AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE BOVINOS TERMINADOS COM DIFERENTES DIETAS EM CONFINAMENTO NO VALE CATARINENSE
Poliana Menestrina1, Ivan Marcos Campestrini2, Thais Helena Szabo de Castro3
1 - Universidade Regional de Blumenau
2 - Universidade Regional de Blumenau
3 - Universidade Regional de Blumenau
RESUMO -
Estudos envolvendo novas alternativas para o manejo nutricional de bovinos de corte terminados em confinamento no estado de Santa Catarina contribuem para o melhor desempenho desses animais, assim como, maiores rendimentos financeiros para o produtor. Objetivou-se com este trabalho comparar variáveis zootécnicas entre grupos alimentados com duas diferentes dietas. O experimento foi realizado em um confinamento localizado no município de Rio dos Cedros, no período de 20/12/2016 a 05/02/2017. Foram utilizados 80 bovinos machos, castrados, Nelore, com média de peso inicial de 390kg (± 6kg) e idade aproximada de 24 meses e distribuidos num delineamento experimental inteiramente casualizado. Estes foram separados em dois lotes de 40 animais cada e arraçoados com duas diferentes dietas, sendo a dieta 1 composta por silagem de milho e mistura comercial e a dieta 2 composta exclusivamente por mistura comercial. Na entrada do confinamento os animais foram pesados e desverminados. Os animais foram abatidos após 48 dias de confinamento. A média de peso final dos animais que receberam a dieta 1 foi de 457 kg e 442,87 kg para os animais que receberam a dieta 2, sem volumoso. Quando relacionado o ganho de peso total durante os dias de confinamento, obteve-se um resultado bastante distinto, sendo que os animais arraçoados com a dieta 1 ganharam cerca de 70,5kg e aqueles que receberam a dieta 2 o ganho foi de 49,25kg, porém o rendimento de carcaça, foi maior nos animais alimentados com a dieta 2 (56%). Os dados indicam a importância da qualidade do alimento fornecido aos animais, assim como, a utilização de volumoso na dieta de confinamento na obtenção de melhores resultados.
Palavras-chave: Bovinos de Corte; Ganho de Peso; Nutrição; Rendimento de Carcaça.
ASSESSMENT OF PERFORMANCE OF CATTLE FINISHED WITH DIFFERENT DIETS IN FEEDLOT IN THE CATARINENSE VALLEY
ABSTRACT - Studies involving new alternatives for the nutritional management of finished beef cattle in feedlot in the state of Santa Catarina contribute to the better performance of these animals, as well as higher financial income for the producer. The objective of this work was to compare zootechnical variables between groups fed two different diets. The experiment was carried out in a feedlot located in the municipality of Rio dos Cedros, from December 20, 2016 to February 5, 2017. Eighty male Nellore castrated male bovines with mean initial weight of 390 kg (± 6 kg) and age of approximately 24 months were used and distributed in a completely randomized experimental design. These were separated into two lots of 40 animals each and fed with two different diets, the diet 1 consisting of corn silage and commercial feed and the diet 2 composed exclusively of commercial feed. At the entrance of the feedlot the animals were weighed and stripped. The animals were slaughtered after 48 days of feedlot. The mean final weight of the animals receiving diet 1 was 457 kg and 442.87 kg for the animals that received diet 2, without bulk. When the total weight gain was related during the days of feedlot, a very different result was obtained, and the animals ratified with diet 1 gained about 70.5 kg and those who received the diet 2 the gain was 49.25 kg , But carcass yield was higher in animals fed diet 2 (56%). The data indicate the importance of the quality of feed provided to the animals, as well as the use of bulky feed in the feedlot diet in obtaining better results.
Keywords: Beef Cattle; Carcass yield; Nutrition; Weight gain.
Introdução
O Brasil é o segundo maior produtor de bovinos do mundo, com aproximadamente 213 milhões de cabeças (MAPA, 2015) e também o maior exportador de carne, exportando cerca de 1.399.259 toneladas de carne bovina por ano (ABIEC, 2015). A criação de bovinos de corte no país é realizada especialmente em sistema extensivo, aonde o animal se alimenta da forragem cultivada na pastagem. Porém entre as décadas de 50 e 60 foram introduzidos na dieta de bovinos de corte os resíduos de culturas como milho, soja e trigo podendo ser observado um melhor desempenho de ganho de peso dos animais e um menor período de terminação (FILHO, 2009).
