Teor de umidade em rações para cães adultos comercializadas a granel na cidade de Santarém-Pa

Yasmin dos Santos Picanço1, Sullyvan Silva Oliveira2, Thaiza Santos Farias3, Graciene Conceição dos Santos4
1 - Universidade Federal do Oeste do Pará
2 - Universidade Federal do Oeste do Pará
3 - Universidade Federal do Oeste do Pará
4 - Universidade Federal do Oeste do Pará

RESUMO -

O mercado pet food cresceu nos últimos anos, preocupando-se mais com a qualidade dos alimentos. A forma de armazenagem das rações pode deixá-las expostas a variações do tempo e, consequentemente, a contaminações e perdas em sua qualidade. O teor de umidade pode causar crescimento de microrganismos e deterioração do produção. Objetivou-se analisar o teor de umidade em rações para cães adultos comercializadas a granel na cidade de Santarém-Pa. Foram coletadas 4 amostras de rações com mesmos níveis de garantia e composição básica, Standard, de pontos diferentes da cidade, submetidas ao método de amostra seca em estufa, à 105°C por 24h. Os dados foram obtidos pelo programa estatístico SISVAR e por Teste de Turkey. As amostras A e C não diferiram significativamente entre si, assim como B e D. Entretanto, comparando-se A e C com B e D, houve diferença significativa. O teor de umidade está dentro do valor máximo (12%) (MAPA,2003).

Palavras-chave: ambiente, tempo, variações.

Moisture content in diets for adult dogs marketed in bulk in the city of Santarém-Pa

ABSTRACT - The pet food market has grown in recent years, worrying about a quality of food. The form of storage of the rations can leave them expositions to variations of the time and, consequently, the contaminations and losses in their quality. The moisture content can cause growth of microorganisms and deterioration of production. The objective was to analyze the moisture theorem in rations for dogs commercialized in bulk in the city of Santarém-Pa. Four rations samples were collected with levels of quality assurance and basic standard, different points of the city standard, submitted to the oven dry sample method, at 105 ° C for 24 hours. Data were obtained from the SISVAR statistical program and Turkey test. As samples A and C did not differ significantly between themselves, as did B and D. However, comparing A and C with B and D, there was a significant difference. (12%) (MAPA, 2003).
Keywords: Environment, time, variations


Introdução

O mercado de alimentos para animais de estimação vem crescendo, a disputa entre as diversas marcas hoje não estão mais baseadas apenas no preço como anteriormente e sim na qualidade. Nos últimos anos surgiram além das rações para raças específicas, rações para diferentes fases de vida e para prevenir e auxiliar no tratamento de doenças (WEIS, 2011). A indústria de pet food utiliza matérias primas consideradas subprodutos na agropecuária, como farinha de carnes, gorduras de origem animal e resíduos de abatedouros na composição de suas rações (ABINPET, 2015). Os subprodutos de origem animal podem apresentar contaminantes, toxinas e agentes patogênicos, provenientes dos ingredientes da própria matéria prima, no momento da colheita, no processamento e na estocagem inadequada. (GIRIO, 2007). As rações vendidas a granel são armazenadas de formas inadequadas, ou seja, estas ficam abertas e expostas a variações do tempo, podendo prejudicar a qualidade do produto, os níveis nutricionais do alimento, deteriorando e oxidando as matérias primas que os compõem (VOLPATO, 2014). Uma dessas variações do tempo é a umidade, e, segundo SILVA 2005, este fator está diretamente relacionado com o desenvolvimento fúngico, na produção de micotoxinas causando contaminação e deterioração e na conservação de produtos (SILVA, 2005). Com isso, o objetivo do presente trabalho é observar o teor de umidade em rações para cães adultos vendidas em recipientes abertos na cidade de Santarém-Pa.

