Análise econômica e influência do mercado de commodities na terminação de bovinos confinados com dieta de alto grão

Bárbara Louise Pacheco Ramos1, Pablo Teixeira Viana2, Hesney Nunes Cruz3, Elizeu Silva Donato4, Fabiano Teixeira Costa5, Hermógenes Almeida de Santa Júnior6, Hosnerson Renan de Oliveira Santos7, Jennifer Souza Figueredo8
1 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
2 - Faculdade Guanambi, FG/CESG
3 - Faculdade Guanambi
4 - Faculdade Guanambi
5 - Faculdade Guanambi
6 - Departamento de Ciência Animal, UESPI
7 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
8 - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

RESUMO -

Objetivou-se com o presente trabalho avaliar a influência do mercado de commodities na terminação de bovinos confinados utilizando dieta de alto grão. Foram utilizados 1.000 bovinos, machos, não castrados, com peso vivo médio inicial (PVMI) de 391,9 kg e idade média de 24 meses, divididos em 05 lotes compostos por 200 animais cada, distribuídos em delineamento com blocos casualizados, e selecionados aleatoriamente 10 (dez) animais de cada lote para avaliação e registro do PVMI (kg). Os animais foram pesados e tiveram seu desempenho avaliado e registrado no início e final do experimento. Observou-se um consumo médio diário de 6,5kg de concentrado, apresentando um consumo médio aproximado de 1,46% do peso vivo. Foi observado um ganho de peso total (kg) e em arrobas de aproximadamente 107,0 e 3,57, respectivamente, obtendo um ganho médio diário (GMD) de 1,48kg. Os custos das commodities apresentaram variação nos tratamentos estudados (P>0,05). Pode-se observar que as condicionantes regionais foram os principais fatores que dispuseram os resultados da análise econômica do experimento nas diversas praças. O estado do Paraná (PR) foi o estado que apresentou melhor viabilidade econômica, considerando também o 4° trimestre como o melhor período para confinar bovinos de corte com dietas de alto grão.

Palavras-chave: bovinocultura de corte, confinamento, contabilidade rural.

Economic analysis and influence of commodity market in confined cattle termination with high grain diet

ABSTRACT - The objective of the present study was to evaluate the influence of the commodity market in the finishing feedlot cattle using high grain diet. 1.000 cattle were used, uncastrated young male, with average weight (AW) of 391.9 kg and average age of 24 months, divided into 05 batches of 200 animals each, distributed in design with randomized blocks and randomly selected 10 (ten) animals of each batch for evaluation and registration of AW (kg). The animals were weighed and had their performance evaluated and recorded at the beginning and end of the experiment. There was an average daily consumption of 6.5kg concentrate, with an approximate average of 1.46% of body weight. The overall weight gain was observed (kg) and approximately 107.0 kilos and 3.57, respectively, with an average daily gain (ADG) of 1,48kg. Commodity costs showed variation in the studied treatments (P>0.05). It can be observed that sectional conditions were the main factors that were given the results of the economic analysis of the experiment in the various squares. The state of Parana (PR) was the state that had the best economic feasibility, considering also the 4th quarter as the best period for confined beef cattle with high grain diets.
Keywords: beef cattle, confinement, rural accounting.


