Avaliação do Conforto Térmico de Coelhos por meio de Agrupamento Hierárquico Aglomerativo

Evaluation of the Thermal Comfort of Rabbits by Agglomerate Hierarchical Grouping

ABSTRACT - Animals kept under stress have their productivity reduced. The objective of this study was to evaluate a rabbit shed using Temperature and Humidity Index (ITU) and rabbit's ear surface temperature (TO) by agglomerative hierarchical grouping techniques. The experiment was conducted at Federal University of Lavras - UFLA. The shed has east/west orientation and dimensions of 7.70 x 5.80 m and height of 3.40 m besides owning a lantern. Dry bulb temperature (tbs) and relative humidity (UR) were collected at three different times of day 06, 12 and 18 hours. Subsequently, the ITU was calculated. The ear temperature was collected in 26 rabbits using an infrared thermometer. The ITU and ear temperature data were analyzed by agglomerative hierarchical grouping analysis and graphics of dendrograms. It was observed that the ITU and the ear temperature at 12 and 18 hours was similar and 9h was different from the others.

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Introdução

Diversos são os fatores que influenciam na produção animal, dentre eles a ambiência possui suma importância na cadeia produtiva. Com os diversos ganhos obtidos na nutrição e melhoramento genético, a ambiência e o bem estar de animais criados em sistemas intensivos se tornou peça chave, pois irá influenciar nos ganhos obtidos ou limitação no sistema de produção. Com os diversos sistemas de produção, atualmente empregados nos diversos tipos de culturas e nas variadas condições em que animais são alocados, o bem estar possui função muito além dos ganhos obtidos ao fim do ciclo produtivo, pois os ganhos obtidos são consequência das condições em que são alocados. O objetivo do presente trabalho foi de comparar a variação do Índice de Temperatura e Umidade (ITU) e a Temperatura de Orelha (TO) de um galpão cunícula durante três horários do dia (6, 12 e 18h) utilizando a metodologia de Agrupamento Hierárquico Aglomerativo.

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Revisão Bibliográfica

Somente animais criados dentro de sua faixa de conforto podem conseguir expressar o máximo potencial genético sem haver necessidade de realizar nenhum ajuste fisiológico ou comportamental afim de manter sua homeotermia. Dessa forma, é importante que o microclima ao redor do animal seja mantido dentro da faixa de conforto para permitir seu máximo desempenho(NAZARENO et al., 2009). A temperatura do bulbo seco(tbs) e a umidade relativa (UR) são osfatores climáticos que mais influenciam no conforto dos animais homeotérmicos. Dessa forma, os coelhos devem ser criados em ambientes com condições térmicas dentro da faixa de conforto para que consigam manter sua temperatura corporal com o mínimo de gasto energético (JARUCHE et al.,2012). O ambiente térmico é avaliado em função de índices de conforto térmico que associam mais de uma variável ambiental. Consideram-se parâmetros ambientais de temperatura e umidade sendo que, possuem determinado peso dentro do índice, conforme sua importância relativa ao animal. Um dos índices de conforto térmico mais usado foi o desenvolvido por THOM (1958), denominado de índice de temperatura e umidade (ITU) que associa a temperatura de bulbo seco e a temperatura do bulbo úmido. Condições térmicas fora do conforto animal podem causar efeitos sobre os parâmetros fisiológicos, bioquímicos, comportamentais e reprodutivos. Dentre as principais respostas fisiológicas afetadas pelo desconforto térmico para coelhos pode-se citar a temperatura da orelha (TO) SCARPELLINI e BÍCEGO, (2010). A análise de grupamento hierárquico na avaliação de variáveis ambientais, fisiológicas e comportamentais de animais tem sido atualmente utilizada pela literatura(SCHIASSI et al., (2015),FERRAZ et al., (2014). Esta metodologia permite que as variáveis sejam compadradas e agrupadas de acordo com sua similaridade, partindo do princípio que variáveis com semelhanças entre si irão se interligar. Esta técnica consiste em duas fases,divisiva e hierárquica, a primeira realiza a separação das variáveis e a segunda conecta as que são similares,desta forma possibilitando uma visualização precisa das semelhanças entre as amostras conforme(FERRAZ et al., 2014).

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Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Departamento de Zootecnia no setor de Cunicultura, na Universidade Federal de Lavras, UFLA, durante o verão do ano de 2016. O galpão utilizado é orientado na direção leste - oeste, com dimensões de 5,80 x 7,70 m, pé-direito de 3,40 m. Duas valas coletoras cimentadas de 1,50 x 6,00 m e 0,70 m de profundidade e as laterais possuem muretas de alvenaria medindo 0,50 m de altura. Cobertura de telhas coloniais de barro em duas águas, com lanternim. Foram utilizados 26 coelhos da raça Nova Zelândia, com idade de 58 dias de vida alojados em 13 gaiolas de arame galvanizado. Os dados foram coletados entre os dias 29 de fevereiro e 2 de março. Durante os dias analisados realizou-se três coletas de temperatura do bulbo seco (tbs), umidade relativa (UR), Temperatura de ponto de orvalho (Tpo) nos horários de 6, 12 e 18 horas em 48 pontos, em malha de 1 m². Posteriormente, calculou-se o ITU de todos os pontos coletados por meio da equação1, proposta por (THOM, 1959). ITU = Tbs + 0,36 * (Tpo) + 41,2 (1) A temperatura de orelha (TO) foi aferida nos 26 coelhos, três vezes ao diadurante os dias experimentais,utilizando um termômetro digital infravermelho. As medições foram realizadas em três locais na orelha de cada animal e posteriormente calculado uma média dos três pontos. Para avaliar a temperatura. Segundo JARUCHE et al., (2012), os coelhos encontram-se em conforto térmico quando estão submetidos a tbs de 15 a 25°C e a umidade relativa entre 60 a 70%. Dessa forma, calculou-se o ITU utilizando a Equação 1 para as condições descritas como de conforto para coelhos que varia de 59 a 74. Para analisar o ITU e o TO dos coelhos de acordo com a sua similaridade, os dados foram avaliados por meio de técnicas de agrupamento hierárquico aglomerativo utilizando o software R CORE TEAM, 2012. O coeficiente cofenético, a matriz de dissimilaridade e os dendogramas foram realizados utilizando o mesmo software.