Revisão Bibliográfica

A indústria da alimentação animal tem evoluído rapidamente e o termo “ração”, utilizado para expressar “dieta balanceada” em outras produções animais, vem sendo substituído, neste segmento, por “alimentos completos”, por meio da Instrução Normativa nº. 9, de 14 de julho de 2003, que regulamenta os padrões de identidade e qualidade de alimentos completos destinados a cães (MAPA, 2003). Com o atual cenário em desenvolvimento, o comércio de rações pet disponibiliza uma grande variedade de tipos de rações com valores nutricionais diferenciados, partindo desde alimentos específicos com fins terapêuticos e elevado valor nutricional até aquelas de menor custo e formuladas com matérias primas de baixa biodisponibilidade. Independente da faixa comercial, a ração seca extrusada é a forma mais utilizada para nutrir os cães e gatos (CAPELLI et al, 2016). A indústria pet brasileira cresceu 10% em 2014 sobre o ano anterior. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet, 2014), o setor no Brasil faturou no ano passado R$ 16,7 bilhões, cerca de 10% a mais do que em 2013, quando o faturamento final foi de R$ 15,2 bilhões. O setor pet representa 0,38% do PIB nacional, e tem aumentado cerca de 11% ao ano, acumulando 52% de crescimento nos últimos cinco anos (ABINPET, 2014). Os alimentos industrializados são divididos de acordo com a segmentação comercial instituída pela própria indústria, não caracterizada ou contida na Instrução Normativa nº 08, e baseia-se na qualidade e no tipo de matéria-prima, concentração de nutrientes, características do rótulo e preço, sendo normalmente aceita pelos consumidores como um critério qualitativo que norteia decisões de compra (Carciofi, 2003). As variações ambientais (umidade e temperatura) são propícias para o desenvolvimento de fungos e bactérias, além da proliferação de insetos, servindo como meio de transmissão de agentes potencialmente danosos à saúde dos animais que consomem esses produtos (AQUINO et al., 2011).

Materiais e Métodos

Foram adquiridos, no mês de abril de 2017, aleatoriamente, 4 amostras de rações para cães adultos, todas da mesma marca, do tipo Premium, com níveis de garantia semelhantes, de pontos diferentes da cidade de Santarém-PA. As rações encontravam-se armazenadas em suas próprias embalagens, com estas abertas, sendo comercializadas a granel. A análise de umidade foi realizada no Laboratório de Bromatologia localizado na Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA. O teor de umidade foi obtido pelo método de secagem ASE (Amostra seca em estufa) em estufa à 105°C por 24h. Os dados foram obtidos com a utilização do programa estatístico SISVAR e do Teste de Turkey. O nível de garantia das rações corresponde à: Umidade (máx.): 120g/kg (12%); Proteína Bruta (mín.): 210g/kg (21%); Estrato Etéreo (mín.): 90g/kg (9%); Matéria Fibrosa (máx.): 40g/kg (4%); Matéria Mineral (máx.): 120g/kg (12%); Cálcio (mín.): 10g/kg (1%); Cálcio (máx.): 24 g/kg (2,4%); Fósforo (mín.): 9.000nmg/kg (0,9%). Sódio (mín.) 2.000 mg/kg. Potássio (mín.) 6.000 mg/kg; Ferro (mín.) 110mg/kg; Zinco (mín.) 230 mg/kg. Ácido Linoleico (mín.) 23g/kg; Vitamina E (mín.) 70 Ul/kg; Selênio (mín.) 0,31 mg/kg; Metionina (mín.) 2g/kg; Triptofano (mín.) 0,6g/kg. A composição básica das rações corresponde à: Farinha de carne e Ossos, Farinha de Subprodutos de Frango, Milho Integral Moído, Gordura de Frango, Farelo de Milho, Cenoura, Espinafre, Metionina, Triptofano, Vitaminas (A, D3, E, B1, B2, B6, B12, Niacina, Ácido Pantotênico, Ácido Fólico, Biotina e Cloreto de Colina), Minerais (Cloreto de Sódio-sal comum-, Óxido de Zinco, Cloreto de Potássio, Sulfato de Cobre, Sulfato de Ferro, lodato de Cálcio e Selenito de sódio), Hidrolisado de Fígado de Ave e Suína, BHT e Corantes (Caramelo, Amarelo Tartrazina e Azul Indigotina). Eventuais substitutivos: Sorgo Integral Moído, Quirera de Arroz, Glúten de Milho, Farelo de Trigo, Farelo de Soja, Proteína Concentrada de Soja e Óleo de Soja Refinado.

