VALORES NUTRITIVOS EM GENÓTIPOS DE AVEIAS PRETAS E BRANCAS

Artur Roque Domingues Barreiros1, Ulysses Cecato2, Sandra Galbeiro3, Renan Sanches4, Diogo Rodrigues da Silva5, Thiago Trento Biserra6, Camila Fernandes Domingues Duarte7, Pablo Rodrigo Silva8
1 - Universidade Estadual de Maringá
2 - Universidade Estadual de Maringá
3 - Universidade Estadual de Londrina
4 - Universidade Estadual de Maringá
5 - Universidade Estadual de Maringá
6 - Universidade Estadual de Maringá
7 - Universidade Estadual de Maringá
8 - Universidade Estadual de Maringá

RESUMO -

O objetivo deste trabalho foi avaliar as variáveis nutricionais em diferentes cultivares de aveia. Os tratamentos utilizados foram oito genótipos de aveias, sendo três genótipos de aveia preta: UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 (Ibiporã), IPR Cabocla, e cinco de aveia branca: FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR Esmeralda, IPR 126 e IPR Suprema. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados com quatro repetições, seguindo um modelo fatorial 4×8. Em todas as amostras foram estimados os teores PB, FDN, FDA e DIVMS. A concentração de PB variou entre 210 a 266 gr/kg para lâmina foliar, e 114,8 e 164 gr/kg para colmo. A FDN 437,2 a 477,8 gr/kg para folha e 538,9 a 597,3 g/kg para colmo enquanto a FDA 211,9 a 229,2 para folha g/kg e 196,4 a 233,3 gr/kg para colmo. Os valores de digestibilidade “in vitro” foram semelhantes entre as cultivares e variaram entre 70,95 a 75,32 % para lâmina foliar e 66,76 a 75,39 % para colmo.

Palavras-chave: Digestibilidade “in vitro” da matéria seca, Forrageiras de inverno, Proteína bruta

PRODUCTIVE CHARACTERISTICS AND NUTRITIVE VALUE IN BLACK AND WHITE OAT GENOTYPES

ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the nutritional variables in different oat cultivars. The treatments used were eight genotypes of oats, being three genotypes of black oats: UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 (Ibiporã), IPR Cabocla, e cinco de aveia branca: FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR Esmeralda, IPR 126 e IPR Suprema. The experimental design was a randomized block with four replications, following a 4x8 factorial model. In all samples, the CP, NDF,ADF and DMIVD. CP concentration ranged from 210 to 266 g/kg for leaf blade, and 114,8 and 164 g/kg for stem. The NDF 437.2 to 477.8 g/kg for leaf and 538.9 to 597.3 g/kg for stem while the ADF 211.9 to 229.2 for leaf g/kg and 196.4 to 233.3 g/kg for thatch. The contents and dry matter value were similar between the cultivars and varied from 70.95 to 75.32% for leaf blade and 66.76 to 75.39% for stem.
Keywords: Contents and dry matter, winter forages, crude protein


Introdução

A produção pecuária do sul do Brasil é predominantemente realizada a base de pasto. Nesse sistema há duas épocas bem distintas de produção forrageira, o verão com alta produtividade e o inverno, que necessita de um aporte de nutrientes, via rações, forragens conservadas ou pasto cultivado para manter o nível de produtividade (Silva, 2012). Na avaliação da composição bromatológica e do valor nutritivo das plantas forrageiras, o estudo do teor de proteína bruta (PB), das fibras em detergente neutro (FDN) e em detergente ácido (FDA) e da digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS) são dados imprescindíveis na análise qualitativa das espécies de gramíneas e leguminosas forrageiras, embasando a escolha do cultivar que melhor se adapta à região em questão, onde esses indicadores podem influenciar, direta ou indiretamente, o consumo de matéria seca pelo animal (Van Soest, 1994; Cecato et al., 2001). Portanto, com os avanços tecnológicos na agricultura é imprescindível a recomendação de cultivares com elevado rendimento produtivo e que apresente respostas às variações climáticas, sem que estes percam sua eficiência (Crestani, et al., 2010; Oliveira et al., 2011). O objetivo deste trabalho foi avaliar características nutricionais em diferentes cultivares de aveia.

Revisão Bibliográfica

O cultivo de forrageiras de inverno tem sido preconizado como uma alternativa viável para a alimentação de ruminantes. Entre as espécies anuais de inverno mais utilizadas estão as do gênero Avena spp. destacando-se a aveia preta (Avena strigosa Schreb) e aveia branca (Avena sativa L) na região noroeste do Paraná. A produção de matéria seca das aveias pode ser elevada, mas depende, entre outros elementos, da região e do cultivar utilizado, sendo que para a recomendação de seu uso deve-se primeiramente identificar quais genótipos, cultivares e/ou espécies se adaptam melhor à determinada região (Cecato et al., 2001).

