ANALISE BROMATOLÓGICA DE RESIDUOS AGROINDUSTRIAIS DE PALMITO PUPUNHA E PRODUÇAO DE ENSILAGEM PARA A ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES

RAPHAELA GABRIELLE BRITO SOUSA1, ERICA ELIAS BARON2, DIEGO BARBUZANO DE ANDRADE3, THIAGO LEZARDO SOUZA4
1 - Instituto de educação e cultura UNIMONTE, Santos,SP, Brasil
2 - Instituto de educação e cultura UNIMONTE, Santos,SP, Brasil
3 - Instituto de educação e cultura UNIMONTE, Santos,SP, Brasil
4 - Instituto de educação e cultura UNIMONTE, Santos,SP, Brasil

RESUMO -

Devido à necessidade de suplementação alimentar para ruminantes, principalmente os de produção em épocas de seca, o resíduo da agroindústria de palmito pupunha, apresenta-se como uma alternativa economicamente viável por possuir índices nutricionais altos e valor comercial baixo, podendo ser utilizados na alimentação de ruminantes in natura. Porém, devido à grande quantidade de resíduos produzidos e grande quantidade de água desse subproduto, que provoca sua deterioração precocemente, para melhor conservação propõe-se a ensilagem deste alimento que poderá ser uma solução de suplementação barata e mantida nas épocas secas. A ensilagem é um processo barato e eficiente desde que bem realizado e nesse caso foi avaliado o seus valores bromatológicos e microbiológicos, verificando também sua oscilação de temperatura, pH, vazão de água. Para analise desta silagem foi utilizado 3 tipos de aditivos: Silobac®, ureia e naOH. Tendo então este resíduo como uma boa oportunidade de utilização por manter seus níveis dentro do desejado. Este resíduo que é descartado erroneamente pela indústria, pode então ser utilizado na alimentação de ruminantes diminuindo a poluição e tornando mais econômica a produção animal já que este produto é nutritivo. Acredita-se que essa nova alternativa na alimentação dos ruminantes auxiliará os criadores no aumento da produção de leite e carne.

Palavras-chave: Agroindústria, Nutrição Animal, Palmito Pupunha, Resíduo, Silagem

BROMATOLOGICAL ANALYSIS OF PUPUNHA PALM AGROINDUSTRIAL WASTE AND SILAGE PRODUCTION FOR RUMINANTS

ABSTRACT - Due to the need for supplementary feeding to ruminants, especially production in times of drought, the residue of peach palm palm agribusiness, presents itself as an economically viable alternative for having high nutritional indices and low commercial value and can be used in power ruminants in natura. However, due to the large amount of waste produced and large amounts of water that by-product which causes your precocimente deterioration, for better conservation is proposed to ensiling this food can be an inexpensive supplement solution and maintained in the dry season. Silage is a cheap and efficient process if well done and in this case was evaluated its bromatological and microbiological values, also checking its oscillation temperature, pH, flow of water. To analyze this silage was used three types of additives: Silobac®, urea and NaOH. then having this waste as a good opportunity to use to keep your levels within the desired. This residue is wrongly discarded by industry, can then be used in ruminant feed reducing pollution and making more economical animal production as this product is nutritious. It is believed that this new alternative in ruminant feed assist farmers in increasing production of milk and meat.
Keywords: Agroindustry, Animal Nutrition, Pupunha Palm, Silage, Waste