No ano de 2012, o Anuário de Pecuária (Anualpec) relatou que o número de animais tratados em confinamento aumentou cerca de 67,8% durante os anos de 2003 a 2012 (PINTO, 2015). Ainda assim, a prática de alimentar os bovinos neste sistema ainda não era muito bem vista, uma vez que, a produção extensiva é mais barata e mais utilizada. Quando a disponibilidade de forrageira estava baixa, no período de seca, era possível observar um aumento na produção de bovinos em confinamento em busca de um melhor gado de peso e um menor tempo de engorda quando comparado as pastagens (MOREIRA, 2011).
Hoje a prática de terminação de bovinos neste sistema possibilita menor idade de abate, maior produção por área, padronização do acabamento da carcaça e consequentemente melhor preço na hora da venda, melhor qualidade da carne, além de possibilitar o uso das pastagens para outras categorias animais (MOREIRA, 2011). Os números de animais confinados no Brasil entre os anos de 2001 à 2015 cresceram consideravelmente, sendo que em 2001 foram confinados 2,06 milhões de cabeças, já no ano de 2015 este número triplica apresentando um total de animais confinados de 5,05 milhões de cabeças (ABIEC, 2015). O abate total de bovinos no país no ano de 2015, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes foi de 39,16 milhões de cabeças sendo que 5,05 milhões destes animais são provenientes de confinamentos, correspondente a um percentual de 12,9% do abate total.
A engorda de animais em confinamento permite produzir carne em escala durante todo o ano, reduzir o número de animais nas pastagens, diminuir a idade de abate dos animais produzindo uma carne mais precoce, permitir o giro de mais animais confinados por ano e contribuindo para o melhoramento no acabamento de carcaça devido a tecnologia aplicada na dieta (CERVIERI, 2005).
No confinamento pode se listar como limitação o custo pago pela dieta dos bovinos, prover de galpões para correto armazenamento dos insumos, áreas extensas para produção de volumoso e estrutura para fabricação e distribuição das rações (CERVIERI, 2005). Até a década de 90, a inclusão de volumoso na dieta de bovinos confinados no Brasil era em torno de 50 – 80%, hoje este valor está em 21% (OLIVEIRA, 2011), isto se deve a necessidade de grandes áreas para a produção de volumoso, o que torna oneroso para o produtor (MOREIRA, 2011). Segundo dados do IBGE (2015), o rebanho bovino do Estado de Santa Catarina corresponde a apenas 2,11% do total do rebanho nacional, porém, foi o estado que mais obteve crescimento do rebanho bovino nos últimos nove anos e apresenta um aumento de 27,36%, devido ao aumento do rebanho leiteiro. Além disso, aproximadamente 35% do rebanho bovino do estado são destinados exclusivamente para corte.
O Brasil ainda possui um rebanho predominantemente extensivo e com característica racial zebuína, porém novas tecnologias vêm sendo implantadas para o sistema de confinamento. A porção mais onerosa no confinamento é a nutrição, por meio disso, é necessária uma correta formulação para que não ocorram distúrbios metabólicos. No Brasil são mais utilizadas como fonte de volumoso a silagem de milho, silagem de sorgo, silagem de capim e a cana-de-açúcar. A inclusão de concentrado na dieta de bovinos é essencial em sistema de confinamento, sendo assim, são incluídos ingredientes como o milho, sorgo, farelo de soja e algodão, casca de soja, caroço de algodão e polpa cítrica. É importante estar certificado da qualidade dos resíduos industriais como tortas e bagaço de cana, buscando sempre um valor nutricional elevado e um custo favorável. (MEDEIROS, 2015).
