Avaliação de desempenho de bezerros F1 de cruzamento industrial do nascimento ao desmame no Estado do Mato Grosso do Sul

Douglas Gomes Vieira1, Rodrigo Gonçalves Mateus2, Endyara Signor Kohl3, Luiz Carlos Pereira4, João Victor de Souza Martins5, Lucas Gomes da Silva6, Eliseu Aparecido Messias7, Aline Franco da Silva8
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RESUMO -

A utilização de cruzamentos entre raças geneticamente diferenciadas deve visar à exploração da heterose e complementariedade, por meio dos cruzamentos pode se chegar a comparação entre o genótipo animal para peso e tamanho. O objetivo deste trabalho foi comparar o desempenho bezerros de cruzamento industrial de dois grupamentos genéticos do nascimento a desmama. Experimento foi conduzido na fazenda Vô Zé situada no município de Jaraguari– MS. Foram avaliados 46 bezerros oriundos dos cruzamentos entre vacas Nelore com touros Aberdeen Angus e Shorthorn. Foram determinados os desempenhos dos animais aos 120 dias (P120) e aos 205 dias (P205), para ambos os grupos. Observou ao final do período experimental diferença (P<0,05) no peso médio aos 205 dias, ganho de peso total aos 205 dias (GPT 205) e ganho médio diário aos 205 dias (GMD 205) entre os grupamentos avaliados. Conclui-se que bezerros F1 Angus apresentaram desempenho superior ao desmame em relação a bezerros F1 Shorthorn.

Palavras-chave: Peso ao desmame, bovinocultura de corte, cruzamento industrial, heterose, ganho de peso.

Performance evaluation of F1 calves from birth to weaning in the State of Mato Grosso do Sul

ABSTRACT - The use of crosses between genetically differentiated breeds should aim at the exploration of heterosis and complementarity, through the crossings can be reached the comparison between the animal genotype for weight and size. The objective of this work was to compare the performance crossbred calves of two genetic groups from birth to weaning. Experiment was conducted at the Vô Zé farm in the municipality of Jaraguari-MS. We evaluated 46 calves from crosses between Nelore cows and Aberdeen Angus and Shorthorn bulls. The performance of the animals at 120 days (P120) and at 205 days (P205) was determined for both groups. At the end of the experimental period, there was a difference (P <0.05) in the mean weight at 205 days, total weight gain at 205 days (GPT 205) and average daily gain at 205 days (GMD 205) among the evaluated groups. It was concluded that F1 Angus calves presented superior performance to weaning compared to F1 Shorthorn calves.
Keywords: Weight at weaning, beef cattle, industrial crossing, Heterosis, weight gain.


Introdução

O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo com cerca de 215,2 milhões de animais, (ANUALPEC, 2015). No entanto, os preços praticados no mercado internacional da carne brasileira efetuado sem devida tipificação de carcaça, um dos entraves é a escassez de animais com acabamento e marmoreio desejado por grande parte dos mercados. O produtor em busca de aumentar a produtividade e qualidade dos animais vem adotando o cruzamento industrial entre raças taurinas e zebuínas, para reduzir o ciclo e aumento da rentabilidade. Pois para que seja viável economicamente a produção de bovinos de corte no Brasil os animais são criados a pasto (ALVES et al., 2004), além dos cuidados sanitários e nutricionais durante o ciclo de produção. Neste sentido o melhoramento do nível genético está seleção dentro do rebanho torna-se fundamental para o aumento na produtividade. Porém, se configura de um processo lento o que se torna indesejável no cenário atual (RESTLE et al, 2002). A incorporação de genes de diferentes raças taurinas em cruzamento com zebuínos possibilita ganhos por nas características de qualidade de carne, ou seja, manifestação maior potencial de heterose (FRIES et al., 2000). Diversas pesquisas sugerem diferença na conversão alimentar ou em eficiência bionutricional entre grupos genéticos de bovinos de corte (EUCLIDES FILHO et al, 2004). Neste sentido objetivou-se comparar o desempenho bezerros de cruzamento industrial de dois grupamentos genéticos do nascimento a desmama.

