AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE ENRIQUECIDOS COM ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS – ÔMEGA 3

Robert Talles da Costa Castro1, Bruno G. Amorim2, Bernardo R. F. Nogueira3, Tatiane Mendonça Nogueira4, Fernanda Paul de Carvalho5, Joana Oliveira Marçal6, Alisson Hélio S. Clemente7, Antonio G. Bertechini8
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RESUMO -

Este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho de frangos de corte enriquecidos com ácidos graxos poli-insaturados (AGPI), utilizando três níveis de inclusões de óleo comercial (0%, 2% e 3%), com 39,8% de acido ácido α-linolênico (ALA), utilizou 180 frangos machos da linhagem Coob-500, distribuídos em delineamento inteiramente ao acaso, 3 tratamentos com seis repetições e dez animais por parcela. As dietas começaram a ser fornecidas a partir do 22° dia das aves visando enriquecimento dos tecidos com ômega 3, o período experimental foi de 21 dias, abatendo as aves aos 42 dias, as aves e os comedouros foram pesados no 22° e 42° para avaliar ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA). As aves foram abatidas para determinar o rendimento de carcaça, peito, coxa e gordura abdominal.Os dados foram submetidos a analise de variância P<0,05, utilizando programa estatístico SAS 2000.A utilização de níveis crescentes do óleo não influenciou o CR, GP, CA,rendimentos de carcaça, peito, coxa/sobrecoxa e gordura abdominal.

Palavras-chave: linolenico; Alimentos_funcionais; Alimentos_enriquecidos

EVALUATION PERFORMANCE AND ENRICHMENT OF CARCASS OF CHICKEN ENRICHED WITH POLY-INSATURATED OILY ACID – OMEGA 3

ABSTRACT - The objective of this study has evaluate the performance of chicken enrichment with oily acid in muscle of carcass, working with three treatments, adding oil with poly-insaturated oily acid with 39,8% of alpha-linolenic acid , (0% - adding 2% and 3%), Used 180 chicken lineage Coob-500, male broilers, distributed in a completely randomized design among the treatments, with six replicates and ten animals in each plot. The diets began to be supplied from day 22 of the chickens for enrichment of the tissues with omega 3, the experimental period was of 21 days, the animals and trough were weighed in 22° and 42° days for determination Performance for animals. The chickens were slaughtered to value Meat yield, Thigh and chest. The data were submitted to analysis of variance, P <0.05, statistical program SAS 2000. There was no difference in performance, meat yield, thigh, chest and fat in chest.
Keywords: Alpha-linolenic; Functional_foods; Fortified_foods


Introdução

A carne de frango, a cada ano, consolida-se como uma das mais importantes fontes de proteína animal de alto valor biológico, sendo a avicultura no Brasil uma atividade de elevado nível tecnológico com altos índices zootécnicos, chegando até os consumidores com baixo custo, estes por sua vez, estão cada vez mais conscientes do efeito da alimentação em sua saúde e, atualmente, a preocupação com uma alimentação saudável é tema muito discutido e tem se tornado o objeto de diversos estudos em diferentes áreas do conhecimento. Um grupo muito estudado é o de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI)da serie omega 3, principalmente ALA, eicosapentaenoico (EPA) e acido graxo docosahexaenoico (DHA), sendo relacionados principalmente com a prevenção de doenças cardiovasculares e redução colesterol.O ALA não é sintetizado no organismo animal e a síntese de EPA E DHA É baixa fazendo com que a ingestão se torna essencial para o consumo humano. Alguns estudos observaram que a suplementação de ácidos graxos poli-insaturados da serie omega-3 em dietas de frango de corte aumenta a deposição de ALA EPA DHA na carcaça dos animais, sendo uma maneira de fazer com que esses alimentos funcionais cheguem com menor custo ao consumidor, sendo uma maneira de enriquecer a carcaça das aves.

Revisão Bibliográfica

A avicultura é de suma importância para o mercado brasileiro e se consolida cada vez mais, produzindo proteína de alta qualidade, com altas tecnologias, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da economia nacional (Novelloet al., 2008; Kawabata, 2008). De forma crescente em 2015, a produção brasileira atingiu a marca de 13,14 milhões de toneladas, segundo a ABPA(2016). Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto a uma alimentação equilibrada, buscando alimentos que sejam produzidos de forma mais sustentável e que tragam benefícios à saúde.Dentre os alimentos funcionais, que são definidos como produtos que contêm, em sua composição, alguma substância biologicamente ativa que, ao ser adicionada a uma dieta usual, desencadeia processos metabólicos ou fisiológicos, resultando em redução do risco de doenças e manutenção da saúde,está o grupo composto pelos ácidos graxos poli-insaturados, destacando-se as séries ômega 3 e 6, encontrados em alimentos como peixes de água fria (salmão), óleos vegetais, semente de linhaça, entre outros. Estes são relacionados à prevenção de doenças cardiovasculares, por meio da redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol sanguíneos e da agregação plaquetária, aumentando a fluidez sanguínea e reduzindo a pressão arterial (Kinsella et al., 1990; Anjo, 2004).Os alimentos enriquecidos com AGPI, OMEGA-3, mais especificamente, podem influenciar positivamente na saúde humana, por meio da prevenção de doenças cardiovasculares e crônicas degenerativas e também promovendo uma melhor saúde mental. Fontes ricas em óleos, podem desempenhar papel importante no enriquecimento de músculos de frangos de corte com ácidos graxos poli insaturados sendo que Linhaça e sementes de canola são as principais fontes de ácido α-linolênico (ALA) de origem terrestre (Rahimi et al., 2011; Betti et al., 2009). Rosa(2003) ao avaliar diferentes fontes de ácidos graxos(3% de óleo de linhaça e óleo de soja) em rações para frango de corte, verificou que o perfil de ácidos graxos da ração influenciou o perfil de ácidos graxos dos cortes peito e coxa, sendo que as aves alimentadas com linhaça e óleo apresentaram maior deposição de ácidos graxos 18:3w3, 20:5w3, 22:6w3 e, consequentemente, do total de ácidos graxos w3 no peito e na coxa, do que as aves que receberam ração sem óleo ou com óleo de soja. Além disso, a relação w6:w3 foi menor em todos as fases de fornecimento para as aves alimentadas com as rações ricas em ômega-3.