Introdução

Commodities podem ser definidas como mercadorias ou bens econômicos com grau mínimo de industrialização, sendo considerada uma variável econômica que pode ser diretamente influenciada pelas variações micro e macroeconômicas que ocorrem no mercado atual (MESQUITA, 2012).O grande enfoque atribuído às commodities na economia justifica, pelo fato de ser considerada uma variável de investimento, dentre às várias opções disponíveis no mercado de aplicação. Assim, as possíveis variações verificadas nas cotações desses produtos, podem discernir os resultados econômicos envolvidos em uma transação mercadológica. Em sistema de confinamento de bovinos utilizando dietas de alto grão, uma prática utilizada sob a ótica do seu rápido e alto ganho de peso em prazos de estadias bem curtos, classifica-se como uma alternativa de aumentar os rendimentos financeiros de empresas rurais em curto prazo. Assim posto, o atual sistema intensivo de produção de carne bovina tem quantificado a necessidade do uso de dietas de alto grão por parte de alguns produtores. Isso se fundamenta, pela maior facilidade no manejo diário, e por algumas limitações em disponibilidades de alimentos do tipo volumoso, já que algumas regiões do Brasil são prejudicadas por fatores climáticos causados pela insuficiência pluviométrica, que implicam condições desfavoráveis para a produção animal em sistema extensivo tradicional (MOREIRA et al., 2009). Geralmente este sistema é mais utilizado na fase de terminação de bovinos, e tal prática ocorre normalmente, no Brasil, no período de entressafra da produção de carne, visando alcançar maior rentabilidade econômica . No entanto, por contada moderna economia, as relações comerciais agropecuárias alcançaram uma gradação de complexidade análoga aos demais segmentos da economia, requisitando dos produtores uma visãohábil da administração dos seus negócios, conjuntamente com um controle de custos para auxiliar na análise econômica do confinamento e posteriormentena vitalidade do empreendimento (SILVA et al., 2009). Os sistemas intensivos de produção animal, tem se destacado pela ampla possibilidade de redução do período de confinamento e alta produtividade. Entretanto, atualmente questiona-se quanto aos fatores que podem influenciar na viabilidade econômica do sistema, em suas diversas variáveis, como a tendência de mercado futuro, custos na alimentação e a relação e influxo das commodities neste processo de produção animal, dentro da dinâmica de uma propriedade agrícola. Neste contexto, objetivou-se com a realização do presente trabalho estudar a viabilidade econômica e influência das commodities agrícolas na terminação de bovinos confinados com dieta de alto grão.

Revisão Bibliográfica

          A administração dos custos de produção é primordial em sistemas de produção de bovinos de corte, não só para contribuir no processo de tomada de decisão como também para manter o pecuarista no agronegócio da carne bovina. Esta perspectiva é especialmente importante quando o sistema de produção é intensificado (Restle et al., 2007).

          Esta intensificação do sistema de produção normalmente resulta em elevados investimentos e em maiores riscos, pois compreende a combinação de dois segmentos: eficiência agrícola para elaboração de volumoso de qualidade e eficiência técnica para produção de carne, que abrange os fatores genético e nutricional (Restle et al., 2007). Vaz et al., (2003) afirmaram que, na estratégia de comercialização, devem ser considerados a época programada para a venda, o peso de abate e o grau de acabamento pretendido, fatores estreitamente relacionados à rentabilidade do processo produtivo.

          A análise econômica de sistemas de terminação de bovinos de corte é de grande importância na tomada de decisões feita pelo produtor. Estabelecer a maneira como apresentar ou analisar economicamente um sistema de terminação tem implicação prática de grande valia, pois serve de referência, necessitando que conforme cada realidade local seja feita apenas as atualizações dos valores. 

          Para o Brasil, o confinamento deve representar uma técnica de modernização da pecuária de corte, melhorando os índices zootécnicos e desempenho de produção além de ter como objetivo e desafio, ofertar um produto de qualidade elevada.

          O objetivo do confinamento é atingir elevados ganhos de peso tendo em vista que o animal seja terminado e abatido o mais rápido possível aproveitando o período da entressafra quando as cotações da arroba do boi tendem a ser um pouco melhores.

          A lucratividade do confinamento para terminação de bovinos é variável, visto que é influenciada pelas variações impostas pelo mercado sobre os preços dos insumos e produto final. Essa variabilidade pode ser também visualizada nitidamente entre diferentes regiões do país, uma vez que os insumos e produtos cárneos respondem às variações regionalizadas do mercado (Missio et al. 2009).

          A prática de terminação de bovinos em confinamento é reconhecida como uma atividade altamente especializada que apresenta risco moderado. A atividade é definida como a etapa do ciclo de produção em que os animais devem ganhar mais peso em um curto período, procurando compensar os custos mais elevados com preços mais atraentes na entressafra da carne bovina (ANUALPEC, 2002).

          As condições básicas para o desenvolvimento sustentável e lucrativo de um sistema de engorda em confinamento são: fornecimento adequado de alimentos, em quantidades e proporções ideais para cada categoria animal confinada; disponibilidade de animais saudáveis e com potencial genético para ganho de peso; instalações adequadas; e planejamento gerencial da atividade.