Revisão Bibliográfica
Os ruminantes possuem características nutricionais diferenciadas. As principais diferenças observadas quando comparados aos monogástricos são a ausência da enzima amilolítica na saliva dos ruminantes, ausência quase total de enzimas glicolíticas no intestino, presença de nucleases que são responsáveis pela degradação de ácidos nucléicos dos microrganismos no intestino, passagem lenta e contínua do alimento pelo intestino, absorção de açucares baixa ou nula, refletindo em um maior processo de gliconeogênese e permitem a utilização da celulose provinda das fibras (SILVA, 1979). No início do trato digestório, o processo de trituração dos alimentos se inicia com a mastigação propriamente dita e a mastigação merícica (ANDRIGUETTO, 2002). Os ruminantes são poligástricos e tem como característica a presença de estômago aglandular e o estômago verdadeiro ou glandular (SILVA, 1979). No rúmen estão presentes bactérias, fungos e protozoários. As bactérias são na maioria anaeróbicas e tem grande tolerabilidade quanto a alteração de pH, elas sintetizam vitaminas do complexo B e K, além de produzirem aminoácidos a partir do nitrogênio. A concentração de oxigênio é baixa e a fermentação é anaeróbica, formando ácido acético, ácido propiônico e ácido butírico (ANDRIGUETTO, 2002). A temperatura do rúmen é em torno de 38º e 42º C e o pH varia de 5,5 a 7,0, sendo que, quando o animal é alimentado com concentrados este valor se torna ainda mais baixo (SILVA, 1979). O ambiente ruminal é caracterizado também pela presença de bactérias que podem variar de tamanho e formato, podendo ser gram-positivas ou gram-negativas. Estas bactérias podem desempenhar diversas funções (KOZLOSKI, 2011). Diversos são os grupos de bactérias no rúmen e sua função está relacionada com o tipo do alimento a ser degradado (Tabela 1). É necessário conhecer a fisiologia digestiva dos ruminantes para que não hajam erros no balanceamento da dieta e o desenvolvimento de distúrbios metabólicos ocasinados pelo mal manejo alimentar, fatores esses que geram prejuízos econômicos ao produtor.
Na engorda de bovinos, a nutrição ainda é o fator que engloba maior custo de produção, embora atualmente vem sendo introduzidas novas tecnologias para equilibrar essa relação de custo-benefício. É importante ter uma boa formulação de dietas, contendo alimentos fibrosos, ricos em amido e que proporcionem maior ganho de peso num menor período de tempo, obtendo assim, uma maior eficiência produtiva e melhora na economia, buscando a real necessidade de cada nutriente para o animal (FILHO et al, 2009). O manejo nutricional é um importante pilar para se alcançar desejadas características na composição e palatabilidade da carne (MOLETTA et al., 2014). Quando o nível energético da dieta é acima das exigências mínimas para ocorrer o desenvolvimento muscular (ABRAHÃO et al., 2005) observa-se acúmulos de gordura nas carcaças, determinando o grau de acabamento (ABRAHÃO et al., 2005), levando ao aumento na qualidade organoléptica da carne (MOLETTA et al., 2014).
A alimentação tem influência direta e indiretamente na qualidade da carne. Apresenta resultados diretos na composição química e nas propriedades quantitativas da carcaça, intervindo na quantidade de tecido adiposo em comparação ao muscular. Já nos resultados indiretos a redução da idade de abate dos animais, influência na composição dos tecidos, para fornecer um melhor produto no final (ABRAHÃO et al., 2005). O manejo de características que afetam a qualidade da carcaça pode ser realizada por meio de manejo nutricional, idade de abate e busca de animais com potencial genético (CRUZ, et al., 2007). No sistema de confinamento, o abate dos bovinos geralmente ocorre com idade de 14 a 20 meses, levando em conta o manejo alimentar (CRUZ, et al., 2003; ALENCAR et al., 2007). Os sistemas de alimentação e os níveis nutricionais na dieta influenciam diretamente as características das carcaças bovinas. Para Berg & Butterfield (1976), quando os animais são alimentados de forma adequada, ocorre uma aceleração no período de engorda e, conseqüentemente, a gordura é depositada mais rapidamente, característica que também está associada aos fatores genéticos. Keane et al. (1998) compararam a composição da carcaça e a qualidade da carne de bovinos criados em sistema de confinamento e bovinos criados extensivamente, e avaliaram as consequências do sistema de produção intensivo e obtiveram como resultado que os animais criados a pasto resultaram em valores de deposição de gordura na carne menores do que os bovinos criados em confinamento. A deposição de gordura na carcaça está diretamente relacionada com o consumo de matéria seca e concentrado energético, pois os animais que se alimentam com grande quantidade de matéria seca e energia obtêm valores elevados de crescimento e de deposição de gordura (LADEIRA, 2006). Alencar (2007) realizou estudos comparando desempenho de animais puros e animais mestiços e concluiu que os animais cruzados obtiveram melhor ganho de peso e peso de carcaça, entretanto, animais puros demonstraram melhor rendimento de carcaça e espessura de gordura, observada principalmente em animais da raça Nelore. Isso pode ocorrer porque animais Nelore depositam gordura subcutânea mais precocemente do que quando analisado outras raças ou cruzamentos.
