EFEITOS NÃO GENÉTICOS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS IDADE À PRIMEIRA PARIÇÃO E INTERVALO DE PARTO DE FÊMEAS DA RAÇA NELORE

NON GENETICS EFFECTS ON REPRODUCTIVE TRAITS IN NELLORE FEMALE IIAGE AT FIRST CALVING AND CALVING INTERVAL

ABSTRACT - Reproductive performance of Nellore cattle herd, raised in pasture, without supplementation in dry season, in Baixada Litorânea region, Rio de Janeiro state, between 1980 and 2012, was analysed. The age at first calving (AFC) average was 1221.05 + 6.98 days (40.70 months). The AFC was significantly (P<0.01) influenced by year and month of birth. The calving interval (CI) average was 466.30 + 1.97 days (15.54 months). The CI was significantly influenced (P<0.01) by year, month and parturition order, although the sex of calf was not significant (P>0.05) influenced by this characteristic. The AFC and CI were higher, that agree with the reality of the herd in the tropics region, in pasture, without supplementation in dry season. This was aggravated by the inefficient reproductive management.

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Introdução

Os baixos índices reprodutivos das raças zebuínas, constantemente mencionadas pela literatura, impõem prejuízos econômicos à atividade e limitam a implementação de programas de melhoramento genético. Todavia, as raças indianas são de grande importância na produção de carne bovina em ambientes de climas tropicais ou subtropicais. Neste contexto, no Brasil, o gado Nelore se destaca amplamente como raça pura ou em cruzamentos. A eficiência reprodutiva dos rebanhos é um dos fatores determinantes na eficiência total de produção e deve, portanto, ser considerada como critério de seleção em programas de melhoramento animal. Entretanto, para que o melhoramento das características de importância econômica seja efetivo, faz-se necessário conhecer os fatores ambientais que atuam sobre estas características, interferindo no crescimento e desenvolvimento dos rebanhos no Brasil. Avaliar e aumentar os conhecimentos de características de desempenho produtivo e reprodutivo dos bovinos de corte por regiões específicas é mais um diferencial que pode vir a auxiliar os criadores a aumentar a produtividade do rebanho. O objetivo do presente trabalho foi verificar os efeitos não genéticos que interferem nas características reprodutivas idade à primeira parição e intervalo de parto, em um rebanho da raça Nelore no Estado do Rio de Janeiro.

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Revisão Bibliográfica

Entre as características determinantes da eficiência reprodutiva dos rebanhos bovinos de corte, destacam-se a idade à primeira parição (IPP) e o intervalo de parto (IDP), relacionado à taxa de natalidade e à longevidade produtiva das vacas (Perotto et al., 2006). A IPP é o reflexo da idade na puberdade, que, por sua vez, pode estar relacionada à velocidade de crescimento da fêmea (Vargas et al., 2004). Azevêdo et al. (2006) e Vieira et al., (2010) citam que esta característica é, entre outras medidas nas fêmeas, a mais utilizada para avaliar a precocidade e fertilidade, pois, além de fácil mensuração está relacionada à longevidade potencial da fêmea. Segundo Pelicioni et al. (1999), a IPP em bovinos de corte está diretamente ligada à vida produtiva da vaca e ao intervalo de gerações; uma vez que a meta da fêmea de corte no plantel é produzir um bezerro por ano. A avançada IPP das raças indianas é uma das principais, se não a principal causa do fracasso econômico dos criatórios em regiões de clima tropical, sendo este retardo atribuído ao atraso do aparecimento do primeiro cio fértil (Mercadante et al., 2000; Silveira et al., 2004; Albuquerque et al., 2007; Vieira et al., 2010). É necessário que as novilhas zebuínas, sejam incorporadas a uma idade mais precoce para reduzir a IPP, para alcançar melhor produtividade (De Los Reyes-Borjas et al. 2002; Vargas et al., 2004;  Perotto et al., 2006; Albuquerque et al.,  2007; Vieira et al., 2010). Em bovinos de corte, manejados em condições adequadas de alimentação e cuidados sanitários, o IDP de 12 meses é fisiologicamente possível e economicamente justificável, diminuindo os custos de produção e proporcionando maior retorno (Corrêa et al., 2000 e Rochetti et al., 2007). Quanto mais ele se aproxima de 12 meses, maior é a produção de crias, baseado neste aspecto, poder-se-á efetuar uma melhor seleção do rebanho, devido ao maior número de animais disponíveis (Bertazzo et al. 2004; Albuquerque et al., 2007; Vieira et al., 2010). Azevêdo et al. (2006) reporta que há variabilidade genética aditiva suficiente para permitir a obtenção de ganhos genéticos a partir da seleção de animais mais precoces. Porém, a melhoria dos aspectos nutricionais, sanitários e reprodutivos é a alternativa mais rápida para a redução da IPP de rebanhos da raça Nelore.