Introdução

O presente estudo veio de encontro a necessidade após verificar o valor nutritivo da casca de palmito pupunha in natura e ter conhecimento sobre a quantidade de resíduo da agroindústria. Verifica-se a possibilidade de ensilar este produto afim de administrar para os ruminantes nas épocas de estiagem, sendo uma forma barata de complementar a ração dos ruminantes e diminuir os resíduos descartados pela agroindústria. Reutilizar o resíduo da agroindústria para a alimentação de ruminantes é uma alternativa sustentável e econômica dentro do âmbito de diminuir custos e produção e diminuir a quantidade de resíduos descardados, sem finalidade. Sendo assim, a melhor forma de manter esse alimento seria utiliza-lo na forma de silagem nas épocas de estiagem e este trabalho vem demonstrar as capacidades nutricionais deste alimento e descrever, através de analises os resultados bromatológicos e microbiológicos do alimento ensilado com 3 diferentes tipos de aditivos. Apesar de saber da capacidade nutricional, vemos uma dificuldade de manter os índices deste alimento pois é um alimento extremamente úmido, sendo assim dificulta a conservação do mesmo durante um determinado tempo. Sendo assim a busca pelo conhecimento deste material e da melhor forma de ensilar e de utilizar aditivos para otimizar o alimento diminuindo a contaminação pelo descarte incorreto do alimento e diminuir custos de produção de ruminantes. Uma vez que já se sabe que a pupunha tem alto valor nutricional para animais ruminantes, o objetivo foi conservar esse material por meio de fermentação, processando-o em silagem em laboratório de modo a medir os parâmetros microbiológicos, fermentativos e bromatológicos desse material. A utilização de resíduos agroindustriais é tradicional e crescente na alimentação de ruminantes como forma de compensar os custos dos grãos e volumosos suplementares (Lima, 2005). A produção de silagem é um dos processos mais importantes na conservação de plantas forrageiras, para servir como alimento principalmente durante o período de escassez de pastagens, processo este de grande importância econômica para a maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil, em virtude da produção irregular das plantas forrageiras durante as estações do ano (ANDRIGUETO et al., 1982).

