DESEMPENHO PRODUTIVO DE VACAS HOLANDESAS EM SEMI-CONFINAMENTO E CONFINAMENTO COMPOST BARN

Eduardo Alves de Oliveira1, Juliana Lopes Frias2, Luciano Eduardo Polaquini3, Thalita Oliveira Cucki4
1 - Universidade Anhembi Morumbi
2 - Universidade Anhembi Morumbi
3 - Universidade Anhembi Morumbi
4 - Universidade Anhembi Morumbi

RESUMO -

O Brasil, em 2014, ocupava a 5ª posição no ranking mundial de produção leiteira. Depois de um cenário adverso em 2015 o Brasil voltou a acelerar o ritmo de crescimento da produção no ano passado. Todavia o tipo de acomodação para vacas leiteiras tem forte influência nos resultados de produtividade e sanidade do rebanho, qualidade do leite, bem-estar animal e a rentabilidade da fazenda. Em vários locais do mundo, incluindo o Brasil, a criação de vacas leiteiras tem no pasto a principal base alimentar. Entretanto, baixos índices de produtividade são corriqueiros neste tipo de sistema. E então o confinamento de animais surgiu como alternativa para o aumento da produtividade e novas oportunidades para manejar rebanhos leiteiros com maior conforto. O Compost Barn (CB) é um modelo de instalação que tem como objetivo criar o máximo conforto e bem-estar dos animais e, consequentemente, o aumento dos níveis de produtividade. Diante deste fato, este trabalho teve como objetivo de avaliar o desempenho produtivo de vacas holandesas em semi-confinamento e confinamento CB em uma propriedade leiteira, localizada na cidade de Itapeva-MG. Avaliar o comportamento de cada animal na produção leiteira é muito importante. O simples fato da vaca estar deitada e ruminando é um excelente indicador de que está sendo preservado o seu bem-estar. O presente trabalho observou que apenas depois da implantação do CB é que os animais atingiram o número de horas considerado fisiológico. O estresse térmico pode ser um outro fator que afeta negativamente a produtividade, principalmente nas vacas com potencial genético. Antes do CB a produção média era de 38,5 kg de leite por animal dia. Depois da implantação do sistema a produção média passou para 42,8 kg de leite por animal dia num intervalo de doze meses.

Palavras-chave: confinamento; produção de leite; vaca; compost barn.

PRODUCTIVE PERFORMANCE OF DUTCH COWS IN SEMI-CONFINEMENT AND CONFINEMENT COMPOST BARN

ABSTRACT - Brazil, in 2014, ranked 5th in the world milk production. After an adverse scenario in 2015, Brazil’s production returned to accelerate its pace last year. However, the type of accommodation for dairy cows has a strong influence on the productivity and health results of the herd, milk quality, animal welfare and farm profitability. In several places around the world, including Brazil, the pasture is the main food for dairy farming cows. Nevertheless, low productivity rates are commonplace in this type of system. Therefor, the confinement of animals emerged as an alternative to increase productivity and new opportunities to manage dairy herds with greater comfort. The Compost Barn (CB) is an installation model that aims to create the maximum comfort and well-being of the animals and, consequently, increase the levels of productivity. As a result, this study aimed to evaluate the productive performance of Dutch cows in semi-confinement and CB confinement in a dairy farm, located in the city of Itapeva-MG. We target to evaluate the importance and the behavior of each animal in milk production in this controlled process. The mere fact that the cow is lying down and ruminating is an excellent indicator that it well-being is being preserved. The present study observed that only after the implantation of CB, the animals reached the number of hours considered physiological. Thermal stress may be another factor that negatively affects productivity, especially in cows with genetic potential. Before CB the average production was 38.5 kg of milk per animal day. After the implantation of the system, the average production passed to 42.8 kg of milk per animal/day in an interval of twelve months.
Keywords: feedlot; milk production; cow; compost barn


