Análise bromatológica de plantas da caatinga com potencial forrageiro para bovinos de leite

Alex Romualdo Nunes de Oliveira1, Lívio Kelver Martins da Silva2, José Crisólogo de Sales Silva3, Danivia Maria Ferreira de Moura4, Dylan Markes Santana Lima5, Edvania da Conceição pontes6, Jaqueline Maria da Silva7, Fernanda Itala Rocha costa8
1 - Universidade Estadual de Alagoas
2 - Universidade Estadual de Alagoas
3 - Universidade Estadual de Alagoas
4 - Universidade Estadual de Alagoas
5 - Universidade Estadual de Alagoas
6 - Universidade Estadual de Alagoas
7 - Universidade Federal de Alagoas
8 - Universidade Estadual de Alagoas

RESUMO -

O presente trabalho teve como objetivo mostrar a importância das plantas nativas como forma de combater a grande dificuldade de alimentação dos animais no município de Santana do Ipanema – AL, onde se buscou analisar quais alimentos são mais consumidos e sua composição bromatológica. Os dados levantados possibilitaram trazer, na região de estudo, uma amostragem real das plantas consumidas, levando-se em consideração a seletividade e a disponibilidade das plantas para consumo dos bovinos de leite nas regiões amostradas. Após a observação da alimentação dos bovinos de leite foi possível ver que as plantas mais consumidas na respectiva região foram: Catingueira (Caesalpinia pyramidalis tul.); Malva Branca (Malva sylvestris); Marmeleiro (Croton sonderianus mull. Arg.) e Velame (Croton heliotropiifolius kunt.) entre outras.

Palavras-chave: semiárido, bromatologia, bovinocultura, nutrição

Bromatological analysis of caatinga plants with forage potential for dairy cattle

ABSTRACT - This study aimed to show the importance of native plants as a way to combat the great difficulty of animal feed in the municipality of Santana do Ipanema - AL, where he sought to analyze which foods are consumed and their chemical composition. The data collected made it possible to bring in the study area, a real sampling of consumed plants, taking into account the selectivity and availability of plants for consumption of dairy cattle in the sampled regions. After observing the feeding of dairy cattle it was possible to see that the most consumed plants in their region were Catingueira (Caesalpinia pyramidalis tul); White mallow (Malva sylvestris); Quince tree (Croton sonderianus mull. Arg.) And Canopy (Croton heliotropiifolius kunt.) among others.
Keywords: semi-arid, bromatology, dairy cattle, nutrition


Introdução

A vegetação predominante do semiárido nordestino pertence ao Bioma Caatinga, sendo atualmente tida como a região mais explorada e degradada do Mundo, através do uso intensivo da terra, pela atividade agrícola desenvolvida, pelo extrativismo na extração de madeira, lenha e pelo uso da pecuária extensiva. De acordo com (GUIM et al., 2004; LINHARES et al., 2006; MOREIRA et al., 2006): é percebido que a expansão da pecuária é marcante no Nordeste brasileiro e vários estudos definem muitas espécies da Caatinga com potencial forrageiro que são importantes fontes de alimento para os rebanhos. Atualmente há uma grande importância no desenvolvimento de técnicas e estudos que viabilizem a bromatologia como forma de combater a grande dificuldade de alimentação dos animais desta região, através de estratégias para melhorar a alimentação de ruminantes e manter a produção de came e leite no período seco, consequentemente sua utilização minimiza os efeitos da escassez de volumosos, sobretudo por ser estrategicamente fornecida aos animais no período de entressafra de alimentos. O presente trabalho objetivou estudar a bromatologia das plantas da Caatinga, buscando descobrir plantas potenciais forrageiras, como forma de combater a grande dificuldade de alimentação dos animais no município de Santana do Ipanema – AL, em unidades produtivas de bovinos, semiárido do Estado de Alagoas, Brasil.

