Avaliação da suplementação de fonte orgânica de minerais sobre as medidas ósseas, resistência à quebra e deposição de minerais na tíbia de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade

Thaís Lina Taniguti1, Mayra Vissotto Ribeiro2, Fernanda Kaiser de Lima3, Djovani Augusto Pazdiora4, Erica de Jonge Ronconi5, Daiane Horn6, Heloísa Laís Fialkowski Bordignon7, Jovanir Inês Müller Fernandes8
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RESUMO -

O objetivo do trabalho foi suplementar dietas comerciais para frangos de corte com fontes inorgânicas e orgânicas de minerais. Foram utilizados 900 pintos de corte machos divididos em 2 tratamentos: dieta suplementada com fontes inorgânica e dieta suplementada com fonte orgânica de minerais, nove repetições de 50 aves cada. Aos 21 dias de idade foram sacrificadas 36 aves por tratamento e coletada a tíbia para medidas ósseas, resistência óssea e deposição de minerais na tíbia. A suplementação das dietas com minerais orgânicos não alterou as medidas ósseas e resistência óssea à quebra em comparação com a dieta controle suplementada com minerais inorgânicos. A deposição de cobre e manganês na tíbia dos frangos suplementados com fonte inorgânica de minerais foi maior em relação a fonte orgânica.

Palavras-chave: biodisponibilidade1, integridade óssea2, minerais3, espessura do osso4

Evaluation of organic mineral source supplementation on bone measurements, breakage resistance and mineral deposition in the tibia of broilers from 1 to 21 days of age

ABSTRACT - The objective this study was to supplement commercial diets for broilers with inorganic and organic mineral sources. 900 male chicks were divided in two treatments: diet supplemented with inorganic sources and diet supplemented with organic mineral source, nine replicates of 50 birds each. At 21 days of age, 36 birds/treatment were sacrificed and collected the tibia for bone measurements, bone resistance and deposition of minerals in the tibia. Dietary supplementation with organic minerals did not affect bone measurements and bone strength compared to the control diet supplemented with inorganic minerals. The deposition of copper and manganese in the tibia of the chickens supplemented with an inorganic source of minerals was higher than the organic source.
Keywords: bioavailability1, bone integrity2, minerals3, bone thickness4


Introdução

No último ano, o Brasil se consolidou como o segundo maior produtor de carne de frango do mundo, com produção de 13,146 milhões de toneladas (ABPA, 2016). Atualmente 30% do consumo de carne global é de carne de frango e com previsão de um crescimento mais rápido do que as demais carnes. As exigências por qualidade estão cada vez mais consideradas e nem sempre há um entendimento completo pelo consumidor sobre alguns aspectos, como a coloração mais escura na carne adjacente aos ossos das coxas e sobrecoxas, principalmente após o cozimento de carnes congeladas. A maior biodisponibilidade das fontes orgânicas de minerais permite que elas sejam incluídas na dieta em concentrações mais baixas, sem efeitos negativos sobre o desempenho das aves e o meio ambiente. Por outro lado, a inclusão dessas fontes em níveis maiores podem melhorar o entendimento da complexa participação dos minerais em inúmeros sistemas enzimáticos e metabólicas (RICHARDS et al., 2010). Essa inovação pode trazer benefícios à saúde do consumidor e um aumento na lucratividade das empresas produtoras de alimentos, uma vez que eleva o valor agregado dos produtos (BRÖRING, 2010). Portanto, produzir carne de frangos suplementados com minerais pode ser mais um atributo muito atraente para a cadeia avícola. O objetivo do trabalho foi avaliar a suplementação das dietas com fonte orgânica de minerais sobre as medidas ósseas, resistência à quebra e deposição de minerais na tíbia de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade.  