Materiais e Métodos
Foram utilizados 80 bovinos machos, da raça Nelore, com média de peso inicial de 390kg (± 6kg), idade aproximada de 24 meses e escore corporal semelhantes. Os animais foram separados em dois lotes de 40 animais cada, distribuídos num delineamento experimental inteiramente casualizado e arraçoados com duas diferentes dietas.
1.0 ENTRADA DOS ANIMAIS
No dia 19/12/2016 os animais foram pesados e desverminados com a utilização de levamisol injetável na dose de 1ml/40kg por via subcutânea e cipermetrina pour-on com dose de 1ml/10kg. Durante o período de engorda dos animais, foram coletados dados e informações sobre o comportamento dos animais quanto a nova dieta estabelecida, possíveis rejeições da alimentação, sobras de alimento no cocho e escore diário de fezes. O escore de cocho foi avaliado por meio de notas, com base no sistema de escore de cocho South Dakota State University, sendo atribuídas nota 0 quando o cocho se encontra totalmente sem alimento e o 4 quando o alimento não foi tocado pelo animal, esta análise foi realizada sempre antes do fornecimento da ração. Para o acompanhamento do escore de fezes dos animais, foi atribuído nota 1 para casos de diarreia, 2 para fezes que se encontraram pastosas e nota 3 para fezes normais de animais confinados. A frequência de análise do escore de fezes foi de três vezes por dia, durante todos os dias de confinamento.
1.2 DIETA
A dieta 1 era composta de silagem de milho produzida na propriedade e mistura comercial, sendo esta fornecida para um grupo de 40 animais e contendo relação de volumoso:concentrado de 35:65. Enquanto que, a dieta 2 também mistura comercial, exclusivamente de concentrado, foi fornecida ao outro grupo de 40 animais. A mistura comercial era composta por farelo de soja, milho integral moído, casca de soja, farelo de arroz, farelo de trigo e uréia pecuária. A ração era fornecida três vezes ao dia nos horários 06:30; 13:30 e 17:30 horas e os animais receberam 3,5% do peso vivo de ração total, porém, diariamente era avaliado o escore de cocho para que não houvessem sobras, podendo ocorrer mudança na quantidade da ração fornecida, a medida que esses animais foram ganhando peso. Os animais tinham livre acesso a água. Os animais permaneceram durante 48 dias em regime de confinamento intensivo na cidade de Rio dos Cedros/SC, sendo acondicionados em baias gradeadas com espaço de 10m
2/animal e dimensão de linha de cocho de 0,5m
2/animal, com bebedouro.
1.3 PERÍODO DE ADAPTAÇÃO
Foi realizado um período de adaptação de 20 dias no lote de animais que foram alimentados com a dieta 2, o objetivo deste foi a adequação da flora ruminal para o fornecimento de ração rica em carboidrato. Durante este período foi fornecida silagem de milho juntamente com a mistura comercial, depois disso foi retirado gradativamente o volumoso até que os animais fossem alimentados somente com a dieta 2.
