ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DE POTROS FRIESIAN

Tainá Marques de Morais1, Michelle Tonani de Melo2, Fabiana Garcia Christovão3, Eduardo Villela Villaça Freitas4
1 - Faculdades Associadas de Uberaba
2 - Faculdades Associadas de Uberaba
3 - Faculdades Associadas de Uberaba
4 - Guabi Nutrição e Saúde Animal

RESUMO -

Objetivou-se acompanhar o desenvolvimento de potros da raça Friesian nascidos de transferência de embriões. Foram acompanhados 19 potros durante o período de setembro de 2015 á junho de 2016. As variáveis analisadas foram medidas lineares: altura da cernelha, altura da garupa, altura do costado, comprimento do corpo, comprimento da cabeça, largura da cabeça, comprimento do pescoço, comprimento dorso do lombo, comprimento da garupa, distância dos ossos carpo ao solo, distância do jarrete ao solo, perímetro do joelho, perímetro da canela anterior, perímetro do boleto anterior, perímetro do jarrete, perímetro da canela posterior, perímetro do boleto posterior, largura da garupa, largura do peito e peso. Os pais e as mães dos potros foram mensurados para obtenção dos valores médios das medidas lineares estudadas nos animais adultos. As mensurações foram realizadas do nascimento até 130dias, quizenalmente, utilizando-se hipômetro, fita métrica e fita de peso

Palavras-chave: Adaptação, Crescimento, Medidas morfométricas, Raça.

MONITORING FRIESIAN FOALS DEVELOPMENT

ABSTRACT - The objective was to monitor the development of Friesian foals born from embryo transfer. 19 horses were observed during the period from September 2015 to June 2016. The analyzed variables were linear measures: height of the cernelha, height of the croup, height of the side, length of the body, length of the head, width of the head, length of the neck, length of back of the loin, length of the croup, distance of the carpal bones to the ground , hock distance to ground, knee perimeter, anterior cannon perimeter, anterior billet perimeter, hock perimeter, posterior cannon perimeter, posterior billet perimeter, croup width, breast width, and Weight. The parents and the mothers of the foals were measured to obtain the mean values ​​of the linear measurements studied in the adult animals. Measurements were performed from birth to 130 days, biweekly, using a hypometer, tape measure and weight tape.
Keywords: Adaptation, Growth, Morphometric measurements, Breed.


Introdução

A equideocultura brasileira é um setor importante do Agronegócio e o estado de Minas Gerais é o maior produtor em número de equídeos do país, sendo também o maior produtor de selas e acessórios de selaria, o segundo maior produtor de feno e o terceiro maior exportador de carne equina, perdendo para os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (VIEIRA et al., 2015). Originário da Frízia, litoral norte da Holanda, o cavalo Friesian tem aptidão tanto para montaria quanto para atrelagem e seu temperamento dócil o credencia para os vários níveis de adestramento. Textos antigos testemunham que a raça Friesian tem servido a humanidade por muitos séculos. Cavalos Friesian podem ser encontrados em todos os continentes, em mais de setenta países. No Brasil, o órgão responsável pela raça é a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo de Hipismo contando com aproximadamente cinco criatórios da raça. As informações sobre o sistema de criação desses animais são adquiridas do local de origem, e precisam ser ajustadas para a nossa realidade climática, cultural e financeira. Diante disso, o monitoramento dos filhos de éguas e garanhões importados da Holanda, em respeito ao manejo e desenvolvimento, é de extrema importância para servir de fonte bibliográfica para futuros criatórios.   As análises das medidas dos seguimentos corpóreos e do peso auxiliam na avaliação do desenvolvimento de potros. O objetivo deste estudo é avaliar o desenvolvimento dos potros em comparação com os animais adultos da raça Friesian.