          Atualmente, o ato de confinar animais deve ser precedido de total planejamento e controle de custos, pois a maioria dos insumos utilizados são commodities, e tendo suas cotações atreladas ao dólar, estão sujeitos a grandes variações. Muitos fatores afetam o desempenho econômico da atividade, tais como custo de aquisição dos animais, qualidade nutricional, custo da alimentação, categoria animal utilizada, redução dos custos fixos e diferencial de preço safra/entressafra (Gottschall et al., 2008)

          As commodities podem ser definidas como mercadorias ou bens econômicos com grau mínimo de industrialização, sendo considerada uma variável econômica que pode ser diretamente influenciada pelas variações micro e macroeconômicas que ocorrem no mercado atual (MESQUITA, 2012). O grande enfoque atribuído às commodities na economia justifica, pelo fato de ser considerada uma variável de investimento, dentre às várias opções disponíveis no mercado de aplicação.

          A carne bovina e o milho são commodities agrícolas, e sofrem influência do mercado externo, sendo assim vulnerável a variação de preço, por isso, a compra do milho em relação ao valor da arroba paga ao produtor, são fatores determinantes a viabilidade do sistema. Logo, sua aquisição requer uma atenção à época do ano e suas sazonalidades, para que se possa atingir a maior margem de lucro possível (Dias et al., 2016)

          Neste contexto, nos últimos anos, dietas ricas em concentrados e com pouca quantidade de volumoso vêm se tornando uma opção mais comum. Uma dessas modalidades de elevado concentrado e baixo volumoso é a dieta de alto grão com elevados níveis de concentrado (Paulo, R. E.C e Rigo, J.E., 2012).

          A dieta alto grão sem volumoso possibilita ao sistema do confinamento um máximo ganho de peso individual, proporciona a produção de animais precoces e permite uma padronização no lote. O que torna o sistema vantajoso e de fácil implantação é a ausência do fornecimento de volumoso, pois reduz o manejo pelos funcionários e os gastos que envolvem a produção e o armazenamento de um alimento volumoso em uma propriedade (Dias et al, 2016).

          Esta dieta possui grande versatilidade, devido a determinados fatores como: menor capital imobilizado, diminuição na utilização de máquinas e equipamentos agrícolas, alto grau de eficiência alimentar, diminuição de riscos de acidentes, diminuição do manejo e custos diversos causados pelas atividades em um confinamento. Proporcionando assim, a possibilidade de uma maior eficiência na terminação de bovinos, com um maior rendimento e acabamento de carcaça por animal além elevado ganho de peso (Semenzin e Tenorio, 2010).

          O uso de altos níveis de concentrado na dieta pode aumentar o custo total da mesma, porém, pode reduzir da mesma forma os custos com mão-de-obra, depreciação de equipamentos, custo com volumoso e custo de oportunidade da terra (Missio et al., 2009).

          Os sistemas intensivos de produção animal, tem se destacado pela ampla possibilidade de redução do período de confinamento e alta produtividade. Entretanto, atualmente questiona-se quanto aos fatores que podem influenciar na viabilidade econômica do sistema, em suas diversas variáveis, como a tendência de mercado futuro, custos na alimentação e a relação e influxo das commodities neste processo de produção animal, dentro da dinâmica de uma propriedade agrícola.

          Como qualquer atividade do setor pecuário, para manutenção da competitividade, esta atividade deve ser constantemente avaliada, principalmente no que tange aos aspectos econômicos. O modelo de produção intensiva de carne, nesse caso representado pela engorda de animais em confinamento, possibilita resultados positivos, comprovando que a atividade pode ser lucrativa.



Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na Fazenda Cana Brava localizada no município de Iuiú-Ba, situada na latitude 14° 24’ 50” sul e longitude  43° 33’ 16”, oeste, com altitude de  490m. Os dados foram processados e analisados no laboratório de informática da Faculdade Guanambi – FG sediada no Município de Guanambi – BA localizada na microrregião do Centro-Sul baiano à 780 km da Capital Salvador-BA (Figura 1).

