Produção de forragem de genótipos de aveia avaliados no Ensaio Nacional de Aveias de Cobertura em Londrina-PR

Gustavo Cordeiro Pires1, Mauro Cézar Barbosa2, Sandra Galbeiro3, Maurilio Okuno canhet4, João Vitor da Rosa Vicente5, Otávio Henrique Faria Tonin6, Laís Rossetto7, Ricardo Bahig Merheb Júnior8
1 - Universidade Estadual de Londrina
2 - Universidade Estadual de Londrina
3 - Universidade Estadual de Londrina
4 - Universidade Estadual de Londrina
5 - Universidade estadual de Londrina
6 - Universidade Estadual de Londrina
7 - Universidade Estadual de Londrina
8 - Universidade Estadual de Londrina

RESUMO -

A cultura de aveia pode ser uma boa opção para cobertura de solo. O presente experimento objetivou realizar a avaliação de onze genótipos de aveia, sendo cinco genótipos de aveia preta e seis de aveia branca, em relação a massa de forragem, resistência a ferrugem e a precocidade. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Foi constatado que a produção de forragem não tem ligação, com a altura da planta no entanto está relacionada com o hábito de crescimento da mesma, também observou-se que genótipos os quais expressam ciclo mais tardio tem maior potencial de produção forrageira comparados aos de ciclos precoces. O genótipo IAPAR 61 Ibiporã produziu maior quantidade de forragem, assim, mais cobertura para o solo, sendo resistente à ferrugem contudo apresenta ciclo tardio. IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha obtiveram menor produção, consequentemente, menos palhada para o sistema, porém, possuindo ciclo precoce.

Palavras-chave: Avena sativa, Avena strigosa, cobertura de solo, gramíneas de inverno.

Forage production of oat genotypes evaluated in the National Test of Oats of Coverage in Londrina-PR

ABSTRACT - The oat culture can be a good option for soil cover. The present experiment aimed to evaluate eleven oat genotypes, being five genotypes of black oats and six of white oats, in relation to forage mass, resistance to rust and precocity. The experimental design was a randomized block design with four replicates. It was verified that the forage production has no connection, with the height of the plant, however, it is related to the growth habit of the same, it was also observed that genotypes which express late cycle has a greater potential of forage production compared to precocious cycles. The IAPAR 61 Ibiporã genotype produced a higher amount of forage, thus, more soil cover being resistant to rust, but with a late cycle. IPR Cabocla (T) and UPFA 21 Moreninha obtained lower production, consequently, less straw for the system, but with an early cycle.
Keywords: Avena sativa, Avena strigosa, soil cover, winter grasses


Introdução

No Brasil uma das principais atividades é a produção de grãos durante a safra (soja, milho e feijão), porém, a entressafra consiste em um período crítico para produção de grãos o qual compreende as estações de outono e inverno, nesta fase uma das alternativas para manter uma boa cobertura de solo é a produção de aveia. A aveia vem sendo utilizada para cobertura de solo há alguns anos devido às suas características de tolerância à baixas temperaturas, suportam o estresse hídrico moderado e apresentam boa produtividade, proporcionando ao sistema palhada de boa qualidade (MACHADO et al, 2000). Segundo Guerra et al. (2007) uma boa cobertura de solo permite melhor agregação das partículas do solo, aumentando a capacidade de campo, o acúmulo de matéria orgânica, assim sendo, melhora a capacidade de troca de cátions, aumentando a relação C/N, diminuindo o tempo de exposição do solo, consequentemente reduzindo o escorrimento superficial, lixiviação de nutrientes e erosão. O objetivo deste trabalho foi avaliar onze genótipos de aveia em relação a massa de forragem, resistência a ferrugem e precocidade.