Revisão Bibliográfica

Atualmente, a velocidade de crescimento, a conversão alimentar e composição de carcaça dos frangos são muito diferentes daquelas do passado. Estas diferenças não têm sido consideradas nas recomendações de exigências de minerais para os frangos. Neste contexto, o conhecimento das exigências nutricionais de minerais e vitaminas tem um interesse particular por serem nutrientes essenciais para o desenvolvimento animal por participarem como cofatores em reações metabólicas e permitir a maior eficiência dos sistemas de síntese no organismo animal (RUTZ et al., 2002), o que pode impactar o crescimento muscular e a deposição de proteína corporal. Existem outros problemas que apresentam bastante relevância, no que diz respeito a aceitação por parte de consumidor, envolvendo qualidade óssea das aves como é o caso de animais acometidos por discontroplasia tibial, o ratiquitismo e a condrodistrofia, que possuem alem do componente genético e de fatores ainda não totalmente esclarecidos, aspectos nutricionais associados as anomalias. Edwars (2000) relata que a literatura científica aponta evidências de que pode haver o envolvimento de, pelo menos, 8 vitaminas, 13 minerais e 6 aminoácidos com estes problemas. Em função desse descompasso, entre estudos e exigência, nutricionistas frequentemente utilizam níveis mais elevados de minerais, grande parte das vezes baseado em seu próprio conhecimento prático. Isto funciona, mas há o risco de uma interação adversa entre minerais e uma maior excreção dos níveis excessivos ao meio ambiente, o que gera aumento do custo de produção (LEESON, 2008; RUTZ e MURPHY, 2009). A incorporação de minerais na dieta, como Cu, Fe, Mn e Zn, é essencial para o crescimento de frangos de corte em razão de seu envolvimento em muitos processos fisiológicos e de biossíntese, atuando principalmente como catalisadores enzimáticos intracelulares ou como constituintes de enzimas. Os microelementos citados constituem várias proteínas envolvidas no metabolismo intermediário, em vias de secreção hormonal e no sistema imunológico (DIECK et al., 2003). Esses ajustes se tornam cruciais dentro de uma cadeia como a avícola, onde gramas de produto final exercem um impacto econômico significativo no setor financeiro a nível mundial. Vale ressaltar que os critérios de qualidade da carne de frango devem ser mantidos até chegar aos frigoríficos exportadores do Brasil e à mesa do consumidor.

Materiais e Métodos

Foram utilizados 900 pintos de corte machos da linhagem Cobb Slow, divididos em 2 tratamentos: dieta suplementada com fontes inorgânica e dieta suplementada com fonte orgânica de minerais, nove repetições de 50 aves cada. As aves foram alojadas sobre cama de maravalha reutilizada (5 o lote) em boxes de 3,50 m 2 (14,28 aves por m 2 ). Aos 21 dias de idade foram sacrificadas 36 aves por tratamento e coletada a tíbia para as análises de qualidade óssea. Após remoção de todo tecido aderente da perna esquerda, a tíbia foi pesada, e mensurados o comprimento e diâmetro, com auxílio de um paquímetro digital (mm). As mesmas tíbias esquerdas foram submetidas ao ensaio de flexão à taxa de deformação constante para material visco-elástico, com equipamento de ensaio da marca Texture Analyser, com célula de carga de 500kg, velocidade do cabeçote de 10 mm/seg. As tíbias direitas das aves foram mantidas 12 h em estufa (100 e 103°C).Posteriormente foram submetidas à extração de gordura por tratamento sucessivo em éter de petróleo por 8 h, em seguida, secos novamente por 12 h em estufa mantida entre 100 e 103°C, pesados e calcinados em forno mufla a 600°C por 12 h para determinação do teor de cinzas ósseas e deposição de minerais. Os resultados obtidos no experimento foram tabulados e analisados utilizando-se análise de variância (ANOVA) do procedimento General Lineal Model (GLM) com auxílio do programa estatístico SAS (2002, SAS Institute Inc., Cary, NC).

