Bioestimulante sobre as características morfogênicas do capim Urochloa brizantha cv. Marandu nos períodos de águas e seca

Jucélia de Almeida Santos1, Wildiney Freire de Oliveira2, Natalia Natielle Oliveira Ribeiro Rocha3, Grazielle de Carvalho Reis4, Camila Cunha da Silva5, Nathan Cesar C. Santos6, João Elizio Frizzo Benetti7, Rafael Mezzomo48
1 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará
2 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Belem, Pará
3 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará
4 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará
5 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará
6 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará
7 - Arysta LifeScience do Brasil
8 - Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará

RESUMO -

Objetivou-se avaliar doses de um bioestimulante sobre a atividade morfogênica do capim Marandu. Os tratamentos foram distribuídos, em DBC, com 4 doses de 6 repetições por tratamento. Sendo aplicados os tratamentos: 0 (controle); 1; 2 e 3 kg de produto por ha-1. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Teste F e estudo de regressão. Verificou-se durante o período seco o aumento linear para filocrono ao aumentar-se as doses. A aplicação proporcionou redução na taxa de aparecimento de folhas (TApF) e aumento na taxa de senescência foliar (TSF). Observou-se aumento do perfilhamento das parcelas experimentais com a aplicação. Verificou-se efeito quadrático para taxa de alongamento de folha (TAlF) e para taxa de alongamento de colmo (TAlC) no período das águas. Conclui-se que a utilização do produto bioestimulante promove a estagnação na geração de novos tecidos acompanhada de aumento na densidade populacional em seca e maiores taxas de alongamento estrutural nas chuvas.

Palavras-chave: pastagem cultivada, brachiarão, região amazônica, auxina

Biostimulant on the morphogenic characteristics of the grass Urochloa brizantha cv. Marandu in periods of water and drought

ABSTRACT - The objective was to evaluate doses of a biostimulant on the morphogenic activity of Marandu grass. The treatments were distributed in DBC with four doses of six replicates per treatment. The following treatments were applied: 0 (control); 1; 2 and 3 kg of product per ha-1. The data were submitted to analysis of variance by the F test and regression study. The linear increase for phyllochron was increased during the dry period with increasing doses. The application provided a reduction in leaf appearance rate (RApL) and increase in foliar senescence rate (RSL). It was observed an increase in tillering of the experimental plots with the application. There was a quadratic effect for leaf elongation rate (RAlL) and stem elongation rate (RAlS) in the water period. It is concluded that the use of the biostimulant product promotes stagnation in the generation of new tissues accompanied by an increase in population density in drought and higher rates of structural stretching in the rains.
Keywords: cultivated grass, brachiarão, amazon region, auxina


Introdução

As pastagens são a principal fonte de alimento para o rebanho brasileiro. Nos últimos anos, a área de pastagens naturais e plantadas tem diminuído, ao passo que, neste mesmo período, o efetivo de bovinos dobrou (IBGE, 2012; BRASIL, 2013). Apesar do constante aumento, a produtividade em pastagens brasileiras está aquém do seu real potencial produtivo. Isso se deve, em parte, à falta de conhecimento dos limites de utilização das plantas forrageiras tropicais (BARBOSA et al., 2007). Logo a utilização de práticas de manejo que aumentem a produção, utilização ou colheita da forragem, podem melhorar estes índices. Para tal, faz-se necessária a busca por tecnologias direcionadas a expressão do rendimento da cultura associadas à redução nos custos de produção. Nesse contexto, os bioestimulantes vegetais são promissora alternativa, estimulando o crescimento radicular e induzindo a formação de novos brotos (SILVA, et al., 2010). Sobre tais motivos, no presente trabalho objetivou-se avaliar os efeitos de doses de um bioestimulante sobre a atividade morfogênica do capim Marandu em regime de cortes.

Revisão Bibliográfica

Quanto aos produtos definidos como “bioestimulantes”, estes são a mistura de reguladores vegetais ou adicionados a outros compostos de natureza bioquímica diferente, como aminoácidos, nutrientes e vitaminas, espera-se ao aplicalos às plantas, apresentem efeitos semelhantes aos hormônios vegetais, alterando a qualidade, o crescimento e a produção. Contudo os bioestimulantes não são contemplados pela legislação brasileira. Em sua maioria, esses produtos são registrados como fertilizantes (SILVA et al., 2012). Na literatura resultados demonstram o aumento na produtividade com a utilização de bioestimulantes nas mais variadas culturas. De acordo com Castro e Vieira (2001) a interação entre bioestimulante e culturas agrícolas promovem o equilíbrio hormonal da planta, favorecendo a ação do seu potencial genético, estimulando o desenvolvimento da parte aérea e raízes.  Silva et al. (2010) observaram efeito destes sobre o perfilhamento a partir dos 70 dias após a aplicação dos tratamentos na soqueira de genótipos de cana-de-açúcar,. Os autores observaram aumento da produção de colmos (até 35%) e de açúcar, com o emprego do bioestimulante, sem complementação de fertilizante líquido, indicando a possibilidade de se aumentar a longevidade dos canaviais. Ao trabalhar com diferentes bioestimulantes no tratamento de sementes de híbridos e linhagens de milho Ferreira et al. (2007), reportaram incremento significativo na massa seca de raiz das plântulas oriundas de sementes de linhagens tratadas com o produto. Como possível ação destes produtos sob plantas forrageiras pode-se atribui-se aos fitohormônios presentes em sua composição que atuam através do estimulo a divisão e alongamento celular em pontos de crescimento como: ápices, folhas em desenvolvimento e raízes (CASTRO e VIEIRA, 2001). O que torna, portanto, a interessante de se avaliar a influencia de tais produtos sobre a produção e estrutura de gramíneas forrageiras. Provadas as propriedades da utilização dos bioestimulantes sob outras culturas, percebe-se a necessidade da realização de estudos que possibilitem a utilização desses compostos em plantas forrageiras amplamente utilizadas no Brasil, como os gêneros Brachiaria. Dessa forma, estudar a eficácia da utilização de bioestimulantes em plantas forrageiras, assim como determinar a concentração ideal destes em aplicações faz-se necessário (CATO, 2006), sendo portanto, primordial a recomendação da utilização desses compostos em pastagens das propriedades brasileiras.

