Analise de pH e nitrogênio amoniacal no liquido ruminal em ovinos alimentados com diferentes níveis de residuo úmido de cervejaria

Elson Reis Duarte de Oliveira1, Aline Paiva Coelho2, Vitoria de Nazare Carvalho Rocha3, Jose Antonio Alves Cutrim Junior4, Igor Cassiano Saraiva Silva5, Anderson Lopes Pereira6, Saulo Antonio Araujo Mesquita7
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RESUMO -

O presente estudo foi desenvolvido para avaliar a influência da inclusão de diferentes níveis do coproduto do resido úmido de cervejaria sobre a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3) em mg/100 mL, pH do líquido ruminal, em ovinos recebendo dietas experimentais isofibrosas e isoproteicas. Distribuíram-se vinte ovinos machos, inteiros em quatro tratamentos de inclusão de resíduo úmido de cervejaria (zero %; 10%; 20%; 30%), segundo delineamento em blocos ao acaso, em esquema de parcelas subdivididas, em que as parcelas eram as dietas e as subparcelas os tempos de colheita (zero, duas, cinco, oito horas). O pH manteve-se dentro dos padrões citados na literatura. Os tratamentos com zero % e 20% apresentaram diferencial estatístico mas semelhantes no tempo dois e cinco de concentrações de N-NH3, em relação dos tempos.  A inclusão até 20 % na ração apresentou resultados elevados mas todos estando nos parâmetros desejáveis.

Palavras-chave: Resido, Liquido, Cervejaria, Coproduto

Analysis of pH and ammoniacal nitrogen in ruminal fluid in sheep fed with different levels of wet brewery residue

ABSTRACT - The present study was carried out to evaluate the influence of the inclusion of different levels of the wet brew co-product on the concentration of ammoniacal nitrogen (N-NH3) in mg / 100 mL, ruminal liquid pH in sheep receiving isofibrous and Isoproteic. Twenty male sheep, whole, were distributed in four treatments of inclusion of wet brewery residue (zero%, 10%, 20%, 30%), according to a randomized block design, in a subdivided plot scheme, in which the plots were The diets and the subplots the harvest times (zero, two, five, eight hours, pH remained within the standards quoted in the literature, treatments with zero% and 20% presented statistical difference but similar in time two and five of Concentrations of N-NH3 in relation to the times. Inclusion up to 20% in the ration presented high results but all were in the desirable ratios
Keywords: Resido, Liquido, Brewery, Coproduct


Introdução

A ovinocultura no Nordeste é uma atividade de grande relevância econômica e social, pois a mesma é fonte de renda e também fornece alimentos de elevado valor nutricional (carne e leite) para o homem. Apesar de sua importância a ovinocultura tem encontrado inúmeros entraves para desenvolver-se plenamente e assim vem se tornando mais caracterizada, como uma atividade de subsistência do que como um sistema de produção (GUIMARÃES FILHO, 2009).

 Dentre as inúmeras barreiras enfrentadas pela ovinocultura, é possível afirmar que a alimentação do rebanho é responsável por grande parte da problemática vivida diariamente pelos produtores. A alimentação, ou melhor, a nutrição segundo Lima (2013) mostra-se como um dos principais pilares dos sistemas de produção de carne ovina, já que esta se encontra intimamente relacionada com a quantidade e qualidade dos nutrientes consumidos pelos animais.