Resultados e Discussão

Na Tabela 1 pode ser observados os dados referentes às medidas ósseas e resistência óssea à quebra. Não houve diferença estatística (p>0,05) para nenhum dos parâmetros avaliados. A deposição de minerais avaliados na tíbia dos frangos de corte (Tabela 2) não foi influenciada pelas fontes de minerais, com exceção ao cobre e manganês, cuja deposição foi maior (p<0,05) pelo uso da fonte inorgânica. Além da suplementação dietética de fontes minerais mais disponíveis, a melhoria da qualidade óssea dos frangos de corte pode ser obtida, a longo prazo pelos programas de melhoramento genético (WHITEHEAD, 2009; KORVER, 2010). Encontrar estratégias nutricionais, genética e/ou de manejo é uma necessidade para que haja melhoras na produção dos produtos de origem animal, como carne, ovos e leite tanto a nível quantitativo bem como qualitativo (VIGNALE et al., 2015). A maior biodisponibilidade das fontes orgânicas de minerais permite que elas sejam incluídas na dieta em concentrações mais baixas, sem efeitos negativos sobre o desempenho das aves e o meio ambiente. Neste sentido, é necessário avaliar a substituição de minerais inorgânicos por orgânicos em níveis maiores ou totais para o melhor entendimento da relação dos minerais com imunomoduladores dietéticos. Estes conceitos são muito importantes considerando que a indústria avícola moderna está cada vez mais comprometida com as questões ambientais, de segurança alimentar e sustentabilidade.

Conclusões

A suplementação das dietas com minerais orgânicos não alterou as medidas ósseas e resistência óssea à quebra em comparação com a dieta controle suplementada com minerais inorgânicos. A deposição de cobre e manganês na tíbia dos frangos suplementados com fonte inorgânica de minerais foi maior em relação a fonte orgânica.

Gráficos e Tabelas




Referências

ABPA: Associação Brasileira de Proteína Animal. Avicultura em 2010: Exportações e produção, 2011. Acesso em: www.abpa.com.br acesso em 24/01/2016. BRÖRING, S. 2010.Innovation strategies for functional foods and supplements. Challenges of the positioning between foods and drugs. Food Science and Technology (IFST), Sheffield, v. 7, n. 8, p.111-123. DIECK, H.T.; DORING, F.; ROTH, H.P.; DANIEL, H. 2003. Changes in rat hepatic gene expression in response to zinc deficiency as assessed by DNA arrays. J. Nutr., v. 133, p.1004–1010. EDWARS JUNIOR, H.M. 2000. Nutrition and skeletal problems in poultry. Poultry Science, Champaign, v. 79, n.7, p. 1018–1023. KORVER, D. 2010. Reducing the incidence of black bone. World poultry, v. 26, p. 36-38. LEESON, S. 2008. Trace minerals in poultry nutition-2. Copper and zinc – the next pollution frontier. World Poultry, v. 3, p. 14-16. RICHARDS, J.D; ZHAO, J.; HARRELL, R.J.; ATWELL, C.A.; DIBNER, J.J. 2010. Trace mineral nutrition in poultry and swine. Asian-Aust. J. Anim. Sci., v. 23, p.1527– 1534. RUTZ F. Impacto da nutrição vitamínica sobre a resposta imunológica das aves. In: Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 3; 2002; Chapecó. Resumos... p.1-15. RUTZ, F. E MURPHY, R. 2009. Minerais orgânicos para aves e suínos. I Congresso Internacional sobre Uso da Levedura na Alimentação Animal CBNA. Campinas, SP, p. 21-36. VIGNALE K.; GREENE E.S.; CALDAS J.V.; ENGLAND J.A.; BOONSINCHAI N.; SODSEE P.; POLLOCK E.D.; DRIDI S.; COON C.N. 2015. 25-hydroxycholecalciferol enhances male broiler breast meat yield through the mtor pathway. Journal of nutrition, v.145, p.855–863. WHITEHEAD, C. 2009. The black bone syndrome in broilers. Int. Hatch. Pract., v.23, n.8, p.7-9.