Não é novidade: zootecnistas se formam e entram no mercado para garantir, prezando o bem-estar animal, a qualidade e alta produtividade do setor agropecuário. Mas e quão positivo pode ser o desempenho do trabalho quando um zootecnista apaixonado por mercado resolve somar à sua bagagem a análise fundamentalista de ações? É que está experimentando o zootecnista Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, maior corretora do Brasil. Seu trabalho foi destaque no final do mês passado na revista especializada InfoMoney.
A soma das especialidades de Leonardo garante a ele uma combinação única: o entendimento pleno sobre a produção animal e, ao mesmo tempo, sobre o preço da ação dos frigoríficos na bolsa, por exemplo. Uma habilidade ímpar na hora de recomendar investimentos.
Em uma live realizada recentemente pela Stock Pickers, Leonardo falou sobre o assunto e explicou que buscou a especialização em análise de empresas, com interesse em ter conhecimento para construir teses de investimentos em ativos dos principais setores da bolsa brasileira – conhecimento que se somou aos seus 16 anos de experiência no setor agropecuário.
TRAJETÓRIA
Na reportagem da InforMoney, Leonardo conta que quando cursou a faculdade de Zootecnia, já se voltou para as questões de mercado, chegando às consultorias. Ele migrou para a corretora Votorantim para ser broker do mercado futuro de produtos agrícolas. Tempos depois, chegou a passar pela XP para montar a mesa institucional de commodities agrícolas, em 2010, e após acabou indo para o frigorífico Minerva, onde ficou por 9 anos até voltar para a XP no ano passado. No cargo atual, faz análise das empresas de agro, alimento e bebidas.
“A arte da análise financeira é que você tem que dominar, mastigar e esmiuçar qualquer empresa para chegar a um valor”, contou Alencar, reforçando que o conhecimento técnico do setor pode também fazer diferença e permitindo que pessoas como Leonardo prevejam eventos que podem mudar o rumo de um setor. Além disso, algumas situações já aconteceram, são conhecidas no setor, mas demoram a chegar a ser notícia no mercado financeiro, como foi o caso da febre suína africana, que dizimou quase metade do rebanho da China, aumentou a demanda e mudou o setor globalmente. No segundo semestre, havia uma discussão sobre se o efeito da febre africana já tinha terminado, tendo em conta que que o número de porcas tinha crescido mais rápido que o previsto.
“Havia o receio (para quem apostou em frigoríficos com base na premissa de maior demanda) que a febre Africana havia desaparecido. Mas não”, lembrou Alencar, explicando que o que aconteceu é que as novas porcas chinesas tinham uma genética pior e as fêmeas produziam menos leitões, logo, a produção de carne não estava acompanhando a velocidade de aumento de porcas. É o tipo de coisa que só um zootecnista consegue ver antes de todo mundo e assim recomendar com mais propriedade a compra de uma determinada ação.
Para assistir a entrevista de Leonardo ao Stock Pickers, clique aqui.