AVALIAÇÃO DO EFEITO ENDOPARASITICIDA DAS FOLHAS DA BANANEIRA EM OVINOS
Tainá Marques de Morais1, Fabiana Garcia Chistovão2, Maico Henrique Barbosa dos Santos3
1 - Faculdades Associadas de Uberaba
2 - Faculdades Associadas de Uberaba
3 - Faculdades Associadas de Uberaba
RESUMO -
O sistema de criação de pequenos ruminantes está em evolução, havendo grande preocupação na qualidade da produção. A fitoterapia é uma alternativa substitutiva à alopatia sendo utilizada no controle de verminoses gastrointestinais em ovinos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o controle da verminose com a utilização da folha de bananeira e a sua aceitabilidade. Utilizou-se 12 animais, das raças Santa Inês e meio sangue de Santa Inês com Dorper. Todos os animais tiveram a verminose zerada com método químico. Sendo divididos em dois grupos T1 receberam o tratamento com volumoso e o grupo T2 receberam tratamento com folhas de bananeira com quantia de (0,5% peso vivo). Os tratamentos eram realizados por três dias consecutivos durante 11 semanas. Durante o dia, os grupos permaneceram juntos em piquete de Tifton 85. O peso e o exame parasitológico de fezes foram coletados a cada 15 dias. Não houve diferença significativa no peso e no OPG.
Palavras-chave: Fitoterapia, Ovelhas, Verminose. Musa spp
EVALUATION OF THE ENDOPARASITICID EFFECT OF BANANA LEAVES IN SHEEP
ABSTRACT - The breeding system for small ruminants is evolving, with great concern for the quality of production. Phytotherapy is a substitutive alternative to allopathy being used in the control of gastrointestinal verminoses in sheep. The objective of this work was to evaluate the control of the verminose with the use of the banana leaf and its acceptability. Twelve animals of the Santa Inês races and half-blood of Santa Inês and Dorper were used. All the animals had the verminose zeroed with chemical method. Being divided into two T1 groups received treatment with bulky and the T2 group received treatment with leaves of banana tree with amount of (0.5% live weight). Treatments were performed for three consecutive days for 11 weeks. During the day, the groups remained together in Tifton 85 picket. Weight and parasitological examination of feces were collected every 15 days. There was no significant difference in weight and OPG.
Keywords: Phytotherapy, Sheep, Verminose. Musa spp
Introdução
O controle de endoparasitas se estabelece por meio de medidas ambientais e ainda por intermédio da utilização de produtos químicos, que, por consequência podem acarretam malefícios aos organismos parasitados e a quem consome os produtos (CHAGAS et al.,2003). Os tratamentos convencionais podem ser mais onerosos do que os tratamentos utilizando fitoterápicos, adicionando se cuidados em relação à segurança alimentar (JONSSON, 2006).
Segundo Guarrera (1999), a fitoterapia é considerada uma alternativa no controle de parasitas, podendo reduzir os impactos econômicos e ambientais relacionados com o uso de pesticidas sintéticos. É uma alternativa para o controle das parasitoses em sistemas orgânicos de produção, nos quais o uso de químico não é permitido, além da fácil aquisição da maioria dos fitoteráticos (ROEL, 2002).
Diversas espécies de bananeira (
Musa spp.) apresentam taninos em sua constituição, os quais apresentam atividade anti-helmíntica permitindo redução da carga parasitária ou por redução da fecundidade das fêmeas de nematódeos ou por proteger a proteína ingerida da degradação ruminal (OTERO e HIDALGO, 2004). Os taninos podem ter ação anti-helmíntica direta, ao interferir no ciclo natural dos helmintos, ou de forma indireta, ao proteger a proteína ingerida da degradação ruminal, o que dificulta a determinação do seu real efeito anti-parasitário (BUTTER et al., 2000).
A verminose em ovinos provoca um impacto econômico negativo no sistema de criação. É possível que a utilização das folhas de bananeira controle os efeitos dos endoparasitas em ovinos. A finalidade deste estudo foi oferecer folhas de bananeira para ovinos, observando a aceitabilidade e o controle da verminose.
Revisão Bibliográfica
A grande vantagem do uso de medicamentos fitoterápicos na medicina veterinária é a possibilidade do emprego de novas substâncias ativas com as quais os patógenos não têm ou não tiveram contato, evitando, assim, a temida resistência aos fármacos. As modernas técnicas de produção de um medicamento fitoterápico veterinário estão associadas à todas as etapas do desenvolvimento de um produto estabilidade, eficácia e segurança, que garantem um resultado clínico constante e eficaz (MUELLER-HARVEY, 2010).
