Associação entre fontes protéicas energética em suplementos para ovinos consumindo forragem tropical: indicadores nutricionais
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar suplementos combinando fontes de proteína verdadeira ou nitrogênio não proteico (farelo de soja e uréia) a fontes de energia de origem amilacea e fibrosa (milho ou casca de soja), além da mistura mineral (testemunha), para ovinos consumindo forragem tropical, sob os indicadores nutricionais. O experimento teve duração de 70 dias e foram utilizados cinco borregos, não castrados. Todos os animais receberam como volumoso, Capim Marandu. O suplemento foi fornecido diariamente as 10:00 horas. A suplementação não alterou o teor de nutrientes digestíveis totais da dieta e na excreção fecal. O uso da mistura mineral proporcionou menor teor de proteína bruta da dieta em relação aos animais suplementados com os diferentes concentrados, sendo os valores encontrados para essa variável respectivamente de 9,22; 12,38; 12,48; 12,76 e 13,54 para os suplementos mistura mineral, farelo de soja e milho, farelo de soja e casca de soja, uréia e casca de soja e uréia com milho.
Association between protein and energy sources in sheep supplements consuming tropical forage: nutritional indicators
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate supplements combining sources of true protein or non-protein nitrogen (soybean meal and urea) to energy sources of amylaceous and fibrous origin (corn or soybean hulls), as well as the mineral mixture (control) for sheep consuming fodder Tropical, under the nutritional indicators. The experiment lasted 70 days and five lambs, not castrated, were used. All the animals received as voluminous, Capim Marandu. The supplement was provided daily at 10:00 am. Supplementation did not alter the total digestible nutrient content of the diet and faecal excretion. The use of the mineral mixture provided lower crude protein content of the diet in relation to the animals supplemented with the different concentrates, being the values found for this variable respectively of 9,22; 12.38; 12.48; 12.76 and 13.54 for supplements mineral mix, soybean meal and corn, soybean meal and soybean hull, urea and soybean hull and urea with corn.Introdução
Notadamente plantas forrageiras tropicais estão sujeitas as mudanças climáticas inerentes a região dos trópicos em que se encontram. Assim, a suplementação com energia seria a primeira saída para corrigir as deficiências nutricionais de um animal consumindo forragem tropical de baixa qualidade. Em contraponto a essa afirmação, Carvalho et al., (2011), suplementando borregos mantidos em pastos de Brachiaria brizantha cv. marandu na época da seca (forragem de baixa qualidade), com energia e/ou proteína encontrou valores para ganhos de peso de -8 g/dia-1 e 77 g/dia-1 respectivamente, demonstrando que essa diferença se deu em função do maior aporte de nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3), proporcionado pelo suplemento proteico em relação ao energético, 7,36 e 24,50 mg de N-NH3/dl, quatro horas após a suplementação. Para Lazzarini et al., (2009), suplementando animais consumindo forragem de baixa qualidade e recebendo suplementação protéica de maneira a proporcionar níveis de proteína bruta próximos a 8% da dieta consumida pelos animais, com base na matéria seca, são necessários para que os microrganismos ruminais apresentem capacidade plena de utilização dos componentes fibrosos de forragem basal. Objetivou-se avaliar os efeitos da associação entre fontes de proteína verdadeira e nitrogênio não proteico (farelo de soja e uréia) a fontes energéticas amilacea e fibrosa (milho e casca de soja), em suplementos para ovinos consumindo forragem tropical sob os indicadores nutricionais.Revisão Bibliográfica