Resultados e Discussão

Os resultados obtidos do teor de umidade mostram que as amostras A e C, quando comparadas, não expressam diferença significativa, assim como se comparando B e D. Entretanto, quando se compara as amostras A e C com B e D, há diferença significativa (Tabela 1). O teor de umidade resultante do trabalho está dentro do valor máximo de umidade em rações que corresponde a 12%, segundo o MAPA, 2003. (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Cappelli et al (2016), em sua análise em rações para cães e gatos adultos comercializadas a granel, concluiu que os teores de umidade variam entre 8,3 e 11,1% diferindo dos resultados do presente trabalho que indicam teores entre 7,8 e 8,4%. Volpato (2014), simulou o armazenamento a granel de rações Standard e em seus resultados concluiu que o teor de umidade da amostra A foi de 7,81%. O resultado desse autor se assemelha ao que foi obtido neste trabalho, onde o teor de umidade das amostras A e C foi, também, de 7,81%. Volpato justifica os teores de umidade por conta da porcentagem de gordura bruta (EEB) presente na composição da ração, e rações com maior teor de EEB devem ter menor conteúdo de água (LIMA, 2013). O teor de EEB da amostra A do trabalho de Volpato foi de 10,63%, sendo este valor aproximado ao teor de EE deste trabalho que foi de 9%.

Conclusões

O teor de umidade identificado nas quatro amostras está dentro do valor máximo permitido que é 12%, segundo o MAPA. Vale ressaltar que o contato das rações com o ambiente é relevante no que diz respeito ao teor de umidade e, consequentemente, ao crescimento de microrganismos indesejáveis, implicando em sua qualidade e tempo de conservação. Logo, rações vendidas a granel tendem a ser mais suscetíveis a esses fatores por serem mais expostas ao ambiente.

Gráficos e Tabelas




Referências

AQUINO, S. et al. Determinação da contaminação fúngica e análise da atividade de água de rações vendidas a granel no município de São Paulo. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinaria e Zootecnia, v.9, n.2, p.32, 2011. Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), 2015. Disponível em: file:///C:/Users/Pican%C3%A7o/Downloads/48279-95653-1-PB.pdf. Acessado em: 06/04/2017, às 13:01. Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), 2014. Disponível em: http://abinpet.org.br/site/em-2014-setor-pet-cresceu-10-sobre-2013-e-atingiu-um-faturamento-de-r-167-bilhoes-no-brasil/. Acessado: 06/04/2017, às 13:40. CAPPELLI S., ET AL.  Avaliação química e microbiológica das rações secas para cães e gatos adultos comercializadas a granel  Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.10, n.1) p. 90 – 102, jan – março. 2016. CAPPELLI S., et al. Avaliação química e microbiológica das rações secas para cães e gatos adultos comercializadas a granel. Revista Brasileira de Higiene e anidade Animal (v.10, n.1) p. 90 – 102, jan – março, 2016. CARCIOFI, A.C. Proposta de normas e padrões nutricionais para a alimentação de cães e gatos. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO, 3., 2003, Campinas. Anais... Campinas, 2003. p.71-84. GIRIO,T. M. S..Qualidade microbiológica de rações para cães comercializadas no varejo em embalagem fechada e a granel. Jaboticabal, 2007. LIMA, Daniele Cristina de. Estágio de processamento de rações extrusadas:: Estabilidade de alimentos extrusados para cães armazenadas em embalagens abertas e fechadas. 2013. 66 f. TCC (Graduação) - Curso de Zootecnia, Departamento de Departamento de Zootecnia - Ufpr, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2003. Instrução Normativa no. 9, de 09 de julho de 2003. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Seção 1, p. 7. SILVA, L.C. Secagem de grãos. Boletim Técnico AG: 04/05. Disponível em: http://www.agais.com/manuscript/ag0405_secagem.pdf. Acesso: 15 de abril de 2017. VOLPATO, Patrícia Motz. Qualidade de rações para cães adultos armazenadas em recipientes abertos e fechados. Florianópolis – SC: UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. 50 pág. WEIS M. Hipersensibilidade Alimentar em Cães – revisão de literatura.  Ministério da Educação. Universidade Federal Rural do Semi-árido. Porto Alegre – RS, 2011.