AVALIAÇÃO DO USO DE DIETAS COMPLEXAS E DA SUPLEMENTAÇÃO DA ENZIMA Β-MANANASE EM DIETAS DE SUÍNOS NA FASE DE CRESCIMENTO

Bruna Pereira Siqueira1, Wagner Azis Garcia de Araújo2, Hebert Fernandes de Brito3, Hérica da Silva Messias4, Dielly Inez de Oliveira Lacerda5, André Luiz Gonçalves da Silva6, Ivanilton Ferreira Mota Junior7, Eduardo Souza do Nascimento8
1 - IFNMG Campus Januaria
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RESUMO -

Objetivou-se avaliar o uso de dietas complexas e da suplementação de β-mananase sobre o desempenho zootécnico de suínos na fase de crescimento. Utilizou-se 60 suínos machos castrados e fêmeas, híbridos comerciais, distribuídos num esquema fatorial 2 x 2 em delineamento experimental de blocos ao acaso. As variáveis foram: dietas complexas (inclusão de subprodutos lácteos) na fase anterior (creche, do desmame aos 60 dias de vida) e a suplementação da enzima β-mananase. Durante a fase de crescimento, animais alimentados com dietas incluindo subprodutos lácteos (dietas complexas) durante a fase de creche apresentaram maior ganho de peso que os demais (P0,05). Há melhorias no desempenho dos animais na fase de crescimento ao se combinar utilização de dietas complexas na fase de creche e a suplementação enzimática dos 60 aos 110 dias de vida.

Palavras-chave: ajuste nutricional, deposição de carne magra, desempenho zootécnico

EVALUATION OF THE USE OF COMPLEX DIETS AND THE Β-MANNANASE ENZYME SUPPLEMENTATION IN PIGS DIETS IN GROWTH PHASE

ABSTRACT - Aiming to evaluate the impact of the β-mannanase enzyme and complex diets on the performance of pigs in the growth phase, sixty barrows and females, commercial hybrids, were distributed in a 2 x 2 factorial scheme in a randomized block experimental design. The variation factors were: complex diets (dairy by-products inclusion) in previous phase (nursery, weaning at 60 days of life) and β-mannanase enzyme supplementation. During the growth phase, animals fed diets including dairy byproducts (complex diets) presented greater weight gain than those fed diets based on corn and soybean meal during nursery (P<0.05). For the other parameters there was no influence of the type of diet in the nursery phase or of the enzymatic supplementation (P>0.05). There are improvements in the performance of the animals in the growth phase when combining the use of complex diets in the nursery phase and the enzymatic supplementation from 60 to 110 days of life.
Keywords: lean meat deposition, nutritional adjustment, performance


Introdução

As dietas para suínos são elaboradas com milho e farelo de soja, considerados alimentos de excelente digestibilidade e disponibilidade energética e protéica (Rostagno et al., 2011). Enzimas são proteínas globulares de estrutura terciária ou quaternária que agem como catalisadores biológicos e estão envolvidos em todos os processos do metabolismo animal. As enzimas comercialmente produzidas são provenientes, geralmente, de bactérias do gênero Bacillus SP ou fungos do gênero Aspergillus SP (Choct, 2006). Portanto é mais difícil obter-se uma única enzima purificada, do que complexos enzimáticos devido ao difícil processo de purificação (Choct, 2006). Ainda há evidências de que uma única enzima pode ter resultados similares à combinação de enzimas (Wang et al., 2009).Com base nestes fatos objetivou-se avaliar o uso de dietas complexas e da suplementação de β-mananase sobre o desempenho zootécnico de suínos na fase de crescimento.

Revisão Bibliográfica

Alguns compostos presentes em ingredientes de origem vegetal, como os polissacarídeos não-amiláceos (PNAs) não são totalmente digeridos por monogástricos e interferem na degradação e absorção dos nutrientes (Bedford, 2000). Segundo Choct (2006) os efeitos negativos dos PNAs sobre a digestibilidade ocorrem por meio de dois mecanismos principais: o primeiro é caracterizado pelo aumento da viscosidade do conteúdo intestinal, que reduz a interação enzima/substrato pela diminuição da taxa de difusão dos nutrientes na luz intestinal; e o segundo pela complexação dos PNAs com as enzimas limitando a atividade enzimática sobre o substrato Vários trabalhos evidenciam melhorias na digestibilidade e no desempenho dos animais como forma de superar os fatores antinutricionais ou melhorar a eficiência de suínos (Wang et al., 2009). Estas enzimas exógenas têm sido utilizadas como catalisadores da digestão com o objetivo de melhorar o valor nutricional dos cereais (Choct, 2006). Jo et al., (2012) indicaram que a suplementação de 0,05% de um complexo enzimático contendo α-amylase, β-mannanase e protease melhorou significativamente o desempenho dos animais. Ao (et al.,2010) em um estudo com suínos em crescimento e terminação concluíram que a suplementação enzimática melhorou a performance e a digestibilidade dos aminoácidos em dietas a base de milho e farelo de soja. Outra questão seria a influência nos parâmetros fisiológicos dos animais promovida pela suplementação de enzimas como a -β-mannanase. (Zou et al., 2006) evidenciaram melhorias no ganho de peso e nos parâmetros imunológicos (maior taxa de IgM e linfócitos T) de frangos de corte suplementados com β-mannanase nas dietas. Entretanto (Kim et al.,2013) apesar de verificar melhorias na performance dos animais não verificaram diferenças nos teores sorológicos de manose e galactose em suínos suplementados com 400 U de β-mannanase/kg de dieta. Portanto maiores estudos devem ser conduzidos sobre o assunto a fim de elucidar a influência dietética da suplementação de β-mannanase sobre a fisiologia e o desempenho de suínos.

