Conheça um pouco mais sobre a profissional responsável pela confecção e aprovação do documento base das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Zootecnia
Professora por 37 anos na USP, Célia Regina acumula diversos títulos ao longo de sua vida. Hoje já aposentada, ela atuou como presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos. Anos depois, foi coordenadora do curso de Zootecnia e chefe de departamento de ensino.
Em frentes nacionais, esteve como membro da diretoria executiva e participante de comissão assessora, por vezes contribuindo como presidente, de várias comissões relevantes envolvidas com o ensino de graduação em Zootecnia, como a Associação Brasileira de Zootecnistas(ABZ – que atuou como presidente), o Conselho Federal de Medicina Veterinária, o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, a Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira vinculado ao Ministério da Educação e a Secretaria de Educação Superior do Estado de São Paulo. Em 2023, foi eleita como um dos acadêmicos fundadores da Academia Brasileira de Zootecnia.
“Tive o privilégio de contribuir com a formação de centenas de estudantes e de aprender muito com eles. Desde a graduação, estive envolvida com a valorização da profissão de zootecnista e sempre busquei participar dos movimentos político-profissionais que pudessem, de alguma forma, mostrar para a sociedade a importância do papel do zootecnista para o crescimento do agronegócio nacional.” conta ela sobre a sua trajetória.
Célia se diz motivada pela sua atuação em diversas frentes que formou diversos profissionais com excelência, e que de fato impactou a vida de inúmeras pessoas. Segundo ela, sem dúvidas, o projeto que mais a enche de orgulho e a participação da confecção e posterior aprovação do documento base das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Zootecnia.
“Entendo que uma formação profissional sólida e diversa faz do zootecnista um agente de transformação na sua área de atuação. Para isto, parte importante deste processo passa pela responsabilidade das instituições de ensino superior na seleção dos docentes e coordenadores de cursos que estarão na linha de frente da ministração de conteúdos e do arcabouço educacional que será estimulado na formação acadêmica. Procurei contribuir com os colegas de todas as regiões brasileiras para o pensar com qualidade na trajetória acadêmica dos estudantes durante o curso de graduação.”
Especialista em estudos de plantas forrageiras, Célia conta que a força de trabalho e a competência na sua realização independem de gênero. “A mulher zootecnista tem dado provas de sua capacidade de contribuição para o setor produtivo. A visão holística em busca da solução dos problemas e a aptidão de trabalhar em equipes multidisciplinares são características encontradas em muitas profissionais”, pontua.
“Acredito que a mulher na Zootecnia já está consolidada como fundamental contribuidora em inúmeros desafios relacionados ao desempenho fantástico do agronegócio no PIB brasileiro. Todavia, ainda precisam do reconhecimento da sua capacidade pelos atores que militam diretamente no campo, na produção primária nas fazendas. Este ainda é um universo que carece de quebras de paradigmas e de amplificação da visão sobre os preconceitos machistas culturalmente arraigados.”
Para a zootecnista, sua maior inspiração são as diversas mães anônimas, que batalham diariamente para levar o sustento aos seus filhos. Do trabalho mais humilde até a mais graduada. “Cada uma com seus desafios, suas lutas, mas com a enorme responsabilidade de conciliar trabalho e o desenvolvimento de uma carreira com a educação e o suprimento das necessidades básicas de um ou muitos filhos, muitas vezes sozinha, sem rede de apoio familiar. A força destas mulheres me inspira e faz acreditar que podemos e vamos seguir em frente conquistando nosso espaço e promovendo uma sociedade mais igualitária”, afirma.
“A mulher protagoniza uma ampliação importante no mercado de trabalho ao ter uma atuação que extrapola a que se dá diretamente nas propriedades agropecuárias, para também se dedicar ao trabalho nos laboratórios, no desenvolvimento de novos produtos, serviços e tecnologias, nas empresas processadoras e distribuidoras de alimentos, na gestão de negócios, na prospecção e comercialização em mercados internos e externos e no empreendedorismo, para citar alguns exemplos. A qualificação acadêmica das mulheres na pós-graduação tem se dado de maneira crescente e superado a dos homens. A absorção das zootecnistas pelo mundo do trabalho está em expansão e o prognóstico é positivo.”
Neste especial para a ABZ, Célia diz que se pudesse mandar uma mensagem a si própria do passado, seria: “trabalhe muito, seja empática e resiliente, estude e não tema em dar a sua opinião.”
Fonte: DIRCOM