Segundo GALVANI (2011), a eficiência produtiva e econômica dos sistemas de produção animal depende, em grande parte, do uso de medidas racionais de manejo, sobretudo no tocante a nutrição dos animais. Nesse sentido o acurado conhecimento das exigências nutricionais permite um melhor ajuste da oferta de nutrientes à demanda animal, e a maximização da eficiência de uso dos nutrientes nos diferentes sistemas de produção. Dessa forma, a intensificação dos sistemas produtivos observada nos últimos anos tem estimulado a realização de inúmeros trabalhos visando gerar tecnologias que permitem otimizar a resposta animal frente a diferentes condições de meio. Especificamente no campo da nutrição, o avanço obtido é bastante expressivo e transita pelo melhor conhecimento do processo digestivo, das características dos alimentos disponíveis, da dinâmica de crescimento do animal e dos processos de alimentação. O pasto deve ser entendido como recurso nutricional basal de elevada complexidade, uma vez que sua capacidade de fornecimento de substratos para produção animal varia qualitativa e quantitativamente ao longo do ano em função, principalmente, da influência de variáveis climáticas, como precipitação, temperatura e radiação solar. Logo, considerando-se que a produção deve ocorrer de forma contínua, conhecimentos e recursos devem ser direcionados para suprimir a descontinuidade ou variabilidade no suprimento de recursos basais. A ação mútua entre recursos basais e suplementares sobre as características de produção animal é definida, por um processo interativo. Assim, o produto animal construído não pode ser entendido somente a partir da soma das características nutricionais isoladas de ambos os recursos, uma vez que os mesmos interferem mutuamente entre si, alterando a forma como são aproveitados pelo sistema biológico representado pelo trato digestivo do animal ruminante (Detmann et al., 2008).Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da UFMT com inicio em Dezembro de 2014 e término em Fevereiro de 2015, com total de 70 dias experimentais, divididos em cinco períodos de 14 dias. Foram utilizados cinco borregos. Foram avaliados suplementos combinando fontes de proteína verdadeira ou ureia a fontes de energia de origem amilacea e fibrosa, fornecidos a 0,1 kg animal/dia (Tabela 1), e a mistura mineral fornecida ad libitum. Todos os animais receberam como volumoso Capim Marandu picada, ofertado duas vezes ao dia, às 08:00 e 17:00 horas. O consumo de forragem e suplemento foi determinado pela diferença o fornecido e as sobras. Tabela 1. Composição percentual dos suplementos com base na matéria natural.
Ingredientes |
Suplementos | ||||
MM |
FS-MIL | FS-CS | URE-MIL |
URE-CS |
|
Farelo de soja |
- |
60,00 | 60,00 | - |
- |
Milho grão moído |
- |
35,00 | - | 86,00 |
- |
Casca do grão de soja |
- |
- | 35,00 | - |
86,00 |
Uréia+sulf. de amônio (9:1) | - | - | - | 9,00 |
9,00 |
Mistura mineral¹ |
100 | 5,00 | 5,00 | 5,00 |
5,00 |
Resultados e Discussão
O teor médio de PB da Brachiaria brizantha cv. Marandu (Tabela 2) situou-se em 8,87%, acima dos patamares mínimos (7-8% PB) necessários para que os microrganismos ruminais apresentem plena capacidade de degradação dos substratos fibrosos da forragem (Lazzarini et al., 2009). Tabela 2. Composição bromatológica dos suplementos e forragem
Nutrientes |
Suplementos | Forragem | ||||
MM |
FS-MIL | FS-CS | URE-CS |
URE-MIL |
||
MS (% da MN) |
95,68 |
90,18 | 88,72 | 87,29 | 87,51 |
25,65 |
PB1 |
- |
30,85 | 36,00 | 38,06 |
37,91 |
8,87 |
FDN1 |
- | 10,71 | 24,98 | 48,67 | 10,12 |
64,78 |
Variáveis1 |
Suplementos experimentais |
EPM2 |
p-valor |
||||
MM |
FS-MIL | FS-CS | URE-CS |
URE-MIL |
|||
Indicadores nutricionais |
|||||||
NDT dieta (%) |
57,503 |
61,062 | 62,684 | 56,281 |
58,032 |
1,320 |
0,2419 |
PB dieta (%) |
9,227b |
12,381a | 12,482a | 12,765a |
13,540a |
0,751 |
0,0005 |
EF (kg de MS) |
0,251 |
0,297 | 0,225 | 0,291 |
0,258 |
0,012 |
0,1996 |