Revisão Bibliográfica

Dentre os fatores ligados a resposta produtiva do animal, o consumo é o de maior importância, pois 60 a 90% da variação observada na ingestão de energia digestível entre animais e dietas está relacionada as diferenças no consumo e somente 10 a 40% a diferenças na digestibilidade (CRAMPTON et al., 1957). Forbes (1995) definiu o consumo voluntário como sendo a quantidade de matéria seca ingerida espontaneamente por um animal ou grupo de animais durante dado período de tempo com acesso livre ao alimento. Rodrigues (2010) também faz importante menção ao consumo ao afirmar que este, assume papel fundamental no dimensionamento do manejo nutricional adotado quanto a utilização de alimentos alternativos, já que é o consumo o responsável por determinar o nível de nutrientes ingeridos, e consequentemente, o desempenho animal Dentre alguns estudos, merece destaque o realizado por Manera et. al (2014), que ao avaliarem o desempenho produtivo de ovinos em pastejo suplementados com concentrados contendo coprodutos do processamento de frutas (goiaba, acerola e uva), concluíram que os coprodutos não afetaram (P>0,05) o consumo dos animais (forragem e total de alimentos diários), o desempenho produtivo (ganhos médios diários, ganhos de pesos totais e pesos corporais finais), e o peso e rendimento de carcaça quente dos ovinos. O resultado encontrado se deve ao fato de haver semelhanças entre os pastos e os concentrados, que por sua vez proporcionaram semelhantes consumo de forragem e de matéria seca total. Cezar e Sousa (2007) definiram biologicamente a carcaça como sendo o corpo do animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado e amputado das patas, da verga e testículos nos machos e glândulas mamarias nas fêmeas. Contudo, vale mencionar que podem ocorrer algumas variações entre países, de acordo com os costumes locais (PEREZ e CARVALHO, 2002).

A carcaça vista pelo prisma comercial, é entendida como um elemento de transação do processo de transformação de um ser vivo, que é o animal, em um alimento que é a carne (CEZAR E SOUSA, 2007).



Materiais e Métodos

A pesquisa foi conduzida no laboratório químico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis – Maracanã. Os tratamentos foram constituídos por níveis crescentes de inclusão de resíduo de cervejaria em dietas para ovinos nas proporções de 0, 10, 20 e 30%. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, perfazendo quatro tratamentos experimentais. Foram utilizados cinco animais por tratamento, totalizando vinte animais. As dietas foram formuladas para serem isoprotéicas e isoenergéticas , calculadas de acordo com as exigências prescritas pelo NRC (2007) para ovinos de maturidade tardia, com 20 kg de peso vivo e com um ganho de peso diário de 150 g/dia. A dieta controle era composta de feno do capim-tifton 85, farelo de soja, milho e calcário. Foi adicionado às dietas experimentais o resíduo úmido de cervejaria em níveis crescentes. As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas aos ovinos, às 8 h e às 17 h, buscando-se deixar uma sobra média (em matéria seca) entre 10 e 20% por dia. Foi oferecido água à vontade e sal. Os ovinos utilizados foram pesados no início do experimento, que teve a duração de dezessete dias, logo, ao final desse, em um dia realizou-se a colheita de líquido ruminal por meio de sonda esofágica para as mensurações de N-NH3 e pH ruminais em quatro tempos preestabelecidos (zero hora ou antes do fornecimento da dieta, duas horas, cinco horas e oito horas pós-prandial). Mediu-se o pH, em potenciômetro, imediatamente após a colheita. As amostras com, aproximadamente, 50 mL de líquido ruminal foram acidificadas com 1 mL de ácido sulfúrico 1:1 e guardadas a -5° C para futuras análises de N-NH3. Em uma alíquota de 4 mL de líquido ruminal foi adicionado 1 mL de ácido metafosfórico a 25% para serem analisados os teores dos ácidos graxos voláteis. Realizaram-se as análises de N-NH3.

