EFICIÊNCIA DAS ABELHAS EM PROPOLIZAREM FRESTAS ARTIFICIAIS NAS COLMEIAS, EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ANUAL

Natália Vinhal da Silva1, Danielle Sales Ramalho Sousa2, Felipe de Lima Rosa3, Ricciere Rodrigues Pereira Parente4, Romulo Augusto Guedes Rizardo5
1 - Universidade Federal do Tocantins Campus Araguaína EMVZ
2 - Universidade Federal do Tocantins Campus Araguaína EMVZ
3 - Universidade Federal do Tocantins Campus Araguaína EMVZ
4 - Universidade Federal do Tocantins Campus Araguaína EMVZ
5 - Universidade Federal do Tocantins Campus Araguaína EMVZ

RESUMO -

O objetivo do trabalho foi de acompanhar a sazonalidade da produção de própolis, por colônias de Apis mellifera, durante o período seco e transição seco chuvoso na região de Araguaína e como esse regime hídrico pode interferir na produção de própolis e vedação da colônia. Foram utilizadas seis colmeias do tipo Langstroth, povoadas com colônias de Apis mellifera, dispostas em cavaletes individuais e distantes dois metros entre si, estas foram homogeneizadas quanto condição nutricional e sanitária durante o período de junho de 2015 a julho de 2016. Quantificou-se a área preenchida por própolis nas frestas artificiais, para determinar quais os meses do ano propícios à produção de própolis pelas colônias, certificando-se assim que a região de Araguaína é propícia para a produção de própolis, porém apresentando-se pouco expressiva comparada a outras regiões, mesmo assim não foram valores relevantes comparada a média de outras regiões.

Palavras-chave: produção de própolis, colônias de Apis melífera, sazonalidade

EFFICIENCY OF HONEYBEES IN PROPOLIZING ARTIFICIAL SLOTS IN THE BEEHIVES, UNDER THE ANNUAL PLUVIOMETRIC VARIATION.

ABSTRACT - The objective of the work was to monitor the seasonality of propolis, production by colonies of Apis mellifera, during the dry period and dry rainy transition in the Araguaína region and how this water regime can interfere in the production of propolis and colony fence. Six Langstroth-type hives, populated with colonies of Apis mellifera, were arranged on individual trestles and two meters apart, which were homogenized for nutritional and sanitary conditions during the period from June 2015 to July 2016. The area filled by propolis in artificial cracks, to determine which months of the year are favorable to the production of propolis by the colonies, thus making sure that the region of Araguaína is propitious for the production of propolis, but presenting little expressiveness compared to other regions , Even though they were not significant values compared to the average of other regions.
Keywords: propolis production, melon Apis colonies, seasonality.


Introdução

Na região Norte do País, um dos problemas marcantes para a apicultura é o período chuvoso. Os longos períodos de chuva e umidade elevada podem gerar restrições de recursos disponíveis para a manutenção das abelhas, fato que corrobora para o enfraquecimento da colônia, aumento na taxa de migração e até mesmo a extinção do ninho. Não obstante, o reduzido nível tecnológico e a inexistência de embasamento literário para nortear os produtores quanto ao manejo apícola na região Norte do Brasil também deve ser considerado. Talvez a fragilidade possa não estar associada somente ao elevado teor de umidade, mas ao fato de as colmeias apresentarem demasiado espaço ocioso durante este período (TAVARES, et al. 2014). A termorregulação da colmeia é fator importante para o bom desenvolvimento da colônia, seja através da redução, pelo apicultor, do espaço vazio; com a redução da área útil do ninho e fechamento das fendas e frestas presentes no mesmo, pelas abelhas, utilizando a própolis. Essas estratégias servem como barreira ao fluxo de ar contínuo, desfavorável a colônia. (GRAMACHO e GONÇALVEZ, 2002; BECHER e MORITZ, 2009). Neste contexto da utilização da própolis como ferramenta de sobrevivência das colônias na região Norte, o presente trabalho teve como objetivo acompanhar a sazonalidade da produção de própolis, por colônias de Apis mellifera, ao longo do ano, em área de ecótono Cerrado Amazônia, e como o regime hídrico pode interferir na produção desta resina e vedação da colônia.

