AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DE FONTE ORGÂNICA DE MINERAIS SOBRE O DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE DE 1 A 21 DIAS DE IDADE

Sabrina Castro Palma1, Mayra Vissoto Ribeiro2, Lucas kind Alvares3, Jonas Rodrigo Layter4, Regina Buzin5, Eliana Thais Riffel6, Elisangela Vanroo7, Jovanir Inês Muller Fernandes8
1 - Universidade Federal do Paraná
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RESUMO -

O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de frangos de corte, suplementados com fontes inorgânicas e orgânicas de minerais. Foram utilizados 900 pintos de corte machos divididos em 2 tratamentos: dieta suplementada com fontes inorgânica e dieta suplementada com fonte orgânica de minerais, contendo nove repetições de 50 aves cada. Todas as aves dos tratamentos foram pesadas semanalmente, assim como a sobra de ração fornecida, para a avaliação do peso médio, ganho de peso, ganho médio diário, consumo de ração e conversão alimentar. A suplementação da dieta com fonte minerais orgânicos resultou em maior peso e ganho de peso até os 14 dias de idade dos frangos de corte, e melhor conversão alimentar ao final da primeira semana. Para o período total avaliado de 1 a 21 dias, ambas fontes minerais resultaram em desempenho produtivo semelhante.

Palavras-chave: Dieta, biodisponibilidade, excretas

ASSESSMENT OF ORGANIC MINERAL SUPPLEMENTATION ON PERFORMANCE OF BROILERS 1 TO 21 DAYS OF AGE

ABSTRACT - The aim of this study was to evaluate the performance of broilers supplemented with inorganic and organic mineral sources. 900 male chicks were divided in two treatments: diet supplemented with inorganic sources and diet supplemented with organic mineral sources, containing nine replicates of 50 birds each. All birds were weekly weighed, as well as the leftover feed to evaluate the average weight, weight gain, daily average gain, feed intake and feed conversion. Dietary supplementation with organic mineral sources resulted in greater weight and weight gain up to 14 days of age, and better feed conversion at the end of the first week. For the whole trial from 1 to 21 days, both mineral sources resulted in similar productive performance.
Keywords: Diet, Biodisponibility, Excreta


Introdução

A cadeia avícola vem fazendo grandes investimentos em alguns setores, como: melhoramento de linhagens e insumos, investimentos em tecnologias de automatização do sistema produtivo, controle das condições sanitárias de criação, aperfeiçoamento de pessoal quanto ao manejo das aves, além do sistema de produção integrado (MAPA, 2012). Diante de todos esses investimentos e pesquisas, o frango de corte atingiu um ótimo desempenho, porem, exigindo desta forma maiores níveis de minerais na dieta, e com maior biodisponibilidade. As fontes orgânicas de minerais podem ser melhor  aproveitadas pelo animal, devido as menores perdas decorrentes de interações e antagonismo entre minerais, formação de complexos indisponíveis e consequente redução da absorção, além da menor excreção no meio ambiente e menores riscos de contaminação por metais pesados. A suplementação de níveis adequados de minerais na dieta é essencial para o crescimento de frangos de corte em razão de seu envolvimento em muitos processos fisiológicos e de biossíntese, funcionando principalmente como catalisadores enzimáticos intracelulares ou como partes constituintes de enzimas, e constituindo várias proteínas envolvidas no metabolismo intermediário, em vias de secreção hormonal e no sistema imunológico (DIECK et al., 2003). O objetivo do trabalho foi avaliar a suplementação de fonte orgânica de minerais sobre o desempenho de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade.

