Avaliação de fertilidade e custo de protocolo de sincronização de estro seguido de inseminação artificial ou inseminação artificial em tempo fixo, em vacas primíparas e multíparas da raça Nelore
Camila de Moraes Raymundo1, Juan Pablo Datzer Ibieta2, Juliana Jorge Paschoal3, Guilherme Salge Roldão4, Carlos Henrique Cavallari Machado5, Evandro José Rigo6
1 - Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu)
2 - Fazenda Arroyito
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6 - Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu)
RESUMO -
Avaliou-se no presente trabalho a taxa de prenhez de vacas Nelore primíparas e multíparas submetidas a um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), seguida de outra IATF (T1) ou inseminação artificial (IA, T2), para as fêmeas que repetiram cio. Determinou-se também, o custo benefício das técnicas calculando-se o custo total, no qual somou-se os custos com matéria prima, mão de obra e custo indireto de produção. A prenhez foi determinada aos 30 dias após a retirada dos touros dos lotes de fêmeas. Não houve diferença entre os tratamentos T1 e T2 no percentual de prenhez dos animais e a paridade também não influenciou os resultados de prenhez dentro dos tratamentos testados. O custo total da IA foi menor em relação ao da IATF, portanto, o custo benefício da utilização de IA como repasse após uma IATF foi maior em relação à utilização de um segundo protocolo de sincronização, após repetição de cio, para vacas Nelore primíparas e multíparas.
Palavras-chave: Bovinos, hormônio, lucratividade, prenhez, Zebu
Fertility and cost evaluation of estrus synchronization protocol followed by artificial insemination or fixed-time artificial insemination in primiparous and multiparous Nellore cows
ABSTRACT - In the present study was evaluated the pregnancy rate of primiparous and multiparous Nelore cows submitted to a fixed-time artificial insemination protocol (FTAI), followed by another FTAI (T1) or artificial insemination (AI, T2). It was also determined the cost benefit of the techniques by calculating the total cost, in which the costs of raw material, labour and indirect cost of production were added together. Pregnancy was determined 30 days after the removal of the bulls from the lots of females. There was no difference between the treatments T1 and T2 in the of pregnancy rate of the animals and parity also did not influence the results of pregnancy within the tested treatments. The total cost of AI was lower than that of FTAI, therefore, the cost benefit of using AI after a FTAI was greater in relation to the use of a second synchronization protocol, after heat repetition, for primiparous and multiparous Nelore cows.
Keywords: Bovine, hormone, profitability, pregnancy, Zebu
Introdução
A eficiência reprodutiva é um aspecto importante na atividade de produção de bovinos de corte. Períodos de anestro prolongado nas matrizes, refletem significativas perdas econômicas, pois devido a esse fator, as fêmeas não produzem um bezerro por ano (FERRAZ et al., 2008). Para tanto, as biotécnicas reprodutivas vêm como uma ferramenta na tentativa de otimizar o desempenho reprodutivo na bovinocultura.
É fato que a inseminação artificial (IA) permite acelerar o melhoramento genético, porém, a sua utilização é dificultada por problemas relacionados à detecção de estro, anestro pós-parto prolongado e puberdade tardia, o que contribui para o prolongamento do período de serviço e diminui o número de bezerros nascidos (BARUSELLI et al., 2006).
Tecnologias como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) dispensam a necessidade de detecção do cio e pode induzir a ovulação de animais em anestro. Estudos mostram resultados satisfatórios em relação à IATF, porém, têm surgido questionamentos a respeito de sua eficiência econômica (VIANA et al., 2015). A viabilidade econômica da IATF frente à IA ou uso de touros sujeita-se à eficiência reprodutiva obtida em estação reprodutiva de curta duração (SILVA et al., 2007).
Diante do exposto, o trabalho teve o objetivo de avaliar a taxa de prenhez de vacas Nelore primíparas e multíparas submetidas a um protocolo de IATF – seguido de IATF ou IA e repasse com touros – e determinar o custo benefício das técnicas.
