Aplicação de um questionário piloto para construção de uma avaliação individual pedagógica na FZEA/USP

Nathalia Tami Nishida1, Emerson dos Santos Rocha2, Marcelo Machado De Luca de Oliveira Ribeiro3, Lia de Alencar Coelho4
1 - FZEA/USP
2 - FZEA/USP
3 - FZEA/USP
4 - FZEA/USP

RESUMO -

A proposta desse estudo é a realizar a aplicação de um questionário piloto para avaliação pedagógica e construção do questionário final de avaliação pedagógica empregado nos quatro cursos da faculdade, durante o período de novembro de 2016 a fevereiro de 2017. O questionário foi baseado em três esferas: o discente, a disciplina e o docente, composto por trinta perguntas de múltipla escolha ou abertas no total. Os resultados obtidos foram a elaboração mais consistentes das questões abertas, a elaboração de novas perguntas e aplicação de técnicas para se obter maior adesão dos alunos. A execução do projeto piloto foi importante para a formação do questionário de avaliação pedagógica final, o qual será aplicado no término do primeiro semestre de 2017

Palavras-chave: questionário individual, ensino, estudantes, graduação

Application of a pilot quiz for the construction of an individual pedagogical evaluation at FZEA / USP

ABSTRACT - Application of a quiz for final evaluation and construction of the final questionnaire of pedagogical evaluation employed in the four university courses, from November 2016 to February 2017. The quiz was based on three spheres: student, discipline and teacher, with questions of multiple choice or open questions. The results obtained as improvements of open questions, elaboration of new questions and application of techniques to obtain greater student adherence. The execution of the pilot project was important for the formation of the final pedagogical evaluation quiz in which it will be applied at the end of the first half of 2017
Keywords: individual quiz, teaching, students, graduation


Introdução

Os métodos de avaliação têm demonstrado ser de grande importância para o desenvolvimento estudantil, como explica Rowntree (1987), mostrando que com este processo avaliativo é possível captar diversas informações como, por exemplo, a didática empregada, quais pontos a serem melhorados pelo docente e qual a melhor forma de entendimento dos discentes às propostas das disciplinas. Sendo reforçado por Fernandes (2002), pode-se observar o alto grau de evolução estudantil a partir das avaliações aplicadas, que indicam aumento na capacidade de atenção, rendimento nas atividades propostas e aprendizado. A montagem de um adequado questionário piloto é um dos quesitos para elaborar uma avaliação da qual façam parte as perguntas mais indicadas para avaliar o desempenho dos alunos (NOGUEIRA, 2002). Dessa forma, a montagem de um piloto é essencial para captar erros, tais como:  ambiguidades, má formulação de questões e outras alterações necessárias.

Revisão Bibliográfica

O desenvolvimento educacional sofreu uma grande expansão neste último período, que gerou diversas formas de avaliação, gerenciamento e de métodos de ensino (BRANDÃO, 2000; DAY, 2011). Em contrapartida, Botía (2012) ressaltou falhas nestas novas metodologias, pois não são adaptadas a regiões diversas. Como comparação, podemos observar que estudos realizados na Espanha não se aplicam na América Latina, que possuem bases educacionais muito diferentes. Entretanto, LEITHWOOD Leithwood (2004) reforça a importância da gestão como forma de melhoria no ensino, que tem aplicação direta no desenvolvimento estudantil. Perrien (1983) relata a importância de um destes novos métodos empregados, o questionário disciplinar. Voltado para desenvolver o perfil estudantil do aluno, avaliando escolaridade dos pais, questões sociais, como localização geográfica, sexualidade, gênero, etnia e diversos outros fatores que indiretamente ou diretamente afetam o desempenho estudantil (PASTORE, 2000). A forma de aplicação deve ser clara e objetiva, não tendo ambiguidade, erro de formulação ou ausência de escolha (FERBER, 1974). Completando Ferber, Miller (1977) acrescenta pontos como formulação das perguntas curtas, claras e de linguagem acessível a todos os públicos. Os resultados positivos após a utilização de questionários disciplinares são expressivos, percebendo-se os pontos falhos da disciplina, da prática didático-pedagógica e avaliações, relatadas por Inep (2001). Observados por Gray (1990), identifica-se a melhora no rendimento e principalmente na participação dos alunos subsequente a discussão do professor sobre os resultados dos questionários avaliados. Por fim, Chagas (2000) traça uma linha do desenvolvimento de recursos tecnológicos, desenvolvimento de pesquisas e uma grande expansão do aprendizado escolar como consequência.

