Avaliação do Escore de Locomoção de Vacas Lactantes da Raça Gir Leiteiro
William Luiz De Souza1, Arnaldo Prata Neiva Júnior2, Iorrano Andrade Cidrini3, Flávio Armando de Souza Lima4
1 - IFSEMG - Campus Rio Pomba
2 - IFSEMG - Campus Rio Pomba
3 - UNESP - Campus Jaboticabal
4 - Zootecnista
2 - IFSEMG - Campus Rio Pomba
3 - UNESP - Campus Jaboticabal
4 - Zootecnista
RESUMO -
A evolução genética em relação à seleção propiciou uma substancial elevação da produtividade, no entanto os animais tornaram-se mais exigentes em relação a dietas e ao manejo, assim, por consequência, aumentaram sua susceptibilidade a distúrbios podais desenvolvendo a claudicação. Objetivou-se com o trabalho caracterizar o escore de locomoção de vacas lactantes da raça Gir Leiteiro durante o verão, inverno e dentro de um ano. O método utilizado para detecção de claudicação foi o escore de claudicação com índice de 1 a 5, sendo 1 considerada discreta e 5 de grau severo. Os resultados foram de 11,27% e 7,89% de escore de locomoção acima de dois respectivamente e um valor anual de 20,12% de animais claudicantes no rebanho. Assim, as vacas da raça Gir Leiteiro apresentam o escore de locomoção dos períodos verão e inverno dentro dos limites aceitáveis e uma incidência anual de claudicação menor quando comparado a vacas Holandesas.
Palavras-chave: manqueira, vacas, incidência
Evaluation of the locomotion score of lactating cows of the Gir Leiteiro breed
ABSTRACT - Genetic evolution in relation to selection led to a substantial increase in productivity, however the animals became more demanding in relation to diets and management, therefore, consequently, they increased their susceptibility to pedal disorders by developing lameness. The objective of this study was to characterize the locomotion score of lactating cows of the Gir Leiteiro breed during the summer, winter and within a year. The method used for detection of claudication was the claudication score with index from 1 to 5, being 1 considered discrete and 5 of severe grade. The results were 11.27% and 7.89% of locomotion scores above two, respectively, and an annual value of 20.12% of claudicating animals in the herd. Thus, cows of the Gir Leiteiro breed present the locomotion score of the summer and winter periods within acceptable limits and an annual incidence of lower claudication when compared to holstein cows.Keywords: lameness, cows, incidence
Introdução
As doenças que geram claudicação nos bovinos são consideradas tema importante pois, além do impacto negativo na produção leiteira, causando dor e comprometem significativamente o bem-estar animal (PHILLIPS, 2010). Da mesma forma, animais com claudicação irão diminuir progressivamente a ingestão de matéria seca de forma proporcional ao agravamento do escore de locomoção podendo chegar a perda do animal (GOMES & COOK, 2010). Entretanto, Mendonça et al. (2003), relatam que vacas da raça Gir Leiteiro possuem diferenças entre as medidas digitais obtidas para bovinos da raça Holandesa, assim, destacaram que as medidas referentes à altura do talão, ângulo dorsal e comprimento da parede dorsal do casco encontradas para a raça Gir Leiteiro que possuía uma caracterização de melhores aprumos e distribuição de peso, reduzindo a possibilidade de enfermidades podais. Devido à escassez de pesquisas relacionadas a escore de locomoção de Gir Leiteiro. Fez-se necessário avaliar o escore de locomoção de vacas Gir Leiteiro em lactação.Revisão Bibliográfica
Os problemas no sistema locomotor são considerados os que mais afetam o bem-estar e a saúde animal (WHAY et al., 2003). De acordo com Romani et al. (2004), a claudicação em bovinos está ligada a lesões nos cascos provocando perdas na produção de leite, com comprometimento de até 20% da produção e o aumento no número de animais descartados. Assim como relata Nicoletti (2003), os problemas podais são os principais causadores de claudicação em bovinos, podendo chegar a 90% dos casos. As afecções podais têm origem multifatorial, sendo os fatores genéticos, alimentares e ambientais, importantes para etiologia (FERREIRA, 2003). Uma pesquisa realizada por Silva et al. (2006), relata que as alterações no sistema locomotor resultaram em descartes de 125 vacas correspondente a 13,5% de um plantel comercializado, sendo as enfermidades de maior relevância as doenças podais em 50 (21,17%) vacas da raça Holandesa. Segundo levantamento feito por Tomasella et. al. (2014) em uma fazenda com 1.600 bovinos (holandês preto e branco) e submetidos a um sistema free stall, o tipo de afecção podal mais encontrada foi a úlcera de talão, correspondendo 51,47% das lesões. Desse modo, Souza (2002), acompanhou um rebanho leiteiro em Esmeralda (MG), encontrando um prejuízo por animal doente de U$132,00 (Produção + reprodução), com ocorrência de uma perda na produção leite de 28,4%, uma incidência adicional de mastite de 31% e um acréscimo no período de serviço de 65 dias. Assim, Silva (1997), afirma que os problemas podais dos bovinos causam grandes perdas, muitas vezes imperceptíveis, visto que elas ocorrem de forma gradativa e podem comprometer até 20% da produção leiteira. Como na maioria das doenças as melhores formas de controla-las é por meio de observações e ações de prevenção, que nesses casos pode ser realizada com o casqueamento preventivo, pedilúvio, entre outras medidas (TOMASELLA et al., 2014).Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na Fazenda Brasília Agropecuária Ltda., localizada no município de São Pedro Dos Ferros – MG, tendo como coordenadas geográficas: Latitude: 20° 7' 55'' Sul Longitude: 42° 34' 31'' Oeste, com altitude média de 373 metros. O regime climático é Aw: clima tropical úmido com inverno seco e verão quente, na classificação Koppen; a precipitação média anual é de 1439 mm e a temperatura média anual situa-se na faixa de 22,3 ºC, com umidade relativa do ar quase sempre intermediaria, revelando médias anuais de 67,2%. O rebanho avaliado no verão (data de avaliação 28/12/2015 a 29/12/2015) foi composto por 71 vacas, no inverno (data de avaliação 17/06/2016 a 18/06/2016) foi composto por 76 vacas e durante um ano (período de avaliação 28/12/2015 a 28/12/2016, sendo avaliações mensais) com um total 164 vacas, sendo todas da raça Gir Leiteiro em lactação, sendo primíparas e multíparas. Os animais foram alojados em piquetes de Tifton 85 (sistema semi-confinado), com dimensões de 450 a 600m², separados em lotes de acordo com a produção aferida no dia de controle leiteiro e recebiam silagem de milho, concentrado e caroço de algodão duas vezes ao dia, onde o concentrado foi fornecido de acordo com a produtividade de cada animal. Os animais foram avaliados por dois (2) avaliadores treinados. utilizando-se um escore de locomoção de 5 pontos, estabelecido por Sprecher et al. (1997): escore 1: vaca normal - movimentação normal; escore 2: claudicação leve- postura arqueada ao andar, porem a marcha permanece normal; escore 3: claudicação moderada - postura arqueada tanto em estação quanto andando, marcha irregular com um ou mais membros afetados; escore 4: claudicação - postura arqueada e marcha com um passo de cada vez, favorecendo um ou mais membros; escore 5: claudicação severa - incapacidade ou relutância extrema para suportar o peso de um ou mais membros. Os dados foram analisados com recurso ao Microsoft Excel® 2013.Resultados e Discussão
Os animais avaliados no período de verão apresentaram maior incidência de claudicação quando comparado aos animais avaliados no período de inverno como demonstra a Figura 1. Os animais no período de verão e inverno apresentaram 11,27% e 7,89% escore de claudicação acima de dois respectivamente Segundo Nicoletti (2004), o índice de claudicação no Brasil acima do escore dois varia de 7 a 11% no período inverno e verão respectivamente, demonstrando que o índice encontrado no presente estudo está próximo aos limites aceitáveis. Percebe-se um aumento de casos incidência de claudicação em períodos chuvosos ou, quando há ocorrência de muita umidade nos locais de permanência dos rebanhos (TOMASELLA et al., 2014). Justificando a maior incidência de problemas de claudicação no período de verão. Os animais avaliados durante o período de um ano apresentaram uma incidência de claudicação de 20,12% de claudicação Figura 2. Trabalhando com vacas da raça Holandesa Haskell et al. (2006), observaram 39% de claudicação dos animais no sistema free stall. Já Molina et al. (1999) encontraram a prevalência de 38,28% de claudicação em animais da raça Holandesa semi confinados na bacia leiteira de Minas Gerais. Demonstrando menor incidência de claudicação nos animais da raça Gir Leiteiro quando comparados a raça Holandesa.Conclusões
As vacas da raça Gir Leiteiro apresentam o escore de locomoção dos períodos verão e inverno dentro dos limites aceitáveis e uma incidência anual de claudicação menor quando comparado a vacas Holandesas em um mesmo sistema.Gráficos e Tabelas
