de animais na prática de esportes, conhecem a legislação que regulamenta estas práticas, porém não concordam, além da fiscalização não ser eficiente e que conscientização da população é o principal influenciador para melhorar este cenário.

Palavras-chave: bem-estar animal, esporte animal, opinião popular, profissionais das agrárias

ANIMAL ATHLETE: ANIMAL PARTICIPATION IN SPORTS PRACTICES ON A PERSPECTIVE OF THE AGRICULTURAL SCIENCES COMMUNITY

ABSTRACT - The Cowboys, Rodeos and Ties are sports and cultural modalities of our Country, which are interspersed in the daily lives of many Brazilians for many generations. This work seeks to analyze the opinion of professionals and students of the agricultural sciences throughout the country. A descriptive - exploratory questionnaire search was made available on the Internet from Google Docs forms, 250 records were obtained. The current scenario of activity displays many points that are still much discussed and debated. In the analysis of the results, the majority of the interviewees are in the age group of 15 to 25 years, women, with complete higher education, knowledgeable of the Welfare precepts, agree with the use of animals in the practice of sports, know the legislation that regulates These practices, however do not agree, besides the inspection is not efficient and that population awareness is the main influencer to improve this scenario.
Keywords: Animal welfare, animal sport, popular opinion, agrarian professionals


Introdução

O rodeio e a vaquejada são modalidades esportivas bastante difundidas no Brasil e utilizam animais em seus eventos (SILVA, 2007).  Algumas dessas modalidades são questionadas por órgãos protetores dos animais, devido a possíveis maus tratos, a interferência no seu habitat natural, o contato com seres humanos e ser submetido a diferentes tipos de prova, como a prova do laço (SOUZA, 2008).

         O ordenamento jurídico brasileiro possui instrumentos que coíbem atos cruéis contra animais, porém a liberdade cultural ampara estes tipos de práticas (SOUZA, 2008). E isso faz com que as empresas que os utilizam de alguma forma, sintam-se pressionadas a manter-se as boas condições de vida dos animais durante sua vida produtiva e no abate. O bem-estar pode ser defendido através de vários pontos de vista, considerando o animal de acordo com sua saúde física e mental relata (BROOM & FRASER, 2010). O objetivo do trabalho foi avaliar a opinião da população nacional de maneira objetiva sobre o tema discorrido.



Revisão Bibliográfica

De acordo com a Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), entre 2014 e 2015, aconteceram cerca de 4 mil vaquejadas em todo o país. Os eventos geraram mais de 120 mil empregos diretos e 600 mil indiretos e movimentaram cerca de R$ 600 milhões por ano, além de 650 milhões de pessoas circularam por essas festas. Com a necessidade de proteger o meio natural e a integridade física dos animais utilizados em eventos esportivos como a vaquejada e o rodeio, é preciso maior rigor na elaboração da legislação ambiental voltada para defesa e proteção da fauna, além de se estabelecer um limite para a liberdade cultural, para que esta não se sobreponha ao bem-estar dos animais (SILVA, 2007). Inicialmente, tanto a vaquejada quanto o rodeio eram praticados apenas com fins culturais, porém, com o passar dos anos e com a profissionalização destas modalidades, o fator econômico passou a ser cada vez mais preponderante, já que muito dinheiro vem sendo investido (SILVA, 2007). Com isso, a prática dessas modalidades se transformou em grandes eventos festivos e os animais passaram a ser também mais exigidos, o que aumentou a pressão da sociedade em relação ao nível de violência, crueldade e maus tratos cometidos contra eles (SOUZA, 2008). Mesmo assim a questão cultural é frequentemente colocada por seus praticantes como razão principal para a existência destas modalidades esportivas. Várias campanhas e a pressão de organizações não governamentais têm sensibilizado a opinião pública, especialmente em países desenvolvidos originando avanços legislativos importantes. Essa fortíssima tradição cultural nordestina tem como argumento para sua proibição o sofrimento do animal que é derrubado em uma arena pelo vaqueiro. Já a premissa dos defensores da vaquejada é sustentada pelo aspecto econômico e cultural, considerando-a como patrimônio imaterial das regiões que a mantém, sendo geradora de emprego e renda para essa carente do Brasil. Sendo assim, buscam-se maiores estudos com relação às vertentes destas práticas, buscando aliar o bem-estar dos animais com a cultura e o desenvolvimento sustentável destas regiões, percebe-se que essas modalidades são de suma importância para algumas populações. Necessita de melhorias na elaboração da legislação ambiental voltada para conscientização da população para defesa e proteção dos animais utilizados, buscando atender as diretrizes do bem-estar animal.