Revisão Bibliográfica

OS RUMINANTES, SUA FISIOLOGIA E ANATOMIA DISGESTÓRIA O ruminante apresenta várias particularidades no seu processo digestivo, quando comparado a outras espécies animais. A ingestão mais lenta e a menor taxa de passagem do alimento no rúmen promove maior oportunidade de mastigação e de forma mais eficiente que os bovinos. (JORGE, A. M.,2011) O tamanho, a forma e a capacidade dos pré-estômagos dos ruminantes dependem da idade e porte dos animais. É no rumem e no retículo que se inicia a transformação dos alimentos, através do que podemos chamar de digestão (fermentação) microbiana. No omaso ocorre grande parte da absorção de água, não se processando a digestão por fermentação. O abomaso é chamado de estomago verdadeiro por ser onde ocorre o inicio da digestão propriamente dita, enzimática e ácida pelo suco gástrico. (ANDRIGUETO et al., 1982) Para a eficiente utilização dos nutrientes da dieta e também para a máxima exploração do potencial genético, os nutrientes necessários pelo animal devem estar presentes em quantidades ótimas e balanceadas. A exigência por um determinado nutriente é a quantidade de nutriente necessária para manter o animal em estado saudável onde possa exprimir seu potencial reprodutivo de acordo com o nível de produção desejada em condições específicas de ambiente e alimentação (Paul & Lal, 2010). Cada animal deverá recebe a quantidade de ração de acordo com seu nível de produção (ANDRIGUETO et al., 1982). A avaliação nutricional tem como foco a quantidade de nutrientes que cada animal deverá receber em sua alimentação, de acordo com seu nível de produção, levando em consideração os nutrientes: lipídios, carboidratos, proteínas e minerais, e se estão suprindo as necessidades alimentares verificando a matéria seca, exigências de energia, proteínas, fibras e matéria mineral (JORGE, A. M., 2011). O consumo de alimentos por ruminantes está relacionado a energia, teor de nutrientes e enchimento ou repleção ruminal, mas outros fatores relacionados ao estado fisiológico do animal podem ser atribuídos às características do alimento ingerido, como teor MS, sendo a relevante variável a ser avaliada, considerando que nela estão contidos os nutrientes que irão determinar a resposta produtiva do animal (GONÇALVES et al, 2009). A MS é usada na nutrição como base para uniformizar os referenciais de comparação dos nutrientes dos alimentos. A produção de ruminantes alimentados com dietas contendo forrageiras é dependente da qualidade do material ingerido e da interação desta dieta com a microbiota ruminal (MERTENS, 1989).   A PUPUNHA   O Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de palmito em conserva. Produz 85% da produção mundial. O restante é produzido na Costa Rica, Paraguai, Bolívia, Equador e Peru. Da produção nacional, as Regiões Norte e Centro Oeste dividem o mercado, participando com 44% cada uma. O Estado de Goiás é o mais importante produtor com 41,4%, seguido do Pará com 38,9% (SUFRAMA, 2003). Os resíduos produzidos apresentam alta disponibilidade, sendo uma alternativa em potencial para suplementação volumosa para ruminantes e outros animais na época de baixa disponibilidade de pastagem (MORAES, J. E, 2011). De acordo com Alves Júnior et al. (1999) e Oliveira (2008), o cultivo da pupunha para exploração do palmito permite o aproveitamento dos resíduos ou sub-produtos (folhas, bainhas e parte dos caules) na alimentação de ruminantes, na forma de feno e/ou silagem. Agroindústrias de processamento de palmito de pupunha em funcionamento gerando grande quantidade de resíduo vegetal (hastes, bainhas foliares), totalizando ao redor de 66% do produto bruto. Esse resíduo tem como destinação final a deposição em locais próximos ao processamento, ocupando a cada dia mais áreas que poderiam ser destinadas às atividades da própria 7 indústria, à agricultura, e mesmo para a preservação ambiental (GARCIA, 2009). Pereira et al. (2006), analisaram a entrecasca (bainha) do palmito e apresentaram resultados de 10,6% MS; 9,6% proteína bruta (PB); características de um bom volumoso.   