Revisão Bibliográfica

Os minerais possuem funções metabólicas incluindo a resposta imune, reprodução e crescimento. Sua ação primária é a de catalista em sistemas celulares enzimáticos. Nestes, os minerais agem principalmente em associações com proteínas como proporção fixa de metalenzimas em que a interação entre minerais e enzimas melhora as atividades catalíticas das mesmas (VIEIRA, 2008). Formas inorgânicas de microminerias podem ser usadas na dieta, mas a baixa disponibilidade faz que o excesso seja eliminado nas excretas pelo baixo aproveitamento pelas aves. Por esses motivos os minerais orgânicos aparecem como uma boa alternativa, estudos mostram que eles têm maior biodisponibilidade, e utilizam outras rotas diferente que os minerais inorgânicos, não interagindo com outros componentes da dieta, por isso seu uso vem sendo crescente na avicultura (BARROS, 2012). No intestino delgado, o transporte dos íons para o interior da célula ocorre por difusão passiva ou pelo transporte ativo, entre tanto, para que isso ocorra estes íons necessitam estar atrelados a um agente ligante ou molécula transportadora que permita a passagem através da parede intestinal. Caso não haja esse agente carreador disponível no intestino, esses íons acabam sendo excretados ou gerar desequilíbrios que podem acarretar em redução na absorção de outros minerais através de antagonismo (BORGES, 2010). Na forma orgânica, os minerais são absorvidos pelos carreadores intestinais de aminoácidos e peptídeos e não pelos transportadores intestinais clássicos de minerais nas bordas em escova, atravessam as barreiras e  assim não sofrem competição por já possuírem seu próprio aminoácido ao entrar no trato digestivo. Devido à sua forma de ligação, o mineral metálico é quimicamente inerte, assim também não interage com os íons metálicos livres. Desta forma é absorvido, passando diretamente para o plasma através das células da mucosa intestinal e sua ligação permanece inalterada. A separação do aminoácido quelante irá acontecer no local em que o mineral será usado (BORGES, 2010 e RUTZ, 2009). Nesse sentido, minerais orgânicos, íons metálicos ligados a uma molécula orgânica que lhe confere melhor absorção, vem sendo estudados para amenizar o problema de complexação e propiciar melhor metabolismo, desempenho, qualidade de carne e qualidade óssea aos animais. A suplementação das dietas com fontes de minerais orgânicos permite a inclusão de menores níveis, com consequente menor excreção e poluição do meio ambiente (VIEIRA, 2016).

Materiais e Métodos

O experimento foi executado no aviário experimental da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. Foram utilizados 900 pintos de corte machos da linhagem Cobb Slow, divididos em 2 tratamentos: dieta suplementada com fontes inorgânica e dieta suplementada com fonte orgânica de minerais, com nove repetições de 50 aves cada. As aves foram alojadas sobre cama de maravalha reutilizada (5o lote) em boxes de 3,50 m2 (14,28 aves por m2), e mantidas em temperatura de conforto térmico conforme a idade, com uso de exaustores, placas evaporativas e aquecimento através de campânulas elétricas. As dietas, à base de milho e farelo de soja, foram formuladas de acordo com os valores de composição química dos alimentos e as recomendações nutricionais adotadas pelas integrações avícolas da região. O premix mineral na forma orgânica e inorgânica foram incluídos de acordo com os tratamentos na dose de 5kg/ton. As aves foram pesadas semanalmente, assim como a sobra de ração fornecida, para a avaliação do peso médio, ganho de peso, ganho médio diário, consumo de ração e conversão alimentar. A conversão alimentar foi corrigida pela mortalidade semanal das aves conforme metodologia escrita por Sakomura e Rostagno (2007). O registro da mortalidade diária foi utilizado também para o cálculo da viabilidade. Os resultados obtidos no experimento foram tabulados e analisados utilizando-se análise de variância (ANOVA) do procedimento General Lineal Model (GLM) com auxílio do programa estatístico SAS (2002, SAS Institute Inc., Cary, NC).

Resultados e Discussão

Na Tabela 1, são apresentados os resultados de peso médio, ganho de peso médio, consumo de ração e conversão alimentar avaliados aos 07, 14 e 21 dias de idade das aves. Houve efeito significativo (p<0,05) dos tratamentos no peso médio aos 7 e aos 14 dias de idade, onde a suplementação com a fonte de minerais orgânicos resultou em maior peso vivo em relação à fonte inorgânica. Entretanto, aos 21 dias de idade, não foi observada diferença significativa entre os tratamentos. Esse mesmo resultado é observado para o ganho de peso. Para consumo de ração não houve nenhum efeito significativo (p>0,05) para nenhuma das idades avaliadas. Aos 7 dias, houve diferença estatística (p<0,05) para a conversão alimentar. Aves que receberam dietas com minerais orgânicos apresentaram melhor conversão alimentar em relação às aves que receberam dietas com fonte inorgânica. Os estudos a cerca da suplementação mineral em dietas para frangos de corte nem sempre apresentam resultados consistentes, especialmente em relação aos índices de desempenho (FUNARI JUNIOR, 2010; CARVALHO et al., 2015). No entanto, a maioria dos resultados obtidos indicam que os minerais quando fornecidos na forma orgânica são eficazes e podem substituir, com vantagens, formas inorgânicas de minerais. Um dos principais benefícios é a inclusão em níveis mais baixos na forma orgânica, o que pode reduzir o teor de minerais nas excretas das aves (ŚWIĄTKIEWICZ et al., 2014). A suplementação das dietas com minerais orgânicos em substituição aos convencionais inorgânicos já é uma ferramenta amplamente estudada visto que a ligação com uma molécula orgânica oferece maior estabilidade e maior biodisponibilidade. Devido à proteção bioquímica, o mineral metálico é quimicamente inerte e não interage com os íons metálicos livres, resultando em melhor desempenho, maior absorção e utilização e menor impacto ambiental devido à menor excreção de minerais (ARAUJO et  al., 2008; RICHARDS et al., 2010; ŚWIĄTKIEWICZ et al., 2014;  ELKHAIREY et al., 2015).  

