Potencial taninífero da Jurema Preta e do Angico Vermelho avaliado por diferentes métodos

Almy de Sá Carvalho Filho1, Virgínia Renata Tenório Fernando de Oliveira2, Diana Rocha dos Anjos3, Rayanne Thalita de Almeida Souza4, Dulciene Karla de Andrade Silva5, Rodrigo Mendonça de Lucena6, Claúdio Rangel Cavalcanti Filho,7, Safira Valença Bispo8
1 - Discente de Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns.
2 - Zootecnista da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
3 - Discente do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens, UFRPE/UAG - Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns
4 - Doutoranda em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco em Forragicultura
5 - Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco /Unidade Acadêmica de Garanhuns
6 - PNPD da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns.
7 - Discente da Universidade Federal Rural de Pernambuco/Unidade Acadêmica de Garanhuns.
8 - Professora Adjunta da Universidade Federal Rural de Pernambuco /Unidade Acadêmica de Garanhuns

RESUMO -

As espécies leguminosas presentes na Caatinga apresentam uma riqueza em compostos secundários que podem ter influência na produção animal, bem como servir de matéria prima para vários seguimentos industriais como na indústria de alimentos. Este trabalho teve como objetivo quantificar taninos condensados das cascas e folhas com hastes da Jurema Preta e do Angico Vermelho, coletadas em três municípios do Semiárido Nordestino, através das metodologias do HCl-butanol e fenóis precipitáveis por proteína (PPP). Os dados foram analisados através de estatística descritiva, o teste t de Student, onde 5% de significância foi utilizado para a comparação dos métodos de quantificação. A metodologia PPP foi considerada a método mais eficiente para quantificação de taninos condensados, indicando que a Jurema preta apresentou maiores teores de taninos condensados totais em relação ao Angico vermelho.

Palavras-chave: angico vermelho, bioatividade, jurema preta, semiárido

Taniniferous potential of Jurema Preta and Angico Vermelho evaluated by different methods

ABSTRACT - Legumes species in the Caatinga shows a abundance of secondary compounds that may affect the livestock as well as serving of raw materials for several industrial segments as in the food industry. The objective of this study was to quantify and the condensed tannin fractions of bark and leaves with stalks from Jurema Preta e do Angico Vermelho, collected in three municipalities in the semiarid fo the Northeast, through of the HCl-butanol methodologies and precipitable phenols by protein (PPP). The data were analyzed using descriptive statistics, t of Student test, where 5% significance was used to compare the quantification methods. PPP methodology was considered the most efficient method to quantification of condensed tannins, indicating that Jurema preta showed higher total condensed tannin levels In comparison to Angico vermelho.
Keywords: angico vermelho, bioactivity, jurema preta, semiarid


Introdução

Os taninos são compostos polifenólicos, que podem ser caracterizados pela presença de grupamentos hidroxila ligado a um anel benzênico (fenol) que podem ter outros compostos ligados a ele como ácidos orgânicos e açúcares (Alonso-Díaz et al., 2010). E podem ser classificados em taninos hidrolisáveis ou condensados, dependendo das suas propriedades e estrutura química (Oliveira et al., 2008). Neste sentido, o uso de plantas ricas em taninos tem se consolidado cada vez mais, principalmente para melhoria da eficiência fermentativa, contribuindo positivamente para o desempenho animal. Dentre os fatores positivos da sua adição às dietas podemos citar, redução na produção metano ruminal, aumentando o aporte de energia metabolizável e diminuição dos impactos ambientais. Este trabalho teve como objetivo quantificar e caracterizar as frações de taninos condensados utilizando as metodologias do HCl-Butanol e Fenóis precipitáveis por proteína (PPP) nas cascas e folhas com hastes de Jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) e Angico vermelho (Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan) coletadas em três munícipios do Semiárido brasileiro.

