Caracterização morfométrica de equinos das raças Quarto de Milha e Crioulo utilizados em provas de vaquejada no Estado do Tocantins
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RESUMO -
A caracterização morfométrica de equinos das duas principais raças criadas e utilizadas em provas de vaquejada no Tocantins, foram mensurados. Na pesquisa utilizou-se 50 equinos, sendo 40 da raça Quarto de Milha e 10 da raça Crioulo, todos puros, adultos, com idades entre 3 e 12 anos, machos e fêmeas, criados em sistema de confinamento, provenientes de quatro ranchos de Palmas – TO. Foram mensurados altura de garupa, altura de cernelha, perímetro torácico e perímetro da canela anterior e posterior. Os animais Quarto de Milha apresentaram variações entre os sexos apenas quanto ao perímetro da canela posterior, onde os machos apresentaram maior perímetro (20,26 cm) em relação as fêmeas (19,64 cm). Já na raça Crioulo diferenças significativas (p<0,05) entre o grupo sexual foram observadas em todos os critérios, com exceção do perímetro da canela posterior que apresentou (19,50 cm). No entanto, todos os animais avaliados apresentaram medidas lineares dentro do padrão racial.
Morphometric characterization of horses of the Quarter Horse and Crioulo used in vaquejada in the State of Tocantins
ABSTRACT - The morphometric characteristics of horses the more important races used in “vaquejada” competitions in Tocantins, were measured. In the study used 50 horses, 30 Quarter Horses and 10 Criollo Horse, all pure, adults, with 3 and 12 years old, male and female, raised in confinement system, sustained in four ranches the Palmas- TO. Were measured the hip height, withers height, chest perimeter, perimeter of the rear and previous leg. For the Quarter Horse were variations between the sexual class on the perimeter of the rear leg, while males were more perimeter (20,26 and 19,64cm), with no significant differences (p <0.05) another measures. For the Criollo Horse, in all parameters analyzed there were significant differences between the sexual group (p <0.05) in the all criteria, except for perimeter of the rear leg showed 19.50 cm. However the animals showed linear measurements similar those determined by the breed standard.Introdução
As atividades envolvendo a geração de produtos e serviços relacionados com o cavalo no Brasil configuram um verdadeiro complexo do Agronegócio, com dimensão social e econômica das mais expressivas. Desde a antiguidade o homem procurou avaliar os animais através de medidas e proporções corporais. O animal é bem conformado se as partes do seu corpo, observadas em conjunto, possuem harmonia para a aptidão a que se destina (ZAMBORLINI et al., 1996) Para que os equinos sejam capazes de executar com maestria as funções as quais são designados, além do potencial de aprendizado, é necessário que apresentem conformação adequada à atividade par a qual serão utilizados. Embora pesquisas biométricas em algumas espécies tenham cedido espaço a estudos de produtividade, nos sistemas atuais de produção de equinos, avaliações morfológicas são relevantes por estarem relacionadas à funcionalidade. Portanto, é necessário avaliar medidas lineares de altura, comprimento, largura e perímetros, proporções além das medidas angulares das principais articulações envolvidas na dinâmica da locomoção (SANTIAGO et al., 2012). O presente estudo teve por objetivo realizar a caracterização morfométrica de equinos das duas principais raças, Quarto de Milha e Crioulo que são criadas e utilizadas em provas de vaquejada no Tocantins e o enquadramento no padrão determinado pelas respectivas associações de raça.Revisão Bibliográfica
No complexo agropecuário o segmento de equinos utilizados em diversas atividade esportivas tem grande reflexo econômico e social. Lima et al. (2006) destacaram que o setor conta com aproximadamente 50 mil atletas. De acordo com Nascimento (1999), o padrão racial busca morfozootécnicas que visam equilibrar, compensar e harmonizar partes, bem como atingir, dentro da prática zootécnica de seleção, a qualidade funcional. De mesma forma, a proporção e as relações entre segmentos corporais são tão importantes quanto os valores de mensurações isolados, pois implicam diretamente a direção, amplitude, força e estabilidade dos movimentos executados (SANTIAGO et al., 2012). No passado, a seleção natural encarregava-se de propagar os indivíduos mais fortes, e, portanto, melhor preparados para suportarem as adversidades do meio. Geralmente, cavalos de melhor conformação apresentam maior longevidade e podem suportar com maior facilidade o estresse fisiológico resultante dos esforços físicos (JONES, 1987). Sabe-se que a morfologia do corpo é fundamental na execução e qualidade dos movimentos, interrelacionando-se com a aptidão do animal. Nas provas de vaquejada, os cavalos são extremamente exigidos, realizam esforço físico de alta intensidade, mas de curta duração, o que reflete em rápida largada, mudanças de direção e paradas abruptas, além de exigir elevada força física durante a derrubada do boi, sendo que alguns cavalos chegam a disputar várias provas em uma mesma competição, todos os fins de semana (XAVIER, 2002). Para que os animais esteja aptos para participar de provas de vaquejada é importante que os parâmetros analisados estejam dentro dos padrões mínimos determinados pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABCQM) e também do Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), assim pode-se estimar o potencial zootécnico, morfológico e fisiológico dos equinos.Materiais e Métodos