Conclusões

A suplementação da dieta com fonte minerais orgânicos resultou em maior peso e ganho de peso até os 14 dias de idade dos frangos de corte, e melhor conversão alimentar ao final da primeira semana. Para o período total avaliado de 1 a 21 dias, ambas fontes minerais resultaram em desempenho produtivo semelhante.

Gráficos e Tabelas




Referências

VIEIRA, R. A. Organominerais na alimentação de frangos de corte. 2015. 66 f. Tese (Doutorado) - Curso de Zootecnia, Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa - Mg, 2015. Cap. 1. Disponível em: . Acesso em: 07 de novembro de 2016. MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Estatísticas do Agronegócio Brasileiro. Brasil projeções do agronegócio 2011/2012 a 2021/2022. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/ Dieck, H.T.; Doring, F.; Roth, H.P.; Daniel, H. 2003. Changes in rat hepatic gene expression in response to zinc deficiency as assessed by DNA arrays. J. Nutr., v. 133, p.1004–1010. Vieira, S. L.; Chelated minerals for poultry. Revista Brasileira de Ciencia Avícola, v.10, p.73-79, 2008. Barros, R. Uso de Minerais orgânicos na avicultura. Monografia(Graduacao) – Curso de Medicina Veterinaria, Universidade Federal do rio Grande do Sul. Porto Alegre. 2012. Borges, C.A.Q. Uso de Minerais Orgânicos na Avicultura – artigos técnicos  Publicado: 02/08/2010. Disponivel em: <http://pt.engormix.com/MA-avicultura/nutricao/artigos/uso-minerais-organicos-avicultura-t298/141-p0.htm>. Acesso em 11 de janeiro de 2015. Rutz, F. e Murphy, R. 2009. Minerais orgânicos para aves e suínos. I Congresso Internacional sobre Uso da Levedura na Alimentação Animal CBNA. Campinas, SP, p. 21-36. Funari Júnior. P.; Albuquerque, R.; Alves, F. R.; Murarolli, M. D. A.; Trindade Neto, M. A.; Silva, E. M. 2010. Diferentes fontes e níveis de selênio sobre o desempenho de frangos de corte. Brazilian journal veterinary research animal science, são paulo, v. 47, n. 5, p. 380-384. Carvalho, G.B.; Lopes, J.B.; Silva, S.R.G.; Dourado, l.R.B.; Miranda, D.F.H.; Costa, F.A.L. 2015. Desempenho, morfometria duodenal e histopatologia do fígado de frangos de corte alimentados com dietas contendo diferentes níveis de selênio orgânico em condições de estresse calórico. Rev. Bras. Saúde prod. Anim., salvador, v.16, n.2, p.365-376. Światkiewicz, S., Arczewska-Włosek, A.; Józefiak, D.  2014. The efficacy of organic minerals in poultry nutrition: review and implications of recent studies. World's Poultry Science Journal, v. 70 / n. 03, p. 475-486 Araujo, J.A; Silva, J.H.V; Amâncio, A.L.L; Lima, C.B; Oliveira, E.R.A. 2008. Fontes de Minerais para Poedeiras, Acta Veterinária Brasilica, v.2, n.3, p.53-60. Richards, J.D; Zhao, J.; Harrell, R.J.; Atwell, C.A.; Dibner, J.J. 2010. Trace mineral nutrition in poultry and swine.Asian-Aust. J. Anim. Sci., v. 23, p.1527– 1534. Elkhairey, M.A.E; Yao, J.; Ishag, H.Z.A; Elhashmi, Y.H.A. 2015. Effect of Dietary Zinc and Manganese on Performance, Skin Quality and Meat Quality of Broilers: A review. Veterinaria, v. 3, n.2, p. 1-4.