SILAGEM   Silagem é o produto obtido por fermentação de forragens, contendo adequada porcentagem de umidade; ensilagem é o nome dado ao processo e silo a denominação do recipiente empregado. O método fundamental para a produção de silagem consiste no armazenamento de forragens verdes na ausência de ar, em silos, recipientes variáveis em tamanho, tipo de material e construção. A conservação da massa ensilada deve-se ao meio anaeróbico acidez e presença de antissépticos. A ausência de oxigênio impede o desenvolvimento de microrganismos de atividade aeróbica. A acidez produzida pela formação de ácidos bem como a produção de antissépticos como álcool e gás carbônico, impedem também os anaeróbicos, fazendo cessar a fermentação microbiana e conservando assim a massa ensilada (ANDRIGUETO et al., 1982).   IMPORTÂNCIA   O grande interesse de produtores no emprego da ensilagem deve-se as variações climáticas, que provocam desuniformidade na produção de forrageiras ao longo do ano. A conservação de alimentos na forma ensilada em momentos estratégicos ao longo do ano tornou-se prática comum para criadores de gado em todo mundo (GONÇALVES, 2000; SCHIMDT, 2006). Resíduo reaproveitável, comunicação pessoal, vantagem da silagem nos momentos de escassez a extração do palmito da pupunha gera grande quantidade de resíduos oriundo da entrecasca do caule (bainha), o que implica na preocupação com a poluição ambiental relacionada ao destino deste material. Apesar deste conhecimento, ainda não existem formas adequadas de aproveitamento, devido à falta de organização e fiscalização ambiental, gerando o descarte em locais impróprios (PACHECO t al, 2013). Considerando as características do trato gastrintestinal dos ruminantes, que lhes conferem habilidade em converter alimentos fibrosos em alimentos de alta qualidade para o homem, o resíduo da pupunha na forma de silagem apresenta potencial como co-produto para alimentação destes animais, além de promover a redução dos impactos ambientais acarretados pelo acúmulo destes resíduos. Este material é relevantes para introduzir este novo alimento, porém precisamos de estudos em digestibilidade e palatabilidade deste alimento para os ruminantes (OLIVEIRA, 2013).   ADITIVOS   A ensilagem apresenta riscos que podem levar a perda de nutrientes decorrentes de fermentações indesejáveis (VIEIRA et al., 2004). A inclusão dos aditivos na ensilagem tem como função reduzir os riscos do processo, prevenindo as fermentações secundárias e aumentando o valor nutritivo da silagem produzida (HENDERSON, 1993). Os aditivos devem ser utilizados de acordo com as necessidades e as propriedades do material ensilado. Segundo McDonald et al. (1991), os aditivos são classificados em, estimulante da fermentação no silo, inibidores da deterioração aeróbia, nutritivos, ou seja, aqueles que acrescentam nutrientes ao material ensilado e absorventes de umidade. Vilela (1998) faz ressalva de mais um grupo, aquele que associa mais de um efeito, como os que estimulam a fermentação e são nutritivos. Aditivos nutritivos são definidos como substâncias que, quando adicionados ao material ensilado, contribuem significativamente para as necessidades nutricionais dos animais. Como o resíduo da pupunha por natureza não possui muitos carboidratos disponíveis para a fermentação oxidativa das bactérias aeróbicas no primeiro estágio da produção, foram testados diferentes aditivos de modo a verificar se promoviam uma melhor fermentação aeróbica e anaeróbica e assim melhor conservação do produto inicial. Foram feitas adição de 3 produtos: Silobac®, ureia e naOH, cada uma com uma finalidade diferente no qual abaixo será descrito suas utilidades.

