Em 24 de junho, alguns países celebram o Dia Internacional do Leite. O produto, uma das bebidas mais nutritivas do mundo, é uma das principais ferramentas de trabalho dos zootecnistas e hoje, frente a transformação mundial que a produção de alimentos passa, é necessário fortalecer discussões sobre o futuro da produção – a níveis micro e macro. Para isso, convidamos o zootecnista Christiano Nassif, especialista em produção de leite, para falar sobre o tema. Ele mora e trabalha em Minas Gerais, Estado responsável por aproximadamente 27% da produção de leite no país.

De acordo com Nassif, o cenário leiteiro no Brasil vinha, nos últimos anos, crescendo de maneira relevante, mas agora passa por um leve período de diminuição. Nos últimos 10 anos, a média de crescimento de produção leiteira foi de 5%/ano. Em 2018 e 2019, entretanto, este número ficou um pouco abaixo da média histórica.

“Quando o produtor pisa no freio e mexe na reprodução dos animais, tanto na nutrição como descarte de vacas, isso faz com que a retomada para o crescimento da produção seja mais lenta e mais difícil”, explica.

Nassif é, também, sócio-proprietário da empresa Labor Rural e coordenador técnico do Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira – PDPL/UFV (Foto: arquivo pessoal)

Para o zootecnista, entretanto, o cenário de hoje é mais promissor no quesito produção. Hoje, há uma forte valorização do dólar diante do real, o que faz com que dificulte a entrada de leite no Brasil. Com a importação se tornando mais limitada, é forçado um aumento do preço o mercado interno, o que pode trazer reflexos positivos a médio prazo.

“Com essa ajuda do Governo Federal com o auxílio emergencial devido a pandemia, isso tem aquecido o consumo. Não vindo leite de fora e com o mercado aquecido, sobe o preço do leite para o produtor e ele desafia mais as vacas no sentido de aumentar a produção. Então pode ser que, frente a este cenário atual, tenhamos um aumento tanto em Minas Gerais quanto em outros estados do Brasil em comparação com o que aumentou nos últimos dois anos”, detalha, lembrando que o crescimento vai depender de muitos fatores internos e externos relacionados à condução econômica do país e comportamento do mercado de importação e exportação.

BIOSSEGURIDADE

Para além da questão econômica, o mercado leiteiro vive, também, uma transformação de processos para garantia de biosseguridade. A mudança já vinha ocorrendo, a passos mais lentos. Mas hoje, com a crise do coronavírus, há uma tendência de aumento da preocupação frente a este tema.

“Já vinha sendo dito sobre essa tendência mundial de termos um produto mais biosseguro e algumas indústrias já vinham trabalhando muito forte neste sentido. Após a pandemia, necessariamente outras indústrias terão que adotar isso com mais velocidade e intensidade. A fiscalização governamental dos órgãos públicos sobre esse item irá aumentar. O próprio consumidor terá mais atenção na obtenção de um leite mais seguro, seguindo normais sanitárias e de higiene na produção”, prevê.

Christiano lembra, entretanto, que caberá aos zootecnistas fortalecer este pensamento, também, dentro das pequenas e médias propriedades, influenciando ainda mais a capacitação de trabalhadores rurais e produtores leiteiros para a condução com biossegurança dentro das fazendas.

“O zootecnista é um profissional completo, moderno, que tem uma visão muito ampla do agronegócio. Eu vejo que essa visão de um profissional que tem conhecimentos de gestão econômica e que tem a parte técnica é muito necessária hoje e sempre. Um olhar para dentro e fora da porteira. Uma visão ampla”.

1 Comentário
  1. paulo Jorge Lopes Costa 5 anos atrás

    Muito boa a informação, gostei.

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