Revisão Bibliográfica
Na fase de cria é que se concentra o elemento de maior relevância econômica na pecuária – a fertilidade – e nesta fase encontram-se os maiores custos relativos a mão-de-obra, insumos, capital imobilizado, etc., sendo menor o retorno econômico e envolvendo os maiores riscos (SILVA et al., 2007).
Sob esta ótica, diversos estudos foram realizados e observado que têm-se conseguido alcançar resultados satisfatórios em relação à custo-benefício, como é o caso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF), porém, existem questionamentos quanto a eficiência econômica desta biotécnica, associada aos custos de repasse – por monta natural, IA ou IATF (VIANA et al., 2015).
Corsetti et al. (2015), em estudo a respeito da análise dos custos de diferentes sistemas de acasalamento de bovinos de corte verificaram que a IATF mais repasse de touro foi o que apresentou rendimentos econômicos superiores quando comparada à IATF sozinha e à IA podendo assim, ser incentivada para implantação em um sistema de produção. Já Silva et al. (2007) avaliando o custo/benefício da IA e IATF de fêmeas bovinas pluríparas de corte observaram que a relação custo/benefício da IA alcançou resultados superiores em relação à IATF, sugerindo que o custo da prenhez de qualquer método é diretamente influenciado pela duração da estação reprodutiva e da eficiência reprodutiva.
Penteado et al. (2005a), observaram que 86% das vacas sincronizadas já tinham parido antes do início da estação de monta (EM), enquanto que no grupo com observação de cio observaram-se apenas 62% de nasimentos. Tais observações indicam que a prática de IATF utilizada de forma estratégica em vacas Nelore lactantes promove um adiantamento da concepção em cerca de 1 mês, e aumento de aproximadamente 8% na taxa de prenhez ao final da EM, além de aumentar o número de vacas prenhes por IA. Esses dados corroboram com os observados por Viana et al. (2015) avaliando a taxa de prenhez de vacas zebuínas com uso da IATF. Esses que o índice de prenhez para a região estudada foi superior que as médias nacionais mostrando, que a IATF pode ser incorporada à pequenas, médias e grandes propriedades, com resultados satisfatórios de reprodução.
Materiais e Métodos
O experimento foi realizado utilizando-se 6279 fêmeas Nelore, sendo 710 primíparas e 5569 multíparas, em um período de estação de monta foi de 5 meses (entre outubro e fevereiro dos anos de 2014 e 2015).
O protocolo de IATF utilizado em todos os animais foi um protocolo comercial, em que consistiu-se na colocação de implante P4 no dia 0, com aplicação de BE (2 mL i.m.). No dia 9 foi retirado o implante P4, e aplicado PGF2α (2,5 mL), CE (0,3 mL) e eCG (1,5 mL, todos i.m.). No dia 11 foi realizada a IATF.
Utilizou-se delineamento de blocos inteiramente casualizados (DIC), com arranjo fatorial de tratamentos 2X2, sendo duas categorias (primíparas e multíparas) e dois tratamentos. Os tratamentos foram: T1 – IATF seguida de inseminação artificial (IA) e repasse com touros (192 primíparas e 2542 multíparas); T2 – IATF seguida de IATF e posteriormente colocado com touros (518 primíparas e 3027 multíparas). Todos as fêmeas permaneceram 30 dias com os touros. 30 dias após separação dos lotes de touros, realizou-se ultrassonografia realizada para detecção de prenhez.
Avaliou-se custo/ benefício levando-se em consideração somente os valores de IA e IATF, pois as demais etapas dos tratamentos foram iguais para ambos. Para determinar o custo total de produção somou-se os custos com material direto (MD) + mão de obra (MOD) + custo indireto de produção (CIP), onde no T1 são dados MD (sêmen, P4, eCG, BE, CE, PGF2α); MOD (mão de obra da IA); e CIP (seringa, agulha, luva, bainha). No T2 são dados MD (sêmen); MOD (mão de obra IATF); e CIP (luva, bainha).