Materiais e Métodos

COLHEITA Para levantamento dessa avaliação, foi realizada uma visita na fazenda Bargieri, localizada no município de Itanhaém- São Paulo. Foi coletado e separado a casca e folhas do palmito para que estes sejam triturados para apresentar aos ruminantes daquele local. PROCESSAMENTO Utilizando a casca e folhas para a alimentação, este material é passado em máquina para que seja triturado, chegando a tamanhos de cerca de 1 cm e colocado os aditivos sendo 20l de silobacter® para cada 100 Kg de silagem, 2 kg de ureia para cada 50kg de silagem, e 1 kg de NaOH para cada 50kg de silagem, ambos a 3%. Sendo assim o material foi levado para os galões, compactando as amostras e feita a conservação da silagem, sendo encaminhado os galões para o laboratório de bromatologia do Centro Universitário Monte Serrat-UNIMONTE. As amostras foram trituradas no local e colocadas em galões de 80 l, sendo GALAO 0 (sem aditivo), GALAO 1 (Silobacter®), GALAO 2 (ureia) e GALAO 3 (NaOH) adicionado anteriormente. Onde as amostras foram separadas em matéria seca (MS), proteína bruta(PB), matéria mineral(MM), fibra bruta (FB), extrato etéreo (EE), para posteriores procedimentos com o intuito de avaliar a concentração nutritiva que cada amostra possui. Sendo utilizado o método de Weende para fazer tais pesquisas, segundo Andriguetto et al, 1982, o método de Weende consiste em fracionar o alimento em MS, PB, EE, FB E MM. Estes nutrientes compõe as análises clássicas ou comumente feitas visando obter as informações sobre um alimento qualquer. Também foi aferido através de sonda coletora, temperatura e Ph, de 12 em 12 horas da silagem, durante o período de analise foi liberado através de uma válvula abaixo dos galões um liquido de cor turva e cheiro fétido. PROCESSAMENTOS BROMATOLÓGICOS Segundo Pereira et al. (2006), a entrecasca (bainha) do palmito apresenta 10,6% de matéria seca (MS); 9,6% de proteína bruta (PB); 61,6% de fibra em detergente neutro (FDN); apresentando assim, características de um volumoso de boa qualidade. Medeiros et al. (1999) analisando a forragem de pupunheira observaram 10,0% de PB. Segundo MORAES, 2013 foram encontrados após analise bromatológica da casca e bainha externa do palmito punha os seguintes resultados: MS: 12,96%, PB 9,31%, FB 37,53% EE 1,18, MM 7,81 E FB 60%. EXIGÊNCIAS DE MATÉRIA SECA (MS) O teor de MS do material ensilado é um fator importante na determinação do tipo de fermentação predominante na ensilagem. O elevado teor de umidade favorece condições para obtenção de silagens butíricas de baixa qualidade, onde ocorre grande decomposição protéica, com evidente queda no valor nutritivo do material ensilado (FERRARI JÚNIOR e LAVEZZO, 2001). Embora a matéria seca (MS) não seja incluída em uma categoria de nutrientes, ela é considerada um veículo para outros nutrientes da dieta. O conhecimento da quantidade de alimento consumido pelos animais permite uma flexibilidade no uso de ingredientes, otimiza o uso de forragens e também ajuda no planejamento anual da compra de alimentos. Teores de MS de silagens entre 25 a 30% são benéficos, uma vez que irão reduzir a produção de efluentes gerando pouco efeito negativo sobre o valor nutritivo da silagem (HENDERSON, 1993; CÂNDIDO et al., 2007; OLIVEIRA, 2008). A ensilagem com plantas com um teor alto de agua, propicia, um ambiente favorável para a proliferação de bactérias. AS PROTEÍNAS (PB) A proteína é vital para a mantença, reprodução, crescimento e lactação dos animais. 