ANÁLISE DA CAPACIDADE DE ARMAZENAGEM DA SOJA NO ESTADO DO TOCANTINS
2 - Instituto Federal do Tocantins
3 - Universidade Federal do Tocantins
5 - Faculdade Catolica do Tocantins
RESUMO -
O presente estudo analisou a produção de soja, com ênfase no armazenamento no Estado do Tocantins. Teve como objetivo demonstrar as correlações da produção da oleaginosa com a capacidade estática de armazenagem, fazer previsões a fim de verificar se a capacidade de armazenagem é suficiente para atender toda a produção de soja prevista para o estado, e o comparativo com a produção nacional. Na busca de resultados foram efetuados estudos bibliográficos e coletas de informações que abordam a produção de soja atualizada do estado, juntamente com banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com parceria na Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Para fins do desenvolvimento do trabalho observou-se uma carência de capacidade armazenadora do estado. Com os resultados obtidos, pode-se concluir que a evolução da produção de soja no estado é maior do que o avanço da capacidade estática dos armazéns no estado do Tocantins.
ANALYSIS OF THE CAPACITY OF STORAGE OF SOYBEANS IN THE STATE OF TOCANTINS
ABSTRACT - The present study analyzed soybean production, with emphasis on storage in the state of Tocantins. The objective was to demonstrate the correlations of oilseed production with the static storage capacity, to make forecasts to verify if the storage capacity is sufficient to meet all state soybean production and the comparative with the national production. In the search for results, bibliographical studies and data collections were carried out, which deal with the state's updated soybean production, together with a database of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), with a partnership with Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). For the purpose of the development of the work a lack of storage capacity of the state was observed. With the obtained results, it can be concluded that the evolution of the soybean production in the state is greater than the advance of the static capacity of the warehouses in the state of Tocantins.Introdução
Segundo Brandão (1989), a origem de armazéns utilizados no processo de armazenagem de grãos se perde na história. Acredita-se que a ideia de armazenar produtos agrícolas deve ter surgido quando o homem passou da fase de nômade à de agricultor. Para Costa (2012), no Brasil o início da estrutura de armazenagem deu-se no começo do século passado, com a necessidade da guarda do café. Posteriormente, por volta de 1950, em razão da necessidade de atender às importações de trigo, inicia-se o processo de armazenamento a granel. A soja (Glycine max L. Merrill) foi introduzida no Brasil no final do século XIX, trazida pelos imigrantes asiáticos, porém ganhou espaço na década 1960, na região sul e expandiu-se por todo território brasileiro. Tornou-se a líder do agronegócio e responsável pela expansão das fronteiras agrícolas, como também do desenvolvimento regional, devido seus altos índices de produção. A capacidade de armazenagem também deve ser levada em conta, esta etapa é decisória para evitar prejuízos. A definição segundo a Agência Safras (2004) de unidades armazenadoras de grãos são complexos agroindustriais constituídos de estruturas e recursos para receber, pré-beneficiar, armazenar e expedir a produção agrícola de uma determinada área de abrangência. Estas demandam a condução de um conjunto de operações unitárias, tais como: pesagem, descarregamento, pré-limpeza, secagem, limpeza, tratamento químico, armazenagem e expedição. Ou seja, a armazenagem representa uma das mais complexas etapas do processo logístico do agronegócio, mas que enfrenta, no Brasil, um contraponto, tendo em vista a produção brasileira de grãos ser bem maior que a capacidade disponível de armazéns. Analisando o estado do Tocantins, onde a produção da soja está acima da capacidade estática de armazenagem, esta etapa da pós-colheita requer muita atenção, pois aí é que se mantém a qualidade dos grãos. O não investimento tanto quantitativo, quanto qualitativo da armazenagem, ocasiona prejuízos aos produtores, prejudica a competitividade da região produtora, além da perda de alimentos. Mediante dados do IBGE (2017), a capacidade estática de armazenagem do estado do Tocantins é de 1.925,993 milhão de toneladas. Esta é distribuída nas estruturas de armazéns convencionais em 48 unidades com capacidade de 648.622 mil toneladas; graneleiros com 9 unidades de capacidade de 400.700 mil toneladas, e silos (52 unidades) com capacidade de 916.671 mil toneladas. Visto que a infraestrutura de armazenagem no estado do Tocantins não tem acompanhado o ritmo de crescimento da produção, seria de grande importância realizar novos estudos para identificar as regiões mais críticas nesse segmento para que seja feita uma melhor adequação e expansão da rede de armazenagem, conforme a necessidade apresentada. O objetivo do presente trabalho foi de estabelecer as correlações entre a produção de soja no estado de Tocantins, e a evolução da capacidade estática de armazenagem; verificando se a capacidade estática de armazenagem do estado de Tocantins é satisfatória para armazenar a demanda da produção de soja do estado.Revisão Bibliográfica