Materiais e Métodos

Para a elaboração dos questionários foram tomados como base os modelos existentes realizados anteriormente pela instituição e por modelos espontâneos de avaliações propostas por docentes específicos que compõem o Grupo de Apoio Pedagógico (GAP) – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP). O projeto piloto, foi realizado por onze docentes interessados em participar do processo de avaliação, envolvendo doze disciplinas, a saber: uma do curso de Engenharia de Alimentos, duas específicas de Engenharia de Biossistemas, quatro do curso de Medicina Veterinária e cinco de Zootecnia. A avaliação individual e anônima é a base metodológica do projeto e constitui-se de trinta questões, múltipla escolha e abertas, separadas em três questionários temáticos a disciplina, a autoavalição discente e o trabalho docente. A primeira esfera trata a avaliação da disciplina pelo discente, oferecendo oportunidade para apresentar seu diagnóstico de pontos a serem melhorados a longo prazo. Enquanto a segunda esfera tem como foco a autoavaliação do discente face à disciplina. O último grupo de questões, sobre o docente, permite avaliar a atuação do professor na perspectiva dos discentes. A aplicação dos questionários se realizou no término de cada disciplina do 2º semestre de 2016, através da plataforma online Survey Monkey que foi disponibilizada via e-mail para cada estudante. Após o período de 2 meses, durante o qual houve o envio de quatro lembretes para aqueles que ainda não haviam respondido, ocorreu a tabulação dos dados obtidos para a geração do relatório final. No início de 2017, se apresentou para cada docente participante do projeto, de forma individualizada o relatório das três esferas. Nesta etapa, levou se em consideração as ponderações do docente quanto a proposta do questionário, para receber suas contribuições e permitir a possível identificação dos erros e avaliar se o questionário estava sendo apresentado de forma clara.

Resultados e Discussão

A participação dos discentes ocorreu de forma voluntária, e a porcentagem de participação obtida foi de, em média, 39%. Alguns pontos externos que favoreceram esse cenário foram: a perspectiva dos integrantes da FZEA sobre a importância da avaliação pedagógica junto a responsabilidade do discente de responder entre dois a três questionários dentro do tema. Ao analisar as respostas abertas do questionário dentro das três esferas, notou se uma dificuldade na compreensão do discente em distinguí-las. No questionário proposto ao final do piloto foi incorporada a necessidade de deixar claro ao participante que cada parte do questionário permite o momento adequado para que ele expresse sua opinião acerca da disciplina, do docente e sobre seu próprio desempenho. A devolutiva dos docentes foi enriquecedora, pontuando a importância do questionário aplicado, criando um processo participativo para a construção do questionário final. De maneira geral, eles se identificavam e compreendia os pontos colocados dentro de cada uma das três esferas, pelos discentes. Além da reformulação de algumas perguntas e forma de tabulação das respostas, novas estratégias serão tomadas na aplicação do questionário final, em sua etapa posterior, a fim de se obter maior adesão. Dentro destas estratégias, encontra se conversas com os alunos sobre a importância da avaliação pedagógica, pontos obrigatórios para coleta de respostas após as provas da disciplina e possível uso das ferramentas da plataforma paga.

Conclusões

O projeto piloto permitiu a construção do questionário que será apresentado ao final do próximo semestre letivo da instituição, se tornando mais adequado e completo para oferecer uma avaliação política e pedagógica para os cursos da FZEA/USP.


Referências

BOTÍA, Antonio Bolívar. Políticas actuales de mejora y liderazgo educativo. 2012. BRANDÃO, Z. Entre questionários e entrevistas. In: NOGUEIRA, M. A.; ROMANELLI, G.; ZAGO, N. (org.) Família e Escola: trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis: Vozes, 2000. CHAGAS, Fundação Carlos. Relatório final: Estudo exploratório – Sistema de Avaliação do Ensino Básico. Brasília: Inep, 2001. DAY, Christopher. Successful school leadership: Linking with learning and achievement. McGraw-Hill Education (UK), 2011. FERBER, R. Handbook of Marketing Research. New York, McGraw-Hill, 1974. FERNANDES, Margarida. Métodos de avaliação pedagógica. Reorganização Curricular do Ensino Básico: Avaliação das aprendizagens. Das concepções às práticas, p. 65-74, 2002. GRAY, P. W.; ROWE, K. J.; HOLMES-SMITH, P. Factors afecting students’ educational progress: multilevel modelling of educational effectiveness. Paper presented at the International Congress for School Effectiveness, Leeuwarden, the Netherlands, 3-6, January 1995. INEP (2001). Saeb 2001: novas perspectives. Brasília, Inep. LEITHWOOD, Kenneth et al. Executive Summary: Review of Research: How Leadership Influences Student Learning. 2004. MILLER, D.C. Handbook of Research Design and Social Measurement. 3rd. Ed. New York, Longman, 1977. NOGUEIRA, Roberto. Elaboração e análise de questionários: uma revisão da literatura básica e a aplicação dos conceitos a um caso real. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2002. PASTORE, J.; SILVA, N. V. Mobilidade Social no Brasil. São Paulo: Makron Books, 2000. PERRIEN, J. e Alli. Recherche en Marketing: méthodes et décisions. Gaetan Morin, Canada, 1986. ROWNTREE, D. (1987). Assessing students. How shall we know them? (2nd ed.). London: Kogan Page.