Avaliação do desempenho da tambatinga alimentada com rações contendo a enzima protease
JANAINA TAYNA SILVA1, Hugo Ricardo Campos Mendes2, JÉSSICA DUARTE RAMOS FONSECA3, Marília Moreira Oliveira4, Felipe Shindy Aiura5, Iara Gomes de Souza6, Pedro Ângelo Pereira7, Débora Alves Simas8
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RESUMO -
O objetivo foi avaliar a utilização da enzima protease sobre o desempenho da tambatinga. Foram utilizados 165 peixes, pesando 1,00 ± 0,21g, distribuídos em 15 tanques. Uma ração comercial acrescida da enzima protease compôs os tratamentos: sem protease; 0,02; 0,04; 0,06 e 0,08%. Ao final do período experimental foram determinados os parâmetros médios de peso final, ganho de peso e sobrevivência. O desempenho dos peixes não foi afetado pela utilização da protease nas rações.
Palavras-chave: peixe, enzima exógena, ganho de peso, híbrido
Evaluation of the performance of the tambatinga fed with rations containing protease enzyme
ABSTRACT - The aim was to evaluate the protease enzyme on the performance of the tambatinga. It was utilized 165 fish, weighing 1.00 ± 0.21 g, distributed in 15 tanks. A commercial ration was supplement with protease enzyme, composing the treatments: without protease; 0.02; 0.04; 0.06 and 0.08%. At the end of the experimental period the mean parameters of final weight, weight gain and survival were determined. Fish performance was not affected by the use of protease in rations.
Keywords: fish, exogenous enzyme, weight gain, hybrid
Introdução
Entre os peixes para a piscicultura há um híbrido proveniente do cruzamento do
Colossoma macropomum (tambaqui) com
Piaractus brachypomus (pirapitinga), conhecido como tambatinga, que tem apresentado boas características produtivas em relação às espécies parentais. Esse híbrido apresenta crescimento rápido, rusticidade, tolerância às variações de temperatura e níveis de oxigênio (SILVA-ACUÑA e GUEVARA, 2002).
Entretanto as rações comerciais podem não se adequar a esses sistemas intensivos, os quais exigem rações de alto desempenho, devido à utilização de ingredientes de baixa qualidade, seja pela baixa digestibilidade e/ou pela qualidade no processamento.
As enzimas exógenas surgiram como uma alternativa visando aumentar o valor nutritivo dos alimentos utilizados em rações e principalmente aquelas que apresentam significativa fração de polissacarídeos não amiláceos estruturais e/ou fatores antinutricionais (FURLAN
et al., 1997), melhorando a eficiência de produção e redução de perdas de nutrientes nas fezes (COTTA
et al,. 2002).
As proteases podem ser uma alternativa para proporcionar um aumento na digestibilidade dos nutrientes, especificamente para a proteína, melhorando assim o valor nutricional dos alimentos, implicando em melhora no desempenho produtivo de peixes e consequente redução de nutrientes no ambiente aquático.
Nesse contexto, objetivou-se avaliar a utilização da enzima protease sobre o desempenho produtivo da tambatinga.
Revisão Bibliográfica
Com o desenvolvimento das técnicas de cultivo de peixes, os sistemas de criação vem se intensificando e umas das exigências desses sistemas é a utilização de rações que possuam alta digestibilidade dos nutrientes, não só visando o desempenho dos peixes, mas também com o intuito de reduzir a quantidade de nutrientes perdidos nas fezes, o qual pode interferir diretamente na qualidade da água, prejudicando o desenvolvimento dos peixes.
Assim a utilização de enzimas exógenas na alimentação de peixes pode ser uma alternativa para melhorar a digestibilidade dos ingredientes que compõem rações para peixes. Entre as enzimas estudadas, destacam-se as proteases, principal componente da ração de peixes.
Soares
et al. (2008) trabalhando com o tucunaré-paca (
Cichla sp.), analisando os níveis de 0,05; 0,10 e 0,15% de protease nas rações, observaram que o nível ideal de inclusão da enzima foi de 0,10% para desempenho dos peixes.
Singh
et al. (2011) relataram que a suplementação de 2% de papaína na ração resultou em melhor taxa de crescimento, conversão alimentar, digestibilidade da proteína e eficiência proteica para carpa comum (
Cyprinus carpio).
Moura
et al. (2012) trabalhando com tilápia-do-Nilo, analisando os efeitos da utilização do complexo enzimático (protease, α-amilase, celulase, xilanase, α-galactosidase, pectinase, fitase, endoglucanase e sacarase) nas rações, nos níveis de 0,005 a 0,025%, observaram aumento linear para ganho de peso e peso final dos peixes.
