Quem pretende investir em peixes nativos pode estar prestes a fazer um bom negócio. Levantamentos recentes apontam que o mercado de pirarucu, por exemplo, cresce 25% ao ano, contra a taxa anual de 17% da tilápia. Os dados são da Embrapa Pesca e Aquicultura e, para o chefe de Transferência de Tecnologia da instituição, Alexandre Freitas, isso mostra que o peixe nativo caiu no gosto do brasileiro. Agora, o próximo passo é evoluir o sistema de produção de espécies nativas.
Na semana passada, Freitas debateu este novo cenário do Brasil durante o “Workshop Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial: espécies nativas”, em Campinas (SP). O especialista falou sobre tecnologia e apresentou um panorama do mercado consumidor de peixes no país.
“Talvez o grande mercado para o peixe nativo não seja o doméstico, mas o mercado gourmet”.
Além do uso de espécies nativas no mercado gourmet, outras tendências apontadas por Freitas são o uso de peixes nativos pela gastronomia asiática, como os restaurantes especializados em comida japonesa, e a busca por novos produtos e cortes diferenciados.
Para Francisco Medeiros, secretário executivo da Associação Brasileira da Piscicultura – Peixe BR, há potencial para os peixes nativos, mas o setor perde em competitividade por não atender as demandas do mercado. Entre elas, está a produção de um peixe sem a chamada “espinha em Y” e a venda do pescado em filé, e não o peixe inteiro.
“Não tivemos até hoje nenhuma iniciativa brasileira para resolver o problema da espinha do peixe”.
Além de melhorar o aspecto tecnológico e de mercado, Francisco também acredita que é preciso criar hábito e memória afetiva para os peixes nativos. Dourado, pacu, pirarucu, surubim e tambaqui são apenas alguns exemplos da grande diversidade de peixes nativos disponível no mercado.
Com informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).