Revisão Bibliográfica

A equideocultura brasileira é um setor crescente da economia e tem gerado 640 mil empregos diretos, 200.000 indiretos e movimentado R$ 7,3 bilhões por ano (LIMA et al., 2006). Nesse contexto, o estado de Minas Gerais tem forte expressão tanto no mercado de animais para equitação, como de artefatos, alimentos e carne (IBGE, 2010). Na espécie equina, as diferentes formas de utilização, tais como meio de transporte, ferramenta de conquistas, trabalhos e esportes determinaram, desde a domesticação, até mudanças na forma de criar e manter os cavalos. As principais mudanças foram à restrição do tamanho das áreas disponíveis ao pastejo, da diversidade de alternativas alimentares e do tempo disponibilizado para o cavalo se alimentar no dia. Estas mudanças desrespeitam uma das principais, se não a principal, particularidade evolutiva desta espécie, o complexo anatômico e fisiológico do aparelho digestório. Inúmeras vezes buscamos formas alternativas para estes problemas com ações paliativas, as quais refletem a relação de “domínio” do homem sobre os animais considerados domésticos (DITTRICH et al., 2010). O corpo do cavalo é considerado uma máquina, onde a velocidade e o deslocamento determinam a funcionalidade locomotora. As proporções, na avaliação morfológica dos animais, são as relações entre as diversas regiões do corpo e o conjunto formado por elas (RIBEIRO, 1988). O equino é considerado bem proporcionado se as partes do corpo, observadas em conjunto, são adaptadas à função a que ele se destina, como sela, esporte ou tração (COSTA et al., 1998). Segundo Morrison (1976), a análise dos seguimentos corpóreos apresenta correlação com a a aptidão a ser desempenhada pelo cavalo. A análise de componentes principais como a altura, largura, comprimento do dorso, dentre outras, são propriedades importantes e de grande interesse em certos estudos de melhoramento genético, como no estudo da divergência genética. Cada componente principal é uma combinação linear das variáveis originais, mas, diferentemente destas, os componentes são independentes entre si e estimados com o propósito de reter o máximo de informação, em termos de variação total da amostra (CRUZ e REGAZZI, 2001).

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado no Rancho Baloubet Friesian, no município de Uberaba, MG e em sua zona rural. A temperatura média de Uberaba é de 22 °C com máximade 29°c e a mínima de 12°c. Essa região apresenta latitude 19-45S, longitude 47-55W, altitude de 780 m a média anual de pluviosidade é de 1571 mm e a média de umidade é de 60%. Foi realizada avaliação morfométrica de 19 potros sendo estes sendo 12 fêmeas e 7 machos, esta avaliação seguiu o pelo período de março de 2015 a junho de 2016. Os 19 potros decorrentes de transferência de embrião -TE foram manejados em sistema de creep feeding fornecendo-se uma alimentação concentrada diferenciada e específica para potros. Realizou-se a vermifugação dos potrosa a cada 21 dias. Permaneceram em piquetes de capim Tifton 85 (Cynodon dactylon) irrigados e suplementados com feno de Tifton 85 tipo A e alfafa. As receptoras receberam ração peletizada no terço final da gestação. Todas as receptoras foram vacinadas contra o aborto equino e vermifugação a cada 4 meses. A cada 15 dias ocorriam as mensurações com o potro posicionado em chão concretado permanecendo ao lado de sua mãe, sendo utilizado os seguintes materiais, hipômetro para medidas lineares, fita métrica para a mensuração de perímetros e fita de peso (utilizando a mensuração do perímetro torácico). Os potros foram acompanhados do nascimento até os 130 dias de idade.As mensurações foram realizadas no dia posterior ao nascimento dos potros, quinzenalmente até completarem 90 dias e uma mensuração aos 130 dias quando foram desmamados. Foram mensurados as mesmas variáveis em dois garanhões e em quatro matrizes para correlacionar com as medidas dos potros aos 130 dias, obtendo assim a proporção de desenvolvimento dos potros em relação aos adultos. Para a construção do gráfico foi comparado as médias dos animais adultos e dos potros. As variáveis analisadas  foram: Altura da Cernelha -AC (solo ao ponto mais alto da cernelha), Altura da Garupa – AG (solo à tuberosidade sacral), Altura do Costado – ACo (subtração da Altura da Cernelha e Profundidade Torácica), Profundidade Torácica – PT, Comprimento do Corpo – CC (articulação escápulo umeral ao pubis), Comprimento da Cabeça -  CCa (Nuca à ponta do focinho), Largura da Cabeça - LC (face lateral do/s olhos), Comprimento do Pescoço – CP (borda cranial da escápula à porção caudal da mandíbula), Comprimento Dorso Lombo -CDL (final da cernelha à asa do ílio), Comprimento da Garupa – CG (ponta do ísquio ao pubis), Distância dos Ossos Carpo ao Solo - DCS, Distância do Jarrete ao Solo - DJS, Perímetro do Joelho - PJ, Perímetro da Canela Anterior - PCA, Perímetro do Boleto Anterior - PBA, Perímetro do Jarrete - PJr, Perímetro da Canela Posterior - PCP, Perímetro do Boleto Posterior - PBP, Largura da Garupa - LG, Largura do Peito – LP como ilustrado na Figura 1 e aferição do peso dos animais.