Materiais e Métodos

Levando em consideração os objetivos propostos, optou-se por uma pesquisa descritiva-exploratória que de acordo com Gil (1999), visa caracterizar e mensurar uma determinada população ou fenômeno e, com isso, estabelecer determinadas relações entre variáveis, de natureza quali-quantitativa, em decorrência da interdependência nas demandas impostas neste estudo, face à complexidade da realidade social do público alvo. O presente estudo foi realizado no período de janeiro a fevereiro de 2017, utilizando a ferramenta Formulários Google (Google Forms) (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdY5ck12Lt2Uh4KeEdRfnSe-Xsriuh2GD8JXu4ihALeVYhgfw/viewform?c=0&w=1) por meio da aplicação do questionário disponibilizado na internet. A pesquisa foi divulgada através de sítios web de mídia social (Facebook, WhasApp) relacionados ao bem-estar e produção animal. Os dados foram embasados em 250 respostas obtidas pelos entrevistados que foram pessoas vinculadas às ciências agrárias de todo país. O questionário continha 11 perguntas referentes ao perfil do entrevistado como idade, sexo, grau de instrução, a conhecimento sobre o assunto tratado; entre outras. Optou-se por não se identificar os entrevistados, visando manter o sigilo quanto às informações prestadas. Após tabulação dos dados no Excel foi realizada uma filtragem para eliminar respostas duplicadas de participantes, em caso de dúvida, optou se pela exclusão da informação, realizando comparações descritivas.

Resultados e Discussão

Ao todo foram obtidas 250 respostas aos questionários enviados via correio eletrônico e redes sociais em toda a comunidade acadêmica das Ciências Agrárias. O Gráfico 1 mostra os dados obtidos em relação à idade dos entrevistados, onde 54,7% destes possuem entre 15 a 25 anos. O item correspondente ao Gráfico 2, que se refere ao sexo dos entrevistados, apresenta 50,8% destes é são mulheres. Já o item escolaridade mostrou-se que 30,6% das pessoas que responderam a pesquisa possuírem ensino superior completo. Entrando na vertente do presente estudo, o Gráfico 4 demonstra a opinião dos entrevistados sobre o verdadeiro conceito de Bem-estar animal, mostrando que 69,9% dos envolvidos afirmam conhecer as definições de Bem-estar e sua aplicação no meio rural. O Gráfico 5 condiz com a realidade de utilização destes animais, mostrando que 40,2% deste público concorda parcialmente com a utilização de animais nesta prática de esportes. E outros 35,7% concordam totalmente com essa prática. Quanto ao assunto sobre os tipos de modalidades existentes e seus efeitos no Bem-estar dos animais, notou-se no Gráfico 6 que 34,3% dos entrevistados acha que a vaquejada é a atividade que mais fere os direitos dos animais. Quando indagado sobre a legislação que eleva tais práticas a manifestação cultural percebe-se no Gráfico 7 que 55,6% dos entrevistados diz que a conhece, e 51,3% destes não concordam com esta lei, Gráfico 8. Outro ponto importante elucidado na presente pesquisa foi a opinião deste público alvo com relação a fiscalização dos órgãos governamentais nestas atividades esportivas. Dados obtidos no Gráfico 9 mostram que 86,7% dos entrevistados acham que o Brasil não fiscaliza esse segmento, necessitando de maiores cuidados. Buscando adentrar nos direitos dos animais o Gráfico 10 questiona o que é necessário para que os animais tenham essa garantia, e 41,2 % dos entrevistados afirmam que é a conscientização da população envolvida nestes segmentos é o principal influente.

Conclusões

Conclui se com este trabalho que uma grande parcela da comunidade acadêmica pertencente as ciências agrarias, não possui o domínio do conceito de bem estar animal e as suas aplicações. Sendo com isso apresentado que a grande maioria relata que o nosso pais não possui estrutura para supervisionar empresas que utilização animais para praticas de esportes, mesmo sendo de âmbito cultural. Este trabalho serve como uma maneira de elucidar o referido assunto e mensurar o nível da informação dentro da sociedade acadêmica das ciências agrarias.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABVAQ, 2015. Vaquejada: o símbolo cultural do Esporte Nordestino. Disponível em: <http://www.abvaq.com.br> Acessado em 05/12/2016.   Agência do Senado. Rodeios e vaquejadas podem se tornar patrimônio cultural do País. Site do Senado Federal (2016). Disponível em: <http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/08/rodeios-e-vaquejadas-podem-se-tornar-patrimonio-cultural-do-pais>. Acessado em 05/1/2017.   GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 206 p.   SILVA, T. C. Vaquejadas: manifestações das culturas ou crime de crueldade e maus tratos contra os animais? 2007. 50p. Monografia (Graduação em Direito) - Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza, Fortaleza.   SOUZA, Gabriel Campos. Os rodeios e a Lei 10519/02: retrocesso social e desconformidade com a Constituição Federal de 1988. In: Congresso Mundial de Bioética e Direito Animal, Salvador, 2008, p. 1-16.   NAZARENO, A. C. et al. Bem-estar na produção de frango de corte em diferentes sistemas de criação. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.31, n.1, p.13-22, 2011.