DESEMPENHO DE OVINOS DA RAÇA SANTA INÊS ALIMENTADOS COM FENO DE AGUAPÉ

KATHARINE KELLY DE AZEVEDO1, Raul Ribeiro Silveira2, Rael Magalhães Ferraz3, Rafael Antônio Nunes Coura4, Maurício Gomes de Sousa5, Juliana Aparecida Vieira6, Camila Rodrigues Monteiro7, D'arc - Elly Prates de Oliveira8
1 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
2 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
3 - Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Bambuí
4 - Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Bambuí
5 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
6 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
7 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
8 - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

RESUMO -

Objetivou-se avaliar a utilização do feno de aguapé como fonte alternativa de volumoso para ovinos. O experimento foi realizado no setor de caprinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais na cidade de Bambuí. Foram utilizados 16 ovinos da raça Santa Inês com idade entre 90 e 120 dias, distribuídos ao acaso em 4 lotes, sendo cada lote constituído de 4 animais. Nos resultados obtidos o tratamento 100% silagem de milho apresentou melhor eficiência alimentar, pois teve um menor consumo médio semanal (CMS) embora com ganho de peso estaticamente igual aos demais tratamentos. O feno de aguapé se mostrou potencial para a utilização como alimento para ovinos, pois apresentou um bom ganho de peso, consume médio semanal e boa eficiência alimentar, além de ter um custo baixo para propriedade.

Palavras-chave: Alimentos alternativos, Ovinocultura, Volumoso

PERFORMANCE OF SANTA INÊS ROVENE SHEEPED FEED WITH AGUAPÉ

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the use of aguapé hay as an alternative source of sheep for sheep. The experiment was carried out in the goat sector of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Minas Gerais in the city of Bambuí. Sixteen Santa Inês sheep, aged 90 to 120 days, were randomly assigned to four lots, each batch consisting of four animals. In the results obtained the treatment 100% corn silage presented better food efficiency, since it had a lower average weekly consumption (CMS), although with a weight gain statically equal to the other treatments. The aguapé hay showed potential to be used as feed for sheep, as it presented a good weight gain, a weekly average consumption and good food efficiency, besides having a low cost for property.
Keywords: Alternative food, Sheep, Bulky


Introdução

Recentemente, muita atenção tem sido dada à utilização de fontes alternativas de alimentos na alimentação animal. A utilização do aguapé (Eichornia Crassipes), planta macrófita, da família das Pontederiáceas, conhecida também como Jacinto d’água, é uma planta aquática originária da região tropical da América Central (WOlverton &McDonald, 1979). Tem potencial para contribuir na produção de novos recursos alimentícios e, ao mesmo tempo, minimizar os problemas com a sua alta proliferação nos meios aquáticos. Porém, para ser utilizado é necessário a realização de pesquisas para saber a melhor forma de fornecimento aos animais. O fornecimento na forma de feno é uma alternativa, pois o aguapé apresenta características morfofisiológicas que favorecem o processo de fenação. O propósito da fenação é obter uma forragem desidratada e mantendo as características químicas, físicas e biológicas que afetam o consumo, digestão e utilização da forragem. Alguns padrões devem ser seguidos como pureza, qualidade de folhas, coloração, espessura do caule e teor de umidade. A criação de ovinos para corte tem sido estimulada em razão da valorização do consumo de sua carne. Os ovinos poderão se constituir uma importante estratégia de diversificação das propriedades, principalmente se possível alimentá-los com feno de aguapé. Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho de ovinos da raça Santa Inês recebendo diferentes níveis de  inclusão de feno de aguapé na silagem de milho.

