Avaliação do rendimento de carcaça em caprinos castrado e não castrado suplementado ou não com Vitamina E(acetato-alpha-tocoferol)

Elson Reis Duarte de Oliveira1, Jose Antonio Alves Cutrim Junior2, Lucimeire Amorim Castro3, Eduardo Del Sarto4, Igor Cassiano Saraiva Silva5, Anderson Lopes Pereire6, Saulo Antonio Araujo Mesquita7
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RESUMO -

Objetivou-se com este estudo avaliar o rendimento de carcaça de caprinos sem raça definida submetidos à suplementação ou não, inteiros e castrados. Foram utilizados 24 animais em sistema de confinamento, A aplicação de vitamina E via intramuscular, num delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 x 2 com seis repetições (caprinos), o desenvolvimento do trabalho foi influenciado pela suplementação alimentar de vitamina E , porem verificou-se qual a influência da suplementação, o rendimento de carcaça quente (RCQ) e o rendimento de carcaça fria(RCF) não apresentou diferencial estatística na influencia da suplementação(Vitamina E) e nem sobre a condição animal(castrados e não castrados) (P>0,05) . O rendimento de pescoço e perda por resfriamento apresentou estatística de (p0,05) da condição e da aplicação da vitamina E

Palavras-chave: Caprinos, suplementação, condição, delineamento

Evaluation of carcass yield in castrated and uncastrated goats supplemented or not with Vitamin E (alpha-tocopherol acetate)

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the carcass yield of goats without defined breed submitted to supplementation or not, whole and castrated. The application of vitamin E via intramuscular, in a completely randomized design in a 2 x 2 factorial arrangement with six replicates (goats), the development of the work was influenced by dietary supplementation of vitamin E, The effect of supplementation, warm carcass yield (WHR) and cold carcass yield (CRF) did not present a statistical difference in the influence of supplementation (Vitamin E) nor on the animal condition (castrated and uncastrated) (P > 0.05). The yield of neck and loss due to cooling showed statistically (p <0.05) both for condition and for supplementation, the variations of yield of rib, loin, palette and leg will suffer influence (P> 0.05) Application of vitamin E.
Keywords: Goats, supplementation, condition, outline


Introdução

Nos últimos anos, tem-se observado um maior interesse dos pecuaristas em melhorar a criação dos pequenos ruminantes em função do aumento da demanda de carne no mercado consumidor. Nesse sentido, a carne dos ovinos e caprinos vem sendo apontada como uma alternativa de fonte proteica economicamente viável para as condições do Nordeste.

Uma das alternativas capazes de melhorar a produção de carne caprina é o  cruzamento das raças locais com raças exóticas especializadas para corte (CARDELINO, 1989), aliado a uma melhoria na alimentação dos animais através do uso de pastagens melhoradas e/ou cultivadas como suporte alimentar (ARAÚJO FILHO et al., 2002). Os cruzamentos são utilizados, entre outras razões, para se  obter  carcaça  com  melhor conformação e qualidade. Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a o rendimento de carcaça de caprinos sem padrão de raça definida (SPRD), confinamentos suplementados ou não com  Vitamina E



Revisão Bibliográfica

  Nas últimas décadas, a produção caprina no Brasil apresentou significativo  aumento na produção. O rebanho de caprinos diminuiu cerca de 14% no período de 2005 a 2014. Porém, a partir de 2012, vem mostrando uma recuperação de 2,4% no efetivo (IBGE, 2014). Os caprinos naturalizados no Brasil (Capra aegagrus hircus) são descendentes dos tipos trazidos pelos colonizadores portugueses logo após o descobrimento. Devido ao processo de seleção natural que sofreram ao longo de várias gerações esses animais apresentam alta capacidade de sobrevivência e alta prolificidade (SOUZA; PIMENTA FILHO, 1991). Nas condições da Região Nordeste, esses animais apresentam características como: pequeno porte, pelo curto, orelhas eretas e baixa produção de leite (MACMANUS et al., 2010). Kebede et al. (2008) analisando o desempenho produtivo e características de carcaças de caprinos não castrados e castrados em  diferentes idades (três, seis e nove meses) , observaram que a castração não resultou em maior ganho de peso corporal e nem melhoria nos parâmetros de carcaça, exceto sobre a deposição de gordura e componentes não carcaça. Os caprinos não castrados apresentaram menor deposição de gordura que os caprinos castrados. Portanto, a castração, nesse estudo,  afetou mais a deposição de gordura na carcaça do que o ganho de peso corporal. O mercado de carne caprina no Brasil  se apresenta através de duas frentes bem definidas, de um lado o consumo de caráter regional e tradicional, associados a produtos menos elaborados e de baixo valor agregado, de outro, o consumo gourmet, em centros urbanos com maior poder de compra (EMBRAPA, 2016). De acordo com Zapata (1994) a qualidade da carne pode ser avaliada levando-se em consideração dez características básicas, como: composição química, estrutura morfológica, propriedades físicas, qualidades bioquímicas, valor nutritivo, propriedades sensoriais, contaminação microbiológica, qualidade higiênica propriedades tecnológicas e culinárias. A vitamina É a principal vitamina lipossolúvel presente no plasma e na partícula de LDL, podendo se apresentar em quatro isoformas: alfa, beta, gama e delta-tocoferol, e destas o alfa-tocoferol é a forma biologicamente mais ativa e a mais estudada até o momento (Honarbakhsh; Schachter, 2009)  