11 Baixos níveis de proteína afetam severamente o crescimento e fermentação microbiana no rúmen resultando no aumento do tempo de retenção dos nutrientes, diminuindo a capacidade de digestão da matéria orgânica e de ingestão, afetando o desempenho animal (JORGE, et al, 2011). O PH O pH de um alimento é um dos principais fatores que determina a proliferação e a sobrevivência dos microrganismos presentes, além de ser empregado como parâmetro na qualificação da ensilagem (AMARAL et al., 2007). De acordo com Cherney e Cherney (2003), o pH é um bom indicador da qualidade de fermentação em silagens com baixo teor de MS, não sendo adequado para silagens com alto teor de MS. Valores de pH entre 3,8 e 4,2 são considerados adequados às silagens bem conservadas, pois nessa faixa se tem a restrição das enzimas proteolíticas da planta e de enterobactérias e clostrídeos (TOMICH et al., 2004). Entretanto, não só o valor final do pH é importante para a conservação da silagem, como também a rápida acidificação do meio, pois irá desnaturar de forma eficiente a maioria das enzimas que degradam as proteínas (VILELA, 1998). Assim sendo, a adição de ureia objetivou a manutenção do Ph, e o aumento do trabalho das bactérias anaeróbicas consumindo oxigênio e favorecendo a proliferação de bactérias anaeróbias. PROCESSAMENTO MICROBIOLÓGICO O processo de ensilagem consiste basicamente no controle da atividade microbiana pela acidificação do meio com subprodutos da fermentação microbiana, com destaque ao ácido lático. Para se atingir uma silagem de boa qualidade é necessária que esta acidificação ocorra de forma mais rápida possível. Para tal, o ambiente deve favorecer o desenvolvimento de microrganismos mais eficientes, principalmente na produção de ácido lático. A condição de anaerobiose favorece o desenvolvimento de bactérias homoláticas, que inibem crescimento de bactérias produtoras de ácido butírico, 12 do gênero Clostridium. A inibição dessas bactérias ocorre pelo aumento de concentração de íons hidrogênio no meio. A resistência de bactérias do gênero Clostridium está diretamente ligada à presença de umidade no meio, quanto maior a umidade, maior será a tolerância a compostos (ácidos presentes na ensilagem) (TOMICH et al., 2004). Foram realizadas análises microbiológicas de cada amostras de silagem, utilizando quatro tipo de meio de cultura que são o ágar sangue que identifica bactérias anaeróbica e lactato positiva e negativa, ágar saboraud que é utilizado para identificar fungo, ágar chocolate identifica bactéria gran positivas, e ágar nutriente que tem a finalidade de crescer todo o tipo de bactérias (CECCHI,2003; BOBBIO,1995). As amostras foi subdividida em porções de 25 gramas e colocada em 225 ml de solução fisiológica 0,9% que passaram pelo processo de diluição seriada também em solução fisiológica 0,9%, ou seja, foi diluída utilizando uma escala de 1:9 repetidas 6 vezes (10-1, 10-2, 10-3, 10-3, 10-4, 10-5, 10-6) de todos os galões, nas series de 10-1, 10-3, e 10,6 , foram semeadas nos ágar citados acima que foi levado para a estufa á 37º por 24 horas para encubação, com exceção do ágar sangue que foi levada a estufa de CO2 a 37º para bactérias anaeróbicas, e o ágar saboraud levado a estufa a 27º para crescimento de fungo porem na amostra antes não houve crescimento de fungos. Já nos demais meios de cultura, a amostra antes teve bastante proliferação. Posteriormente a encubação foi observado se houve o crescimento de alguma bactérias. As plantas forrageiras ao serem ensiladas contêm uma série de microrganismos, alguns aeróbicos (fungos e bactérias) e outros anaeróbicos tais como aqueles dos gêneros Escherichia, Klebsiella, Bacillus, Clostridium, Streptococcus, Leuconostoc, Lactobacillus e Pediococcus. Deste apenas os Clostridium são anaeróbicos obrigatórios. A forragem armazenada, principalmente quando compactada, rapidamente consome oxigênio existente no silo. Os microrganismos aeróbicos aparentemente contribuem para a exaustão mais rápida, e morrem quando acaba o oxigênio livre. Neste estágio começa a multiplicação de 13 microrganismos que são capazes de se desenvolver em meio anaeróbico e são eles que vão produzir os elementos necessários para a formação e conservação das silagens (ANDRIGUETTO,1982).