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Resultados e Discussão

Ao longo dos dias analisados, as médias do ITU e TO nos três horários avaliados estão apresentadas no Tabela 1:

Horário	ITU	TO
6 h	72.3	23.6
12 h	76.4	27.7
18 h	76.0	27.6

Para se comparar o ITU e a TO entre os três horários do dia analisados, foi utilizada a metodologia de agrupamento hierárquico aglomerativo e confecção de gráficos de dendogramas. No dendograma, a similaridade é indicada por meio de uma escala vertical,o ITU e a TO em um eixo horizontal naordem de agrupamento (figura 1a e b, respectivamente). TABELA 1. Média dos valores de ITU e TO nos três horários avaliados ao longo do período experimental. Na Figura 1 está representado a análise de agrupamento, em que o ITU e TO foram comparados nos três períodos avaliados:06, 12 e 18 horas. FIGURA 1. Análise de agrupamento dos horários analisados: a) ITU e b) TO. O coeficiente de correlação cofenético foi de 0,9435 e 0,9945 nos dendogramas de ITU e TO, respectivamente.  A função do coeficiente de correlação cofenético é de indicar a precisão entre os valores de similaridade originais e os representados no dendograma(FERRAZ et al., 2014). Nos resultados obtidos por meio da Figura 1 fica evidente que os dados representando 12 e 18 horas de ITU e TO foram similares na escala de distância. Nestes horários os valores de ITU alcançaram as maiores médias, sendo que representam momentos mais críticos para os animais estando acima da faixa de conforto que varia de 59 a 74. Às 6 horas foi o período em que esses animais estiveram mais próximos da sua faixa de conforto, o que explica o distanciamento destes valores dos dados relativos aos demais horários, na Figura 1. Quando o ambiente térmico é desfavorável à criação de coelhos com amplitudes de tbs e UR fora da zona de termoneutralidade poderá implicarem alterações das variáveis fisiológicas, como a TO, produtivas e comportamentais SILOTO et al., (2009). Ao analisar a falta de similaridade do ITU nos momentos mais críticos do dia nota-se que a TO também se manteve fora da zona de conforto nos mesmos horários corroborando com os estudos de (SCARPELLINI e BÍCEGO, 2010), onde que a temperatura ambiental influencia na temperatura do animal. Coelhos criados sob condição de estresse térmico apresentam modificações comportamentais e fisiológicas na tentativa de se manterem em sua zona de conforto, o estresse causado pelo calor é o mais critico, além das modificações realizadas pelos animas para se manterem em conforto, também poderá prejudicar a qualidade de carne, pois segundo LIMA et al., (2007)o estresse por calor prejudica a capacidade do coelho na deposição de gordura na carne.

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Conclusões

Foi possível avaliar a similaridade entre os horários (06, 12 e 18) entre as variáveis, sendo que, foi evidente a similaridade entre os horários de 12 e 18 horas. A análise do dendograma permitiu também avaliar o ambiente em que os animais estão alojados, tendo como beneficio ser um método não invasivo e capaz de representar de maneira precisa o ambiente.

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Gráficos e Tabelas

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Referências

• FERRAZ, P. F. P.; YANAGI JR, T. A.; TALITA, A. C.; REIS, G. M.; CAMPOS, A. T. Behaviour of chicks subjected to thermal challenge. Eng. Agríc., Jaboticabal, v. 34, n. 6, p. 1039–1049, 2014.
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• LIMA, K. A. O.; CARNEIRO, M. I.; MOURA, D. J. A COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CARNE DE COELHOS SUBMETIDOS A DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 1, n. 2, p. 173–180, 2007.
• NAZARENO, A. C.; PANDORFI, H.; ALMEIDA, G. L. P.; GIONDO, P. R.; PEDROSA, E. M. R.; GUISELINI, C. Avaliação do Conforto Térmico e Desempenho de Frangos de Corte Sob Regime de Criação Diferenciado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, n. 6, p. 802–808, 2009.
• SCARPELLINI, C. da S.; BÍCEGO, K. C. Regulação da temperatura corporal em diferentes estados térmicos: ênfase na anapirexia. Revista da Biologia, v. 5, n. 01, p. 1–6, 2010.
• SCHIASSI, L.; YANAGI, T. J.; FERRAZ, P. F. P.; CAMPOR, A. T.; SILVA, G. R. E.; ABREU, L. H. P. Comportamento de frangos de corte submetidos a diferentes ambientes térmicos. Engenharia Agrícola Jaboticabal, v. 35, n. 2, p. 390–396, 2015.
• SILOTO, E. V.; ZEFERINO, C. P.; MOURA, A. S. A. M. T.; FERNANDES, S.; SARTORI, J. R.; SIQUEIRA, E. R. De. Temperatura e enriquecimento ambiental sobre o bem-estar de coelhos em crescimento. Ciência Rural, v. 39, n. 2, p. 528–533, 2009.
• THOM, E. C. The Discomfort Index. Weatherwise, Boston, v. 12, n. 1, p. 57–61, 1959.