Desempenho econômico de cordeiros sob pastejo de Coast Cross, com diferentes níveis de suplementação

Bianca Freire Bium1, Carmo Gabriel da Silva Filho2, Leonardo Mazzero3, Marcelo Machado De Luca de Oliveira Ribeiro4, Matheus Napolitano Gonçalves5, Valdo Rodrigues Herling6, Laís Mariscal7, Nathalia Tami Nishida8
1 - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
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RESUMO -

O objetivo do trabalho foi avaliar a viabilidade econômica da criação de cordeiros mestiços ½ sangue Santa Inês e Dorper, terminados em pastagem de Coast Cross com diferentes níveis de suplementação, durante o período das águas. Utilizou-se 21 animais, com idade aproximada de 90 dias e peso médio inicial de 22 kg. Para a composição dos custos foi considerado o valor do concentrado, da adubação, sanidade, aluguel da pastagem, mão de obra e a compra dos animais. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, com 7 repetições e com 3 tratamentos de suplemento proteico-energético. A análise estatística dos dados foi feita pelo programa MINITAB Statistical Software, version. O menor custo de produção por quilo de carcaça fria foi dado pelo tratamento com 2% de suplementação. O retorno econômico do sistema em pastagens ainda é menor. Os cordeiros que receberam 2% de suplementação, obtiveram o maior lucro, sendo que nenhum dos tratamentos apresentou receita bruta negativa.

Palavras-chave: consumo, custo, Cynodon Dactylon, ovinocultura

Economic performance of lambs under grazing at Coast Cross, with different levels of supplementation

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the economic viability of crossbred ½ Santa Inês and Dorper lambs, finishing in Cost Cross pasture with different levels of supplementation during the water period. Twenty-one male animals with Santa Inês vs. Dorper crossbreeding, aged approximately 90 days and initial mean weight of 22 kg, were used. The animals on pasture of Costa Cruz grass (Cynodon dactylon (L.) Pers.) Were divided into two pickets. The slaughter was done in the city hall of the USP campus of Pirassununga-SP, by section of the jugular veins. For the costs was considered the value of concentrate, fertilization, sanitation, pasture rent, labor and a purchase of the animals. Gross income and gross revenue are calculated. The experimental design was completely randomized, with 7 replicates and 3 treatments of protein-energy supplementation. A statistical analysis of the data was done by the program MINITAB Statistical Software, version. It was noted that the costs were concentrated on the purchase of animals and medications. The lowest cost of production per kilogram of cold carcass was given by the treatment with 2% of supplementation, about R $ 13.3 / kg cold carcass. The economic return of the system in pastures is still lower, lambs that received 2% of supplementation, obtained the greater profit, and none of the treatments presented negative gross revenue. The effective operational cost provided in this study is high.
Keywords: consumption, cost, Cynodon Dactylon, sheep farming


Introdução

A ovinocultura está presente em todo o mundo em virtude da sua rusticidade e adaptabilidade à condições adversas (RODRIGUES, 2010). A carne, o leite e a lã desses animais são os principais produtos a serem comercializados no mercado interno e que também podem gerar frutos com a exportação e importação (ZEN, 2014). A produção mundial de ovinos está concentrada nos países asiáticos, tendo a China ocupado a primeira colocação, seguida pela Austrália e Índia, totalizando 70% da produção mundial de ovinos (FAOSTAT, 2014). No Brasil, a ovinocultura está entre uma das primeiras atividades a constituírem a pecuária nacional (ZEN, 2014), comumente caracterizada como uma atividade complementar a criação de gado bovino, sendo praticada como forma de subsistência (RODRIGUES,2010). Segundo o IBGE, em 2014, o Brasil ocupou a 18º posição mundial como produtor de ovinos, com um rebanho de 17.614.454 cabeças. O nordeste do país apresentou um rebanho de 10.126.799 cabeças, sendo a região mais produtora. Em segundo lugar está a região Sul, seguida pelas regiões Centro-oeste, sudeste e norte. De acordo com Zen (2014) em São Paulo, por exemplo, “embora não haja um rebanho numeroso, a ovinocultura é mais tecnificada, com a produção voltada para atender à demanda interna de carnes especiais”. Além disso, grandes frigoríficos estão localizados nesta região, o que permite uma melhor organização da cadeia produtiva, devido, também, à proximidade com grandes centros consumidores do país (RODRIGUES, 2010).