Resultados e Discussão

Na tabela 1 observa-se os valores médios das mensurações corpóreas de cavalos Friesian adultos e dos potros acompanhados do nascimento até os 130 dias. O parâmetro da altura do jarrete dos potros foi o que mostrou altura mais próxima à do adulto. Os parâmetros de perímetro de joelho, jarrete e comprimento dorso lombo apresentaram valores acima de acima de 80% dos valores encontrados nos adultos. A proporção da largura e altura da garupa, perímetro torácico, comprimento da cabeça, largura do peito apresentaram valores intermediários. O Peso dos potros apresentou menor relação com os adultos. Segundo Torres e Jardim (1977) as alturas da cernelha e da garupa devem ser iguais quando a primeira é menor o cavalo é baixo de frente, em caso contrário é alto de frente, devendo-se considerar a especialização do animal e o sexo deste, pois o animal corredor mostra a garupa alta em relação a cernelha, já no garanhão em relação à égua, prepondera o anterior. De acordo com Cabral et al (2004), O período do nascimento até cerca de cinco meses de idade a fase mais intensa de crescimento e o desenvolvimento de potros pode ser avaliado por diversos parâmetros, sendo frequentes a pesagem e a mensuração da altura na cernelha e do comprimento do corpo. A altura dos potros ao nascimento representa cerca de 60% da altura adulta, neste estudo ainda, foi observado, que aos 130 dias os potros apresentaram cerca de 75% da altura adulta. Thompson (1995 citado por CABRAL, 2004), estudando o crescimento de potros da raça Puro Sangue Inglês,relatou que a taxa de crescimento em altura na garupa é similar à na cernelha, porém maior em 2 a 3 cm. Isso demonstra que os potros nascem com a garupa mais alta que a cernelha, porém esta última apresenta maior crescimento, com maiores valores à idade adulta. Segundo Torres e Jardim (1977) potros apresentam membros longos e corpo curto quando comparado com adultos e relação entre altura do tórax e vazio sub-esternal chega até a 1:2 sendo diminuída com o crescimento. Podendo ser explicado devido ao grande desenvolvimento dos raios inferiores dos membros, havendo um contraste com o maior comprimento dos raios superiores. Essa proporções estabilizando por volta de 2 a 3 anos de idade, quando a quartela, boleto e canela cessam o crescimento, e os raios superiores continuam crescendo até os 5 anos, esse crescimento avança das extremidades para o tronco alterando as porções gradualmente até a idade adulta. Além do comprimento do corpo no potro ser menor que a altura da sua cernelha, essa diferença raramente se observa no animal adulto.

Conclusões

As mensurações morfométricas realizadas nos potros Friesian forneceram valores importantes para o acompanhamento do desenvolvimento corpóreo desta raça no Brasil.