Taninos são substâncias conhecidas por algumas de suas características marcantes, como a adstringência e seu fator antinutricional. Na alimentação animal, a busca crescente por aditivos fitogênicos tem se constituído em grande motivação de pesquisas, pois são frequentemente compostos majoritários ou princípio ativo dos mesmos. Os compostos tânicos estão presentes em uma grande variedade de plantas, pois resultam do metabolismo secundário vegetal ou metabolismo especial, importante nas relações entre a planta e seu ecossistema. São compostos fenólicos e, portanto, são altamente reativos quimicamente, formam pontes de hidrogênio intra moleculares e intermoleculares (MONTEIRO et al., 2005).
Ressaltando que ovinos e caprinos expostos continuamente a espécies com altos teores de taninos (como nas regiões do semiárido do Nordeste) desenvolvem gradativamente diferentes mecanismos de defesa e/ou de adaptação. Em sistemas de pastejo os animais tornam-se mais seletivos, consumindo espécies taniníferas em menores quantidades ou misturadas com forragens desprovidas de taninos. Alguns animais apresentam aumento das glândulas salivares e produzem maior volume de saliva, o que pode favorecer a formação de complexos solúveis de tanino proteína, ou auxiliar na deglutição do alimento. Além disso, alguns microrganismos ruminais (como
Streptococcus caprinus ) tornam-se capazes de degradar os complexos tanino proteína, ou passam a apresentar maior tolerância à presença dos taninos na dieta (ACCO. 2012).
Considerando ainda os efeitos benéficos sobre as enfermidades, os taninos condensados mostram-se promissores no controle e diminuição da infecção parasitária em pequenos ruminantes, atuando direta ou indiretamente sobre as larvas presentes no animal e na pastagem (Minho et al. 2007). Os pesquisadores relataram que os taninos condensados podem minimizar a infecção parasitária por meio de três mecanismos: primeiro, por estimular o sistema imunológico do hospedeiro, devido a maior capacidade de aproveitamento dos aminoácidos essenciais que chegam ao intestino delgado (duodeno), compensando a perda de proteína ocasionada pelos parasitas; segundo, pelo lesionamento de larvas infectantes e parasitos adultos durante a passagem do tanino pelo intestino, levando a diminuição da fecundidade e postura de ovos pelos mesmos; e terceiro, por interferir na migração de larvas no perfil do relvado, dificultando o contato parasita hospedeiro (ACCO. 2012).
Diversas espécies de bananeira (
Musa spp.) apresentam taninos em sua constituição, os quais apresentam atividade anti-helmíntica apresentam diminuição da carga parasitária ou por redução da fecundidade das fêmeas de nematódeos ou por proteger a proteína ingerida da degradação ruminal (OTERO e HIDALGO, 2004).
Os taninos podem ter ação anti-helmíntica direta, ao interferir no ciclo natural dos helmintos, ou de forma indireta, ao proteger a proteína ingerida da degradação ruminal, o que dificulta a determinação do seu real efeito antiparasitário. Além disso, a quantidade de tanino na planta pode sofrer variações naturais em sua composição, por fatores ambientais ou pelo ciclo do vegetal, alterando então a concentração de tanino na ingesta do animal tratado (BUTTER et al., 2000).
Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de Ovinocultura da FAZU-Faculdades Associadas de Uberaba, localizado em Uberaba, Minas Gerais. Essa região apresenta latitude 19-45S, longitude 47-55W, altitude de 780 m, o clima é tropical de altitude dividindo-se entre períodos chuvosos e secos segundo classificação de Koppen 1948. A temperatura média de Uberaba é de 22.3 °C, a média anual de pluviosidade é de 1571 mm. O período de execução do trabalho foi de junho de 2016 a dezembro de 2016, realizando-se a aplicação do vermífugo a cada 15 dias, totalizando 75 dias. E adaptando os animais com a dieta durante 15 e a fase de execução efetiva do experimento foi de 75 dia .
Foram utilizados 12 animais, sendo estes da raça Santa Inês e meio sangue Santa Inês com Dorper. Os animais foram divididos em dois grupos T1 e T2 com divisão realizada igualmente entre os animais das duas raças que apresentaram peso corpóreo médio de 50 Kg. O primeiro exame parasitológico de fezes foi realizado como parâmetro de verminose. A verminose teve os resultados zerados utilizando - se Levamisol e Ivermectina. Este processo teve a duração de 75 dias. Em seguida os animais receberam os tratamentos. O grupo T1, foi alimentado com volumoso (0,5% do peso vivo do animal), o grupo T2 recebeu a folha de bananeira da espécie prata (
Musa paradisiaca cv. Prata), (0,5% do peso vivo do animal).
As ofertas ocorreram durante três dias consecutivos, por semana, durante o período noturno. Nos outros dias em que os tratamentos não eram ofertados, os dois tratamentos recebiam silagem de milho durante o período noturno. Os respectivos tratamentos T1 e T2 permaneciam juntos no mesmo piquete de Tifton 85 durante o dia e confinados em baias separadas durante a noite e recebiam silagem de milho nos dias que não recebiam os tratamentos. A duração do experimento total foi de 165 dias.