Revisão Bibliográfica

Os ovinos podem ser criados em sistemas que variam do extensivo ao intensivo, sendo que os fatores ambientes que devem ser levados em consideração na escolha do sistema ideal são: valor da terra, região, clima, taxa de lotação e qualidade das pastagens (SÁ, 2007). A diversificação desses sistemas está totalmente associada a rentabilidade e aos fatores econômicos da produção (RODRIGUES, 2010) mas a presença e a qualidade das forrageiras na região são os principais limitantes para a decisão de terminar cordeiros a pasto ou em confinamento. A intensificação da produção tem se apresentado como algo mais frequente, tornando-a mais eficiente (SÁ, 2007). De acordo com Souza (2008) no estado de São Paulo o sistema de produção mais empregado é o semi-intensivo, com ciclo completo. Neste método de criação, são utilizadas áreas cultivadas e que podem ser divididas em piquetes para fazer rotação de pasto. Entretanto, a preocupação com a qualidade da forrageira e com a suplementação de concentrado são maiores. Além dos fatores relacionados com a pastagem, o fator que também influencia a escolha da terminação em confinamento é a presença de verminoses, considerado um dos principais desafios da produção de carne de cordeiro. A utilização de pastagem na terminação de cordeiros é uma das mais praticadas formas de alimentação desses animais, já que eles conseguem aproveitar muito bem as áreas naturais. Para que esse sistema permaneça sendo o mais viável economicamente, é necessário que variáveis como, escolha das plantas forrageiras, manejo das pastagens, conservação de alimentos, instalações e manejo nutricional, reprodutivo e sanitário, sejam bem avaliadas e estruturadas (SOBRINHO, 2001), sobrepondo a estacionalidade da forrageira e reduzindo as verminoses.

Materiais e Métodos

Foram utilizados 21 animais machos com cruzamento Santa Inês x Dorper, com idade aproximada de 90 dias e peso médio inicial de 22 kg. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado (DIC), com 7 repetições e com 3 tratamentos de suplemento proteico-energético: 1%, 1,75% e 2,5% P.V., sendo o concentrado ministrados duas vezes ao dia. Os animais estavam em pastagem de capim Coast Cross (Cynodon dactylon (L.) Pers. ) no período das águas divididos em dois piquetes (1300 m² e 800 m²)  rotacionados à cada 14 dias. Quando a média geral alcançou aproximadamente 40,0 kg de peso vivo, os animais foram pesados e obteve-se o PVF (peso vivo na fazenda). Os animais ficaram em jejum por 16 horas e pesou-se novamente para obtenção do PVA (peso vivo ao abate). Logo após o abate, as carcaças foram pesadas na linha do abatedouro e obteve-se o peso da carcaça quente (PCQ). O peso da carcaça fria (PCF) foi obtido após 24h de refrigeração em câmara fria de 0- 4°C. 2006). Para a determinação dos custos (neste estudo calculou-se o custo operacional efetivo) foram utilizados as seguintes métricas: para o concentrado considerou-se o valor de  R$ 0,70/Kg, praticado pela fábrica de rações do Campus “Fernando Costa” da USP (Universidade de São Paulo); já o valores gastos com adubação e sanidade, foram de acordo com necessidade do solo e dos animais; o aluguel da pastagem adotamos R$ 3,37/cab/mês, de acordo com IEA – SP (Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo). Mão de obra foi estabelecida na relação de um funcionário para 500 cordeiros. A compra dos animais foi estabelecida conforme o preço médio pago pelo quilo do cordeiro vivo, praticado na região de Pirassununga, em julho de 2016, e divulgado pelo boletim Índice de Preço do Cordeiro Paulista da FZEA/USP. Por fim calculou-se a renda bruta (R$ 8,50/Kg PV, valor praticado na região de Pirassununga) e a receita bruta. A análise estatística dos dados foi feita pelo programa MINITAB Statistical Software, version 17.