PRODUÇÃO DE SOJA NO BRASIL Segundo o Ministério da Agricultura (2004), a soja é a cultura agrícola brasileira que mais cresceu nas últimas três décadas e tem correspondido a 49% da área plantada em grãos do país. O aumento de sua produtividade está associado aos avanços tecnológicos, ao manejo e eficiência dos produtores. O grão é componente essencial na fabricação de rações animais e com uso crescente na alimentação humana, uso bioenergético e industrial, que se encontra em franco crescimento. Consequentemente, torna-se evidente que as transformações tecnológicas incorporaram importantes alterações nos meios de produção de soja no Brasil, projetando-a entre as maiores e mais competitivas culturas do mundo. No entanto, esse crescimento não está sendo acompanhado por toda a cadeia produtiva, inclusive pela Capacidade Estática de Armazenagem, termo técnico utilizado a explicar a quantidade de grãos que cabe de uma só vez dentro de uma unidade armazenadora (AZEVEDO et.al., 2008). ARMAZENAMENTO NO TOCANTINS A CONAB (2016) corrobora que, na cadeia produtiva dos produtos agrícolas a armazenagem representa etapa fundamental para fornecimento constante de alimentos ao longo do ano, também exerce um papel fundamental na cadeia logística. A armazenagem está presente tanto no processo de escoamento da safra quanto na manutenção dos produtos para que sejam consumidos em períodos de entre safra. Ainda segundo a CONAB, a capacidade de armazenagem do estado do Tocantins de 2014 foi de 1.532,6 toneladas e em 2015 foi de 1.655,9 toneladas, com um déficit muito alto em relação à produção total de grãos. Atualmente a capacidade estática de armazenagem do estado do Tocantins é de 1.821,698 toneladas, distribuída nas estruturas, armazéns convencionais são 53 unidades com capacidade de 314.469 toneladas e graneleiros são 97 unidades com capacidade de 1.507,229 toneladas, sendo 150 cadastros de armazéns.Materiais e Métodos
Para elaborar este trabalho foi usada uma pesquisa exploratória descritiva. A pesquisa exploratória trata-se de uma pesquisa bastante específica e pode-se afirmar que ela assume a forma de um estudo de caso, sempre em consonância com outras fontes que darão base ao assunto abordado, como é o caso da pesquisa bibliográfica. No levantamento de dados, foram efetuadas pesquisas e coletas de informações sobre produção de grãos no banco de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntamente ao da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), referentes às safras de 2014/15 e 2015/16 para o Estado do Tocantins. Os déficits/superávits de armazenagem foram encontrados utilizando a quantidade de soja produzida na safra e a capacidade estática do estado. Para esse cálculo foi considerada a rotatividade de um ano empregada pela CONAB e pelos armazéns por ela fiscalizados.Resultados e Discussão
As vantagens para um produtor de soja não está apenas nos altos índices de produtividade por área plantada ou em função de sua produção total, mas também onde e quando será guardado o produto que foi produzido. O processo de pós-colheita é tão importante, quanto o plantio e colheita, pois é nesta etapa que se poderá evitar desperdícios e manter a qualidade que foi investida, além do mais é um determinante para redução de custo com transporte, vantagens na comercialização do produto na época de menor oferta e de maior demanda (entressafra). Armazenamento no âmbito da propriedade rural deve ser visto como uma forma de incrementar as produções agrícolas, para reduzir o estrangulamento da comercialização de grãos, ou mesmo evitá-lo, e permitir a regularização dos fluxos de oferta e demanda, com a manutenção de estoques e a racionalização do sistema de transportes, evitando-se, assim, os efeitos especulativos. O estado do Tocantins teve uma queda de produção muito significativa, chegando a - 25% na safra de 2015/16 em relação à safra 2014/15. Essa queda foi devido ao fenômeno climático El Niño que reduziu o potencial das lavouras em quase todo o país, como no Mato Grosso que teve uma produção de 26.277,753 milhões de toneladas de soja com - 5% que safra anterior, o Paraná teve uma produção de 16.824,385 milhões de toneladas de soja com - 2% que safra anterior. Podemos notar que além do Tocantins, também os maiores produtores de soja do Brasil tiveram perdas em suas safras (IBGE, 2016). Na Tabela 1, foi calculada a necessidade de armazenagem, considerou-se um aumento de 20% além da produção, conforme a recomendação da FAO, assim obteve-se um déficit de 205.268 mil toneladas, lembrando que este déficit foi apenas para armazenagem da soja, durante o ano analisado, há colheitas de outros grãos, aumentou ainda mais o déficit.Ano de Produção | Produção de Soja (T) | Necessidade de armazenagem (T) | Capacidade Calculada (T) | Déficit (T) |
2015/2016 | 1.809,384 | 2.171,261 | 1.965,993 | 205,268 |
Ano | Convencionais | Graneleiros | Silos | Total | ||||
2015/16 | Quant. | Tonelada (T) | Quant. | Tonelada (T) | Quant. | Tonelada (T) | Quant. | Tonelada (T) |
648.622 | 400.700 | 916.671 | 1.965,993 |