Também com a tilápia Goda
et al. (2012) observaram melhora no ganho de peso dos peixes quando se utilizou um complexo enzimático contendo pepsina, papaína e α-amilase nas concentrações de 0,64, 1,28 e 0,16%, respectivamente.
Entretanto Farhangi e Carter (2007) avaliando a inclusão de 0,03% de protease em rações para truta arco-íris (
Oncorhynchus mykiss), observaram que a enzima adicionada não influenciou o ganho de peso dos peixes.
Conforme Stech
et al. (2009) o efeito das enzimas digestivas exógenas na alimentação de peixes variam em função da espécie de peixe utilizada, do tipo de ração, da origem e estabilidade da enzima, além da quantidade utilizada e do seu uso individual ou associada a outras enzimas exógenas. Corrobando com isso Kolkovski (2001) também afirma que o efeito das enzimas digestivas exógenas depende da espécie, do tipo de enzima utilizada, bem como do hábito alimentar do peixe.
Materiais e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura do Gorutuba – CODEVASF, localizado no município de Nova Porteirinha-MG, com duração de 30 dias.
Foram utilizadas 165 tambatingas (
Colossoma macropomum x
Piaractus brachypomus), com peso médio inicial de 1,00 ± 0,21g. Os peixes foram distribuídos em 15 tanques circulares de polietileno com volume útil de 200 L, na densidade de 11 peixes por unidade experimental, dotadas de renovação de água, sendo de aproximadamente 40 litros por dia.
Para a confecção das rações experimentais, utilizou-se uma ração comercial farelada com 50% de proteína bruta, 9% de lipídios, 2,6% de fibra bruta e 16% de matéria mineral, acrescida de diferentes teores da enzima protease, compondo os seguintes tratamentos: sem adição de protease; 0,02; 0,04; 0,06 e 0,08% de protease, formando um delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e três repetições. A protease utilizada possuía atividade de 75.000 PROT/g de enzima e a alimentação foi realizada quatro vezes ao dia até a saciedade aparente.
Os tanques eram limpos periodicamente. A temperatura e o teor de oxigênio dissolvido na água dos tanques foram monitorados diariamente e semanalmente o pH, utilizando-se uma sonda Multiparâmetros HORIBA modelo W-22XD. Durante o período experimental, os parâmetros apresentaram valores médios de temperatura, oxigênio e pH de 22,83 ± 0,83; 6,6 ± 0,97 mg/L e 6,8 ± 0,20, respectivamente.
Os dados foram submetidos à análise de variância a 5% de probabilidade e quando significativo foi aplicado o estudo de regressão a 5% de probabilidade, utilizando o programa SISVAR (FERREIRA, 2011).
Resultados e Discussão
Os valores médios de peso final, ganho de peso e sobrevivência de tambatingas alimentadas com rações contendo enzima protease estão apresentados na tabela 1.
Observou-se que nenhum dos parâmetros de desempenho produtivo avaliados foram afetados pela utilização de diferentes níveis de protease nas rações dos peixes.
Farhangi e Carter (2007) avaliando o efeito da suplementação das enzimas α-galactosidase (0,3%); protease (0,03%); hemicelulose (0,18%) e a combinação das três enzimas (0,51%), em rações à base de tremoço no desempenho de truta arco-íris (
Oncorhynchus mykiss), também não observaram diferenças significativas no ganho de peso dos peixes com a utilização dessas enzimas exógenas.
Entretanto diversos autores encontraram resultados positivos para o desempenho de peixes utilizando a enzima protease adicionada as rações, como Goda
et al. (2012) e Moura
et al. (2012) em tilápias, Singh
et al. (2011) com a carpa comum (
Cyprinus carpio) e Soares
et al. (2008) com o tucunaré paca (
Cichla sp.)
De acordo com Kolkovski (2001) e Stech
et al. (2009) o efeito das enzimas digestivas exógenas na alimentação de peixes depende da espécie utilizada e do seu hábito alimentar, do tipo de ingredientes utilizados na confecção das rações e da origem, concentração e estabilidade da enzima e ainda se seu uso vai ser combinado ou não com outras enzimas.
Pode-se ainda inferir que o período experimental pode ter sido insuficiente para uma resposta positiva da utilização da enzima protease, associado ainda a uma temperatura relativamente abaixo da ideal, o que pode ter interferido no consumo alimentar dos peixes e impossibilitando uma resposta adequada de desempenho.
Conclusões
Podemos concluir que nas condições em que foi realizado o experimento, a adição da enzima protease nas rações não influenciou o desempenho produtivo da tambatinga.
Gráficos e Tabelas
Referências
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