Introdução

Em 2014, o Brasil produziu 35,17 bilhões de litros de leite o que representa um aumento de 2,7% em relação à registrada no ano anterior. Levando assim o Brasil a ocupar a quinta posição no ranking mundial de produção de leite em 2014, ficando atrás apenas da União Europeia, Índia, Estados Unidos e China ¹. O tipo de instalação utilizada para acomodação das vacas leiteiras tem forte influência nos resultados de produtividade e sanidade do rebanho, qualidade do leite, bem-estar animal e a rentabilidade da fazenda. Além disso deve ser levado em consideração o nível de intensificação desejado, potencial genético do rebanho, disponibilidade de capital, disponibilidade e capacidade de produção de alimentos e custo da terra ². Em vários locais do mundo, incluindo o Brasil, a criação de vacas leiteiras tem no pasto a principal base alimentar, dado inclusive pela grande oferta de forrageiras. Entretanto, baixos índices de produtividade são corriqueiros neste tipo de sistema ³. No sistema de semi-confinamento os animais muitas vezes ficam em piquetes abertos, sendo que geralmente apenas as áreas de cochos são cobertas. Esse fato aumenta a disputa pelas áreas de sombras e consequentemente aumenta o estresse térmico dos animais. Com a limitação de área de sombreamento e sem fonte de ventilação forçada para baixar a temperatura do animal ou do ambiente é possível observar também um menor tempo de ruminação comparado ao fisiológico 4,5. Em estações chuvosas pode ocorrer lama no caminho do piquete até a sala de ordenha, beira de cocho e local de ruminação faz com que os tetos e cascos dos animais fiquem sujos, trazendo sujidade para sala de ordenha e baixo escore de higiene corporal. Desta forma os animais apresentavam se mais predispostos a altos índice de infecções nos tetos (mastite), e problemas nos membros torácicos e pélvicos como a claudicação 6, 7. Além disso, ainda neste tipo de sistema em estações chuvosas, a cada ordenha os animais acabam tendo um maior manejo na hora da higienização devido à alta presença de sujidade nos tetos, e isso demanda inclusive mais tempo para o animal retornar aos piquetes 4, 5. O confinamento de animais surgiu como alternativa para o aumento da produtividade e novas oportunidades para manejar rebanhos leiteiros com maior conforto, entretanto como consequências surgiram novos problemas. O material a ser utilizado como cama para os animais pode ser considerado um desses problemas quando não adequado 8. O novo sistema de confinamento para as vacas leiteiras, criado nos Estados Unidos, tem ganhado notoriedade em muitos países, inclusive no Brasil 9. O Compost Barn, como é chamado, é um modelo de instalação que tem como objetivo criar o máximo conforto e bem-estar dos animais e, consequentemente, o aumento dos níveis de produtividade 3.