Os animais foram alojados em currais coletivos de confinamento e os grupos separados por lote. As instalações dos currais eram providas de comedouros e bebedouros de concreto com uma área total de 15.050 m² ao céu aberto e piso de chão batido.

Foram utilizados 1.000 bovinos, machos, anerolados, não castrados, com peso vivo médio inicial (PVMI) de 391,9 ± 12,2 kg e idade média de 24 ± 3 meses, divididos em 05 lotes compostos por 200 animais cada, pesados no início e final do período experimental, onde foram distribuídos em delineamento com blocos casualizados (DBC) e selecionados aleatoriamente 10 (dez) animais de cada lote para avaliação e registro do PVMI (kg) obedecendo à seleção dos 190 animais restantes por escore de condição corporal semelhante. O mesmo procedimento foi realizado no período final dos animais para avaliação e registro do peso vivo médio final (PVMF) onde foram pesados aleatoriamente 25 (vinte e cinco) animais por lote.

O período experimental foi de 70 dias para os quatro primeiros lotes, sendo os primeiros 12 dias referentes à adaptação dos animais às instalações e 58 dias de período de avaliação dos animais, e, 80 dias para o quinto e último lote, sendo 12 dias referentes à adaptação dos animais às instalações e 68 dias de período de avaliação. Os animais foram pesados e tiveram seu desempenho avaliado e registrado no início e final da avaliação experimental. Após pesagem dos animais foi realizado o controle sanitário com a aplicação de vacinas e endo e ectoparitas.

A alimentação foi com base em uma dieta composta por silagem de Sorgo (Sorghum bicolor) no período de adaptação (12 dias), e posteriormente, milho grão na proporção de 85% e 15% de suplemento comercial® peletizado na dieta total, sendo fornecida ad libitum, duas vezes ao dia (08:00 e às 15:00h). Na fase de adaptação iniciou-se o fornecimento da dieta total em 1,4 % do peso vivo animal e ao longo dos 12 dias teve o aumento em 0,1% a cada dois dias até atingir o fornecimento total de 2,0% do PVM conforme recomendação do fabricante do suplemento comercial® peletizado.

Para cálculo dos custos operacionais de produção, e análise econômica foi utilizado todos os custos envolvidos no processo operacional. Foram computados os gastos variáveis com aquisição dos animais, alimentação, mão-de-obra, controle sanitário, energia elétrica e combustível. Nos custos fixos apurou-se as despesas com depreciação de instalações e equipamentos conforme procedimentos descritos por Reis (2002). As receitas com vendas foram calculadas de acordo como o valor de arroba do boi gordo no período final do experimento, quarto trimestre de 2014.

A depreciação das instalações e equipamentos foi calculada pelo critério de depreciação linear em que considera a depreciação em cotas, taxas anuais e constantes durante a vida útil do bem. Para o cálculo dos custos com alimentação foram considerados os preços de mercado obtidos para os ingredientes das rações e para o peso vivo dos bovinos destinados à terminação (VIEIRA, 2012). Os valores estimados das instalações e equipamentos foram informados pelo administrador e proprietário da fazenda fundamentados em valores de terra regional.

Foram consideradas como commodities para estudo, arroba do boi magro (peso vivo bruto), arroba de equivalente carcaça (carne), milho em grão, suplemento comercial®, medicamentos e vacinas, realizando-se as cotações representativas das regiões sudoeste (Guanambi-BA - Agrorural® Ind. e Com. de Prod. Agropecuários Ltda – Visita in locu) e oeste da Bahia, Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás) e Sul (Paraná) do Brasil. As cotações foram realizadas considerando o período agrícola produtivo do ano de 2014.

Os resultados foram analisados por meio análise de variância adotando-se α = 0,01 e 0,05 e as médias comparadas pelo teste t através do Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (RIBEIRO JUNIOR, 2001).

 



Resultados e Discussão

Os dados produtivos observados apresentam indicativos de viabilidade econômica na produção de bovinos de corte em terminação confinados com dietas de alto grão (Tabela 1).

