AVALIAÇÃO DO PROTOCOLO LABORATORIAL PARA DETERMINAÇÃO DA MATÉRIA SECA

Hugo da Silva Nascimento1, José Geraldo de Vargas Júnior2, Talita Pinheiro Bonaparte3, Anyara Lubiana Barata4, Nágila Scarpi Nespoli5, Geyse de Oliveira Costa6, Mayara Regina Alves7, Mateus Henrique Rodrigues8
1 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: anybarata@live.com; nagila.sn@gmail.com; geyseolicosta@hotmail.com; mayaraalves_@hotmail.com; joao_fae@hotmail.com; mateusrodrigues898@gmail.com;
2 - Professor Associado da UFES, Alegre-ES. Email: josegeraldovargas@yahoo.com.br
3 - Professor Adjunto da UFBA - UFBA, Salvador - BA. Email: talitabonaparte@gmail.com
4 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: anybarata@live.com
5 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: nagila.sn@gmail.com
6 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: geyseolicosta@hotmail.com
7 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: mayaraalves_@hotmail.com
8 - Graduando(a) em Zootecnia na Universidade Federal do Espírito Santo - CCA/UFES. Email: mateusrodrigues898@gmail.com

RESUMO -

Objetivou-se avaliar a metodologia de determinação de matéria seca descrita por Silva e Queiroz (2006). Para isso, foram alterados o tempo de secagem, o peso da amostra e o número de repetições, de modo a observar a influência destes fatores sobre o valor final de matéria seca das amostras de milho moído, farelo de soja e feno de Tífton 85. Para o ensaio de matéria seca os tratamentos foram: pesos de amostras de 02 e 04 gramas, tempos de secagem de 04 e 12 horas, combinados com número total de duas ou quatro de repetições. Os dados foram submetidos à análise estatística pelo teste F e de Student-Newman-Kells (SNK). Não foi verificada diferença estatística para as médias de umidade (P>0,05) indicando que tempos de secagem e pré-secagem menores foram suficientes para a determinação da matéria seca. Dessa forma foi possível concluir que a determinação de umidade pode ser realizada com a utilização de amostras contendo 2 g e duas repetições e secagem de 4 horas.

Palavras-chave: farelo de soja, milho, tifton 85, umidade

EVALUATION OF LABORATORY PROTOCOL FOR DETERMINATION OF DRY MATTER

ABSTRACT - Objective to evaluate the methodology of determination of dry matter described by Silva and Queiroz (2006). To do this, have changed the drying time, the weight of the sample and the number of repetitions in order to observe the influence of these factors on the final value of dry matter of samples of ground corn, soybean meal and hay of Tífton 85. For the dry test treatments were: weights of samples of 02 and 04 g, drying times of 04 and 12 hours, combined with total number of two or four repetitions. The data were subjected to statistical analysis by the F test and Student-Newman-Kells (SNK). Has not been verified statistically to average humidity (P > 0.05) indicating that drying times and predrying minors were sufficient for the determination of the dry matter. In this way it was possible to conclude that the determination of moisture can be performed with the use of samples containing 2 g and two repetitions and 4 hours drying.
Keywords: corn, moisture, soybean meal, tifton 85


Introdução

A determinação da umidade é o primeiro processo realizado na rotina para a determinação das características bromatológicas do alimento. A preservação do alimento pode estar condicionada ao teor de umidade do material, além disso, quando se compara o valor nutritivo de dois ou mais alimentos, é necessário levar em consideração os respectivos teores de matéria seca (SILVA e QUEIROZ, 2006). O teor de água nos alimentos é um fator de extrema importância para o controle da qualidade das rações. Umidades superiores a 14% favorecem o crescimento de fungos que podem produzir micotoxinas (BIAGI; CARNEIRO; BERTOL, 2002). A determinação da matéria seca (MS) é um método relativamente simples, entretanto, podem ocorrer dificuldades relacionadas à precisão dos resultados em função da separação incompleta da água, da decomposição do produto com formação de água além do teor original e da perda de substâncias voláteis que serão computadas como peso em água (CECCHI, 2007). Com este trabalho, objetivou-se avaliar a metodologia de determinação da matéria seca descrita por Silva e Queiroz (2006) em amostras de milho moído, farelo de soja e feno de Tifton 85, para isso foi alterado o tempo de secagem, o peso de amostra e o número de repetições realizadas durante a análise.