Revisão Bibliográfica

  1. REVISÃO DE LITERATURA
 
  • Compost Barn
O objetivo do sistema Compost Barn, é gerar maior produção e longevidade para as vacas leiteiras, proporcionando maior conforto, reduzir as doenças e o estresse térmico dos animais, além de destinar os dejetos de forma mais sustentável e/ou lucrativa para as propriedades 10, 11. O sistema Compost Barn pode ser determinado em diferentes modelos, tais como o Americano e Israelense. O modelo Americano é formado por material rico em carbono, como serragem ou maravalha. A compostagem acontece de forma rápida, produzindo grande quantidade de calor, sendo o principal responsável pela produção de vapor e consequentemente melhor secagem da cama. Trata-se de galpões com cochos de alimentação central ou lateral, o corredor de alimentação pode ou não ser separado da cama e as dimensões deste modelo em média se calcula 10m2 de cama por animal 12. No modelo Israelense o ambiente é pobre em carbono, a cama acaba sendo formada apenas por esterco. A compostagem é lenta e com baixa produção de calor, por consequência ocorre baixa produção de vapor. Neste modelo é imprescindível o uso intensivo de ventiladores para aerar da melhor forma possível o ambiente. A indicação para esse modelo tem uma variação de 15 a 20 m2 por vaca, com o corredor de alimentação concretado e separado da cama 12. Para que se tenham bons resultados com o Compost Barn, é necessária uma estrutura bem projetada, laterais abertas, ventilação forçada, cama frequentemente aerada e densidade de animais de acordo com o espaço 13. O ambiente mal ventilado e com pouca área de sombra, propicia alta temperatura durante o dia levando os animais a um estresse térmico, que pode resultar em uma baixa produção leiteira, bem como baixos índices reprodutivos dependendo ainda da resposta fisiológica de cada animal, genética, idade e sexo 14. O principal objetivo do Compost Barn é proporcionar aos animais um local confortável e seco durante todo o ano. Segundo o Instituto de Estudos Pecuários (IEPEC), alguns produtores que utilizam o sistema de Compost Barn relataram inúmeras melhorias, tais como: ocorrência de vacas mais limpas, redução de problemas locomotores e de casco, diminuição da contagem de células somáticas (CCS), aumento da detecção de cio, aumento na produção de leite, menor odor e incidência de moscas, além de melhores condições de trabalho aos produtores 6. O sucesso deste sistema depende principalmente do manejo da cama, que consiste em revolver a cama pelo menos duas vezes por dia, geralmente nos horários de ordenha das vacas. Alguns fatores devem ser levados em consideração na escolha do local da instalação, para ter boa ventilação natural, observar o deslocamento do sol, e drenagem da água em períodos chuvosos, além de ser também importante evitar a superlotação do local 10, 11. Manejo e gerenciamento inadequado da cama pode levar a condições indesejáveis da compostagem, tais como: vacas sujas, aumento de CCS e casos de mastites recorrentes 7.  
  • Processo de Compostagem
O processo de compostagem se dá através da mistura de uma fonte de carbono (cama) com material orgânico rico em nitrogênio (esterco/urina), revirando a cama (aerando) para incentivar a infiltração de ar no material e manter o nível de umidade para conseguir a quebra rápida da matéria orgânica 13. É essencial controlar e equilibrar a temperatura, relação carbono, nitrogênio, oxigênio, pH, umidade da matéria prima para uma boa compostagem 15. Garantir a manutenção desses elementos proporcionar temperatura adequada para secar a cama e reduzir os microrganismos patógenos 7, 13. O material da cama pode ser trocado de 6 meses a 1 ano, dependendo da taxa de lotação, ou então se a cama apresentar estagnação do processo de decomposição. Essa retirada é indicada e otimizada nas épocas de plantio, onde as plantas terão um melhor aproveitamento dos nutrientes como fósforo e nitrogênio 16, 17, 18. Uma boa taxa de lotação no galpão de Compost Barn, vai depender da quantidade de esterco e urina depositados na cama, a quantidade de manejo de aeração e atividade microbiana. Além do que o espaço mínimo deve ser respeitado para que todas as vacas possam deitar ao mesmo tempo se necessário e se movimentarem livremente até os comedores e bebedouros 18.
  • Eficiência Produtiva de Leite no Compost Barn
A queda da produção leiteira está diretamente ligada a alteração de comportamento e estresse térmico do animal, ou seja, os animais aumentam o gasto energético para promover a dissipação de calor, consomem menos alimento e deixam de produzir de forma eficiente 19. O estresse térmico dos animais consiste em algumas características, tais como: a espécie de animal, idade, ingestão de alimentos, composição da dieta, aclimatização, alojamento, etc. O melhoramento genético aumenta a capacidade produtiva, mas também aumenta a ingestão de alimentos, que por consequência aumenta a produção de calor metabólico 20. A diminuição do consumo alimentar, afetado pelo estresse térmico do animal que pode ser influenciado pelo clima do ambiente, ocorre em geral quando a temperatura ambiente ultrapassa os 26°C. Vale ressaltar, que, em condições de pastejo, esse efeito é ainda mais pronunciado 21. Vacas confinadas apresentam de 10 a 12 períodos de alimentação ou de 6 e 18 horas. Próximo ao meio-dia, a maioria das atividades de alimentação é interrompida, e após 21 horas, menos de 10% dos animais são observados se alimentando 22. Dentre os padrões de comportamento das vacas leiteiras, o de deitar também é considerado de grande importância. A privação do descanso pode induzir à frustração que se manifestam por comportamentos estereotipados. Outras consequências incluem lesões traumáticas e outros danos físicos, resultando em problemas sanitários e de baixo desempenho produtivo. O tempo de permanência na posição deitada, em um período de 24 horas, é, geralmente, em torno de 8 a 14 horas 23. Em se tratando do aumento de produção após a acomodação dos animais no sistema de Compost Barn, muitos autores relatam de forma gradativa e expressiva as mudanças de desempenho e saúde, tendo inclusive um aumento de consumo de matéria seca, consequentemente aumento da produção 16. Estudos realizados na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, mostraram mudanças em relação ao conforto dos animais, assim como impacto na produtividade e longevidade do rebanho 11. O Compost Barn tem como objetivo proporcionar o máximo conforto e bem-estar dos animais e, consequentemente, o aumento dos níveis de produtividade 3. Diante deste fato, este trabalho tem como objetivo de avaliar o desempenho produtivo de vacas holandesas em semi-confinamento e confinamento Compost Barn.