Materiais e Métodos

O trabalho foi conduzido no Campo Experimental de Forragicultura da Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas, Pará. Nenhuma correção de fertilidade foi realizada, com o intuito de se aproximar do manejo geral de propriedades rurais da região, as quais, na maior parte das áreas de pastagens, não fazem correção de fertilidade. Foram testadas doses de fertilizante foliar enriquecido de compostos auxinicos (80 ppm) sobre a espécie forrageira Urochloa brizantha cv. Marandu já estabelecida na área experimental há pelo menos 5 anos. A área foi dividida em parcelas de 8 m² (4,0 x 2,0 m), separadas por corredores de 0,5m em todos os lados de cada parcela. Os quatro tratamentos foram distribuídos, em delineamento em blocos casualizados, com 4 doses de 6 repetições por tratamento totalizando 24 parcelas experimentais. Sendo aplicados os tratamentos: 0 (controle); 1; 2 e 3 kg de produto por ha-1. A aplicação dos tratamentos foi realizada antes do rebaixamento para garantir quantidade de superfície foliar exposta ao contato, esta iniciou no dia 17 de maio de 2016, momento em que a pastagem se encontrava com altura média de 30 cm. No dia 27 de maio todas as parcelas foram rebaixadas a 17 cm de altura, dando-se início ao período de mensuração das variáveis. O experimento teve duração total de 238 dias, encerrando-se no dia 20 de janeiro de 2017. Para avaliações morfogênicas foram identificados a cada período de rebrote, cinco perfilhos em cada unidade experimental (parcela), avaliados ao longo dos ciclos de crescimento. Cada um dos perfilhos recebeu identificação com um anel de cor evidente, para posterior acompanhamento. Os perfilhos marcados foram avaliados a cada três ou quatro dias, registrando-se o comprimento e o número final das folhas expandidas, emergentes, senescentes, bem como a altura e o comprimento do colmo. A densidade populacional de perfilhos foi estimada pela contagem do número de perfilhos, anteriormente ao corte da massa, (utilizando-se moldura de 0,5 x 1,5 m) direcionada a altura média em cada parcela. Após coleta os dados foram organizados em períodos dos ano conforme a data em que foram coletados, para então darem origem aos dados recolhidos nas épocas seca (junho, julho e agosto) e de chuvas (novembro, dezembro e janeiro), (Figura 1). As características morfogênicas avaliadas foram: Incremento do colmo (AC), Comprimento final do colmo (CFC), Comprimento inicial do colmo  (CIC), Duração de vida das folhas (DVF), número de folhas em expansão (NFE), número de folhas maduras (NFM), número de folhas senescentes (NFS), número de folhas vivas (NFV), taxa de alongamento de colmo (TAlC), taxa de alongamento foliar (TAlF), taxa de aparecimento de folhas, obtido pelo inverso do filocrono (TApF), taxa de senescência foliar (TSF), filocrono sendo a quantidade de dias para a formação de uma nova folha, e  perfilhos/m2 . Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo Teste F e estudo de regressão, testando-se a significância do β1 ao nível linear e quadrático par as dosagens utilizadas. Porém não fora realizada comparação estatística entre as médias ocorridas nos períodos seco e chuvoso.

Resultados e Discussão

Em relação as informações morfogênicas, verificou-se durante o período seco do ano o aumento linear (P<0,05) para filocrono ao aumentar-se as doses de aplicação. Tal característica nos indica que, em pastagens recebendo a aplicação do produto aumentam o tempo para formação de uma nova folha, reduzindo 2,65 dias por cada kg/ha aplicado (Tabela 1). Além disso, a aplicação proporcionou redução na taxa de aparecimento de folhas (TApF) e aumento na taxa de senescência foliar (TSF). Em contrapartida, observou-se aumento do perfilhamento das parcelas experimentais com a aplicação (P<0,05). Tal aumento foi na ordem de 23,2 perfilhos/m2 para cada quilograma aplicado. Em relação aos demais parâmetros morfogênicos, não se verificou diferenças (P>0,05) com a aplicação, quando as parcelas experimentais foram adubadas (Tabela 1). Analisando-se as variáveis morfogênicas do período das águas, verifica-se efeito quadrático (P<0,05) para taxa de alongamento de folha (TAlF) e para taxa de alongamento de colmo (TAlC) (Tabela 1). Ao estimar os resultados, através das equações derivadas, observa-se que a TAlF aumentou até as doses intermediarias, e posteriormente diminuiu na dose de 3 kg/ha. Sendo que a TAlC apresentou o mesmo comportamento. As demais variáveis não apresentaram diferenças (P>0,05) quando as pastagens não foram adubadas (Tabela 1).

Conclusões

A utilização do produto bioestimulante promove a estagnação na geração de novos tecidos acompanhada de aumento na densidade populacional durante o período seco. Durante o período chuvoso as respostas a pulverização do produto são basicamente em taxas de alongamento das estruturas.

Gráficos e Tabelas




Referências

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