1.5 ABATE
Após os 48 dias de confinamento, os animais foram pesados novamente e encaminhados para o abate no dia 06/02/2017 em abatedouro-frigorífico localizado na mesma cidade. No abatedouro, foi realizado o abate conforme legislação vigente por meio de insensibilização e posterior sangria. No final da escala de abate, as carcaças foram pesadas e resfriadas.
1.6 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Foram coletados dados para análises estatísticas e estes foram dispostos em planilha Excel
® versão 2013 e testados com Qui-quadrado e teste T de Student. As estimativas de proporção foram apresentados na forma de intervalos com 95% de confiança e em todos os testes estatísticos considerou-se a significância de 5%.
Resultados e Discussão
A média de peso inicial dos animais na entrada do regime intensivo foi de 390kg (±6kg). Porém quando relacionado o ganho de peso total durante os dias de confinamento, obteve-se um resultado bastante distinto, sendo que os animais arraçoados com a dieta de volumoso ganharam cerca de 70,5 kg enquanto que os que receberam dieta com alto teor de concentrado ganharam 49,25 kg durante os 48 dias de confinamento (Tabela 2). O consumo dos animais submetidos a dieta sem inclusão de volumoso (dieta 2) foi menor (13,45kg/dia/animal) do que quando comparado aos animais alimentados com a dieta 1 (22,88kg/dia/animal), o que é encontrado também nos estudos de Beltrame (2011), 12,38kg/animal/dia na dieta sem volumoso e 19,73kg/animal/dia na dieta composta por silagem de milho. Esta redução de consumo dos animais que não receberam volumoso na dieta pode ser explicado pelo alto teor de concentrado disponível no cocho, que faz com que o animal se sinta satisfeito com pouca quantidade de ração. Esse grau de saciedade da-se possivelmente pela multiplicação de bactérias presentes no rúmen capazes de degradar amido e outros compostos de alto teor energético e a redução de bactérias que degradam alimento fibroso.
Quando analisado ganho médio de peso diário (GMD) os animais que receberam dieta com a inclusão de volumoso (dieta 1), obtiveram valores superiores () dos outros animais alimentados com alto teor de concentrado, 1,470 kg/dia e 1,03 kg/dia respectivamente (Tabela 02). No estudo de Beltrame (2011) os resultados de GMD foram opostos, os animais com 100% de concentrado apresentaram ganho de 103g a mais quando comparado aos animais que receberam silagem de milho. Bianchini et al. (2008) em seus estudos obteve resultado de ganho médio diário em machos inteiros, Nelore e com dieta de 79% de concentrado, valores de 1,06 kg/dia/animal, o que foi semelhante a esse estudo quando observado os animais que não receberam volumoso na dieta. Considerando animais castrados, Maturana Filho et al. (2010) obtiveram valores semelhantes a este estudo, cujo GMD foi de 1,066 kg/animal/dia com dieta de 70% de concentrado. Quando considerado menor nível de concentrado na dieta, alguns autores puderam observar um GMD superior, em torno de 1,44 kg/animal/dia relatado por Oliveira et al. (2009) o que também foi visto neste experimento, sendo que os animais que receberam menor quantidade de concentrado na dieta juntamente com silagem de milho, obtiveram 1,47 kg/animal/dia durante o experimento.
Grandini (2009) em seus estudos obteve resultado semelhante ao de Beltrame (2011) quando analisado consumo de alimento relacionado ao teor de energia e ainda observou que a eficiência da dieta está relacionada ao maior índice energético, portanto a quantidade de ração para atingir o mesmo ganho de peso é sempre inferior, quando comparado com os animais arraçoados com silagem de milho. Entretanto neste estudo, o GMD foi maior nos animais que receberam silagem de milho, isso pode ser explicado pela qualidade inferior da mistura comercial fornecida aos animais alimentados com alto teor de carboidrato.