Resultados e Discussão

Os custos para a realização do experimento estão resumidos e categorizados na Tabela 1. Nota-se que boa parte dos gastos se concentraram na compra dos animais e nas medicações, principalmente contra verminose. A tabela 2 mostra dados relativos a consumo de concentrado, custo por quilo de peso vivo e valores de renda. Nela pode-se observar que o menor custo de produção por quilo de carcaça fria foi dado pelo tratamento com 2% de suplementação, cerca de R$ 13,3/Kg carcaça fria. Notadamente este valor se refere ao maior rendimento de carcaça, que ficou muito superior aos valores encontrados por OLIVEIRA et al (2014) que, ao realizar trabalhos com pastagens de Brachiaria Brizanta, e cordeiros  Santa Inês x Pantaneiro, recebendo suplementação proteico-energética, no níveis de 0%, 1% e 2%, encontrou respectivamente os seguintes custo de produção/ kilo de carcaça: R$ 7,79; 7,28 e 7,04. Fazendo um contraste com experimentos realizados em confinamento, como o trabalho de Paim et al (2011), que encontrou valores de custo/kg carcaça para os machos de R$ 7,11, enquanto a média do presente estudo foi de 14, 27. Levando-se em conta as características de cada estudo, percebe-se que o retorno econômico do sistema em pastagens ainda é menor principalmente devido ao alto custo e ao menor desempenho produtivo dos animais terminados a pasto. Mesmo com estas circunstâncias, percebe-se que os cordeiros que receberam 2% de suplementação, permitiram o maior lucro, sendo que nenhum dos tratamentos apresentou receita bruta negativa. Vale ressaltar que o fato do resultado alcançado por este estudo, no que tange à custo/ Kg PV está próximo do Índice de Preço do cordeiro paulista da FZEA/USP (valor praticado em julho de 2016), indica que a margem de lucro não será tão significativa. Além disso, vale ressaltar que para o cálculo do custo operacional efetivo, considera-se somente os custos correntes no período e comparando com o índice de custo do LAE/ FMVZ/USP, que utiliza o custo total por quilo de peso vivo, verifica-se muita proximidade com o custo operacional efetivo deste estudo. Com isto podemos inferir que, o custo operacional efetivo dispensado neste estudo está elevado, uma vez que se dispensaram muitos recursos, principalmente com medicamentos para verminose e alimentação.  

Conclusões

A partir das análises realizadas e das literaturas estudadas percebeu-se que o custo efetivo foi alto. Levando em consideração esse custo efetivo e o operacional, o tratamento com 2% de suplementação foi o que teve o maior lucro. Em contra partida os custos foram bem onerosos devido principalmente aos gastos com a aquisição dos cordeiros, de medicamentos e de alimentação.

Gráficos e Tabelas




Referências

FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Estatística FAO, 2014. Disponível em: http://www.fastat.fao.org LAE/FMVZ/USP. Boletim Eletrônico do LAE/FMVZ/USP. 2016. Disponível em: <http://jornal.usp.br/wp-content/uploads/Socioeconomia__Ciencia_Animal_Edicao_105.pdf>. Acesso em: 14/03/2017. OLIVEIRA, Marcos Antônio de, et al. Desempenho e lucratividade de cordeiros mestiços santa Inês x pantaneiro em pastejo suplementado com concentrado. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, [s.l.], v. 8, n. 1, p.222-236, mar. 2014. GN1 Genesis Network. http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20140015. PAIM, Tiago do Prado, et al. ESTUDO ECONÔMICO DA PRODUÇÃO DE CORDEIROS CRUZADOS CONFINADOS ABATIDOS EM DIFERENTES PESOS. Ciência Animal Brasileira, [s.l.], v. 12, n. 1, p.48-57, 31 mar. 2011. Universidade Federal de Goiás. http://dx.doi.org/10.5216/cab.v12i1.5894. RODRIGUES, Luiza Sidonia, et al, Ovinocaprinocultura de corte: a convivência dos extremos. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mar. 2010. Brasil. SÁ, Cristiane Otto de, et al. Aspectos técnicos e econômicos da terminação de cordeiros a pasto e em confinamento. Anais do III Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte, 05 nov. 2007. Paraíba, Brasil. SOUZA, Francisco Armando de Azevedo, et al. Panorama da ovinocultura no Estado de São Paulo. Ceres, set. 2008. Viçosa, Minas Gerais. SOBRINHO, A.G.S. Produção de cordeiros em pastagem. Anais do I Simpósio de Ovinocultura, jan. 2001. UFLA, Minas Gerais. UNICETEX, FZEA/USP, 2016.Índice do cordeiro paulista. Disponível: http://media.wix.com/ugd/2ad832_ba43fed734e44a57a58114fd6cf1aa11.pdf. Acessado em 14/03/2017. ZEN, Sérgio de. Evolução da Caprino e Ovinocultura. Ativos, ovinos e caprinos, set. 2014. Brasília, DF.