Gráficos e Tabelas




Referências

ALVES NETO, J.L. História da raça: cavalo puro-sangue lusitano. Rural Centro, 2011. Diponível em: <http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/historia-da-raca-cavalo-puro-sangue-lusitano-46249#y=240>. Acesso em 20 de outubro de 2015.   ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE CAVALO DE HIPISMO. Informações gerais e critérios de julgamento. São Paulo, [2013]. Disponível em: < http://brasileirodehipismo.com.br/site/nhtml/nstbhfriesiannobrasil_infger.asp>. Acesso em 25 de outubro de 2015.   BRASIL, Ministério da Agricultura. Equídeos. Brasília, [2014]. Disponível em : < http://www.agricultura.gov.br/ animal/especies/equideos>. Acesso em Acesso em 25 de outubro de 2015.   CABRAL, G.C. de et al. Avaliação Morfométrica de Equinos da Raça Mangalarga Marchador: Medidas Lineares. Revista Brasileira de Zootecnia. Rio de Janeiro, v.33, n.4, p.989-1000, 2004.   CICCO, L.H.S. Regiões do corpo, Estados Unidos. Disponível em: < http://www.saudeanimal.com.br>. Acesso em 02 de novembro de 2015.   CINTRA, A. G. O Cavalo - Características, Manejo e Alimentação. In: CINTRA, A. G. Genética x Alimentação Manejo/Treinamento. São Paulo, 2011. p. 15-26.   COSTA, M.D.; BERGAMANN, J.A.G.; PEREIRA, C.S. Avaliação dos fatores genéticos e de ambiente que interferem nas medidas lineares dos pôneis da raça brasileiras. Revista Brasileira de Zootecnia. Belo Horizonte, v.27, n.3, p.491-497, 1998.   CORDEIRO, A.R. Evolução do cavalo Lusitano. Évora, Portugual, [2013]. Disponível em: < http://www.cavalo-lusitano.com/pt/cavalo-lusitano/historia-do-cavalo-lusitano>. Acesso em 10 de outubro de 2015.   CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. 2.ed.rev. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, p.390, 2001.   DITTRICH, J.R.; MELO, H.A.; AFONSO, A.M.C.F.; DITTRICH, R.L.; Comportamento ingestivo de equinos e a relação com o aproveitamento das forragens e bem-estar dos animais. R. Bras. Zootec., v.39, p.130-137, 2010.     FRAPE, D.L. Equine Nutrition and Feeding. 3ª ed. Blackwell Publishing Ltd: State Avenue, EUA, p.636, 2004.   GOBESSO, A.A.O. de et al.Efeitos do processamento da alfafa e da adição de óleo de soja sobre a digestibilidade total da dieta de equinos. Revista Brasileira de Zootecnia. Pirassununga, SP, v.38, n.4, p.713-717, 2009.   LIMA, R.A.S.; SHIROTA, R.; BARROS, G.S.C. Estudo do complexo do agronegócio cavalo. Piracicaba: CEPEA/ESALQ/USP, p.251, 2006. Disponível em: < http://cepea.esalq.usp.br/pdf/cavalo_resumo.pdf>. Acesso em Acesso em 12 de outubro de 2015.   MORRISON D.F.; Multivariate statistical methods. 2.ed. New York: McGraw-Hill Company, p.415, 1976.   McMANAUS, C.M, LOUVANDINI, H., CAMPOS, V.A.L. et al. Non linear growth curves for weight and height in four genetic groups of horses. Ciência Animal Brasileira, v.31, n.1, p.335-341, 2002.   OLIVEIRA, G.C., OLIVEIRA, B.M.M., CELEGHINI E.C.C., FERNANDES, C.B., MATTOS, C.B. Criopreservação do sêmen equino: uma revisão. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.37, n.1, p.23-28, 2013.   OSINGA, A. Het Friese paard. Holanda [2007]. Disponível em: < http://english.kfps.nl/ HetFriesePaard.aspx>. Acesso em 03 de outubro de 2015.   PINTO, L.F.B. de et al. Análise Multivariada das Medidas Morfométricas de Potros da Raça Mangalarga Marchador: Análise de Componentes Principais. Revista Brasileira de Zootecnia. Rio de Janeiro, v.34, n.2, p.589-599, 2005.   REZENDE, A.S.C. de et al. Efeito de Dois Diferentes Programas Nutricionais sobre o Desenvolvimento Corporal de Potros Mangalarga Marchador. Revista Brasileira de Zootecnia. [S.L], v.29, n.2, p.495-501, 2000.   RIBEIRO, D.B.; O cavalo: raças, qualidades e defeitos. Rio de Janeiro: Globo Rural, p.290, 1988.   TORRES, Alcides di Paravicini; JARDIM, Walter Ramos. Criação do cavalo e de outros equinos: Criação do cavalo. São Paulo: Distribuidora, 1977. 654 p.   VIEIRA, E.R. de et al. Caracterização da equideocultura no estado de Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. Belo Horizonte, v.67, n.1, p.319-323, 2015.   WHEELER, E.F.; Horse Stable and Riding Arena Design. State Avenue, Ames, Iowa – USA.Blackwell Publishing: 2006.   ZAJACZKOWSK, J. S.; WHEELER, E. F.; Horse Stall Design.Pennsylvania State University, 2002. Disponível em: < http://pubs.cas.psu.edu/freepubs/pdfs/ub033.pdf.> Acesso em 06 de outubro de 2015.   ZAMBORLINI, L.C. de et al. Estudo genético-quantitativo de medidas lineares de equinos da raça Mangalarga Marchador - I. Estimativas dos fatores de ambiente e parâmetros genéticos. Rev. bras. ciênc. vet. Niterói e Belo Horizonte, v.3, n.2, 33-37, 1996.   ZETHOVEN ,A.R.J. Friesian horse, a time-honoured utility breed, 2007. Disponível em: <http://english.kfps.nl.>. Acesso em 06 de outubro de 2015.





©2024 Associação Brasileira de Zootecnistas

Fazer login com suas credenciais

Esqueceu sua senha?