Acúmulo de forragem de capim marandu em diferentes tipos de consórcios no sistema de Integração Lavoura Pecuária

Jeferson Garcia Augusto1, Gabriela Geraldi Mendonça2, Pedro Mielli Bonacim3, Gabriele Voltareli da Silva4, Anielly de Paula Freitas5, Flavia Fernanda Simili6, Claudia Cristina Paro de Paz7
1 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA
2 - FMVZ/USP Pirassununga, SP
3 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA
4 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA
5 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA
6 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA
7 - Instituto de Zootecnia SAA/APTA

RESUMO -

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o acúmulo de forragem de capim-marandu em diferentes tipos de consórcio com milho para produção de grãos, em sistemas de Integração Lavoura Pecuária. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 4 tratamentos: milho + Marandu, semeados simultaneamente (MC); milho + Marandu + Nicosulfuron (MCN); milho + Marandu, semeados na adubação de cobertura do milho (MCA) e milho + Marandu semeados na linha e entre linha do milho (MCE). O PROC GLM do SAS foi usado para análise estatística. Houve diferença significativa para o Massa Seca de Forragem após a colheita do milho (P=0,0048). Os tratamentos MC e MCE obtiveram os maiores valores. Não houve diferença (P=0,1593) para acúmulo e taxa de acúmulo de forragem. Após a colheita do milho, os consórcios tiveram um bom acúmulo de forragem, oferecendo pastagem no período seco do ano, tornando a adoção dos sistemas integrados uma ótima alternativa na formação ou recuperação de pastagens.

Palavras-chave: pastagem, Urochloa brizantha, formação de pastagem

Accumulation of forage of marandu grass in different types of consortia in the Livestock Integration System

ABSTRACT - The present work had as objective to evaluate the accumulation of forage of marandu grass in different types of consortium with corn for grain production, in Livestock Integration Systems.It was used a complete randomized block with four treatments: corn plus palisade grass, sown simultaneously (MC), corn plus palisade grass plus herbicide (MCN), palisade grass sown in topdressing corn (MCA) and palisade grass sown at the line and inter-line of corn (MCE). The PROC GLM by SAS was used to analyzed data. There was a significant difference for the dry forage mass after maize harvest (P = 0.0048). MC and MCE treatments obtained the highest values. There was no difference (P = 0.1593) for accumulation and forage accumulation rate. After harvesting the corn, the consortia had a good accumulation of forage, offering grazing in the dry period of the year, making the adoption of the integrated systems a great alternative in the formation or recovery of pastures.
Keywords: pasture, Urochloa brizantha, pasture formation


Introdução

Introdução A semeadura consorciada de culturas anuais para produção de grãos mais forrageiras tropicais, tais como, Urochloas e Panicuns, em sistemas de plantio direto, vem sendo utilizada no processo de renovação e recuperação de pastagens, como estratégia de diminuir os custos de formação de pastagens e oferecer alimento de boa qualidade no período seco do ano visando a Integração de Lavoura e Pecuária. As principais vantagens dos sistemas de Integração Lavoura Pecuária estão relacionadas à maior produtividade das plantas e dos animais, na diversificação da atividade agrícola, na recuperação de pastagens degradadas, na produção de forragem de qualidade no período de entressafra, em melhorias dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo e na diminuição da incidência de doenças, pragas e plantas daninhas nas áreas de cultivo. Desta forma, os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária vêm se tornado uma opção vantajosa, beneficiando duas atividades de importância econômica, a produção de proteína vegetal e animal. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o acúmulo de forragem de capim-marandu em diferentes tipos de consórcio com milho para produção de grãos, em sistemas de Integração Lavoura Pecuária.