As variáveis analisadas foram prenhez dentro dos tratamentos (IATF seguida IA e repasse com touros; e IATF seguida de IATF e posteriormente colocado com touros); prenhez dentro de tratamento considerando paridade; e o custo dos dois tratamentos.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SISVAR 5.6 (2010), realizando-se análise de variância e as médias comparadas por Teste de Tukey a 5% de significância.
Resultados e Discussão
Na Tabela 1 estão contidos os resultados de percentual de prenhez de fêmeas da raça Nelore nos tratamentos avaliados. Além destes, estão expressos os resultados do percentual de prenhez entre primíparas e multíparas diante dos mesmos tratamentos.
Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os tratamentos mostrando que nas condições desse experimento um segundo tratamento com IATF ou IA não mostraram índices de prenhez distintos. Também não observou-se interação significativa (p>0,05) no percentual de prenhez, entre fêmeas Nelore primíparas e multíparas diante dos tratamentos testados, mostrando que o protocolo de sincronização de estro utilizado têm o mesmo efeito para ambas categorias.
Os resultados obtidos indicam uma possível influência do touro em repasse das fêmeas não emprenhadas, na taxa de gestação. Esses dados são semelhantes ao observado por Penteado et al. (2005b), que observaram que a taxa de prenhez acumulativa de vacas Nelore foi maior nos tratamentos de IATF + touro e IATF + IA. No mesmo experimento, os autores verificaram que as menores taxas de prenhez foram para os tratamentos com IA sem o uso de protocolo de sincronização, sendo o percentual de animais prenhes semelhantes quando houve a utilização do touro de repasse na estação de monta.
Grillo et al. (2015) trabalharam com comparação da taxa de prenhez entre novilhas, primíparas e múltíparas da raça Nelore submetidas a protocolo de sincronização de estro semelhante ao presente experimento e posterior IATF, expostas a touros de repasse até o final da estação de monta. Os autores concluíram que as vacas primíparas apresentaram menores médias para performance de reprodução podendo ser afetada pela condição coporal (CC) baixa dentro do programa IATF utilizado, e as novilhas e multíparas apresentaram maior eficiência reprodutiva do rebanho estudado, divergente ao observado no presente experimento.
Na Tabela 2 estão expressos os valores de custos totais para a IA e IATF das vacas primiparas e multiparas avaliadas.
Verificou-se, de acordo com os valores de custos totais que, o menor custo observado é para a realização IA (24,03 R$) e os maiores custos para IATF (45,27 R$).
Silva et al. (2007) avaliando o custo/benefício da IA convencional e IATF de fêmeas bovinas pluríparas de corte, por meio de protocolo semelhante ao presente trabalho, observaram que a IA convencional apresentou melhor relação custo/benefício que a IATF. Observando que entre os tipos de manejo, o material de consumo é o custo de maior na IATF (hormônios, sêmen, bainhas, etc – 65,29% do custo total, seguido pela mão-de-obra – 32,51% do custo total; e 2,2% de depreciação), e na IA o item mão-de-obra foi o de maior peso (66,61% do custo total; seguido pelo material de consumo – 26,31% do custo total; e 7,08% de depreciação) do custo total na IA e concluíram que com os dois métodos foram obtidas boas taxas de prenhez, porém a IA obteve melhor relação custo benefício que a IATF.
Conclusões
O percentual de prenhez não foi afetado utilizando-se IATF, seguido de IATF ou IA e repasse com touros. Vacas primíparas e multíparas também não diferiram entre si na resposta aos tratamentos, no percentual de prenhez.
O custo benefício da utilização de IA como repasse após uma IATF foi maior em relação à utilização de um segundo protocolo de sincronização, após repetição de cio, para vacas Nelore primíparas e multíparas.
Gráficos e Tabelas
Referências
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