Revisão Bibliográfica

O Brasil possui rebanho ovino de aproximadamente 17,5 milhões de cabeças, a grande maioria produzida de forma extensiva em pastagens. Entretanto, a produção de carne ovina nestas condições não atende a demanda do mercado consumidor nacional. Uma das razões de baixa produtividade é que nos trópicos, a produção de ruminantes em pastagem sofre os efeitos da sazonalidade de produção forrageira. Desta forma, táticas de alimentação alternativas devem ser implementadas para contornar os problemas decorrentes da distribuição irregular na oferta de forragem (SANTOS et al. 2008). A utilização de alimentos alternativos na dieta animal, como os diversos tipos de resíduos ou subprodutos agroindustriais, quando empregados de forma racional, têm como principais objetivos aumentar a produtividade e reduzir os custos da atividade agropecuária (Townsend et al., 2004). A alimentação é um dos principais componentes do custo de produção. Para reduzir os custos com a aquisição de alimentos, o criador deve produzir de forma econômica a maior parte do volumoso e do concentrado utilizados, levando em conta o que há disponível na propriedade e os subprodutos da agricultura ou fruticultura disponíveis na região (MAIA, 2009). Dentre as diversas fontes de alimentos, a planta aquática aguapé  (Eichornia  crassipes) se destaca pela sua rápida velocidade de crescimento (1t/ha/dia). O aguapé retira da água elementos químicos minerais dos quais se nutre, diminuindo suas concentrações no meio. Aliado a isso, o custo nulo de produção e sua boa composição química observada por Wolverton & McDonald, (1979) justifica sua utilização na alimentação de ruminantes. De acordo com Batista et al. (2004), a planta tem alto valor proteico que pode ser avaliada no consumo como forrageira para caprinos, ovinos e bovinos. Segundo Sales et al. (1978), o aguapé é uma planta com potencial de uso bastante diversificado, podendo ainda ser utilizada como forrageira para capivaras, aves, suínos, coelhos e búfalos. Em virtude do seu alto teor de água não é recomendado para alimentação animal na forma in natura, necessitando de desidratação prévia.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) - Campus Bambuí, no Setor de Ovinocultura, em Bambuí-MG, situada à latitude -20.031111º e longitude -46.008811º, com 725,9 m de altitude. O clima é classificado como Cwa (subtropical úmido). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições. Foram utilizados 16 ovinos da raça Santa Inês, com idade entre 90 e 120 dias, com quatro tratamentos, sendo 4 animais por lote, alojados em baias. Os tratamentos foram constituídos de 0% (T1), 10% (T2), 20% (T3) e 30% (T4) de substituição da silagem de milho pelo feno de aguapé. Os animais foram submetidos à adaptação por 7 dias antes do período de experimentação que foi de 30 dias. O aguapé utilizado no experimento foi coletado manualmente na lagoa central do IFMG, durante o período de experimentação de setembro a novembro de 2015. Foi utilizada somente a parte aérea da planta, para evitar risco de material contaminante nas raízes. Ao atingir o nível ideal de umidade, o aguapé foi levado ao setor de caprinocultura para ser picado em maquinário forrageiro e armazenado em sacos para uso no experimento. A dieta foi fornecida duas vezes ao dia (manhã e tarde), sendo composta por silagem de milho, feno de aguapé (Tabela 1) e concentrado (composto por milho moído e farelo de soja). O fornecimento do concentrado foi estipulado em 40% do consumo de matéria seca para todos os tratamentos, sendo fornecido misturado ao alimento volumoso no momento do trato. Para avaliação do desempenho dos animais, foram consideradas as seguintes variáveis: consumo diário da dieta (CD), ganho de peso médio semanal (GP), conversão alimentar (CA) e eficiência alimentar (EA). Os resultados foram submetidos à análise da variância e teste de médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando o recurso do programa SISVAR (AOAC, 2005).

Resultados e Discussão

Não foi observada diferença estatística entre os níveis 10, 20 e 30% de substituição da silagem de milho pelo feno de aguapé para EA e CMS. Em relação ao GP apenas o nível 10% se diferiu do nível 0%, no entanto foi igual estatisticamente ao nível 30%. Os ovinos que receberam a dieta com 20% de inclusão de feno de aguapé obtiveram  maior CMS que os animais que receberam apenas a silagem de milho sem inclusão do feno de aguapé, essa ocorrência pode ser justificada pelo fato do feno de aguapé possuir menor quantidade de fibra que a silagem de milho, pois o consumo médio semanal foi estatisticamente igual quando comparado apenas entre os três níveis de inclusão do feno de aguapé. Já o nível 0% feno de aguapé foi diferente estatisticamente dos demais níveis quanto à EA, obtendo valor melhor em decorrência do menor CMS observado, embora o GP tenha sido estaticamente igual aos demais tratamentos (Tabela 1). Como os tratamentos com inclusão de feno de aguapé obtiveram GP estatisticamente igual ao tratamento com 100 % de silagem de milho, a utilização do feno de aguapé pode ser interessante, devido ao fato de não apresentar alto custo de produção para propriedade, podendo ser obtido facilmente através de colheita manual em meios aquáticos da propriedade ou em propriedades vizinhas. O menor CMS observado para o T0, pode ser justificado pela maior porcentagem de fibra presente na silagem de milho, quando comparada com o feno de aguapé (Tabela 1), essa maior quantidade de fibra na silagem faz com que ela tenha digestibilidade inferior ao do feno de aguapé e consequentemente taxa de passagem mais lenta pelo trato gastrointestinal dos animais. Segundo Neumann et al. (2009), o teor de fibra da dieta é inversamente proporcional ao consumo de matéria seca e à digestibilidade, e maiores níveis de fibra na dieta estão relacionados à menor taxa de passagem ruminal.

Conclusões

O feno de aguapé possui potencial para ser utilizado em inclusão com a silagem de milho como alimento fibroso alternativo para ovinos da raça Santa Inês, pois promoveu bons índices de desempenho aos animais, sendo alternativa para redução de custos com alimentação no sistema de produção.

Gráficos e Tabelas




Referências

Batista, A.M.V.; Carvalho, F.F.R.; Marques, C.A.T. et al. Avaliação do Feno de Egeria densa na Alimentação de Carneiros. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.5, p.1309-1315, 2004.   Maia, M. da Silva.  Alternativas  para  a  Caprinovinocultura  na  Agricultura  Familiar/ Marciane da Silva Maia et AL; Revisado por Maria de Fátima Pinto Barreto.     Natal: EMPARN, 2009.   Neumann, M.; Restle, J.; Muhlbach, P. R. F.; Nomberg, J. L.; Romano, M. A.; Lustosa, S. B. C. Comportamento ingestivo e de atividades de novilhos confinados com silagens de milho de diferentes tamanhos de partícula e alturas de colheita. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 10, n. 2, p. 462-473, 2009.   Santos, J. W. et al. Casca de soja em dietas para ovinos. Reveista Brasileira Zootecnia., Viçosa, v.37, n.11, Nov. p. 2049-2055., 2008.   Towsend, C. R.; Magalhães, J. A.; Costa, N., L. et al. Tropical agricultural residues and their potential uses in fish feeds: The costa rican situation. Waste management, v.24, p.87-97, 2004.   Wolverton, B. C.; Mcdonald, R. C.The water hyacinth from prolific pest to potencialprovider. AMBIO, v. 8, n. 1, 1979.