Revisão Bibliográfica

De acordo com Pereira (2000), as raças zebuínas têm participação importante na composição e na produção do rebanho nacional. Entretanto, os índices de produtividade deste rebanho são menores que os de outros países produtores, o que comprova a necessidade de utilização de tecnologias apropriadas para o País. Estratégias de intensificação da produção de carne, com utilização de grupos geneticamente melhorados, e com redução da idade de abate dos animais contribuem para elevar a taxa de desfrute da pecuária de corte brasileira. Figueiredo et al. (2007) Nos cruzamentos entre raças zebuínas (Bos taurus indicus × Bos taurus indicus) ou taurinas (Bos taurus taurus × Bos taurus taurus), a heterose nem sempre é tão evidente, em razão da proximidade genética entre a maioria das raças envolvidas (EUCLIDES FILHO et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008). Geralmente, as vacas maiores dentro de uma raça ou entre raças ou cruzamentos produzem bezerros mais pesados à desmama, porém têm maiores exigências de manutenção e, normalmente, produzem mais leite, o que aumenta suas exigências nutricionais (ABDELSAMEI et al., 2005).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido na fazenda Vô Zé situada no município de Jaraguari– MS. Foram avaliados 46 bezerros oriundos dos cruzamentos entre vacas Nelore com touros Aberdeen Angus e Shorthorn. As matrizes foram induzidas por protocolo de IATF (inseminação artificial em tempo fixo), em novembro de 2014, sendo 40 matrizes inseminadas com sêmen Aberdeen Angus e 50 matrizes inseminadas com sêmen Shorthorn, sendo distribuídas em 2 piquetes de pastagens de Brachiaria decumbens com área 43,5 ha-1, em pastejo continuo. A água e as misturas minerais foram fornecidas ad libitum. Para se evitar o efeito “pastagem”, caso em que um dos pastos poderia fornecer melhores vantagens nutritivas do que o outro e também em relação à diferença de animais existentes, os grupos foram trocados entre as invernadas a cada 28 dias. Resultou a parição de 46 bezerros que foram avaliados, sendo 20 machos e 9 fêmeas do cruzamento Shorthorn e 10 machos e 7 fêmeas Aberdeen Angus, nascidos entre 27 de Julho a 5 de Agosto de 2015. Foram efetuadas pesagens a cada 30 dias, ajustando o peso dos animais para 60, 120 e 205, ao final da pesquisa foram calculados os indicadores de desempenho: ganho de peso médio diário (GPMD), ganho de peso médio total (GPT). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA, P<0,05), conforme Levine (2000), utilizando-se o programa estatístico SAS versão 9.1 (2004). As diferenças entre as médias de tratamentos foram testadas pelo teste F (P<0,05%).

Resultados e Discussão

Observou ao final do período experimental diferença (P<0,05) no peso médio aos 205 dias, ganho de peso total aos 205 dias (GPT 205) e ganho médio diário aos 205 dias (GMD 205) entre os grupamentos avaliados. Não foram encontradas diferenças para os demais períodos avaliados (Tabela 1). Foi observado um peso ao desmame (205 dias) dos bezerros F1 Angus de 195,90 Kg, representando um peso médio final de 10,53 Kg superior aos animais F1 Shorthorn que apresentaram peso de 185,37 Kg (Tabela 1). Quanto ao GPT aos 205 dias os bezerros F1 Angus apresentaram um ganho de 7,63% superior aos F1 Shorthorn. Os mesmos percentuais foram verificados para GMD aos 205, permitindo um ganho médio de 813 g dia-1 para F1 Angus e 755 g dia-1 para F1 Shorthorn, representando um ganho superior de 58 g dia-1 para F1 Angus. Estes valores ao desmame é uma característica importante, pois reflete o potencial genético do bezerro. À medida que a produção de gado de corte é intensificada, pois está associado com a idade à puberdade das fêmeas e a idade de abate dos machos (RESTLE et al., 1999). Contudo as diferenças entre os grupamentos genético possivelmente estão associadas ao potencial genético da raça Aberdeen Angus em detrimento ao Shorthorn, comprovando que a heterose e a maior tempo de seleção ocorrida na raça Angus possibilita maior eficiência no desempenho ao desmame. Segundo Alencar et al., (1995) é necessário identificar os cruzamentos com maior heterose e que combinam características econômicas desejáveis para determinados tipos de manejo e regiões do país. Os resultados demonstrados neste trabalho ressaltam a importância do material genético utilizado nos respectivos tratamentos, Aberdeen Angus e Shorthorn, pois a heterose aliada às mudanças anatômicas, fisiológicas e metabólicas que ocorrem no sistema digestivo do ruminante jovem, ao redor dos 4 meses de idade, evidência que o ganho de peso dos bezerros depende mais da ingestão de forragem que da ingestão de leite, reduzindo a correlação entre produção de leite e ganho de peso médio diário a partir desta idade (BECKER et al., 1995) A escolha dos animais a serem utilizados nos cruzamentos industriais se baseia na escolha de raças, buscando indivíduos que alcançam a puberdade com menor tamanho, sendo estes mais desejáveis e eficientes no sistema de produção (SANTOS et al., 2004). A tecnificação da produção de bezerros permite ganhos elevados na fase de cria, fatores genéticos e até mesmo maternos possibilitam maiores ganhos de peso e por consequência animais mais pesados ao desmame com menor tempo na recria e mais jovens ao abate (OLIVEIRA, 2006). Com isso, nota-se que as propriedades voltadas para a exploração da bovinocultura de corte precisão de informações corretas para efetuar a tomada de decisão, reduzindo as dificuldades competitivas de produção. RESTLE et al. (2004) comentam que o uso do recurso genético é uma alternativa para maximizar a rentabilidade da propriedade.

Conclusões

Os bezerros F1 Angus apresentaram melhor desempenho ao desmame, no entanto se faz necessário o acompanhamento os animais até o abate para determinar o potencial total de cada grupamento genético.

Gráficos e Tabelas




Referências

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