Materiais e Métodos

O estudo foi realizado em um galpão experimental, na cidade de Lavras-MG, sendo as aves alojadas em gaiolas.Foram utilizadas 180 aves machos da linhagem Coob-500. As aves foram distribuídas nas parcelas em um delineamento inteiramente ao acaso com três tratamentos, seis repetições de dez animais cada. Os tratamentos eram constituídos de dietas com diferentes inclusões de óleo comercial contendo utilizando três níveis de inclusões de óleo comercial a base de óleo de soja e linhaça, com 39,8% de acido ácido α-linolênico (ALA), (0%, 2% e 3%). Foram utilizadas rações isonutrientes e isoenergéticas, à base de milho e farelo de soja, e formuladas de acordo com as recomendações nutricionais para a fase de 22 a 42 dias (Bertechini ,2012). As dietas com diferentes níveis de óleo começaram a ser fornecidas às aves aos 22 dias de idade, visando promover o enriquecimento dos tecidos com ômega 3. O período experimental teve duração total de 21 dias. As aves e as rações foram pesadas com 22 e 42 dias de idade para cálculos posteriores de ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar.Para determinação de rendimento de carcaça, peito, coxa/sobrecoxa e gordura abdominal aos 42 dias de idade as aves foram abatidas,seguindo as normas de abate. Os dados foram submetidos à análise de variância, P<0,05. Toda a análise estatística foi realizada por meio do programa estatístico SAS (2000).

Resultados e Discussão

Os resultados de rendimentos de carcaça, peito, coxa/sobrecoxa e gordura abdominal aos 42 dias de idade de frangos da linhagem Cobb-500 não foram observados efeitos significativos (P>0,05) dos tratamentos avaliados sobre estas variáveis, o que pode estar relacionado à ausência de diferenças significativas nas variáveis de desempenho. Da mesma forma, outros estudos também não encontraram diferenças significativas nos pesos e rendimentos de carcaça, peito, coxa e sobrecoxa em frangos de corte que receberam dietas suplementadas com óleo de linhaça ou com outras fontes lipídicas constituídas, predominantemente, por ácidos graxos poliinsaturados(Crespo e esteve-Garcia, 2001; López-Ferrer et al., 2001; Almeida et al., 2009; Murakami et al., 2010). Com relação à gordura abdominal, diversos estudos mostram que a utilização de fontes de ácidos graxos poliinsaturados resulta em menor deposição de gordura abdominal devido à alta taxa de oxidação lipídica. No entanto, no presente estudo, como as fontes de óleo utilizadas nas diferentes dietas eram semelhantes com relação à predominância de ácidos graxos poli-insaturados, não foram observadas diferenças na porcentagem de gordura abdominal. O mesmo foi observado por Crespo e Esteve-Garcia (2001) e Crespo e Esteve-Garcia (2002), que avaliarem dietas suplementadas com até 10% de óleo de linhaça ou óleo de girassol para frangos de corte. Os resultados de ganho de peso,consumo de ração e conversão alimentar de frangos da linhagem Cobb-500 de 22 a 42 dias de idade com suplementação da dieta com óleo comercial não influenciou as medidas de desempenho avaliadas (P>0,05). No presente estudo, tanto a dieta controle quanto as dietas suplementadas com óleo comercial apresentavam maior proporção de ácidos graxos poliinsaturados em relação aos ácidos graxos saturados, uma vez que as fontes de óleo utilizadas eram constituídas por óleo de soja (dieta controle) e óleo comercial(mistura de óleo de soja e linhaça).Dessa forma, a predominância de ácidos graxos poliinsaturados nos dois tipos de óleo avaliados pode explicar a ausência de diferenças significativas entre os tratamentos com relação às medidas de desempenho. Corroborando com os resultados encontrados no presente estudo,Lopes et al. (2012)também não encontraram diferenças significativas nas características de desempenho quando da suplementação de dietas com até 5% de óleo de linhaça em substituição ao óleo de soja. Da mesma forma, López-Ferrer et al. (1999), ao avaliarem a suplementação de dietas para frangos com óleos de linhaça, de peixe e de girassol, todos constituídos predominantemente por ácidos graxos poliinsaturados, não observaram diferenças significativas no desempenho dos animais. Adicionalmente, Crespo e Esteve–Garcia (2001) também não observaram diferenças significativas com relação ao consumo, ganho de peso e conversão alimentar de frangos que receberam dietas suplementadas com 6% e 10% de óleo de linhaça e óleo de girassol.Já Murakami et al. (2010), ao substituírem o óleo de soja pelo óleo de linhaça, observaram efeitos negativos nas medidas de desempenho. Segundo os autores, esse resultado pode ter ocorrido em função das diferenças nas características organolépticas do óleo de linhaça em relação ao óleo de soja ou devido à presença de linatina, que complexa com a piridoxina evitando que a mesma desempenhe o seu papel como vitamina no organismo da ave.

Conclusões

A utilização do óleo em condições de dietas isoenergéticas, não altera o desempenho, o rendimento de carcaça, rendimento de peito, rendimento de coxa/sobre-coxa e gordura abdominal em frangos de corte.

Gráficos e Tabelas




Referências

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