Influência do potássio na formação de ferrugem e rendimento de aveia branca

Luana Letícia Rohr1, Luana Cristina Polita2, Alex Wegner Barcellos3, Paulo Sérgio Góis Almeida4
1 - Universidade Federal de Santa Maria
2 - Universidade Federal de Santa Maria
3 - Universidade Federal de Santa Maria
4 - Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes doses de adubações potássicas na produção de matéria seca e na incidência de ferrugem em (Avena sativa L.). Para tanto, foi realizado um experimento a campo na área experimental da Universidade Federal de Santa Maria (RS). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, contendo 6 tratamentos e 4 repetições. As doses aplicadas foram, (0, 50, 100, 150, 200, 250 Kg/ha de K2O). Foi avaliado o nível de infecção da ferrugem aos 50, 80 e 122 DAS (dias após a semeadura) e produção de matéria seca de aveia aos 60 (DAS). Os resultados demonstraram correlação significativa das doses de K2O sobre a incidência da doença, a produção de matéria seca apresentou correlação significativa com as doses de K2O.

Palavras-chave: nível de infecção, matéria seca, Avena sativa L.

Influence of potassium on the formation of rust and yield of white oat

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the influence of different doses of potassic fertilizers on the dry matter production and the incidence of rust in oat (Avena sativa L.). Therefore, an experiment was conducted in a field in the experimental area of Universidade Federal de Santa Maria (Brazil). The experimental delineation was a randomized complete block, containing 6 treatments and 4 replicates. The doses applied were, (0, 50, 100, 150, 200, 250 Kg/ha de K2O). The level of rust infection at 50, 80 and 122 DAS (days after sowing) and oat dry matter production were evaluated at 60 DAS. The results showed a significant correlation of the K2O (potassium oxide) doses on the incidence of the disease, the dry matter production showed a significant correlation with the doses of K2O (potassium oxide).
Keywords: infection level, dry matter, Avena sativa L.


Introdução

A aveia branca (Avena sativa L.) é uma excelente alternativa para produção de forragens e grãos para produtores do sul do Brasil. No entanto problemas com doenças fúngicas tem limitado a expansão da cultura e a obtenção de altas produtividades. A aveia é uma das principais forrageiras utilizadas na formação de pastegens de inverno, devido a sua produção de matéria seca, qualidade de forragem, tolerancia a baixas temperaturas e baixo custo de produção. (Macari et al., 2006). Entre as doenças que tem provocado perdas importantes em plantas destaca-se a ocorrência de ferrugem na folha (Puccinia coronata f. sp. avenae) em aveia branca. Wesp (2008) destaca que a população de Puccinia coronata apresenta uma grande variabilidade genética assim como, habilidade de atacar diferentes variedades de aveia branca. O potássio é um nutriente essencial as plantas e possuem várias funções, principalmente na ativação de vários sistemas enzimáticos, muitos deles participantes dos processos de fotossíntese e respiração. O potássio atua não só na síntese de proteínas, carboidratos e da adenosina trifosfato (ATP), mas também em importantes mecanismos de resistência de plantas em doenças. Em plantas bem nutridas com potássio normalmente observa-se uma redução na ocorrência e severidade de doenças devido ao elevado acúmulo de fitoalexinas e fenóis ao redor dos sítios de infecção. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do potássio na ferrugem (Puccinia coronata) e rendimento de (Avena sativa L.).