Revisão Bibliográfica

A própolis é uma substância resinosa ou algumas vezes cerosa, coletada por abelhas melíferas de diferentes fluidos vegetais: materiais lipofílicos nas folhas e germes, látex, resinas, etc (BANKOVA, 2000). As abelhas coletam essa substância normalmente em brotos, flores e secreções de plantas, nas quais as abelhas adicionam saliva, juntamente com cera e pólen para a elaboração final da própolis (BRASIL 2001). Este produto é utilizado no preenchimento de espaços, como falhas e rachaduras, que podem servir de entrada ao frio e para predadores, embalsamar insetos ou outras abelhas intrusas que porventura entrem na colmeia; é utilizada também no preparo de locais assépticos para postura da abelha rainha (MARCUCCI, 1996). No Brasil, há abundância e variedade tanto da flora quanto do clima, por isso é considerado um país que possui um campo fértil para a apicultura (PEREIRA, et al. 2003). Na produção de própolis, podemos destacar tipos já caracterizados e descritos com certificação de origem e valor agregado, não só pela localização entre as regiões brasileiras, como também pelas substâncias contidas na resina, flavonoides, e atividade antimicrobiana (DAUGSCH, et al., 2008). A atividade biológica da própolis assim como a cor, sabor, odor, consistência, composição química, por outro lado, dependem da espécie vegetal constituinte do pasto apícola frequentado pelas abelhas, da origem botânica e do ano em que foram produzidas (PAULINO, 2004). Dessa maneira, a alteração da vegetação e mudanças climáticas da região pode afetar diretamente a composição química e a coloração da própolis, dificultando sua padronização para comercialização. A variação sazonal, por exemplo, pode implicar a diminuição de alguns componentes biologicamente ativos e o aumento de outros (BANKOVA, et al. 1998). Na região Norte do Brasil, onde esta exploração praticamente inexiste, não se tem relatos de quantidade produzida nos estados, produtividade e qualidade da própolis coletada, necessitando maior aprofundamento científico na área.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no apiário da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), município de Araguaína, região Norte do Tocantins, 07º11’28’’ de Latitude Sul, e 48º12’26’’ de Longitude Oeste, distante 400 km da capital, Palmas. Circundando o apiário e a EMVZ, encontra-se uma área de vegetação secundária, com participação de indivíduos dos biomas Cerrado e Amazônia, com pelo menos, 1.000 ha. A vegetação predominante no estado é o Cerrado (cobre 90% do território), cujas principais características são os grandes arbustos e as árvores esparsas, de galhos retorcidos e raízes profundas. O restante do território é constituído pela floresta de transição amazônica, ao norte do estado. O clima no estado é tropical. Foram utilizadas 6 colmeias do tipo Langstroth, povoadas com colônias de Apis mellifera, dispostas em cavaletes individuais e distantes dois metros entre si, estas foram homogeneizadas quanto condição nutricional e sanitária. Foram colocados em cada colmeia, uma melgueira com coletor de própolis do tipo tira e põe, onde a cada revisão do apiário esses coletores eram verificados e, quando houvesse produção, eram substituídos por outros coletores limpos e levados ao laboratório para posterior pesagem. O período de troca dos coletores foi no período da tarde, entre 15:00 e 17:00h. Após a retirada dos coletores, a própolis acumulada foi retirada, e cada amostra acondicionada em sacos plásticos individuais devidamente identificados com a data da coleta e o número da colmeia, e então armazenada sob refrigeração até o momento da pesagem, realizadas no Laboratório de Solos da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. Devido a diminuta e inconstante produção de própolis, os dados serão apresentados de forma descritiva.