Revisão Bibliográfica

Em áreas destinadas à produção agrícola intensa, se faz necessário promover uma cobertura do solo, protegendo o mesmo contra a infestação de plantas daninhas e erosão. A aveia é uma cultura que vem se destacando nesta prática permitindo preservar os recursos naturais e reduzindo custos com defensivos e adubação. Ela promove aumento no rendimento de culturas plantadas posteriormente, em resposta da melhoria das características físicas e químicas do solo. (MACHADO et al, 2000). O sistema de plantio direto colabora com a preservação da umidade do solo, redução de plantas invasoras, reciclagem de nutrientes, não lixiviação e erosão do solo, sendo que o cultivo de aveia preta para cobertura foi fundamental para o sucesso do processo iniciado na década de 70 (CARVALHO e STRACK, 2014). O uso de aveia como espécie de cobertura de solo no inverno causa imobilização do nitrogênio, reduzindo a produtividade das culturas subsequentes, assim, o consórcio de aveia com espécies de leguminosa ou com brassicacea, é benéfico e visa aumentar a disponibilidade de nitrogênio no sistema e o tempo de permanência de resíduos na superfície do solo (SILVA et al. 2007). No estudo realizado por Carvalho et al. (2016), foram encontrados dados de produção que variam de 2621 a 12290 Kg/ha de MS e ciclos com 68 a 156 dias, apresentando genótipos com bons índices para serem utilizados como cobertura de solo.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR. O clima é subtropical úmido e altitude de 532 m. O solo da área experimental foi o Latossolo Vermelho eutroférrico. O período experimental foi de 15 de maio e 02 de outubro de 2016. Adotou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram 11 genótipos de aveias de diferentes instituições de pesquisa, sendo cinco genótipos de aveia preta: IPR Cabocla (T), UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 Ibiporã, UPF 134, UPF 137, e seis de aveia branca: IPR Esmeralda (T), FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR 126, IPR Suprema e UPFA Ouro. Para a implantação do experimento foi realizado o manejo do solo. As parcelas foram  constituídas de 5 linhas de 4,0 m, espaçadas de 0,20 m, sendo considerada como área útil as 3 linhas centrais. Foi utilizada a mesma densidade de semeadura (350 sementes aptas por m2) para todos os genótipos, sendo semeadas no dia 15 de maio de 2016. O corte foi realizado quando as parcelas atingiram 50% da emergência de panículas, deixando 8 cm de resíduo. Após as coletas as forragens foram pesadas e secas em estufa para a determinação da massa de forragem (kg/ha de MS). A altura foi mensurada com auxílio de régua graduada antecedendo o momento de corte da parcela, quando atingida 50% de exposição de panícula (inflorescência) e a precocidade - dias de emergência de floração, compreende os dias de implantação até o corte. Para estimar a densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m2) realizou-se a contagem de perfilhos em 0,30 m linear nas 3 linhas centrais. O hábito de crescimento foi mensurado 30 dias após a emergência, utilizando a escala  1. vertical; 3. semi-vertical; 5. intermediário; 7. semi-prostrado; 9. prostrado à 9. Para a incidência de ferrugem foi utilizada a escala de Cobb. Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de Duncan à 5% pelo programa SAS (2000).  