Materiais e Métodos

O trabalho foi desenvolvido no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2016 em uma propriedade leiteira, localizada na cidade de Itapeva-MG, caracterizada pelo clima predominantemente tropical. Foram avaliadas 70 vacas da raça holandesa, que eram manejadas inicialmente em sistema de semi-confinamento e passaram a ser manejada no sistema Compost Barn modelo Americano. Vale ressaltar que enquanto os animais foram mantidos no sistema de semi-confinamento, a área de pasto do piquete era utilizada apenas como solarium, assim a dieta se manteve a mesma em ambos os sistemas, sendo essa a base de silagem e concentrado oferecida no cocho. As vacas eram ordenhadas 3 vezes ao dia, sendo às 04, 12 e as 20 horas. O trabalho se desenvolveu por meio observacional contemplando os quesitos descritos no formulário em anexo (ANEXO 01) com critérios de: Excelente (9-10); Bom (6-8); Regular (5); Ruim (2-4); Péssimo (0-1).

Resultados e Discussão

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Comportamento animal Fregonesi e Leaver ressaltam a importância avaliar o comportamento de cada animal na produção leiteira. O simples fato da vaca estar deitada e ruminando é um excelente indicador de que está sendo preservado o seu bem-estar. Ambos notaram que após as vacas serem acomodadas no galpão de Compost Barn elas permaneciam deitadas por cerca de 10 a 14 h/d 24. O tempo de ruminação deste trabalho antes do Compost Barn foi menor que o fisiológico, sendo que após implantação os animais atingiram a meta de 8h/d. Pesquisadores relatam através de estudos que vacas passam mais tempo deitadas e ruminando em Compost Barn do que nos sistemas de free stall 25, 26, 27 242526. Endres et al., por sua vez observou que as vacas permaneciam por 9,3 h/d, além de ter observado que cerca de 5,4% das vacas deitadas ficam deitadas com a cabeça no chão com o corpo todo esticado (FIGURA 01), demonstrando total conforto do CB 27. Segundo Fregonesi e Leaver, o tempo em que as vacas ficam deitadas é um bom indicador de bem-estar animal. O manejo e o alojamento influenciam muito nesse tempo e, consequentemente, na produção de leite 24. Antes do Compost Barn a expressão do comportamento natural do animal era a disputa de área sombreada, entretendo após a implantação os animais demostraram interações entre eles e ruminação por mais de 8 horas (FIGURA 02). Damasceno realizou um trabalho com 42 produtores de leite no sistema de CB apresentou autos níveis de satisfação. Foi observado que 24,1% que as vacas estavam mais confortáveis, e teve a melhoria escore de higiene corporal em 12,1%. Entretanto apenas 2,6% apresentou aumento da produção 28.
  • Escore de Higiene Corporal
Com relação ao escore de higiene corporal, antes do Compost Barn, em estações chuvosas encontrava se muita lama no piquete de modo que se as vacas deitassem para ruminação seus tetos ficariam sujos (FIGURA 03). Havia também muita lama na beira do cocho e no caminho do piquete até a sala de ordenha propiciando o carreamento de sujidade para sala de ordenha.
  • Ocorrência de Mastite
O manejo inadequado da cama pode proporcionar situações indesejáveis, tais como a diminuição do escore de higiene corporal e o aumento dos casos de mastites recorrentes 7. O presente estudo mostrou que a ocorrência de mastite antes do Compost Barn era de 12% das vacas em lactação, sendo que após a implantação a ocorrência caiu para 2%. Apesar da umidade ser necessária para a decomposição da compostagem, a aeração é muito importante, pois isso inibe a atividade de micro-organismos evitando assim a sujidade nas vacas, diminuindo o escore de higiene corporal 29. Com o sistema bem manejado e conservando a cama seca, é possível observar uma redução de CCS e o escore de higiene corporal das vacas 28. Em alguns trabalhos de comparação em diferentes sistemas, foi comprovado que no sistema de Compost Barn foi o que apresentou o menor número de CCS por ml 13.