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido no Centro Experimental de Suínos do setor de Zootecnia do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG) campus Januária em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A pesquisa foi conduzida em concordância e aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CETEA) da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Para o experimento foram utilizados 60 suínos machos castrados e fêmeas, híbridos comerciais, selecionados para deposição de carne magra, distribuídos num esquema fatorial 2 x 2 em delineamento experimental de blocos ao acaso, em quatro tratamentos, seis repetições e seis animais por unidade experimental. Os tratamentos foram assim constituídos: T1 - dieta controle e T2 - dieta controle com inclusão de β-mananase  na proporção de 120 g ton-1 somente durante a creche; T3 - dieta com inclusão de β-mananase na proporção de 120 g ton-1 somente durante a engorda; e T4 - dieta controle com inclusão de β-mananase na proporção de 120 g ton-1 durante creche e engorda. T1 –animais alimentados com dietas à base de proteína da soja na fase de creche sem a inclusão de enzimas na fase de engorda; T2 - animais alimentados com dietas à base de proteína da soja na fase de creche com inclusão de β-mananase na proporção de 120 g ton-1na fase de engorda; T3 - animais alimentados com dietas à base de proteína do leite na fase de creche sem a inclusão de enzimas na fase de engorda; e T4 - animais alimentados com dietas à base de proteína do leite na fase de creche com inclusão de β-mananase na proporção de 120 g ton-1na fase de engorda. As dietas experimentais foram formuladas para atender às exigências nutricionais dos animais, segundo recomendações de Rostagno et al. (2011) para todos os nutrientes. As dietas e a água foram fornecidas à vontade por todo período experimental. Os animais foram alojados em baias, de comedouros semi-automáticos e de bebedouros tipo chupeta, localizadas em galpão de alvenaria, com piso de concreto e coberto com telhas de cerâmica. Os dados de temperatura e umidade no interior das salas de creche foram coletados diariamente, a cada cinco minutos, por meio de datalogger (Log Tag® HAXO-8 Humidity & Temperature Recorder). Os fornecimento de rações, sobras e animais foram pesados aos 60 e aos 110 dias de idade para determinação dos consumos de ração, do ganho de peso e da conversão alimentar.  As análises estatísticas foram realizadas através do procedimento Mixed do programa SAS 9.3 (SAS Institute Inc., Cary, NC, EUA). O peso inicial foi utilizado como covariável. Os dados foram submetidos à análise de covariância. Para todos os procedimentos estatísticos foi adotado 0,05 como nível de probabilidade.

Resultados e Discussão

  Houve interação significativa entre o tipo de dieta na creche (inclusão de subprodutos lácteos) e a suplementação enzimática para o ganho de peso (P<0,05). Animais alimentados com rações com a inclusão de subprodutos lácteos na fase de creche (dietas complexas) e com suplementação enzimática no período de crescimento apresentaram maior ganho de peso (P<0,05). Durante a fase de crescimento, animais alimentados com dietas complexas apresentaram maior ganho de peso que aqueles alimentados com dietas a base de milho e farelo de soja durante a fase de creche (P<0,05). Para os demais parâmetros não houve influência do tipo de dieta na fase de creche ou da suplementação enzimática (P>0,05). Há melhorias no desempenho dos animais na fase de crescimento ao se combinar utilização de dietas complexas na fase de creche e a suplementação enzimática dos 60 aos 110 dias de vida. Os efeitos desta enzima também foi observada por Rodrigues et al (2002),  em que a suplementação com complexo enzimático influenciou significativamente o GPMD e a CA nas rações. Já Scapini (2015) observou interação significativa em frangos de corte de 1 a 21 dias para conversão alimentar. No desdobramento da interação houve diferença estatística para o nível de inclusão de fibra e para enzima. Dietas com níveis baixos de fibra e acrescidas de enzima resultaram em uma melhor conversão alimentar. Isso se deve a ação da enzima de reação com PNAs. Resultados positivos para a enzima também foram encontrados por Lucchesi (2016) onde o GDP do tratamento a base de soja micronizada com enzima B-mananase apresentou-se 10,55% superior ao tratamento somente com soja micronizada. As dietas complexas na fase de creche têm a capacidade de preservação da mucosa entérica, com maiores comprimentos de vilosidades e menores profundidades de criptas de Lieberkhün (Barbosa et al., 2007). Devido a este fato animais que tem sua mucosa preservada durante a fase de creche apresem maior digestibilidade e absorção dos nutrientes nas fases posteriores de desenvolvimento (Ferreira Jr, 2014). Enzimas exógenas adicionadas às dietas também tem a capacidade de melhorar a digestibilidade dos nutrientes, principalmente àquelas que possuem como seu substrato a fração fibrosa na dieta como a β-mananase (Scapini, 2015). Considerando estes fatores a utilização de dietas complexas na fase de creche e a suplementação enzimática na fase de terminação impactaram na melhoria do desempenho dos suínos. Com base nestes resultados fica-se comprovada a eficácia destas estratégias nutricionais em promover a melhoria no desempenho de suínos, isoladamente ou concomitantemente.  

Conclusões

Ocorrem melhorias no desempenho dos animais na fase de crescimento ao se combinar utilização de dietas complexas na fase de creche e a suplementação enzimática dos 60 aos 110 dias de vida.

Gráficos e Tabelas




Referências

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