Resultados e Discussão

Neste trabalho é possível perceber que existe produção de própolis na região de Araguaína- TO, no entanto, apresentou-se pouco expressiva, tendo em vista que outras regiões do país alcançam melhores índices. De acordo com a Tabela 1, três colmeias, dentre as seis avaliadas, apresentaram produção próxima a 50g de própolis por ano, enquanto que as outras três praticamente não o fizeram. Também é importante ressaltar que a produção é estacionário, ocorrendo apenas nos períodos mais secos do ano (Junho e Julho) isso se explica pelo fato das abelhas campeiras preferirem coletar a própolis em dias mais secos, quentes e com boa insolação, porém, esse esse comportamento pode ser inibido quando a temperatura estiver abaixo de 21°C e acima de 28°C. O fato de que na nossa região os meses mais secos chegam a ultrapassar os 30°C pode ter sido um fator interferente na coleta de própolis pelas abelhas. (SANTOS, 1996) O local onde as colmeias estavam instaladas era bastante sombreado, levando em consideração que a intensidade luminosa possui um importante papel no comportamento das abelhas, o sombreamento excessivo, pode ter contribuído para a baixa produção por partes das abelhas (WOYKE, 1992; LIMA, 2006). A população e principalmente a disponibilidade de pasto apícola também pode influenciar consideravelmente os valores da tabela 1, lembrando que a vegetação não deve ser pobre em resina. A diferença da quantidade de própolis produzida pelas colônias pode ser explicada pelo potencial propolizador de cada exame.

Conclusões

Conclui-se que apenas nos períodos seco do ano houve produção de própolis, com quantidades pouco consideráveis, concluindo que a região de Araguaína, TO não é uma região apta para a produção de própolis, quando comparada a outras regiões do país.

Gráficos e Tabelas




Referências

BECHER, M. A.; MORITZ, R. F. A. A new device for continuous temperature measurement in brood cells of honeybees (Apis mellifera ). Apidologie, v.40, p.577-584, 2009.   BANKOVA, V. S. et al. Propolis: recent advances in chemistry and plant origin. Apidologie, v.31, p.3-15, 2000. Available from:. Accessed: Nov. 16, 2014. doi: 10.1051/apido:2000102.   BANKOVA V, BOUDOUROVA-KRASTEVA G, POPOV S, SFORCIN JM, FUNARI SRC 1998. Seasonal variations of the chemical composition of Brazilian propolis. Apidologie 29: 361-367. BRASIL 2001. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Regulamentos técnicos de identidade e qualidade do mel e produtos apícolas. MAPA/DAS/ DIPOA/DNT, Brasília.   DAUGSCH, A., MORAES, C. S., FORT, P.; e PARK, Y.K.. Brazilian Red Propolis - Chemical Composition and Botanical Origin. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine : eCAM, 5(4), 435-441, 2008.   GRAMACHO, K.P.; GONÇALVEZ, S. Fatores que interferem no comportamento higiênico em abelhas. In: Congresso Brasileiro de Apicultura, 14, 2002, Campo Grande. Anais ... Campo Grande: FAASC, CBA, 2002, p.170-178.   LIMA, M. G. A produção de própolis no Brasil. 1.ed. Editora São Sebastião: 2006. 120 p.   MARUCCI MC 1996. Propriedades biológicas e terapêuticas dos constituintes químicos da própolis. Quim Nova 19: 529-536.   PAULINO F.D.G. 2004. Produtos da colmeia. In: D.C. Souza, (ed.), Apicultura: manual do agente de desenvolvimento rural. SEBRAE, Brasília.   PEREIRA, Fábia de Mello et al. Produção de mel: sistema de produção. Revista EMBRAPA, nº 3, Jul/2003. ISSN 1676-8818.   SANTOS, M.L.A. Estudo do forrageamento de própolis em abelhas africanizadas, Apis mellifera L. 1758. 1996.59 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Viçosa, 1996.   TAVARES, et al 2014. Dinâmica da produção de mel por abelhas melíferas em área de ecótono cerrado Amazônia. In... Anais: 20 Congresso Brasileiro de Apicultura, COMBRAPI 2014. Belém-PA, 2014.   WOYKE, J. Diurnal flight activity of Africans bees Apis mellifera adansonii in different seasons and zones of Ghana. Apidologie, Paris, v. 23, p. 107-117, 1992