Revisão Bibliográfica

Os taninos condensados podem conferir sabor amargo e adstringente que é dado pela grande capacidade de ligação com proteínas salivares e dietéticas (Waghorn, 2008), desta forma, limitando o consumo das forrageiras pelos animais, bem como, alterando a utilização de seus nutrientes. Porém, estas características antinutricionais podem ser apresentadas quando estes compostos são fornecidos em altas concentrações na dieta (acima de 5% da matéria seca) e quando os animais não passam por um período suficiente de adaptação (Guimarães-Beelen et al, 2008). Corroborando com Oliveira et al. (2008); Guimarães-Beelen et al. (2008); Alonso-Díaz et al. (2010); Barak & Kennedy (2013) estes compostos têm recebido atenção especial por terem grande capacidade de se associar, através de pontes de hidrogênio com proteínas e carboidratos. Esta grande afinidade é explicada pela presença de grande quantidade de hidroxilas fenólicas, formando complexos insolúveis, alterando assim a disponibilidade destas moléculas, porém estas ligações podem ser rompidas através de modificações do pH (Patra & Saxena, 2010). Além disso, McSweeney et al. (2001b) relataram que a afinidade dos taninos condensados com as proteínas reduz a degradação deste componente da dieta pelos microrganismos ruminais, disponibilizando maior aporte da proteína para degradação e absorção intestinal. Segundo Paes et al. (2006), o teor de taninos condensados pode corresponder a valores de 2 a 40% da matéria seca da casca de várias espécies arbóreas presente na caatinga. Estes mesmos autores ao avaliarem o potencial taninífero de algumas espécies arbóreas de ocorrência no Semiárido, concluíram que o cajueiro, a jurema vermelha e a jurema preta são espécies que possuem forte potencial para produção destes compostos. A exemplo de espécies da caatinga de alto potencial forrageiro para ruminantes, que possuem concentrações consideráveis de taninos condensados, pode-se citar a Catingueira (Poincianella bracteosa), Jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.), Jureminha (Desmanthus virgatus), Mororó (Bauhinia cheillantha), Mata-pasto (Senna sp.), dentre outras (Santos et al., 2009).

Materiais e Métodos

Locais de coleta Em Arcoverde a coleta foi realizada em área de Caatinga, na Estação Experimental pertencente ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) (36°57’5’’W e 8°19’00’’S). Em Patos a coleta foi realizada no Centro de Saúde e Tecnologias Rurais (CSTR) na Estação Experimental pertencente à Universidade Federal de Campina Grande (37°16’30’’W e 7°01’30’’S). Em Delmiro Gouveia, a coleta em área de Caatinga pertencente ao IMA (Instituto do Meio Ambiente), (37°57’18’’W e 9°23’42’’S). Coleta do material vegetal Em cada área estudada foram escolhidas aleatoriamente cinco plantas de cada espécie: Jurema preta (Mimosa tenuiflora (Willd) Poiret) e Angico vermelho (Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan), sendo coletada de cada uma delas amostra de folhas com hastes e amostra de casca. Processamento e armazenamento do material vegetal As amostras foram transportadas ao Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Garanhuns – UFRPE/UAG, onde as cascas e folhas com hastes foram secas à temperatura de 40ºC, em estufa com circulação forçada de ar por 72h. Em seguida, as amostras foram moídas em moinho tipo Willye em granulometria de 1 mm para a realização das análises de taninos condensados. O material moído foi armazenado em potes plásticos hermeticamente fechados, identificados e conservados em freezer a -20 °C. Taninos condensados Para quantificação dos taninos, foram utilizados o método do HCl-butanol (Terrill et al., 1992) e o método dos Fenóis precipitáveis por proteína proteína precipitável (PPP) (Hagerman & Butler, 1978).             Análise estatística O teste t de Student foi utilizado para verificar as diferenças entre as médias das metodologias de quantificação de taninos condensados totais, ao nível de 5% de significância utilizando o programa computacional SAS 9.3.

Resultados e Discussão

Foi realizada a comparação entre os métodos de quantificação dos taninos condensados totais (Tabela 1). Observamos que os dados obtidos pela metodologia PPP ficaram melhor concentrados em torno da média quando comparados aos dados obtidos pelo HCl-Butanol. Neste sentido, houve diferença significativa (p<0,05) entre o método HCl-Butanol e Fenóis Precipitáveis por Proteína (PPP) para todas as espécies e locais de coleta avaliados. Diante disso, o método PPP pode ser considerado um método mais eficiente por mensurar apenas os taninos condensados de interesse para a nutrição animal, pois quantifica taninos condensados biologicamente ativos (Cooper et al., 2014). Adicionalmente, o método PPP apresenta maior praticidade, rapidez e menor custo em função das menores quantidades de reagentes necessários para realização do ensaio. Porém, o método do HCl-Butanol é mais indicado quando é necessário estimar os teores das frações de taninos condensados separadamente, os quais são importantes para o entendimento da disponibilidades destas frações para o aproveitamento pelos animais.  

Conclusões

O método dos Fenóis precipitáveis por proteína (PPP) foi mais efetivo na quantificação de taninos condensados biologicamente ativos. A Jurema preta apresentou os maiores teores de taninos condensados em relação ao Angico vermelho, indicando um grande potencial de uso na indústria para produção de aditivos para manipulação da fermentação ruminal, importante aspecto para melhoria na produção animal.  

Gráficos e Tabelas




Referências

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