Avaliação da taxa de sudação em bovinos da raça Senepol submetidos ao teste de tolerância ao calor

Felipe Augusto Pessoa Drumond Ponte1, Patrícia da Silva Pimenta2, Rodrigo Zaiden Taveira3, João Teodoro Pádua4, Alliny das Graças Amaral5, Rodrigo Medeiros da Silva6, Filipe Araújo Canedo Mendonça7, Bruno Monteiro Brandão8
1 - Universidade Estadual de Goiás
2 - Universidade Federal de Goiás
3 - Universidade Estadual de Goiás
4 - Universidade Federal de Goiás
5 - Universidade Estadual de Goiás
6 - Universidade Estadual de Goiás
7 - Universidade Estadual de Goiás
8 - Universidade Estadual de Goiás

RESUMO -

Objetivou-se aferir a taxa de sudação em bovinos da raça Senepol durante teste de tolerância ao calor conduzido em propriedade rural localizada na região metropolitana da cidade de Goiânia-GO. Foi conduzido um teste de tolerância ao calor, durante três dias não consecutivos, ensolarados, sem nuvens e sem vento, durante a estação de verão. Foi utilizado delineamento experimental inteiramente casualizado utilizando-se 17 bovinos machos da raça Senepol com idade média de 12 meses e peso médio de 273 kg. A Taxa de Sudação foi medida com uso de papel de cromatografia imerso em solução aquosa a 10% de cloreto de cobalto e, posteriormente, secado ao ar livre e, depois, em estufa a 90 °C. Pela avaliação da taxa de sudação pode ser constatado que a médias dos animais aferidas às 13h, após uma hora de sombra, e às 14h, após uma hora de sol, diferiram significativamente entre si (P<0,05).

Palavras-chave: adaptação, ambiente tropical, parâmetros fisiológicos

Evaluation of sweating rate in bovines of Senepol breed submit of the heat tolerance test

ABSTRACT - The aim was to estimate the sweating rate in bovines of Senepol breed during the heat tolerance test conducted in rural property located in the metropolitan region of Goiânia-GO. A heat tolerance test was conducted for three nonconsecutive, sunny, cloudless and windless days during the summer season. It was used a completely randomized experimental design using it 17 male bovines of the race Senepol with average Age of 12 months and average weight 273 kg. The sweating rate was measured using chromatography paper immersed in aqueous solution in 10% aqueous solution of cobalt chloride and subsequently, dried outdoors and then in a greenhouse at 90 °C. For the evaluation of the rate of sweating can be found that half of the animals measured at 13h, after one hour of shade, and at 14h, after one hour of sun, differed significantly between themselves (P <0.05).
Keywords: adaptation, tropical environmental, physiological parameters


Introdução

O monitoramento de todos parâmetros fisiológicos que interferem na produção animal, especialmente em condições ambientais desafiadoras, é extremamente necessário, para identificar as necessidades de ajustes nos sistemas de produção, com reflexos sobre a produtividade dos rebanhos. Entre estes parâmetros, destaca-se a taxa de sudação, a qual pode inferir sobre a adaptação dos animais aos ambientes onde se encontram inseridos. A sudação consiste num importante mecanismo fisiológico, sendo uma via evaporativa de termólise muito eficiente (SILVA R.G., 2000).  Conforme SOUZA & BATISTA (2012) a capacidade máxima de sudação é atingida sob temperaturas elevadas, quando ocorre aumento do volume de sangue para a epiderme, o que proporciona às glândulas sudoríparas, maior estímulo e quantidade de matéria prima. Face ao exposto, objetivou-se avaliar a taxa de sudação (TS) de bovinos da raça Senepol durante a realização do teste de tolerância ao calor, a fim de perceber, por este parâmetro, se os animais apresentaram sinais de estresse térmico durante a realização do teste.