  • Aumento de Produtividade do Leite
O estresse térmico pode ser considerado um dos fatores que afetam negativamente a produção das vacas leiteiras, principalmente naquelas com potencial genético. Antes do Compost Barn havia uma limitação de área de sombreamento e sem fonte de ventilação forçada para baixar a temperatura do animal e do ambiente. Após a implantação do sistema houve um aumento da área de sombreamento, adicionado a utilização de ventiladores que permitiram manter o ambiente interno 3°C abaixo do ambiente externo. Foi possível observar que antes do Compost Barn a produção média era de 38,5 kg de leite por animal dia. Depois da implantação do sistema a produção média passou para 42,8 kg de leite por animal dia num intervalo de doze meses. Brito (2016) também relatou aumento da produção de leite em duas fazendas entre março de 2014 e fevereiro de 2016. Na Fazenda 1 o aumento foi de 73%, passando de 1.310 litros por dia para 2.270 litros diários 24 meses após a implantação do sistema. Já para a Fazenda 2, o aumento foi 42% nos primeiros 12 meses pós implantação do Compost Barn 12. Bewley et al. (2013) mostrou resultados satisfatórios relativos ao aumento de produção de leite (1,4 a 2,1 kg) quando as vacas foram retiradas de um free stall e colocadas em um sistema de Compost Barn 13. Black et al. (2013) também observaram aumento de 0,8 kg por vaca/dia no período de transição de um sistema de free stall para o Compost Barn, e de 1,4 kg após a adaptação em oito fazendas americanas 7. Em outro estudo de Black et al. (2013) em sete fazendas, houve aumento de 1,1 kg de leite por dia após a entrada no Compost Barn. Astiz et al. (2014) observou aumento de 1,7 kg de leite por dia quando as vacas foram transferidas para o Compost Barn 7, 30. Grant (2007) avaliou vários trabalhos relacionando o tempo em que as vacas permaneciam deitadas e a produção de leite. Segundo o mesmo, para cada hora a mais que o animal permanece deitado, houve um aumento de 1,6 kg de leite por dia 31. Quando se avaliou este aumento de produção ao longo de toda lactação, o trabalho de Black et al. (2013) mostrou um aumento de 376 kg de leite na lactação média das vacas de oito fazendas americanas após a implantação do Compost Barn. Em um outro trabalho, Black et al. (2014), observou que essa diferença ficou na média de +261 kg de leite na lactação das vacas em sete fazendas. Ponto importante é que, nestes dois trabalhos, as vacas saíram de um sistema free stall, onde já tinham uma condição de conforto relativamente boa, para o de Compost Barn. Nesse mesmo trabalho, o pico na lactação das vacas passou de 38,7 para 40,0 kg, contribuindo assim, segundo os autores, para o aumento da produção total da lactação 7, 32.

Conclusões

A implantação do sistema de Compost Barn parece de fato aumentar a produtividade de leite. O aumento no conforto dos animais aliado à uma melhor higiene no ambiente são fatores fundamentais para obtenção de bons resultados e menos descarte de leite. No entanto, alguns pontos devem ser ressaltados. A cama deve ser bem manejada para que se conserve a superfície seca assim mantendo um bom escore de higiene corporal para que se tenha sucesso na implantação do sistema.



Gráficos e Tabelas




Referências

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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