(Foto: Divulgação)

Brasília, 18 de junho de 2018.

 

Nota Pública da ABZ sobre a pichação do boi da FAAZ/UFMT

O esfacelamento da moral cívica

 

A nação brasileira vive momentos de tensão e desconstrução de valores básicos onde as pessoas, imbuídas do sentimento de desgoverno nas instituições, especialmente àquelas de caráter político, investem-se do poder inexistente e desconsideram o exercício da cidadania em sua plenitude, que se constitui de direitos e deveres e forma a construção da moral cívica de um povo, e servem-se de ações covardes e antidemocráticas, como o ataque ao monumento do boi colocado nos jardins da Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Cuiabá, para dar voz às suas reivindicações, que ainda que fossem justas, deveriam ser apresentadas às autoridades competentes utilizando-se dos canais e instrumentos legais.

Os monumentos, em geral, são símbolos que retratam histórias de lutas de um coletivo para conquista de seus direitos ou espaços de inserção para de alguma forma servir à sociedade. O boi, na forma de monumento, colocado nos Campus da UFMT/Cuiabá, pela primeira turma do curso de Graduação em Zootecnia, estimulados pela Coordenação, Direção da Faculdade, Centro Acadêmico, Reitoria, Professores e alunos não é diferente e se reveste de significados, sendo eles: 1) O reconhecimento da instituição da necessidade de cumprir o seu dever e papel social de criar oportunidade de acesso e oferta cursos nas mais diferentes áreas do saber para formação em nível superior; 2) O reconhecimento que a Zootecnia se insere no contexto do dever institucional da Universidade em contribuir com o desenvolvimento sustentável das condições de vida das pessoas onde ela se insere e, sobretudo, no contexto do segmento produtivo que gera produtos, serviços e emprego para as pessoas; 3) A vitória de um projeto de curso que resgata a história de fundação do antigo Centro de Ciências Agrárias da Universidade e completa o sentido dos investimentos feitos pela própria sociedade na construção de seus espaços de ensino e pesquisa, assim como na contratação de recursos humanos; 4) O reconhecimento que a Zootecnia, os estudantes e os Zootecnistas, assim como outros profissionais das ciências agrárias, são essenciais para garantir a vida das pessoas por serem agentes da produção de alimentos de origem animal de forma correta para atender a segurança alimentar e nutricional das pessoas, superando assim a fome no mundo; 5) A superação dos desafios, dificuldades e limitações de recursos para implementação do curso de forma coesa e unida pela comunidade da Zootecnia em Cuiabá; 6) A construção da identidade no imaginário das pessoas, da comunidade da UFMT e da sociedade que Zootecnia é uma ciência e uma profissão de valor meritório que convive harmonicamente com as demais formações respeitando a expressão e os espaços individuais das demais profissões.

Portanto, o ataque ao monumento do boi da Zootecnia é na verdade a representação do esfacelamento da moral cívica de pessoas. Atitudes como esta demonstram que nossa democracia ainda carece de solidificação, a começar pela educação daqueles que se dizem pessoas de maior nível de instrução ou que frequentam os bancos das instituições de ensino, mas usam de métodos antidemocráticos, desrespeitosos e nocivos ao outro e forçam a desconstrução da história de um coletivo que no exercício do seu direito pode se manifestar contrário à decisões outrora ditas adequadas por um grupo que buscam imperar pela força em detrimento das ideias.

Nesse contexto, a Associação Brasileira de Zootecnistas repudia veementemente atos e manifestações que privilegiam a baderna, a desorganização, o desrespeito ao espaço ou a identidade do outro e se caracterizam essencialmente por práticas não democráticas, bem como se solidariza com a comunidade da Zootecnia da UFMT/Cuiabá oferecendo nosso apoio institucional para continuarem a trilhar os caminhos de sucesso demonstrados pela qualificação do curso reconhecidos por todas as instâncias avaliativas legalmente instituídas.

 

Zootecnista Marinaldo Divino Ribeiro
Presidente da Associação Brasileira de Zootecnistas

(Foto: Divulgação)

1 Comentário
  1. Hilda Rosani 7 anos atrás

    Parabéns, isso sim é demonstrar o que é ser cidadão responsável e que respeita o ir e vim de outros cidadãos. Soube veemente mostrar em suas palavras a indignação para com todos que ali quis se mostrar lutar por direitos , os quais se perdeu pelo caminho, quando atacou um patrimônio público. Digo sim, público, pois não somente mostra e valoriza o zootecnista como tbm é público, por ser um patrimônio de todos, da sociedade que tbm aproveita do espaço, dos alunos no geral, independente do curso. Quando iremos aprender a lutar por direitos, sem atingir o próximo?? Sem agredir, sem machucar ou depredar o que é de todos por direito. Tem que aprender a amar e respeitar, independente de classe, religião, profissão ou opinião política ou sexual, enfim, somos todos iguais com pensamentos e opiniões diferentes, porém, iguais.
    Todas as profissões são belas e necessitamos de todas elas para ter uma sociedade bonita e bem cuidada. E o zootecnista quer apenas trabalhar formas e maneiras diferentes para que a cada dia a qualidade de vida dos animais sejam melhores. Eles estudam formas de ter melhor qualidade de vida do animal, evitando assim o estresse e doenças nos animais, buscam melhor qualidade em todos sentidos para os animais.

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