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Materiais e Métodos

Os dados utilizados neste estudo referem-se a um criatório de bovinos da raça Nelore, Município de Saquarema, Baixada Litorânea, Estado do Rio de Janeiro. De acordo com a classificação climática de Köppen o clima é descrito como Aw, do tipo quente e úmido, com chuvas no verão e estiagem no inverno. A temperatura média anual foi de 23,8°C, a umidade relativa média foi de 80% e a precipitação anual média de 1215,2 mm, sendo que 898,7 mm concentrada nos meses de outubro a março (época das “águas”) durante o período de estudo (1980 e 2012). A criação era a pasto, sem suplementação alimentar nas épocas de estiagem. As pastagens eram formadas pelos capins “pangola” (Digitaria decumbens) e “braquiarão” (Brachiaria brizantha). A reprodução era feita usando o método de inseminação artificial, com uma estação de acasalamento tradicional de outubro a fevereiro. As novilhas entravam em reprodução na estação de acasalamento quando atingiam 280kg de peso vivo. Foram analisadas 1.505 observações da idade primeira parição (IPP) em mês e 3.138 dados de intervalo de parto (IDP) em dias. O modelo de planejamento utilizado foi o inteiramente ao acaso considerando-se como tratamentos os seguintes fatores: ano e o mês de nascimento (IPP) e ano, mês, ordem de parição e sexo da cria (IDP), e as observações de cada fêmea como repetições. A análise dos dados foi realizada pela técnica da análise de variância (ANOVA) seguida da comparação das médias dos tratamentos pelo teste de Scott-Knott ao nível de significância de 5% (Pimentel Gomes, 2000; Sampaio, 2002). Para os tratamentos quantitativos foi utilizado, após a análise de variância, o estudo das regressões polinomiais. O modelo matemático usado na análise das variáveis IPP e IDP foram: Y_ij = μ + A_i + e_ij, em que: Y_ij = valor da ij-ésima observação; μ = média paramétrica; A_i = efeito de cada tratamento de cada variável; e_ij = efeito aleatório na ij-ésima observação.

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Resultados e Discussão

A média das 1505 observações da IPP foi de 1221,05 + 6,98 dias (40,70 meses). Baseando-se nas revisões bibliográficas de Corrêa et al. (2000) e Vieira et al. (2010) a IPP variou entre 32 e 47 meses em zebuínos da raça Nelore no Brasil. A elevada IPP no estudo foi, devido em parte, aos aspectos nutricionais. O estresse nutricional é uma das principais razões para o aparecimento tardio da puberdade nos rebanhos zebuínos no Brasil, conseqüência da sazonalidade da produção de forragens, devido à variação nos índices pluviométricos durante os meses do ano (período da “seca” e das “águas”), A situação foi agravada quando associada à falta de suplementação alimentar na primeira estação seca após o desmame, quando a fêmea ainda estava em crescimento. A IPP foi influenciada significativamente (P<0,01) pelo ano e mês de nascimento. A variação da IPP no período compreendido entre 1980 e 2012 pode ser explicada por uma função polinomial de 6º grau (F = 7,26; P<0,01). Foi observada uma redução da IPP a partir de 1980, atingindo menor valor no ano de 1999, seguido de aumento gradativo até o ano de 2005, seguido de uma nova redução até 2012. As flutuações na qualidade e disponibilidade das forragens, pelo menos em parte, foi devido às variações nas precipitações pluviométricas durante o período de estudo influenciando a IPP. Os meses com maior e menor média de IPP foram das vacas nascidas em junho (época da “seca”) e dezembro (época das “águas”), respectivamente. A média dos 3138 observações do IDP foi de 466,30 + 1,97 dias (15,54 meses). Vários estudos em animais da raça Nelore registram para a IDP valores em torno de 12 e 17 meses (Corrêa et al.,2000 e Vieira et al., 2010). O IDP foi influenciado significativamente pelo ano de parição (P<0,01), mês de parição (P<0,01) e ordem de parição (P<0,05), sendo que o sexo da cria não apresentou diferença significativa (P>0,05) sobre esta característica. A variação do IDP no período compreendido entre 1980 e 2012 pode ser explicada por uma função polinomial de 4º grau (F = 58,02; P<0,01). Foi observada uma redução do IDP a partir de 1980, atingindo menor valor no ano de 1998, seguido de aumento gradativo até 2008. A ordem de parição exerceu influência significativa (P<0,05) sobre o IDP. A média do IDP das vacas de primeira parição foi significativamente superior às demais (P<0,01). O intervalo mais longo ocorrido entre o primeiro e segundo parto, provavelmente, pode estar relacionado à dificuldade de recuperação pós-parto das fêmeas que não atingiram ainda a plenitude de seu desenvolvimento fisiológico; ou ainda, pela deficiência nutricional que pode influenciar principalmente as primíparas. A média do IDP tornou a aumentar a partir da oitava ordem de parição. Vacas com idade mais avançada tendem a apresentar em média um IDP mais longo, explicado pelas alterações que ocorrem no aparelho reprodutor de uma fêmea ao longo de sua vida reprodutiva.

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Conclusões

A IPP e o IDP foram elevados, o que condiz com a realidade dos rebanhos explorados em regiões tropicais, onde a alimentação é basicamente pastagem, sem suplementação alimentar no período da estiagem. Os fatores estudados que apresentaram efeitos significativos sobre a idade à primeira parição e o intervalo de parto, devem ser utilizados como fatores de ajustes, quando oportuno. Melhorias no manejo alimentar poderiam ter efeito positivo e rápido na diminuição da IPP e do IDP.

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Referências

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