Revisão Bibliográfica

A determinação da umidade é o primeiro processo realizado na rotina para a determinação das características bromatológicas do alimento. A preservação do alimento pode estar condicionada ao teor de umidade do material, além disso, quando se compara o valor nutritivo de dois ou mais alimentos, é necessário levar em consideração os respectivos teores de matéria seca (SILVA e QUEIROZ, 2006). O teor de água nos alimentos é um fator de extrema importância para o controle da qualidade das rações. Umidades superiores a 14% favorecem o crescimento de fungos que podem ser produtores de micotoxinas (BIAGI; CARNEIRO; BERTOL, 2002). A determinação da Matéria Seca (MS) é um método que parece simples, mas pode encontrar dificuldades relacionadas à precisão dos resultados. Dado que pode ocorrer separação incompleta da água, decomposição do produto com formação de água além do original, perda de substâncias voláteis que serão computadas como peso em água (CECCHI, 2007). A água dos alimentos pode se apresentar de duas formas: água livre e água ligada. A água livre é fracamente ligada aos demais componentes do alimento. É essa água que pode servir como meio de cultivo de microrganismos e para reações bioquímicas, afetando a qualidade e conservação do produto. A água ligada possui ligações mais fortes aos componentes do alimento (ISENGARD, 2001). A água livre, presente nos alimentos, pode servir como meio de cultivo de microrganismos e para reações bioquímicas, afetando a qualidade e conservação do produto. A umidade corresponde à perda em peso sofrida pelo produto quando aquecido em condições nas quais a água é removida. Na realidade, não é somente a água a ser removida, mas outras substâncias que se volatilizam nessas condições. O resíduo obtido no aquecimento direto é chamado de resíduo seco. A matéria seca (MS) é obtida através da diferença entre o peso total da amostra e a umidade. A literatura possui diversos métodos para determinação do conteúdo de sólidos, porém não existe um método exato, prático e que seja aplicável a todo tipo de alimento (CECCHI, 2007).