Revisão Bibliográfica

Adaptação refere-se à ação conjunta de características anatômicas, morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e comportamentais, no sentido de garantir o bem estar e favorecer a sobrevivência de um organismo em um ambiente específico (SILVA, 2000). O grau de adaptação de uma raça ou animal para qualquer ambiente relaciona-se com a proporção de seu potencial de produção, que é expressa em dado ambiente, a mesma definição é utilizada para o grau de adaptação para cada tipo de estresse ambiental (FRISCH, 1998). As características morfofisiológicas que influenciam as trocas térmicas dos bovinos com o ambiente auxiliam na seleção de grupos genéticos mais adaptados e, portanto, mais eficientes para serem criados nas regiões de clima tropical. Entre os mecanismos de termólise utilizados, a elevação na taxa de sudação é um dos mais importantes para os bovinos (SILVA, 2000), havendo uma grande variação entre os grupos genéticos quanto ao número e à morfologia das glândulas sudoríparas influenciando, de forma significativa, a eficiência na perda de calor (RIBEIRO et al., 2010). Assim, a seleção de animais que apresentam taxas de sudação elevadas sob condições de alta temperatura e umidade do ar, o que favorece a sua transferência térmica, reduzindo o estresse pelo calor, podem ser uma excelente alternativa na realização do melhoramento genético de bovinos mais adaptados à criação nos trópicos (SOUSA JUNIOR et al., 2008).

Materiais e Métodos

Este estudo foi realizado em propriedade rural localizada na região metropolitana de Goiânia, GO, a latitude 16º 24’ 23” S e longitude 49º 13' 07" W, a 832 metros de altitude. Foi conduzido um teste de tolerância ao calor, durante três dias não consecutivos, ensolarados, sem nuvens e sem vento, durante a estação de verão. Foi utilizado um delineamento experimental inteiramente casualizado utilizando-se17 bovinos machos da raça Senepol com idade média de 12 meses e peso médio de 273 kg. Em cada teste realizado os animias foram reunidos em curral sombreado, em jejum hídrico e alimentar prévio de 12 horas, por duas horas, das 11h às 13h, realizando a primeira aferição da TS às 13h. Posteriormente, os animais foram expostos ao ambiente descoberto e ensolarado, permitindo a total incidência da radiação solar, por uma hora (das 13h às 14h), retornando em seguida ao curral sombreado, sendo aferida novamente a TS, e permanecendo por mais uma hora, das 14h às 15h, sendo aferidos os últimos valores da TS às 15h. A TS foi estimada por meio da utilização do método de BERMAN (1957) e modificado por SCHLEGER & TURNER (1965), que consiste no uso de papel de cromatografia tipo Whatman nº 1® imerso em solução aquosa a 10% de cloreto de cobalto e, posteriormente, secado ao ar livre e, depois, em estufa a 90°C. A TS foi calculada utilizando a seguinte equação: TS = 22 x 3.600 / 2,06 x t (g. m-². h-1) Sendo que TS refere-se a taxa de sudação e  o  “t” ao tempo gasto em segundos para a mudança da coloração das esferas de papel Whatman nº 1® coradas com solução a 10% de cloreto de cobalto. Os discos utilizados na aferição da taxa de sudação foram previamente preparados e armazenados em dessecador. No dia anterior às coletas, as esferas foram fixadas em lâminas de vidro com fita adesiva. O método de preparação das esferas consiste no uso de papel de cromatografia tipo Whatman nº 1® imerso em solução aquosa a 10% de cloreto de cobalto e, posteriormente, secado ao ar livre e em seguida, em estufa a 90 °C por 15 minutos até a secagem completa do papel. Ao final do processo, esse foi cortado com cortador em discos e acondicionadas no dessecador até os dias das coletas. A da TS foi mensurada seguindo o precedimento que, primeiramente era realizado com a utilização de um tricótomo aproximadamente a área de 1 x 3 cm localizada aproximadamente 20 cm abaixo da cernelha do animal. A área tricotomisada era o local onde as esferas de papel Whatman nº 1® coradas com solução a 10% de cloreto de cobalto eram aplicadas com auxílio de uma fita adesiva com a pele do animal. Após limpeza das sujidades foi aplicado à fita adesiva com os três discos e imediatamente foi iniciada a cronometragem do tempo até a completa viragem da cor de cada disco, de azul-violeta para róseo claro. As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do software estatístico R64 e a comparação entre as médias foi realizada por meio do teste de Tukey, ao nível de significância de 5% (P<0,05).