Resultados e Discussão

Devido a características indesejáveis na fermentação da ensilagem e sua perda de nutrientes é necessário a busca de alternativas para minimizar que ocorra essas características (VIEIRA et al., 2004). Após o tempo de 60 dias de aferições e análises temos dados otimizados quanto ao desenvolvimento do projeto e características do produto. A temperatura dos galões ficou em média dos 24ºC (GRAFICO 1) ,percebe-se uma oscilação mais significante no meio do período de análise, possivelmente devido a fermentação do material, após isso a temperatura de estabiliza. Segundo Moraes (2011) no período verificado o resíduo de casca de palmito pupunha resultou na média de temperatura em relação a sua fermentação, sendo a menos média de temperatura (44,14ºC). Esta característica de menor temperatura era esperada, pois o material ficou a abrigo de sol, portanto esteve normalmente em temperatura ambiente e como houve escoamento do liquido eliminado. Diminui-se as ações fermentativas de acordo com a umidade segundo Van Soeste (1994). O Ph é um excelente indicador para este produto sendo assim, o galão 2 manteve-se alcalino desde o início ao término do trabalho, tendo pouca variação. Com a adição de ureia ocorre transformação dessa ureia em amônia (NH3), que reage com água, formando hidróxido de amônia, aumentando o pH e agindo no metabolismo de microrganismos indesejáveis (Kung Junior et al., 2003). O galão 3 surpreendeu a amplitude de aumento do Ph no meio do experimento. O galão 1 e 0 manteve-se ácido. Utilizando bactérias elas se multiplicarem exponencialmente produzindo ácido lático, ocorrendo a queda do Ph, tais características correspondem a utilização de Silobacter. O ácido lático produzido possui características de inibem o crescimento de bactérias indesejáveis (MCDONALD et al., 1991). Segundo Danner,et al (2003) o NaOH causa elevação do pH final da silagem. Foi mensurado durante o projeto a quantidade de líquido eliminado através de uma válvula no fundo dos galões, percebeu-se uma grande eliminação do galão 0 (1265 ML), uma menos quantidade mas ainda grande do galão 1 (995 14 ML) e pouquíssima quantidade do galão 2 (10 ML) e 3 (24ML) exposto no GRAFICO 3 que a perda foi após 30 dias de conservação do material. Segundo Moraes e Paulino (2011) os resíduos da agroindústria de palmito pupunha apresentam alta umidade, dificultam a reutilização dos resíduos de pupunheira. A adição de aditivo sempre deve ser usada refletindo nas características e melhorias nutricionais do produto, garantindo melhor manutenção e qualidade do produto ensilado (LOPES, 2006). Sendo assim, foi retirada as amostras para avalição bromatológica e obtivemos bons resultados conforme a TABELA 1, os índices obtidos de matéria seca chegou a ser 100% maior que a descrita em literatura, conforme os autores abaixo; a proteína bruta no galão 2 houve aumento e os outros se comportaram conforme a literatura; a fibra bruta foi observada de diferentes formas em outros trabalhos, porém segundo Morais,2013 os valores foram similares; o extrato etéreo não foi avaliado em outros trabalhos com esse insumo; a matéria mineral variou de acordo com o aditivo utilizado. Segundo Pereira et al. (2006), a entrecasca (bainha) do palmito apresenta 10,6% de matéria seca (MS); 9,6% de proteína bruta (PB); 61,6% de fibra em detergente neutro (FDN); apresentando assim, características de um volumoso de boa qualidade. Segundo Moraes, 2013 foram encontrados após analise bromatológica da casca e bainha externa do palmito punha os seguintes resultados: MS: 12,96%, PB 9,31%, FB 37,53% EE 1,18, MM 7,81. Percebe-se na TABELA 2 que houve um potencial no material que foi ensilado do que in natura. Visto que o material apresentou um índice elevado de matéria seca, diferente da literatura; a proteína foi o dobro mais elevada juntamente com a fibra bruta; o extrato etéreo e matéria mineral não foi avaliada por outros autores. Segundo Schmidt, 2010 o resíduo de palmito pupunha in natura apresentou características com os seguintes resultados: MS: 15,7%, PB 4,8%, FB 25%. 15 A silagem do galão 0 pode perder parte microbiológica devido a ausência de aditivos, mas ela preserva as características nutricionais iguais ou seja o processo de fermentação em conservação é normal que seja muito próximo do valor do galão 1 no qual o Silobacter® ajudou, porém ficaram com índices muito parecidos. O galão 2 seria para ele melhorar e tornar mais rápido o processo de conservação, porem se comportou de forma muito parecida com os outros materiais. A ureia acrescentaria o valor proteico, fazendo o pH cair perder mais agua, porém não foi este que liberou mais agua mas ficou ainda em meio acido. Mas não obteve a melhor qualidade. O galão 3 foi utilizado com o intuito de diminuir a quantidade de água retida, porém o resultado não foi positivo pois o produto se apresentou ácido, teve processo de deterioração muito rápido, matando muitas bactérias e não houve tempo dos carboidratos e nutrientes fermentar e assim apodreceu, foi a pior amostra pois houve perda de material.

Conclusões

O palmito pupunha é uma alternativa sustentável e de baixo custo para os produtores de ruminantes, visto que os resíduos da agroindústria deste produto são totalmente descartados. Utilizá-lo nas épocas de estiagem na forma de ensilagem é uma opção a mais para o incremento nutricional destes animais. Segundo a avaliação bromatológica podemos classifica-lo como uma opção de volumoso, composto por índices nutricionais bons podendo ser utilizado sem aditivos e com aditivos, porém os aditivos alteraram pouco a sua capacidade nutricional e microbiológica. Com o intuído de diminuir os resíduos da agroindústria e buscar alternativa para baratear os custos da produção de ruminantes a ensilagem de casca de palmito é um produto que pode ser utilizado sem prejuízos nutricionais para os animais e com gastos mínimos dentro da propriedade.

Gráficos e Tabelas




Referências

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