Materiais e Métodos

A pesquisa foi conduzida no Setor de Ovinocaprinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis – Maracanã. os tratamentos foi determinados como sendo as quatro combinações entre Categoria animal (Inteiros ou Castrados), aplicação de vitamina E via intramuscular , num delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 x 2 com seis repetições (caprinos), perfazendo um total de 24 animais experimentais. Os animais experimentais foram oriundos do cruzamento entre animais da raça Anglo-nubiano e de animais Sem padrão racial definido (SPRD) com aproximadamente oito meses de idade e com peso vivo inicial médio de 18 kg. Os animais foram alimentados com volumoso (feno de capim-tífton) e concentrado e as dietas foram formuladas para serem isoprotéicas e isoenergéticas, calculadas de acordo com as exigências prescritas pelo NRC (2007) para animais de 20 kg de peso vivo e que permita um ganho de peso médio diário de 150 g/dia. Aos 77 dias de confinamento foi realizado o abate dos animais através do atordoamento com concussão cerebral, seguido de sangria, com corte da carótida e jugular. Foi realizada a esfola, evisceração, retirada a cabeça, as patas e o rabo para registro do peso da carcaça quente (PCQ), Foi obtido o rendimento de carcaça quente( RCQ), RCF, PPR, RPES, RCO, RLO, RPA e RPE  foram identificadas e pesadas em balança de bancada digital, e separadas para avaliação da oxidação lipídica. Os dados foram analisados por meio de análise de variância e teste de comparação de médias, por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, foi utilizado o procedimento PROC GLM do programa estatístico SAS (2003).

Resultados e Discussão

Não foi observado efeito da condição animal (P>0,05), da aplicação de Vitamina E (P>0,05) e da interação entre condição e vitamina E (P>0,05) para o rendimento de carcaça quente (RCQ). Obteve media de 45,30% esta de acordo com as medias observadas para especie caprina que e de 39  a 54% (MATTOS et al, 2006; OLIVEIRA, 2008;ZAPATA et al.,2001) Rendimento de carcaça fria (RCF) não houvi influencia(P>0,05) pela condição animal e suplementação Vitamina E, com media de 44,80%. Está próxima ao encontrado por  OLIVEIRA et al.(2008) que foi 43,34% para caprinos sem padrão racial (sprd). De acordo com Oliveira et al(2008) rendimento da carcaça pode ser influenciado pelo genótipo do animal. Houve efeito (P<0,05) apenas para suplementação com vitamina E no rendimento por perda por resfriamento (PPR), os animais que não receberam a vitamina E no PPR não foram observados efeito (P>0,05)  Menezes (2005) observou que o valor abaixo de 5,88%,  em carcaças de caprinos de quatro grupos genéticos em sistema de criação similar esse valor pode ser considerado baixo, pode ser em consequência da reduzida espessura da gordura de cobertura que protege a carcaça do ressecamento pelo frio dos caprinos. Houve influência (P<0,05) na condição para animais castrados no rendimento de pescoço(RPES), Os animais não castrados apresentaram maior desempenho de pescoço com média de 10,28%, enquanto os castrados tiveram média de 8,95%. Esses resultados são inferiores aos encontrados por Mattos et al. (2006), para cabritos das raças Moxotó e Caninde, submetidos a dois níveis diferentes de alimentação e abatidos ao atingiram o peso corporal ao abate (PCA) em torno de 25 kg, cuja média de rendimento de pescoço foi de 12,73%. É importante salientar  que os  caprinos sem padrão racial tem como características, o baixo peso ao abate e consequentemente baixo rendimento de carcaça . Não houve efeito (P>0,05) da suplementação com vitamina E da interação da condição animal para as variáveis rendimento de costela(RCO) e RLO,  não foram encontradas diferenças significativas  para as demais variáveis avaliadas (P>0,05) rendimento de paleta(RPA) e RPE. As médias de peso encontradas para os rendimentos dos animais experimentais, independentemente da condição sexual e da suplementação com vitamina E, foram as seguintes: rendimento de costela: 27,06%, rendimento de paleta: 20,80% e rendimento de perna: 33,58%. Esses resultados estão próximos aos encontrados por Santos Filho, (1997) para caprinos Sem Racial Definido que ficou entre 56,57 e 64,98, com médias para os cortes em relação à carcaça  na  faixa de 32,05 a 34,67% para o pernil, de 14,84 a 19,46% para a paleta e de 9,68 a 10,85% para o lombo isso indica que, em iguais condições de nutrição estudadas podem apresentar valores semelhantes de peso e desempenho.

Conclusões

A castração e a suplementação com vitamina E não influenciaram significativamente no rendimento de carcaça e cortes comerciais dos caprinos, uma vez que os efeitos da condição sexual e da suplementação com vitamina ocorreram de maneira independente e limitados a poucas características. Como prática de manejo, a castração e a suplementação com vitamina E podem ser dispensadas para  caprinos SPRD abatidos com menos de um ano de idade,   quando a melhoria do desempenho produtivo e das características de carcaça forem os principais objetivos

Gráficos e Tabelas




Referências

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