Resultados e Discussão

A estatística descritiva da TS em funcção dos horários encontrma-se apresentadas na Tabela 1. Pela avaliação da TS pode ser constatado que a médias dos animais aferidas às 13h, após uma hora de sombra, e às 14h, após uma hora de sol, diferiram entre si (P<0,05). Ficou evidenciado também diferença significativa (P<0,05) entre as médias aferidas às 14h e às 15h, está última após uma hora de exposição à sombra.Verificou-se que a maior taxa de sudação (871,62 g.m-².h-1) ocorreu durante a exposição à uma hora de sol, na tentativa de se evitar a hipertermia. Esse valor encontra-se maior que os 582,52g.m-².h-1 registrados por RIBEIRO et al. (2008). As médias encontradas neste estudo foram mais altas que as relatadas na literatura por AZEVEDO (2004) e SCHARF et al. (2008) o que pode evidenciar, em parte, a tentativa mais eficiente por parte dos animais da raça Senepol de evitar hipertermia. SHEARER & BEEDE (1990) constataram que, em bovinos, a sudorese é mais importante que a respiração a partir de 21ºC. A menor utilização da frequência respiratória (FR) para perder calor é uma estratégia energética que torna a vida para bovinos nos trópicos menos dispendiosa e mais confortável. O organismo é capaz de perder calor para o ambiente depende da secreção e da evaporação do suor. À medida que a temperatura corporal aumenta, a sudorese também aumenta para evitar o acúmulo excessivo de calor no organismo. Estas perdas hídricas, quando não repostas adequadamente, podem levar à desidratação e, essa, resulta em dificuldade na regulação da temperatura corporal, o que pode causar redução no desempenho.

Conclusões

Conclui-se que os animais avaliados não apresentaram indícios de estresse térmico, aferido pela TS, durante a realização do teste de tolerância ao calor. A TS constitui-se em importante parâmetro fisiológico que deve ser utilizado em testes que objetivem avaliar a tolerância ao calor em bovinos.



Gráficos e Tabelas




Referências

AZEVEDO, M. Efeitos do verão e do inverno sobre os parâmetros fisiológicos de vacas mestiças Holandês-Zebu, em lactação, na região de Coronel Pacheco, MG. 2004. 85f. Tese (Doutorado) - Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. BERMAN, A. Nychthermeral and seasonal patterns of thermoregulation in cattle. Australian Journal of Agricultural Research. Victoria, v.19, 1968. FRISCH, J. E. The role of adaptation in improving productivity of cattle in the tropics. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMETEOROLOGIA, 2, 1998. Goiânia, Anais... p.74- 98. RIBEIRO, A. R. B.; ALENCAR, M. M.; SILVA, J. R. M. C. et al. Características das glândulas sudoríparas de bovinos Nelore, Senepol x Nelore e Angus x Nelore. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 47, 2010. Salvador. Anais... Salvador: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2010. (CD-ROM) RIBEIRO, A.R.B; ALENCAR, M.M.; OLIVEIRA, M.S.C. Características do pelame de bovinos Nelore, Angus x Nelore e Senepol x Nelore. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia: Lavras: Editora; 2008. p. 1-3. SCHARF, B.; WAX, L.E.; AIKEN, G.E. et al. Regional difference in sweat rate response of steers to short-term heat stress. Int. J. Biometeorol., v.52, p.725-73, 2008.    SCHLEGER, A.V.; TURNER, H.G. Sweating rates of cattle in the field and their reaction to diurnal and seasonal changes. Australian Journal of Agricultural Reseacrh, v.16, p.92-106, 1965. SHEARER, J.K.; BEEDE, D.K. Thermoregulation and physiological responses of dairy cattle in hot weather. Heat stress. Part 1. Agri-Pract., v.11, p.517, 1990. SILVA, R. G. Introdução à bioclimatologia animal. São Paulo: Nobel, 2000, 286 p. SOUZA, B.B., BATISTA, L.N. Os efeitos do estresse térmico sobre o desempenho animal. ACSA – Agropecuária Científica no Semi-Árido, p. 6-10.2012. SOUSA JUNIOR S.C., MORAIS D.E.F., VASCONCELOS A.M., NERY K.M., MORAIS J.H.G., GUILHERMINO M.M. (2008) Características termorreguladoras de caprinos, ovinos e bovinos em diferentes épocas do ano em região semiárida. Revista Científica de Produção Animal 10:127-137.