Resultados e Discussão

A altura da planta (cm), massa de forragem (kg/ha de MS) e dias após a floração apresentaram diferença a 5% de probabilidade para os genótipos (Tabela 1). Os genótipos UPF 134 e FUNDACEPFAPA 43 foram os que tiveram a maior altura de planta. O hábito de crescimento (Tabela 2), deve ser observado em relação à altura de corte, visto que os genótipos de hábito de crescimento prostrado tendem a atingir a altura de corte tardiamente em função dos genótipos de crescimento cespitoso. Porém, isso não aconteceu no experimento, pois o UPF 134 e FUNDACEPFAPA 43 apresentaram hábito de crescimento intermediário e prostrado respectivamente. Somente o IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha apresentaram hábito de crescimento semi-vertical. A  maior altura de corte em função da emergências de panículas não foi para o genótipo com maior massa de forragem (MF), pois foi o genótipo IAPAR 61 Ibiporã que apresentou a maior produção de massa de forragem 12723,7 Kg/ha de MS. As menores produções de forragem foram observadas no genótipos IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha, com 4768,2 e 4035,7 Kg/ha de MS, respectivamente. Segundo Oliveira et al., 2015 e 2016 o genótipo IAPAR 61 apresentou maior produção de forragem dentre os genótipos avaliados, com valores de 12294 e 12290 Kg/ha de MS nos respectivos anos de avaliação. Ainda segundo este autor, os genótipos IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha tiveram os menores rendimento de forragem. Esses resultados foram semelhantes aos encontrados neste experimento, demonstrando a homogeneidade no desenvolvimento dos genótipos estudados. Os genótipos mais tardios foram IAPAR 61 Ibiporã e IPR Suprema, as quais levaram 129 dias para completar 50% das parcelas com emergência das panículas. Os genótipos mais precoces foram IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha com 79 dias de emergência de floração. As mesmas classificações de precocidade para ambas as cultivares mencionadas foram observadas por Oliveira et al., 2015 e 2016 trabalhando na região oeste do Paraná. Os genótipos mais precoces apresentaram menor massa de forragem a qual contribui com menor quantidade de palhada para o sistemas posteriores de plantio no período da safra, porém podendo adiantar o plantio da próxima safra ou não utilizar dessecante. Os genótipos IPR Cabocla (T), FAPA 2 e a IAPAR 61 Ibiporã tiveram os maiores valores para densidade populacional de perfilhos, 819; 778 e 688 perfilhos/m², respectivamente. O genótipo IAPAR 61 Ibiporã além da maior densidade populacional de perfilhos (DPP), obteve a maior massa de forragem. Porém, os outros genótipos com maior de DPP não apresentaram maior produção, isso provavelmente pode ser explicado pelo peso individual dos perfilhos. Os genótipos com maiores DPP apresentam hábito de crescimento mais ereto. Apenas seis genótipos tiveram incidência de ferrugem. Os genótipos IPR Esmeralda (T) e IPR 126 apresentaram a maior incidência de ferrugem nas folhas, 15%. Nos  colmos não foi observado incidência de ferrugem em nenhum genótipo.

Conclusões

O genótipo IAPAR 61 Ibiporã produz mais forragem, consequentemente, mais palhada para o sistema e é resistente à ferrugem, entretanto possui ciclo tardio. Os genótipos IPR Cabocla (T) e UPFA 21 Moreninha produz menos forragem, consequentemente, menos palhada para o sistema, porém, possui ciclo precoce. A altura de planta não está diretamente relacionada à maior produção de forragem, porém relaciona-se ao hábito de crescimento da planta. Os genótipos de ciclo tardio produz melhor potencial para produção de forragem e cobertura do solo que os de ciclo precoce.

Gráficos e Tabelas




Referências

CARVALHO, I. Q. et al. Ensaio Nacional de Aveias Forrageiras 2015 Análise Conjunta. In: Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia,36, 2016, Pelotas. Resumos… Pelotas:UFPEL, 2016. CARVALHO, I. Q. de; STRACK, M. Aveias forrageiras e de cobertura. In: LÂNGARO, N. C.; CARVALHO, I. Q. de. Indicações técnicas para a cultura da aveia: XXXIV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia. Fundação ABC. Passo Fundo: Editora da Universidade de Passo Fundo, 2014. GUERRA, et. al. Erosão e conservação dos solos: Conceitos, temas e aplicações.– 3ª ed.- Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. MACHADO, L. A. Z. Aveia: forragem e cobertura do solo. Embrapa Agropecuária Oeste.Coleção sistema plantio direto, 3, Dourados, 2000, p.16. OLIVEIRA, E., HOJO, R. H., CARVALHO, E. A. Produção de forragens de inverno para sistemas de integração lavoura e pecuária no oeste do Paraná, 2014. In: Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, 35., 2015, Porto Alegre, RS. Anais XXXV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. OLIVEIRA, E., HOJO, R. H., CARVALHO, E. A. Produção de forragens de inverno para sistemas de integração lavoura e pecuária no oeste do Paraná, 2015. In: Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, 36., 2016, Pelotas, RS, Anais XXXVI Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, Universidade Federal de Pelotas. SAS. SAS/STAT User’s Guide. Version8.,Cary, NC: SAS Institute, 2000. SILVA, A.A et al. Sistemas de coberturas de solo no inverno e seus efeitos sobre o rendimento de grãos do milho em sucessão. Cienc. Rural,  Santa Maria ,  v. 37, n. 4, p. 928-935,  Ago.  2007.