A cada 15 dias os animais foram pesados e realizado o exame parasitológico de fezes que ocorria no segundo dia após a administração dos tratamentos. O exame parasitológico foi realizado no Laboratório de Parasitologia da Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU). As amostras fecais foram coletadas diretamente do reto dos animais, para realização da contagem de ovos nas fezes - OPG por meio da técnica de GORDON e WHITLOCK (1939). Para aferir o peso foi utilizado uma fita de pesagem para pequenos ruminantes.
Os dados de OPG e ganho de peso médio foram avaliados pelo programa de análise estatística SISVAR, Tukey 5%. Os valores de contagem de OPG e o peso foram transformados em logaritmo de base 10.
Resultados e Discussão
As folhas de bananeira foram bem aceitas pelos animais em estudo já que o material ofertado foi ingerido por estes, demonstrando boa palatabilidade, registrando respectivamente as médias de consumo dos tratamentos: (controle, n=6) de 5,33 Kg/dia e para T2 (bananeira, n=6) de 5,72 Kg/dia.
Pela análise do gráfico 1 pode se observar que não houve diferença significativa no peso médio dos animais do grupo tratado com capim em relação aos animais tratados com folha de bananeira. Os tratamentos não diferem entre si P≤0,05.
O gráfico 2 demonstra que a média do exame parasitológico OPG permaneceu entre valores abaixo de 50 ovos por grama de fezes quando comparados estatisticamente não observou-se diferença significativa entre os tratamentos P≤0,05.
Com relação à aceitabilidade dos ovinos pelas folhas de bananeira, Ribas et al. (2009) observou que folhas de bananeira incluídas na dieta de ovinos e caprinos foram bem aceitas ao serem consumidas, com o consumo dos ovinos (n=6) foi menor que o consumo dos caprinos (n=10), 3,25 Kg e 7,33 Kg, respectivamente.
No estudo de Batatinha et al. (2004) ao avaliarem in vitro os efeitos dos extratos de folhas de
Musa cavendishii sobre culturas de larvas de nematódeos gastrintestinais de caprinos, observaram que o extrato aquoso das folhas de bananeira foi eficaz.
Bezerra et al. (2002), constatou que houve uma redução na contagem de OPG em bovinos alimentados com folhas e pseudocaules da bananeira. Houve ação anti-helmíntica das folhas de bananeira frescas dadas
ad libitum a bezerros mestiços de ambos os sexos, infectados naturalmente por
Haemonchus spp,
Cooperia spp.
Trichostrongylus spp. e
Oesophagostomum spp. Observou-se uma redução significativa na média de OPG por coleta e na quantidade de L3 de
Haemonchus spp. (BRAGA et al. 2001).
Lima (2010) as folhas de bananeira foram insuficientemente ativas em todas as coletas, não conseguindo reduzir o OPG em nenhuma delas. Embora as folhas da bananeira tenham sido bem aceitas pelos animais.
Não houve redução do número de ovos de estrongilídeos ou do grau de anemia nos ovinos e caprinos tratados com folhas de bananeira, comparados aos do grupo controle. Porém apesar dos resultados do presente trabalho serem negativos, existe na literatura registros da redução na contagem do OPG, em animais tratados com a folha de bananeira.
Alguns experimentos realizados com a utilização das folhas de bananeiras concluíram que houve uma redução da carga parasitária por nematódeos gastrointestinais em caprinos que receberam diariamente folhas de bananeiras por um período de 25 dias, quando comparados com o grupo controle (grupo que não recebeu nenhum tratamento). A eficácia da folha de bananeira foi de 57,1% para
Haemonchus spp., 70,4% para
Oesophagostomum spp., 65,4% para
Trichostrongylus spp. e de 59,5% para
Cooperia spp.; obtendo-se um total de eliminação dos ovos de helmintos das fezes de ovinos a partir do 9° mês de fornecimento da folha picada da bananeira. Porém quando o fornecimento foi de talos e folhas a eliminação completa dos ovos ocorreu no 10º mês (Oliveira et al.1997).
Minho et al. (2006) submeteram cordeiros naturalmente infectados com
H. Contortus a tratamento anti-helmíntico com extrato de Acácia (
Acacia molissima) por via oral, duas vezes a cada 30 dias, e observaram redução significativa na contagem de ovos de parasitos e na carga parasitária desses animais.
Conclusões
Conclui-se que a folha de bananeira tem boa palatabilidade, porém com a metodologia empregada não mostrou eficiente em promover ganho de peso e no controle da verminose em ovinos.
Gráficos e Tabelas
Referências
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