O monitoramento de escore de fezes diário, revelou presença de animais com diarreia nos dois grupos, entretanto os animais alimentados com alto teor de concentrado apresentaram maior número de animais com fezes líquidas (Gráfico 01). Este fato pode ser explicado pela mudança na dieta dos bovinos, interrompendo a administração de volumoso e disponibilizando no cocho ração farelada com alto teor de concentrado. Owens et al (1998) relata que os animais confinados no Brasil são provenientes de rebanhos extensivos e as mudanças bruscas de dieta pode causar distúrbios metabólicos, por este motivo se faz necessária uma adaptação otimizada. SILVA et al. (2012) em seu experimento puderam observar que um maior consumo de amido parece favorecer uma taxa de passagem mais rápida no sistema digestório do animal, promovendo um escore de fezes menor, ou seja, fezes mais pastosas.
Relacionando o peso de carcaça obtido durante o abate dos animais, observa-se que estes valores são muito semelhantes entre os grupos, sendo que a média de peso para os animais alimentados com a dieta 1 foi de 248,23kg e aqueles com dieta a base de alto concentrado (dieta 2) conferiu peso de 249,83kg, não apresentando diferças estatísticas entre os tratamentos (Tabela 03). Neumann et al. (2015) concluiu que animais alimentados com dieta 100% concentrado apresentam ganhos de peso superiores a dieta a base de silagem de milho e concentrado. Veiga et al. (2011) também observou que o ganho de peso dos animais recebendo alto nível de concentrado foi maior em relação aos de baixo concentrado. Estes resultados, não corroboram com esse estudo que o ganho de peso obtiveram ressultados parecidos nos animais que receberam uma dieta com alto teor de concentrado e uma dieta de silagem de milho, justificando-se pela qualidade inferior da dieta com alto teor de carboidrato. Oliveira et al. (2009) apresentou em seu estudo resultados que dieta contendo 60% de concentrado proporcionou melhores resultados para o ganho de peso dos animais. Já Missio et al. (2010) observou que o aumento dos níveis de concentrado na dieta não altera a maioria das características de carcaça, mas melhora o aspecto visual da carne, quando comparado com a dieta de silagem de milho. Esse estudo corrobora com os resultados obtidos nesse estudo.
Quando analisada a média de rendimento de carcaça foi possível observar uma diferença significativa estatisticamente (P <0,05), embora os valores de rendimento de carcaça não tinham se difereido tanto entre os grupos (Tabela 03). O rendimento de carcaça e o peso de abate, tem um papel importante na economia, devido ser a principal forma de comercialização da carne no Brasil. Os resultados de rendimento de carcaça obtidos neste estudo corraboram os observaados por Oliveira et al. (2009), demostrando que o aumento de concentrado na dieta melhora o rendimento de carcaça, o acabamento, a conformação, a composição física e o rendimento dos cortes comerciais da carcaça. Os animais da raça Nelore tiveram um excelente rendimento de carcaça nesse estudo. Tendo resultados semelhantes aos do Oliveira et al. (2009), que avaliaram animais da raça Nelore, apresentando carcaças com maior grau de acabamento e rendimento de carcaça.
Conclusões
Com este estudo foi possível concluir que animais da raça Nelore submetidos a diferentes tipos de dieta, apresentam grande diferença significativa quando relacionado o ganho de peso médio diário e ganho de peso total nos animais alimentados com dieta composta por silagem de milho, sendo que esses animais alimentados com volumoso juntamento com mistura de concentrado, tiveram menores índices de diarréia quando comparado com os animais submetidos a dieta exclusiva de concentrado, embora nesses animais tenha sido realizado um período de adaptação. Entretanto, quando analisado as variáveis zootecnicas durante o abate dos animais, o peso da carcaça entre os dois grupo foi semelhante, porém o rendimento de carcaça nos animais que receberam somente concentrado foi maior (56%) em relação aos animais que receberam dieta com inclusão de volumoso (54%). Com isso, podemos afirmar que a formulação balanceada de uma dieta é de suma importancia para esses animais e que a inclusão de volumoso na formulação, neste estudo, se mostrou mais vantajosa, quando analisado índice de escore de fezes e ganho de peso durante o período de confinamento. Ainda neste estudo foi possivel observar que a qualidade do concentrado fornecido aos bovinos deve ser sempre avaliada para obter melhores resultados zootécnicos.
Gráficos e Tabelas
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