Revisão Bibliográfica

Revisão de Literatura A degradação das pastagens é um dos grandes entraves para o desenvolvimento da atividade agropecuária no país, pois esta atividade vem sendo realizada em pastagens mal formadas, afetando a sustentabilidade dos sistemas de produção (PERON & EVANGELHISTA, 2004). Devido aos grandes investimentos necessários para a formação, recuperação e reforma de pastagens, têm-se buscado diversas técnicas visando à diminuição desses investimentos (JAKELAITIS et al., 2005). A ILP representa uma alternativa, uma vez que permitem a implantação de diferentes sistemas produtivos de grãos, fibras, carne e leite, na mesma área, em plantio consorciado, sequencial ou rotacional, objetivando efeitos sinérgicos entre os componentes do agroecossistema (MACEDO, 2009). A ILP têm sido utilizadas no Brasil como alternativa para a recuperação das pastagens, destacando-se o cultivo consorciado de espécies forrageiras tropicais, como a Urochloa brizantha, com culturas como milho, soja, arroz e sorgo (Portes et al., 2000). Nesse sistema de produção, a espécie forrageira é manejada como planta anual, sendo utilizada para a produção de forragem após a colheita da cultura produtora de grãos e, em seguida, para a formação de palhada, no sistema de plantio direto. As fazendas que adotam a rotação pelo a ILP como estratégia de produção agrícola pode se beneficiar da melhor estabilidade de produção de forragem para alimentar o rebanho durante o ano todo. No período das chuvas, as pastagens são mais produtivas, em virtude da melhoria da fertilidade do solo pelas lavouras. No período da seca, além da palhada e dos subprodutos de colheita, os pastos recém‑estabelecidos permanecem verdes e com qualidade e quantidade para conferir ganhos de peso positivos ao invés de perda de peso, comum neste período do ano. (VILELA, 2011).

Materiais e Métodos

Material e Métodos O experimento foi realizado no Instituto de Zootecnia em Sertãozinho, SP. O clima segundo a classificação de Köppen é AW. O delineamento experimental foi em blocos casualizados (três blocos), com quatro tratamentos: milho + capim-marandu semeados simultaneamente (MC), milho + capim-marandu semeados simultaneamente + Nicosulfuron (MCN), milho + capim-marandu semeados na adubação de cobertura do milho (MCA) e milho + capim-marandu semeados simultaneamente na linha e na entrelinha do milho (MCE). As parcelas perfaziam um total de 8920m2. O milho grão utilizado foi o P2830H, semeado com espaçamento de 0,75 m e densidade de semeadura de 70 mil plantas/ha. Foram utilizados 5 kg/ha de semente de capim-marandu com VC 76%. A semente do capim-marandu foi misturada ao adubo de plantio para os tratamentos MC, MCN, MCE e misturada ao adubo de cobertura para o tratamento MCA. O sistema de semeadura foi plantio direto. Os tratamentos foram semeados em dezembro de 2015. Na adubação de plantio foram utilizados 400 kg/ha do fertilizante 8-28-16 e na adubação de cobertura do milho foram utilizados 400 kg do adubo 20-0-20. Foi aplicado 200ml/ha do herbicida nicosulfuron nos tratamentos MCN e MCE em 18/01/2016. As coletas de forragem para a calcular o acúmulo e a taxa de acúmulo, foram realizadas no dia 24/05, após a colheita do milho grão e no dia 27/07 (início do pastejo animal). Foram realizadas duas amostragens por parcela, utilizando uma moldura metálica de 1 m2. O capim foi cortado rente ao solo e o material coletado foi secado em estufa de circulação forçada de ar, a 65 oC, até peso constante; em seguida, foi pesado e os dados transformados em ton/ha. O acúmulo de massa seca de forragem (MSF) foi calculado pela diferença entre a MSF do dia 27/07 e do dia 24/05 e a taxa de acumulo foi calculada dividindo-se o acúmulo MSF pelos dias de crescimento (64 dias). Análises estatísticas foram realizadas pelo PROC GLM (SAS). As médias foram comparados pelo teste de Tukey (5% de significância).