Foram mensurados um total de 50 equinos das raças Quarto de Milha e Crioulo. Da raça Quarto de Milha foram mensurados e avaliados 40 animais, sendo 30 machos (12 castrados e 18 inteiros) e 10 fêmeas (não prenhez). Já para a raça Crioulo foram avaliados e mensurados apenas 10 animais, sendo 6 machos (todos inteiros) e 4 fêmeas (não prenhes). Todos os animais eram puros, adultos, com idades entre 3 a 12 anos, com e sem registro, em estagio de treinamento e participantes ou competidores de provas de vaquejada, criados em confinamento, embaiados, recebendo feno de boa qualidade à vontade, ração balanceada e sal mineral específico para equinos, de quatro ranchos e/ou centros de treinamento/hospedagem de Palmas – TO. De todos os animais foram tomadas as seguintes medidas em unidades métricas em centímetros: altura de cernelha (AC-1) verificada com hipômetro, tomada do ponto mais alto da região interescapular e sua distância do solo com ferraduras; altura na garupa (AG-2): verificada com hipômetro, tomada do ponto mais alto da região sacral e sua distância do solo com ferraduras; perímetro torácico (PT-3): verificado com fita métrica, na porção mais estreita do tórax, caudalmente à cernelha, na porção dorsal das últimas vertebras torácicas e ventralmente no terço caudal do esterno e o perímetro da canela anterior e posterior (PC-4): verificado com fita métrica, relativo ao contorno do membro torácico esquerdo, no terço médio. Estas medidas foram tomadas por acadêmicos treinados do curso de Zootecnia da Faculdade Católica do Tocantins, com auxílio de estagiários e funcionários dos recintos em questão, com posterior anotação das informações em planilhas próprias das associações de raças com intuito de organizar um banco de dados que serão posteriormente analisados utilizando-se o programa estatístico SAS (SAS, 1999) e a análise de Tukey, a 5% de probabilidade.Resultados e Discussão
Na raça Quarto de Milha verificou-se diferença significativa (p<0,05) entre os sexos apenas para as medidas lineares de perímetro da canela anterior sendo 20,26 cm nos macho e 19,64 cm nas fêmeas), a diferença observada pode ser explicada pelo dimorfismo sexual e conformação dos animais. Além disso, os machos são mais utilizados nas atividades esportivas, havendo necessidade de melhor estrutura óssea por ocasião do apoio dos bípedes anteriores do animal no solo quando, cerca de 60 a 65 do peso do cavalo é suportado pelos membros anteriores.(JONES, 1987). Não foi observado diferenças significativas para as medidas de altura de cernelha com média de 147,80 cm, altura na garupa média de 149,16 cm, perímetro torácico médio de 182,50 cm e perímetro da canela posterior médio de 22,51 cm. Na raça Quarto de Milha não são realizadas mensurações morfométrica no processo de registro dos indivíduos junto à associação de criadores , nem para a linhagem de corrida, nem para a de trabalho (ABQM, 2009). Ainda de acordo com a referida tabela, para a raça Crioulo, em todos os parâmetros analisados houveram diferenças significativas entre os sexos (p<0,05) nos critérios mensurados, com exceção do perímetro de canela posterior. Os resultados médios obtidos para a raça foram de 139,00 cm para altura da cernelha; 141,50 cm para altura na garupa; 169,50cm para perímetro torácico e 19,50 cm para perímetro de canela. Estes resultados demonstraram que os animais avaliados estão dentro do padrão morfológico mínimo determinado de ABCCC que regulamenta para os machos uma altura entre 140 e 150 cm; perímetro torácico mínimo de 168cm; e perímetros de canela mínimo de 18 cm (anterior e posterior) e para as fêmeas as medidas de altura entre 138 e 150cm; perímetro torácico mínimo de 170cm; e perímetros de canela mínimo de 17 cm. O perímetro da canela está relacionado com a qualidade óssea do esqueleto e com a funcionalidade da região anatômica, determinando, juntamente com o perímetro torácico, a capacidade de carga animal (BERBARI NETO; 2005). O perímetro da canela deve ser lago para que haja boa implantação dos tendões, garantindo bom desenvolvimento muscular do aparato locomotor (BARBOSA, 1993). Ambas as raças estudadas a média do perímetro da canela posterior apresentou medidas mais largas que a da canela anterior, sendo de 22,51 para a raça Quarto de Milha e de 21,00 para raça Crioulo. Quanto maior o perímetro da canela posterior maior a facilidade e suporte muscular para permitir voltas rápidas e paradas bruscas.Conclusões
As conformações corporais nos equinos Quarto de Milha favorecem as exigências funcionais desse esporte. Existe variabilidade genética entre e dentro de raça, reforçando a associação destas regiões anatômicas com a função desempenhada pelo animal.
Os animais da raça Crioulos criados no estado de Tocantins para prática de esportes e competidores em provas de vaquejadas apresentaram medidas lineares dentro daquelas determinadas como mínimas pelo padrão racial
Gráficos e Tabelas
Referências
BARBOSA, C.G. Estudo morfométrico na raça Mangalarga Marchador – Uma abordagem multivariada. 1993. 77f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
BERBARI NETO, F. Evolução de medidas lineares e avaliação de índices morfométricos em garanhões da raça Campolina. 2005. 90 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2005.
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LIMA R.A.S.. Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo no Brasil. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Brasília: CNA; MAPA, 2006.
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ZAMBORLINI, L.C.; PEREIRA, J.C.C. Melhoramento genético aplicado aos equinos. In: Pereira, J.C.C. Melhoramento genético aplicado à produção animal. Belo Horizonte: FEPMVZ, 1996, p.313-324.