Materiais e Métodos

Os alimentos testados foram milho moído, farelo de soja e feno de Tífton 85 submetido a pré-secagem por 16 e 30 horas, em estufa de circulação forçada de ar, a 55°C. Para aferição da metodologia de determinação de matéria seca descrita por Silva e Queiroz (2006) foram utilizados milho moído, farelo de soja, feno pré-seco por 16 horas e feno pré-seco por 30 horas. Silva e Queiroz (2006) descrevem métodos de pré-secagem e secagem definitiva. A pré-secagem é necessária quando o alimento possui alto teor de umidade, ou matéria seca menor que 85%, como a amostra de feno utilizada no estudo. A temperatura utilizada foi entre 55° e 60° C, para prevenir a volatilização de outras substâncias, como o nitrogênio. A amostra pré-seca possui aproximadamente 90% de matéria seca. Dessa forma, o feno de Tífton foi moído em moinhos para tornar a amostra mais homogênea para as análises. Após a pré-secagem, todo o feno foi moído e acondicionado em embalagem fechada. Utilizou-se o Método Simplificado descrito por Silva e Queiroz (2006) e a secagem definitiva foi realizada em estufa a 105°C, com 02 diferentes tempos de secagem, totalizando 04 e 12 horas. Além do tempo de secagem variaram os pesos das amostras (2 e 4 gramas) e o número de repetições realizadas (2 e 4) totalizando 04 tratamentos e 24 unidades experimentais. A secagem definitiva foi executada nas amostras de alimentos previamente submetidos à pré-secagem ou que possuíam baixo teor de substâncias voláteis, caso das amostras de milho moído e farelo de soja, utilizados para o estudo. Foi feita em estufa com circulação forçada de ar com temperatura de 105°C. Os dados foram submetidos à análise estatística, utilizando-se o programa SAEG (Sistema para Análises Estatísticas e Genética) da Universidade Federal de Viçosa (1997), por meio de teste F e de Student-Newman-Kells (SNK) a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Os resultados da matéria seca observada nas amostras de milho moído, farelo de soja e Tífton 85 estão descritos na Tabela 1 e na Tabela 2. Não foram observados efeitos significativos (P>0,05) dos diferentes tempos de secagem, peso da amostra e número de repetições sobre a quantificação de umidade das amostras (Tabelas 1 e 2). A porcentagem de umidade, presente nas amostras, determinada por diferentes métodos pode apresentar variação devido ao tempo de exposição ao calor (NERY; CARVALHO; OLIVEIRA, 2004). Luz et al. (1993) também não observaram diferença estatística ao avaliar diferentes métodos de secagem para determinação da água presente em sementes. Apesar disso, observaram ligeiros aumentos na umidade dos grãos submetidos a secagem de 72 horas em comparação com os submetidos a secagem de 24 horas em estufa a 103°C, em decorrência da maior permanência das amostras em estufa, permitindo que a água livre fosse retirada completamente do produto ou pela decomposição de proteínas, lipídios, carboidratos e perdas voláteis. Em contrapartida, Campos e Tillmann (1996), analisando espécies de grandes culturas, como milho, arroz, trigo, cebola e soja, observaram diferença nos resultados entre os diferentes métodos de secagem, em estufa a 105°C e 130°C durante 17 e 24 horas, respectivamente. A inexistência de efeito significativo observado nesta pesquisa pode ter ocorrido devido à diferença nos tempos de secagem utilizados (04 e 12 horas), que foram inferiores aos testados por Campos e Tillmann (1996) de 17 e 24 horas de permanência em estufa. A execução das análises bromatológicas é feita em laboratório e requer  gasto com recursos como água, eletricidade e solventes, tornando-se interessante a redução de tempo gasto para realização das mesmas, o que pôde ser observado pelo menor tempo de permanência em estufa para obtenção da secagem sem diferença estatística nos resultados de nenhum dos alimentos em função dos tratamentos testados (Tabelas 1 e 2). Além disso, não havendo diferença (P>0,05) na umidade dos dois tratamentos de pré-secagem e secagem definitiva para o feno, pode-se afirmar que a pré-secagem de 16 horas e a secagem definitiva de 02 horas foram suficientes para a secagem completa das amostras de feno.

Conclusões

Ao analisar o teor de umidade de amostras de milho, farelo de soja e feno de Tífton pode-se adotar na rotina de laboratório duas repetições por amostra e peso da amostra de dois gramas. Para a determinação da matéria seca é indicada a utilização de amostras contendo 02 gramas, duas repetições por amostra e tempo total de secagem em estuda de 04 horas.

Gráficos e Tabelas




Referências

BIAGI, J. D.; CARNEIRO, M. C.; BERTOL, R. Armazenamento de cereais. In: Simpósio Sobre Ingredientes na Alimentação Animal, 2., 2002, Uberlândia. Anais... Campinas: CBNA, 2002. p. 117-133.   CAMPOS, V. C.; TILLMANN, M. A. A. Comparação entre os métodos oficiais de estufa para determinação do grau de umidade de sementes. Revista Brasileira de Sementes, v. 18, n. 1, p.134-137, 1996.   CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. São Paulo; Editora Unicamp. 2007. 207p.   ISENGARD, H-D. Water content, one of the most important properties of food. Food Control, Oxford, v. 12, n. 7, p. 395-400, 2001.   LUZ, C.; BAUDET, L.; TROGER, F.. Comparação de métodos diretos para determinação do teor de Água de sementes. Revista Brasileira de Sementes, Brasilia, v. 15, n. 2, p. 157-163, 1993.   NERY, M. C.; CARVALHO, M. L. M. D.; OLIVEIRA, L. M. D. Determinação do grau de umidade de sementes de ipê-do-cerrado Tabebuia ochracea ((Cham.) Standl.) pelos métodos de estufa e forno de microondas. Ciência e agrotecnologia, 2004.   SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2006. 235 p