Determinação. Esta é a palavra que resume a trajetória de Hugo Pereira Antonio, deficiente visual que busca o sonho de ser zootecnista. Natural de Angra dos Reis, Hugo possui cegueira total devido a ação de um câncer no nervo óptico adquirido aos três anos de idade. Hoje, aos 22, o estudante não tem dúvidas do que quer: se formar e trabalhar com animais não ruminantes.
Hugo conheceu a zootecnia em 2011, através de uma pesquisa sobre profissões antes de prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A identificação foi instantânea. O campo e a produção animal sempre foram suas paixões.
“Me identifiquei com a zootecnia por ser um curso que tem extrema importância no campo e atuação direta na área de produção animal. Trabalhar com animais, especificamente animais de fazenda, sempre foi a minha vontade.
Segundo Hugo, que cursa o 7º período de zootecnia na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), a falta de visão nunca foi um impeditivo para que ele chegasse aonde quer.
“Esse foi só mais um desafio de tantos já enfrentados. Das minhas limitações, não seria a falta de visão que ia me impedir de mais essa busca”.
Em um curso que, aparentemente, exige a necessidade da visão, Hugo prova, diariamente, que, com auxílio e determinação, é possível estudar as práticas zootécnicas. Porém, para ele, o mercado e o meio acadêmico ainda têm preconceitos com profissionais que possuem deficiência.
“Existe preconceito com deficientes no mercado e a zootecnia não está fora disso. Pelo contrário. Mas creio que a partir do momento que provei para mim mesmo que eu sou capaz, ninguém mais me segura. O meio acadêmico peca em querer impor limite no deficiente, quando só o próprio deficiente pode determinar seus limites, como qualquer outro ser humano”.
Hugo foi meu paciente por muitos anos quando perdeu a visão. Aos 3 anos ele empurrava pelos corredores do hospital o suporte de soro com vários cavalinhos amarrados . Todos conheciam a sua paixão pelos cavalos. Ele é um vencedor é um campeão.
Hugo é um exemplo de vida. Ele estudou na escola onde trabalho, ele nunca usou sua deficiência para justificar nada. Sempre foi super independente. Em alguns momentos nem nos lembravamos de sua deficiência. Parabéns Hugo.
Na época em que Hugo estudou na E.M. Coronel João Pedro de Almeida, em Angra eu era Pedagoga da escola e conseguia enxergar nele um grande potencial. A deficiência visual nunca foi um entrave para o Hugo aprender. Me lembro que teve um evento na escola denominado show de talentos, em que Hugo deu um show tocando teclado. Parabéns Hugo!
Bom dia! Gostaria de saber se há possibilidade de disponibilizar o contato de Hugo Pereira Antonio, pois trabalho no IFMA. No ano passado, ingressou um aluno com cegueira. Ele é um aluno muito bom tb. Gostaria de ver com Hugo alguns materiais acessíveis. Desse já agradeço.