Observou-se um consumo médio diário de 6,5kg de concentrado composto por milho grão (85%) e suplemento comercial® peletizado (15%), apresentando um consumo médio aproximado de 1,46% do peso vivo. Este valor foi inferior aos de outros estudos, em que dietas com milho grão e outros concentrados utilizados em confinamento, tende a representar uma proporção em torno de 2% do seu peso vivo médio, considerando o alimento uma ótima fonte de conversão alimentar, mediante ganho de peso diário acima de 1,4 kg por animal (EMBRAPA, 2014). 

Foi observado um ganho de peso total (kg) e em arrobas (@) de aproximadamente 107,0 e 3,57, respectivamente, em 70 dias de confinamento. Estes números indicam um ganho médio diário (GMD) de 1,530 kg (Tabela 1). Missio et al. (2009) observaram uma GMD de 1,43kg, com nível de concentrado de 79%. No entanto, em trabalhos realizados por Mandarino (2013) com dieta contendo 85% de milho grão inteiro e 15% de concentrado em pellets observaram GMD de 1,37kg, valores estes inferiores aos encontrados neste trabalho.

Em sistema de confinamento animal com dieta a de sorgo em grão, Restle et al. (2001) pode observar que os animais confinados apresentaram resultados semelhantes aos experimentos realizados com dieta com milho grão. Sendo assim os alimentos do tipo concentrado, são mais abundantes nas práticas de confinamento de bovinos.

É de fundamental importância entender as forças de mercado que dão origem à formação e transmissão de preços de produtos agropecuários. A variação no mercado de commodities está relacionado desde a produção e produtividade agrícola como o mercado internacional, impulsionado pelo crescimento de sua demanda nos países com elevada demanda imediata e possível aumento de suas reservas para o período de entressafra (BALARIE, 2007).

Mediante conceito exposto por Balarie (2007), e através de cotações realizadas em todo período experimental (2014), contemplando os quatro trimestres comerciais no mesmo período no Município de Guanambi-BA, pode-se observar uma variação de preços nas commodities pertencentes ao mercado agropecuário, utilizadas para realização do presente estudo (Figuras 2 e 3).

Não foi observado diferença (p>0,01) no preço do milho grão entre o primeiro (1º) e segundo (2º) trimestre nas diferentes praças comerciais estudadas em 2014 (Tabela 2), observando o mesmo comportamento (p>0,01) entre o terceiro e quarto trimestre. Entretanto, houve efeito (p>0,01) entre o 2º e 4º trimestre, ficando o terceiro 3º trimestre com um valor inferior (p>0,01) aos demais trimestres do ano.

Os maiores valores observados no 1º e 2º trimestre podem ser explicados pela baixa oferta de mercado, onde a commodity está em faze final de colheita e processamento. Esse comportamento agrega valor comercial à mesma, devido sua oferta temporária reduzida.

Foi observado um menor valor (p<0,01) do boi magro no 1° trimestre, resultado justificado por conta da maior oferta de boi gordo verificada nesta época. Percebe-se que o valor boi gordo e do boi magro andam em sincronia no decorrer do ano (Tabela 2), ficando estes, mais baratos no início do período, devido à maior oferta de animais no mercado. Este comportamento pode estar relacionado à maior disponibilidade de alimentos do tipo volumoso neste período, já que estes são mais utilizados para a criação de bovinos por parte da maioria dos criadores, em virtude dos altos custos com grão e alimentos proteicos (concentrado) (LEME, 2003).

Não houve efeito (p>0,01) entre o 2° e 3° trimestre, ficando o 4° período com a maior representatividade de preços (p<0,01) cotados no ano calendário. Sendo assim, Ribeiro (2014) relata que é imprescindível um bom planejamento da atividade, analisando as oscilações nos preços das commodities agrícolas, para que possa garantir bons resultados econômicos, já que estes são influenciados pelas variações de preços dos insumos e do produto final.

Os custos totais apresentaram semelhança (p>0,01) no 2° e 3° trimestre, por outro lado os mesmos tratamentos diferiram estatisticamente (p<0,01) dos demais trimestres estudados em 2014. O 4° trimestre apresentou os maiores (p<0,01) custos, dessa forma pode-se afirmar que o resultado verificado é explicado por conta dos custos com aquisição de animais (boi magro), que tendem a serem maiores neste período, e por representar o maior custo de produção de bovinos em sistema de confinamento.

