Uma pesquisa* que vem sendo desenvolvida pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em parceria com a Unesp de Botucatu e a Universidade da Flórida, nos EUA, está estudando um sistema de engorda de “novilhas vazias”, visando o aproveitamento das fêmeas para a produção de carne de qualidade frente ao crescente mercado gourmet no Brasil. Mais que isso, o estudo também quer reforçar a produtividade dentro da porteira. As informações são do canal Giro do Boi.

A responsável pelo estudo é a pesquisadora da Apta, Laura Franco Prados, graduada, mestre e doutora em Zootecnia. De acordo com ela, a proposta surgiu para dar foco na terminação das fêmeas Nelore. A princípio, a ideia era fornecer condição corporal para a reprodução destas novilhas, mas acabou se mostrando uma boa alternativa também para a engorda.

“O nosso foco primeiramente era emprenhar estas fêmeas aos 14 para 15 meses. Na estação de monta a gente usava duas IATFs sem o repasse de touros. E as que não emprenharam, o que a gente ia fazer com estes animais? Então a partir disto e a partir do crescimento do mercado gourmet, das boutiques de carne nos grandes centros a gente viu a necessidade de continuar a tratar estas novilhas que não emprenharam, as novilhas vazias”, explicou Laura.

Em resumo, a pesquisa quer oferecer ao pecuarista a possibilidade de ele vencer o chamado “desafio das precocinhas”. O foco do estudo é, uma vez que as novilhas saíram vazias da monta, abatê-las ainda jovens com 15 a 16 arrobas e ao menos 3 mm de cobertura de gordura.

DESENVOLVIMENTO

Alguns dos animais que integram o estudo (Foto: Laura Prados/Reprodução)

Para tanto, a pesquisadora está utilizando a chamada Terminação Intensiva a Pasto (TIP), em que os animais recebem cerca 2% do peso corporal de ração concentrada no cocho mais a oferta de forragem, uma dieta que varia conforme o peso de entrada, o peso de saída desejado e os preços dos insumos em cada região.

A meta, segundo Laura, é alcançar um ganho de peso superior ou igual a 1 kg por dia. A pesquisadora acrescentou que é importante que haja uma adaptação dos animais até que se chegue nos 2% do peso vivo de ração para que não haja problemas ruminais, como acidose, por exemplo.

Na pesquisa, foram utilizados três sistemas de recria que não influenciaram no desempenho em ganho de peso, salientou a zootecnista: confinamento com 77% de silagem de milho e o restante de concentrado, suplementação com 1% peso corporal ou suplementação crescente começando com 0,8% a até 1,2% do peso corporal.

“Tem uma agregação de valor neste produto. Esta carne vai ser direcionada a nichos de mercado. E isto vai beneficiar o produtor. E como a gente passa por grandes transformações no mercado da pecuária de corte, a gente tem que usar a tecnologia a nosso favor. E o abate de novilhas está aí como uma ferramenta que está à disposição do pecuarista, não é nada difícil de se fazer e que ele pode agregar valor ao seu produto. E elas tem apresentado um grande potencial para produzir estas carcaças de qualidade e o mercado acaba pagando o valor semelhante ao do macho, então, vale a pena”, assegurou Laura Prados.

Assista a entrevista do Giro do Boi abaixo ou clique aqui.

*O pecuarista que tiver dúvidas ou puder contribuir com informações para a pesquisa pode entrar em contato com a pesquisadora pelo e-mail laurafrancoprados@hotmail.com

0 Comentários

Envie uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*

©2024 Associação Brasileira de Zootecnistas

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?