Resultados e Discussão

  Não  houve efeito significativo (P>0,05)  no tempo de coleta do líquido ruminal para os valores de pH, sendo que os  tratamentos de 20 e 30% apresentaram valor de pH  elevado  no tempo 0 (7,02 e 6,90); os demais tratamentos apresentaram valores  semelhantes (P>0,05), em que as médias  se mantiveram dentro do indicado por Hobson (1997) e Linderg (1985), que relataram valores de pH entre seis e oito, permitindo assim, a presença de todos os componentes da biomassa microbiana do rumem, além da ação das enzimas desses microrganismos. Van Houtert (1993)  ponderou que a baixa ingestão de alimentos como evidenciado no tratamento de 52% de inclusão do coproduto de caju é comum obter o pH em torno de 6,5 e sete (ROGÉRIO, 2005). Segundo Rogério (2005) um dos principais obstáculos à inclusão de coprodutos agroindustriais, como os de frutas, em substituição a fontes de fibras forrageiras, é a diminuição da efetividade física da fibra dietética, particularmente como resultado da diminuição da atividade mastigatória e da secreção salivar. Houve influência (P<0,05) de nitrogênio amoniacal para as médias no tempo zero; para o tempo oito apresentou média 11,90 menor,  mas houve efeito significativo (P>0,05),  semelhantes aos tempos dois e cinco. O tratamento 20% RUC apresentou valor superior em relação ao tempo com valor 19,81 as outros tempos, níveis considerados ótimos de 23,5 mg/100 mL, segundo MEHREZ et al. (1977), para que se obtivessem condições de atingir a máxima fermentação microbiana em ruminantes em produção, o qual manteve-se abaixo da faixa ótima de 19 e 23 mg 100 mL-1 para a máxima atividade fermentativa ruminal (ZEOULA et al., 2003) e acima da concentração de 5,0 mg 100 mL-1 estabelecida pela literatura para não limitar o crescimento microbiano.

Conclusões

A inclusão de resíduo úmido de cervejaria no concentrado afeta o consumo de matéria seca, melhora a conversão e eficiência alimentar até o nível de 30% de inclusão. O resíduo de cervejaria não afeta o desempenho dos cordeiros comparado com dietas à base de milho e soja; enquanto o pH e o nitrogênio amoniacal dos ovinos  se mantiveram dentro de padrões aceitáveis.  

Gráficos e Tabelas




Referências

  HOBSON, P.N.; STEWART, C.S. The rumen microbial ecosystem. 1. ed. London: Blackie Academic and Professional, 1997. 340 p. CRAMPTON, E.R. Interrelations between digestible nutrient and energy content, voluntary dry matter, intake and the overall. Journal of Animal Science, v.16, n.3, p.546-552, 1957. FORBES, J. M. Voluntary food intake and diet selection by farm animals. Cab international, UK, 532p. 1995 GUIMARÃES FILHO, C. Manejo básico de caprinos e ovinos: guia do educador. Brasília: SEBRAE, 2009. LINDBERG, J.E. Estimation of rumen degradability of feed proteins with the in sacco technique and various in vitro methods: a review. Acta Agriculturae Scandinavica, suppl. 25, p. 65-97, 1985 LIMA, P. M. T. Parâmetros hematológicos, bioquímicos, ganho em peso e emissão de metano de ovinos Santa Inês alimentados com coprodutos do algodão. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2013. 63p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animais) - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília, 2013 MANERA, D. B. et al. Desempenho produtivo de ovinos em pastejo suplementados com concentrado contendo coprodutos do processamento de frutas. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.35, n.2, p.1013-1022, mar./abr. 2014. MEHREZ, A.Z.; ØRSKOV, E.R.; McDONALD, I. Rate of rumen fermentation in relation to ammonia concentration. Brittish Journal of Nutrition, v. 38, n. 3, p. 437-443, 1977. RODRIGUES, M. R. C. Utilização de subproduto de caju (Anacardium occidentale) no desempenho reprodutivo e produtivo de ovinos criados no Nordeste do Brasil. Fortaleza, 2010. 185 p. Tese (Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias) – Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária ROGERIO, M.C.P. Valor nutritivo de subprodutos de frutas para ovinos.  2005. 318 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal, Nutrição Animal) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. VAN HOUTERT, M.F.J. The production and metabolism of volatile fatty acids by ruminants fed roughages: a review. Animal Feed Science and Technology, v. 43, n. 3/4, p.189-225, 1993. ZEOULA, L. M.; FERELI, F.; PRADO, I. N.; GERON, L. J. V.; CALDAS NETO, S .F.; PRADO, O. P. P.; MAEDA, E. M. Digestibilidade e balanço de nitrogênio com diferentes teores de proteína degradável no rúmen e milho como fonte de amido em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 35, n. 5, p. 2179- 2186, 2006.





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