Resultados e Discussão

Resultados e Discussão Houve diferença significativa para a coleta de MSF no mês de maio e julho. Na coleta de maio o consórcio MCA apresentou o menor valor, o que pode ser explicado pelo maior sombreamento das plantas de milho e consequentemente menor interceptação de luz pelo capim, pois as plantas de milho já estavam maiores, com 6 a 8 folhas expandidas, quando foi realizada a semeadura do capim juntamente com a adubação de cobertura do milho. Os tratamentos MC e MCE apresentaram maior MSF para ambas coletas, porém o tratamento MCN, não diferiu significativamente do MC e MCE, mas houve diferença quando comparado ao MCA. Borghi et al. (2013) concluíram que o capim Marandu e o Panicum cv. Mombaça apresentaram maior crescimento, quando consorciados com o milho em plantio simultâneo. Garcia et al, (2013) obtiveram valores semelhantes de MSF de capim-marandu logo após a colheita de milho grão, quando comparado ao tratamento MCN, em torno de 0,67 ton/ha, porém quando comparamos ao tratamento de semeadura do capim-marandu na adubação de cobertura, os autores encontram valores maiores, em torno de 1 ton/ha. As parcelas foram vedadas por 64 dias para garantir a formação das pastagens após a colheita do milho, e consequentemente para realização do pastejo pelos bovinos de corte. Por ser um período com baixa precipitação de chuva, temperaturas noturnas mais baixas e fotoperíodo curto do dia, o crescimento do capim marandu é mais lento quando se compara ao período de verão. Leonel et al., (2009) obtiveram resultados semelhantes ao experimento, quando estudaram milho consorciado com braquiária MG5, com 58 dias de crescimento pós-colheita, em média 3,32 ton/ha e 2,40 ton/ha para semeaduras simultânea do capim na entrelinha e na linha do plantio do milho. Já para o Acúmulo de forragem e a taxa de acúmulo de forragem, não houve diferença significativa, pois, logo após a colheita do milho grão, todos os consórcios tiveram a mesma situação de crescimento, sem competição por luz, água e nutrientes. Calvano et al. (2011) obteve 65,4 e 10,3 kg/ha/dia de taxa de acúmulo para o capim marandu no outono e inverno respectivamente, isso em uma pastagem já estabelecida. Sendo assim, os valores encontrados nessa pesquisa correspondem ao esperado.

Conclusões

Conclusões Os tipos de consórcios interferem no acúmulo de massa seca de forragem do capim-marandu. Os melhores consórcios em relação a massa seca de forragem foram as semeaduras simultâneas na linha (MC) e na linha e entre linha (MCE). Após a colheita do milho, os consórcios tiveram um bom acúmulo de forragem, oferecendo pastagem no período seco do ano, tornando a adoção dos sistemas integrados uma ótima alternativa na formação ou recuperação de pastagens.

Gráficos e Tabelas




Referências

Referências BORGHI, E., CRUSCIOL, C. A. C., MATEUS, G. P., NASCENTE, A. S., & MARTINS, P. O. Intercropping time of corn and palisadegrass or guineagrass affecting grain yield and forage production. Crop Science, v.53, p.629-636, 2013.   CALVANO, M. P. C. A., EUCLIDES, V. P. B., MONTAGNER, D. B., LEMPP, B., DIFANTE, G. D. S., FLORES, R. S., & GALBEIRO, S. Tillering and forage accumulation in Marandu grass under different grazing intensities. Revista Ceres, 58(6), 781-789, 2011.   JAKELAITIS, A.; SILVA, A.F.; SILVA, A.A.; FERREIRA, L.R.; FREITAS, F.C.L; VIANA, R.G. Influência de herbicidas e de sistemas de semeadura de Brachiaria brizantha consorciada com milho. Planta daninha, Viçosa, MG, v.23, n.1, p.59-67, 2005.   MACEDO, M.C.M.M. Integração lavoura e pecuária: o estado da arte e inovações tecnológicas. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.38, supl. esp, p.133-146, 2009.   PERON, A. J.; EVANGELHISTA, A. R. Degradação de pastagens em regiões de cerrado. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 3, p. 647- 654, maio/jun. 2004.   PORTES, T. A.; CARVALHO, S. I. C.; OLIVEIRA, I. P.; KLUTHCOUSKI, J. Análise do crescimento de uma cultivar de braquiária em cultivo solteiro e consorciado com cereais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 35, n. 7, p. 1349-1358, 2000.   VILELA, L.; JUNIOR, G. B. M.; MACEDO, M. C. M.; MARCHÃO, R. L.; JÚNIOR, R. G.; PULROLNIK, K.; MACIEL, G. A. Sistemas de integração lavoura‑pecuária na região do Cerrado. Pesquisa agropecuária brasileira, 46(10), 1127-1138, 2011.   GARCIA, C. M. D. P., ANDREOTTI, M., TEIXEIRA FILHO, M. C. M., BUZETTI, S., CELESTRINO, T. D. S., & LOPES, K. S. M. Desempenho agronômico da cultura do milho e espécies forrageiras em sistema de Integração Lavoura-Pecuária no Cerrado. Ciência Rural, 589-595 2013.   DE PAULA LEONEL, F., PEREIRA, J. C., COSTA, M. G., DE MARCO, P., JÚNIOR, L. A. L., & DE QUEIROZ, A. C. Comportamento produtivo e características nutricionais do capim-braquiária cultivado em consórcio com milho. Revista Brasileira de Zootecnia, 38(1), 177-189, 2009.