Ainda considerado um meio alternativo de produção, a criação de jacarés é um mercado que vem ganhando espaço no mundo todo. E no Brasil não é diferente. Há 7 anos, o zootecnista e empresário Willer Cardoso Girardi percebeu o potencial do segmento e resolveu apostar suas fichas neste mercado. A partir daí, nasceu a Caimasul, em Corumbá, no interior do Mato Grosso do Sul, hoje a maior fazenda de confinamento de jacarés do Brasil.
Willer, que é formado em Zootecnia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), conduz a empresa junto ao sócio e sua família. Ele atua desde a parte operacional, até todos os trabalhos que envolvem o setor produtivo, reprodução, recria, engorda e abate. Com uma equipe especializada, composta por zootecnistas, médicos veterinários, uma bióloga e técnicos ambientais, a empresa conta hoje com um plantel de 60 mil animais da espécie Caiman yacare, com 2.500 abates por mês.
“Nosso setor já é muito difundido, mas o comércio de carne e couro ainda precisa crescer mais. Ainda existe um mercado muito grande para ser explorado”, relembra Willer.
Segundo o zootecnista, apesar de ser um mercado em expansão, trabalhar hoje com jacarés ainda é um desafio, principalmente por ser um sistema produtivo relativamente novo.
“Ainda estamos fazendo muitas descobertas e muitas melhorias no processo produtivo. E neste processo, a presença do zootecnista é fundamental, assim como em outros sistemas de produção, porque a nutrição é a chave do sucesso neste segmento”.
MERCADO DA CARNE
Segundo Willer, as regiões que mais estão consumindo a carne de jacaré são o Sul e Sudeste, com grande expansão para o Nordeste nos últimos tempos.
“Os consumidores são, principalmente, aqueles que apreciam carnes e buscam um produto diferenciado. E o jacaré veio aí pra suprir essa demanda, com uma carne com teores nutricionais muito favoráveis e sabor muito suave que faz com que o mercado seja a cada vez mais crescente. É uma carne que você consegue introduzir, também, em qualquer linha da colunaria, até mesmo na oriental”, pontua o zootecnista.
O teor nutricional da carne de jacaré, mencionada por Willer, é inclusive um dos fatores que influencia seu crescimento. Em 2018, um levantamento da Exame com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) indicou que a carne destes animais conta com 12% mais proteína do que uma costela bovina; 200% mais fibra alimentar do que um peixe de água salgada, como o salmão; 91% menos gordura do que a carne de frango e 21% menos que um peixe de água doce.
Willer reforça que, como em outros sistemas de produção, sempre é necessária a preocupação com a melhoria contínua do processo produtivo e o uso consciente dos recursos naturais, promovendo bem-estar animal, desenvolvimento social e manejo sustentável da espécie.
“Nossa empresa visa a produção intensiva de jacarés em um modelo de produção tecnificado, empregando um moderno sistema de criação associado a programas de manejo alimentar e sanitário específicos, baias de recria com temperatura controlada sempre buscando o bem-estar dos animais durante todo o processo produtivo”.