Um indicador que pode colaborar para evitar o desperdício de água nas produções agropecuárias foi tema de uma palestra ministrada pelo zootecnista Julio César Palhares, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste. O tema, que foi debatido no início deste mês por Julio, já vem sendo discutido há mais tempo por pesquisadores do mundo todo justamente para que a falta de água não se torne uma ameaça ao desempenho e a sanidade de produção.
De acordo com Palhares, um indicador que pode auxiliar o uso racional de água é a Pegada Hídrica. Segundo ele, para produzir carne e leite dentro dos parâmetros ambientais, é preciso adotar práticas e tecnologias que garantam uma produção mais sustentável.
“Muitas propriedades não têm controle significativo da água captada e consumida. Conhecer o valor da Pegada Hídrica evita o uso excessivo e melhora a gestão dos recursos”.
Para o pesquisador, conhecer o sistema de produção é fundamental, pois o valor da pegada altera de acordo com o local do sistema, tipo de animal, da composição e origem dos alimentos fornecidos.
A PEGADA
De acordo com informações divulgadas pelo Canal do Produtor, o cálculo da Pegada Hídrica considera o uso da água verde (a que vem da chuva e que as plantas absorvem e evapotranspiram), a azul (água de rios, reservatórios e subterrâneos) e a cinza (água necessária para diluir os efluentes). Dentre as atividades agropecuárias, a que mais demanda água disponível (azul) é a agricultura irrigada, enquanto a pecuária se abastece de água verde.
Para reduzir o valor da pegada hídrica, Palhares explica que algumas práticas são recomendadas como a adequação da dieta animal, melhoramento genético de animais e pastagens, irrigação noturna, captação de água da chuva, reuso e preservação de rios e nascentes, instalação de hidrômetros e evaporímetro de Piche, que mede a evaporação da água, o que assegura mais informação para a gestão dos recursos.
De acordo com o pesquisador, é necessário que o conhecimento sobre o assunto chegue aos produtores rurais para estimular o uso eficiente da água na criação de gado.
“A metodologia da pegada é dividida em quatro fases: primeiro são estabelecidos os objetivos e escopo, depois é feito o cálculo, a avaliação da sustentabilidade e proposição de ações de melhoria”.