Revisão Bibliográfica

A Caatinga nordestina é de grande importância para a sobrevivência dos produtores de baixa renda que dependem da pecuária bovina, ovina e/ou caprina. A alimentação destes ruminantes é um dos maiores problemas enfrentados pelos pecuaristas, em função, principalmente, das constantes estiagens que assolam a região, associadas ao desconhecimento de tecnologias que explorem a disponibilidade das diversas espécies que constituem a comunidade vegetal da caatinga (LIMA et al., 1987). A região Nordeste caracteriza-se por apresentar duas estações definidas ao longo do ano: uma seca e outra chuvosa. No período das águas, a caatinga rebrota e faz surgir o estrato herbáceo, que apresenta grande diversidade de plantas nativas e exóticas naturalizadas, a maioria com características forrageiras, as quais são aproveitadas pelos animais através do pastejo direto. No entanto, como este estrato surge de forma efêmera, os animais não conseguem consumi-lo totalmente, o que acaba gerando excedente forrageiro. O aproveitamento deste excedente herbáceo pode ser uma alternativa viável para o fornecimento de alimentos de baixo custo no período de estiagem, sendo necessário lançar mão de recursos que promovam a sua conservação. (SILVA et al., 2004) Os resultados indicam que para melhorar a eficiência da produção dos rebanhos no Nordeste do Brasil é fundamental a utilização de estratégias de alimentação que atendam aos objetivos dos sistemas de criação, devendo-se priorizar planos nutricionais racionais e econômicos. É preconizada a adoção de sistemas eficientes que se adaptem às condições de cada propriedade, com a utilização de forrageiras que estejam disponíveis, buscando sempre a melhoria dos índices zootécnicos e a preservação do meio ambiente (SILVA et al., 2010). A produtividade dos rebanhos, nas regiões secas, é muito baixa, destacando-se como fatores determinantes nos sistemas de criação, a baixa disponibilidade qualitativa e quantitativa das forragens durante os períodos de estiagens. Dessa forma, faz-se necessário conhecer as espécies forrageiras nativas da região que poderão possivelmente, serem aproveitadas para a prática da fenação, da ensilagem e serem utilizadas na alimentação de animais durante período seco e de escassez de forragem. (LINHARES et al., 2006).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido em uma propriedade no município de Santana do Ipanema, Alagoas, Localizada a 09° 22' 42'' de latitude Sul e 37° 14' 23'' de longitude oeste, média de 250 metros de altitude. Foram coletados materiais para análise bromatológica do período de março a julho de 2015. Foram observados em campo, no decorrer de um ano, as plantas consumidas pelos animais, e entre as plantas consumidas foi realizado análise bromatológica. Os materiais foram analisados pelo Laboratório de Nutrição Animal (LANA) da Universidade de São Paulo/ Centro de Energia Nuclear de Agricultura CENA. Foram determinados os teores de matéria seca em estufa a 100ºC (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), fibra em detergente neutro (aFDNom), fibra em detergente ácido (FDAom), lignina e proteína bruta (PB).

Resultados e Discussão

Após a observação da alimentação dos animais foi possível saber que as plantas mais consumidas na respectiva região foram: Catingueira (Caesalpinia pyramidalis tul.); Malva Branca (Malva sylvestris); Marmeleiro (Croton sonderianus mull. Arg.) e Velame (Croton heliotropiifolius kunt.). Após a análise bromatológica das plantas consumidas pelos bovinos da região do estudo (Tabela 1), foi possível observar valores positivos em algumas unidades produtivas, o que pode indicar boa condição na alimentação dos animais por parte dos produtores, já que a região passa constantemente por dificuldades de chuva e de irrigação, onde com isso foi possível também obter bons resultados sem serem necessárias alterações morfológicas durante o ciclo da planta e da alimentação. Com a análise bromatológica foi possível identificar que as plantas apresentaram bons índices nutricionais e que há pouca variância em sua composição de acordo com a época que se encontram. Comparando as médias de teores de MS, PB, FDN, FDA, Lignina, MO e MM, pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade na Tabela 1, observa-se que a respeito da MS que a catingueira foi a espécie que apresentou o maior valor de 91,63 % diferindo estatisticamente do Marmeleiro (estação de estiagem) e do Velame (ambas as estações), que por sua vez, tiveram os valores de 90,49%, 90,50% e 89,04%, respectivamente, diferindo estatisticamente das demais espécies. Os valores de MS da Catingueira x Malva Br e Marmeleiro x Velame, período de estiagem, e Catingueira x Malva Br x Marmeleiro, período das águas, não diferiram estatisticamente entre si. Quanto o teor de PB as espécies estudadas não apresentaram diferença estatística significativa entre si, tendo a Malva Br o melhor resultado, 18,98%. Já para os teores de FDN e FDA houve diferença estatisticamente significativa entre as espécies apenas no período de estiagem, apresentando o Marmeleiro os melhores resultados para FND e FDA, sendo 66,27% e 54,59% respectivamente. Todos os valores de FDN estão acima da amplitude de variação estudada, onde os resultados inferem pouca quantidade de fibra nas amostras, o que está diretamente ligada à alta qualidade nutritiva observada, que por sua vez pode limitar o consumo de MS e energia pelos animais. Em ruminantes, o teor de FDN é inversamente relacionado ao consumo (VAN SOEST, 1994). Os valores de MO e MM, que por sua vez são complementares e inversamente proporcionais, a espécie que apresentou melhor resultado para MO e pior resultado para MM foi a catingueira apresentando 95,48% de MO e 4,52% de MM na estação de estiagem e 95,3% de MO e 4,7% de MM na estação das águas. Já a espécie que apresentou pior resultado de MO e melhor resultado de MM foi a espécie Malva Br apresentando 90,07% de MO e 9,93% de MM na estação de estiagem e 90,09% de MO e 9,91% de MM na estação das águas.

Conclusões

Concluiu-se que as plantas do Bioma Caatinga podem ser ofertadas normalmente aos animais como forragem, pois tem valores nutricionais aceitáveis, onde os mesmos podem suprir às necessidades biológicas e complementar a dieta diária de vacas em lactação. Com a análise foi possível compreender que as plantas estudadas no processo de alimentação dos bovinos e no aumento da produção de leite, contém compostos fenólicos de peso molecular, e hidroxilas, o bastante para formar fortes complexos com proteínas e outras moléculas. Considerando que as plantas analisadas são encontradas na região de estudo, e que as condições de criação de animais são precárias, elas apresentaram um bom resultado para suprir as exigências mínimas dos ruminantes. Demonstrando composição bromatológica pouco variável, o que pode influenciar o desempenho dos animais dentro das unidades produtivas.

Gráficos e Tabelas




Referências

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