Revisão Bibliográfica

A aveia branca (Avena sativa L.) é um dos principais cereais de inverno cultivados no sul do Brasil. Desde a sua introdução no Sul do pais, até hoje, a cultura sofreu várias modificações significativas, especialmente na arquitetura de planta e no nível de resistência a moléstias (CARVALHO e FEDERIZZI, 1988). A importância das pastagens na produção de animais no Brasil é inquestionável. Estima-se que 75 % da superfície utilizada pela agricultura seja ocupada por pastagens, o que corresponde a aproximadamente 20 % da área total do país. Além do aspecto físico, as plantas forrageiras são importantes pelo papel que esempenham na alimentação de bovinos, (PENATI et al., 1999), pois o desempenho de um animal em pastejo é função da forragem que lhe é disponível, além de que fornecem grandes quantidades de nutrientes importantes para o desenvolvimento do animal. Depois do nitrogênio, o macronutriente mais exigido em quantidade no cultivo da maioria das plantas é o potássio aumentando sua importância de acordo com o aumento da intensidade e tecnificação da agricultura (NACHTIGALL. et al. 2005). De acordo com Hömheld (2005) altas doses de potássio aplicada as plantas, causam sempre uma maior resistência às doenças independentemente do tipo de patógeno. Dente as moléstias causadas na aveia, a ferrugem da folha trata-se da doença mais importante na cultura, ocorrendo praticamente em todas as áreas de cultivo (SIMONS e MURPHY, 1961). É causada pelo Puccinia coronata f. sp. avenae, um fungo heteroécio, heterotálico e macrociclicio, pertencente à subdivisão Basidiomycotina (AGRIOS, 1988). As áreas infectadas, inicialmente discretas, expandem-se com o aumento da infecção após cinco dias da inoculação, surgem sintomas como manchas amareladas e redução da fotossíntese (SCHOLES e ROLFE, 1996). O nível de infecção procura criar e padronizar uma metodologia para definir os danos causados pelas doenças de plantas, visando a possibilidade de controle das mesmas (FILHO, 1995).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na área de campo do laboratório de solos da Universidade Federal de Santa Maria, no município de Palmeira das Missões, região noroeste do estado do Rio Grande do Sul (RS). O experimento foi instalado em abril de 2011, sendo conduzido até o fim do ciclo da cultura (147 DAS) dias após a semeadura. Na área do experimento, foi realizada aplicação de calcário dolomítico em julho de 2010. Antes do plantio a área foi subsolada e gradeada recebendo adubação de 120 Kg de N/ha (20 Kg há aplicados no plantio e 100 Kg/há foram aplicados em cobertura), 80 Kg há P2O5 (superfosfato simples) e K2O (cloreto de potássio) de acordo com os tratamentos aplicados. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, contendo 6 tratamentos e 4 repetições. Os tratamentos receberam na ordem as doses de K2O Kg/há (0, 50, 100, 150, 200, 250). Os resultados foram submetidos à análise de variância a 5% de significância e realizados testes de correlação para verificar a existência de efeito dos tratamentos sobre as variáveis estudadas, utilizando o programa SISVAR (versão 5.3). Os níveis de infecção foram avaliados visualmente em 50, 80 e 122 dias após o plantio (DAP), sendo avaliados por notas variando de 0 a 5. As notas (0), (1), (2) e (3), consideradas como baixo tipo de infecção e as notas (4) e (5), como um alto tipo de infecção. A produção de matéria seca foi avaliada 60 (DAS), com retirada de amostras das plantas em 25m2, as quais foram secas em estufa e após determinada a matéria seca.

Resultados e Discussão

Na  produção matéria seca houve diferenças significativas na quantidade adicionada ao solo de K2O (P<0,05). A produção média de matéria seca variou linearmente de acordo com o aumento da adição de K ao solo, produzindo de 2627 a 3326 Kg/ha. (Figura 1), ou seja conforme aumentaram as doses de K2O, aumentou também a produção de matéria seca. As condições ambientais durante a condução do experimento apresentaram variações diferenciadas para o desenvolvimento da ferrugem na aveia branca. De acordo com Simons (1985) esse fator tem influência sobre o progresso da doença pois o molhamento foliar é essencial para germinação dos esporos de ferrugem de aveia. A ferrugem foi observada em meados de julho, desenvolvendo-se ao longo do ciclo da cultura. Os resultados da análise de variância demonstraram influência significativa entre a quantidade adicionada de K2O e os níveis de infecção aos 50 (DAS), (P<0,05). Os níveis de infecção (Figura 2), foram classificados como baixos tipo de infecção (CHONG et al, 2000) para todos os tratamentos e variaram linearmente de 1,75 a 2,37, mostrando que as parcelas com maiores doses de K2O, obtiveram menores níveis de infecção. Aos 80 DAS os resultados não apresentaram influência significativa entre variação da quantidade adicionada ao solo de K2O (P< 0,05) e o nível de infecção, que foi classificada como baixo para todos os tratamentos, variaram de 2,5 e 3,0, (Figura 2). Aos 122 DAS, os resultados demonstraram influência significativa na quantidade adicionada ao solo de K2O, (P< 0,05) e os níveis de infecção Os níveis de infecção foram classificados como altos para quase todos os tratamentos exceto o tratamento de 250 Kg/há de K2O que se manteve como baixo nível de infecção.    (Figura 2). Esses efeitos em função das maiores doses de K2O pode ser devido a ativação de enzimas envolvidas na respiração e fotossíntese, processos fornecedores de cadeia de carbono para síntese de substancias de defesa, bem como a regulação osmótica influenciada no transporte de solutos via fluxo de massa (BALARDIN et al, 2006). Bissonette et al. (1994), ao avaliarem impacto da Puccinia coronata f. sp. avenae em duas cultivares de aveia, constataram uma alta correlação entre a  ferrugem e produção.

Conclusões

O potássio apresentou efeito no aumento da tolerância de ferrugem quanto a infecção. As doses de potássio realizados na adubação de aveia não foram suficientes para atingir rendimento máximo de matéria seca.

Gráficos e Tabelas




Referências

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