O alto percentual de custos com animais deverá ser observado com maior zelo pelo pecuarista, pois uma pequena economia pode representar uma redução considerável nos custos operacionais efetivos (COE), que posteriormente reflete na lucratividade e rentabilidade.

 Nesta asserção, a viabilidade da pecuária de corte depende diretamente da economia em escala, sendo que a mesma opera com margens de lucro mais reduzidas. Desta forma, a busca pela redução dos custos de produção deve depender não apenas do menor custo de alimentação, mas da utilização de tecnologias que permitam maior economicidade e posteriormente na maior rentabilidade (MORAES, 2010).

Os resultados obtidos na receita líquida de cada trimestre (Tabela 2) mostram que não houve diferença (p>0,05) nos três primeiros períodos do ano, havendo uma diferença (p<0,05) apenas no 4° intervalo quando os preços do boi gordo tendem a ser mais elevados neste período do ano. Verifica-se que outra grande influência consubstanciada neste tratamento estudado, foi ocasionada, em virtude do boi magro e milho grão utilizados no processo produtivo serem adquiridos em trimestre anterior à venda do boi gordo.

No que concerne às commodities, custos totais e receita líquida (R$) por trimestre anual nas diferentes praças estudadas, percebe-se que Guanambi-Ba apresentou o maior (p<0,01) preço do milho grão nas diversas praças estudas em 2014, e logo em seguida a região oeste da (Bahia) (Tabela 3). Na região Centro-Oeste do Brasil, Goiás foi o estado com maior (p<0,01) representatividade de preço do concentrado, não diferindo (p>0,01) estaticamente da região sul (Paraná). Em contrapartida, o Mato Grosso foi a praça que obteve a menor (p<0,01) cotação do milho e também das demais praças estudadas. Todos os tratamentos referentes ao preço anual do boi magro nos locais estudados foram semelhantes, não observando resultado significativo (p>0,05).

Referindo-se à commodity do boi gordo, Paraná é o estado que obteve maior (p<0,01) preço de @ no mercado. Os custos totais não diferiram (p>0,01), portanto pode-se visualizar que o Paraná foi a praça em que apresentou a maior receita liquida na operação.  De acordo com os resultados apresentados nas praças estudadas, compreende-se que o Brasil apresenta diversas especulações mercadológicas diferentes no decorrer do ano.

Embora observado uma valorização de todas as commodities no período da venda, e o ágio alcançado com a venda de boi gordo nesta época do ano, é importante salientar que em sistema de produção animal intensivo, existem várias acepções quanto às probabilidades de estratégias de produção de carne bovina, podendo comprovar essa premissa por meio da estratégia da aquisição das commodities em intervalo antecessor ao da atividade do confinamento por meio de dieta de alto grão.

Assim posto, o planejamento da atividade é necessário, seja para antecipar os movimentos de altas e de baixas dos preços, seja para assegurar melhores ganhos. Portanto a máxima concepção das variantes mercadológicas, juntamente com o estudo dos custos da atividade, naturalmente irão auxiliar na viabilidade econômica da operação e em seguida no empreendedorismo.

Observou-se que os preços das commodities agrícolas, são sempre influenciadas pelas condicionantes regionais, micro e macroeconômicas que regulam o mercado, seja por fatores climatológicos que propiciam ou desfavorecem a produção de um determinado bem. Portanto Missio et al., (2009) frisam que as variações impostas pelas diferentes regiões do país, é o principal oficio a ser observado pelo produtor antes de iniciar qualquer atividade numa determinada região.



Conclusões

Pode-se concluir que as cotações das commodities na programação pecuária, exercem grande influência no estudo da rentabilidade, pois demonstra o quanto os fatores condicionantes de mercado e climatológico influenciam na representatividade dos preços das praças estudadas.

Mediante avaliação periódica, conclui-se que o quarto trimestre é o melhor período para a prática do confinamento no Brasil. Embora todas as praças estudadas apresentarem rentabilidade, o estado do Paraná foi o local em que apresentou maior viabilidade econômica na prática de confinamento de bovinos com dietas de alto grão.   



Gráficos e Tabelas




Referências

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