Materiais e Métodos

O período experimental foi de maio de 2015 até setembro de 2015 na Fazenda Experimental de Iguatemi, da Universidade Estadual de Maringá, Maringá-PR. Segundo a classificação de Köppen, o tipo climático desta região é o Cfa subtropical úmido mesotérmico e temperatura média anual de 22°C. Os tratamentos utilizados foram três genótipos de aveia preta: UPFA 21 Moreninha, Iapar 61 (Ibiporã), IPR Cabocla, e cinco de aveia branca: FAPA 2, FUNDACEPFAPA 43, IPR Esmeralda, IPR 126 e IPR Suprema. O delineamento experimental adotado foi o em blocos casualizados com quatro repetições, seguindo um modelo fatorial simples 4x8. Com base nas análises de solo da área foi feito aplicação de calcário, 1280 kg/ha-1, a fim de se elevar a saturação de bases para 60%, e após 30 dias distribuídos, a lanço, ureia (42% N), equivalente a 80 kg de N/ha-1 no plantio, após cada corte, foram distribuídos, 20 kg de N/ ha-1. Foi utilizado o superfosfato simples (18% P205), o equivalente a 75 kg de P/ha-1. Foi aplicado o equivalente a 50 kg de K/ha-1, na forma de cloreto de potássio (60% K20). A semeadura foi realizada nas cinco linhas de 4,0 m, espaçadas de 0,20 m (4,0 m²) por parcela. A densidade foi de 350 sementes aptas por m-2. Os cortes foram realizados nas três linhas centrais, sendo o primeiro realizado quando as plantas atingiram de 20 a 25 cm de altura, com seis a oito centímetros de resíduo e os demais cortes, quando as plantas atingiram de 30 a 35 cm, com resíduo de sete a 10 cm. As amostras foram pesadas e separadas, secas em estufa de circulação forçada a 55ºC por 72 horas para obtenção dos componentes morfológicos. Depois essas foram moídas a 1 mm e analisadas os teores de proteína bruta de acordo com AOAC (1990), fibra em detergente neutro, segundo Van Soest (1991) e a digestibilidade “in vitro” da MS, conforme a metodologia descrita por Holden et al. (1999). Os dados foram submetidos e interpretados por uma análise de variância, a 5% de probabilidade pelo programa SAS (2007).

Resultados e Discussão

A concentração de PB variou entre 210,4 a 265,5 (g/kg) para lâmina foliar (Tabela 1), tendo a cultivar Iapar 61 (Ibiporã) apresentado a maior concentração entre os genótipos (P = 0,03). Já para colmos a concentração variou entre 114,8 e 164 (g/kg), porém não houve diferença entre as cultivares. Para a fibra em detergente neutro (FDN) houve semelhança entre os genótipos avaliados, variando entre 437,2 a 477,8 (g/kg) para lâmina foliar e 538,9 a 597,3 (g/kg) para colmo. Também para a fibra detergente ácido (FDA) houve semelhança entre os genótipos com variações entre 211,9 a 229,2 (g/kg) para lâmina foliar e 196,4 a 233,3 (g/kg) para colmo. Assim analisando os elevados resultados de PB, e baixos de FDN, FDA observados neste experimento, verifica-se que a maioria dos genótipos avaliados apresenta um elevado valor nutritivo. (Floss, 1988, Reis et al., 1993) Os dados de digestibilidade “in vitro”, podem ser observados na Tabela 2. A percentagem ficou entre 70,95 a 75,32 % para lâmina foliar e 66,76 a 75,39 % para colmo, porém não houve diferença entre as cultivares. Os maiores teores de DIVMS da forragem, provavelmente, reflete a maior produção de lâminas foliares jovem, devido aos sucessivos cortes realizados. (Grise, 2001).

Conclusões

As aveias brancas apresentam maiores produtividades quando comparadas às aveias pretas. A aveia preta UPFA 21 Moreninha apresenta fatores que limitam a sua utilização na região noroeste do Paraná, enquanto que a aveia branca IPR SUPREMA apresenta melhores resultados em adaptação e de valor nutritivo à sua utilização nesta região.

Gráficos e Tabelas




Referências

AOAC. (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS). Official methods of analysis. 15.ed. Washington: AOAC, 1990.   CECATO, U.; RÊGO, F.C.A.; GOMES, J.A.N. et al. Produção e composição química em cultivares e linhagens de aveia (Avenna spp.). Acta Scientiarum, Maringá, v. 23, n. 4, p. 775-780, 2001.   CRESTANI, et al. Conteúdo b-glucana em cultivares de aveia-branca cultivadas em diferentes ambientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.45.n.3 p.261-268, 2010.   FLOSS, E.L. Manejo forrageiro da aveia ( Avena sp ) e azevém ( Loliumsp ). In: Simpósio sobre manejo de pastagens, 9.,  Piracicaba, SP, 1988. Anais...p.231-268.   GRISE, MÁRCIA MASCARENHAS et al. Avaliação da composição química e da digestibilidade in vitro da mistura aveia IAPAR 61 (Avena strigosaSchreb.)+ ervilha forrageira (Pisum arvense L.) em diferentes alturas sob pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 3, p. 659-665, 2001.   HOLDEN, L.A. Comparison of methods of in vitro matter digestibility for ten feeds. Journalofdairyscience, 82(8):1791-1794, 1999.   REIS, R.A., RODRIGUES, L.R.A., COAN, O. VILLAÇA, M.Produção e qualidade da forragem de aveia (Avena sp).Revista da Sociedade Brasileira deZootecnia, v.22, n.1,p.99-109, 1993a.   SILVA, C.E.K.; MENEZES, L.F.G.; ZIECH, M.F. et al. Sobressemeadura de cultivares de aveia em pastagem de estrela africana manejada com diferentes resíduos de forragem. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 6, p. 2441-2450, 2012.   OLIVEIRA, D. M.; SOUZA, A. M.; ROCHA, V. S.; ASSIS, J. C. Desempenho de genitores e populações segregantes de trigo sob estresse de calor. Bragantia, Campinas, v. 70, n. 1, p. 25-32, 2011.   VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of dairy science, v. 74, n. 10, p. 3583-3597, 1991.