Avaliação econômica da produção de subprodutos bovinos de um frigorífico comercial no Rio Grande do Sul

ANGELICA DOS SANTOS PINHO1, Mozer Ávila2, Luan Felipi do N. Nunes3, Luiza Nunes Rodrigues4, Fernanda da Silva Esteve5, José Acélio Silveira da Fontoura Júnior6, José Victor Vieira Isola7
1 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
2 - Universidade Federal de PelotasUFPel
3 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
4 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
5 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
6 - Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
7 - Universidade Federal do Pampa - PAMPA

RESUMO -

Um diferencial da produção de carne bovina sobre outras carnes, é que justamente grande parte dos subprodutos é aproveitada para diversos fins gerando importante fonte de renda. O objetivo deste trabalho foi estudar a variação econômica e produtiva de 5 subprodutos resultantes do abate de bovinos no Rio Grande do Sul durante as 4 estações do ano. Foram contabilizados os rendimentos após o processamento dos seguintes coprodutos: carne de cabeça, carne de pescoço, entranhas, bife aranha e rabada. Os dados foram coletados em um frigorífico comercial durante o ano de 2011, ao longo dos doze meses, contabilizando 120.507 animais. Perante os resultados nota-se que preço e produtividade ao longo do ano estão correlacionados as estações (primavera, verão, outono, inverno). Sobre as variações encontradas para cada produto, foram menores para o rendimento médio de carnes de cabeça e pescoço frente as variações médias de rabada, bife aranha e entranhas dentre as estações.

Palavras-chave: gado de corte, aproveitamento, processamento, subprodutos comestíveis.

Economical analysis of carcass by-products production in beef cattle slaughtered in the Rio Grande do Sul.

ABSTRACT - The differential of beef production over other meats is that large kinds of by-products can be used to different purposes and generate an important income. The objective of this work was to study the economic and productive variation of 5 by-products resulting from the slaughter of cattle in Rio Grande do Sul during the 4 seasons of the year. The yields after the processing of the following co-products were recorded: head meat, neck meat, intestines, spider steak and oxtail. Data were collected in a slaughterhouse who has Federal Inspection Service (SIF) during the 12 months of 2011 , accounting for 120,507 animals. About the results it could be noticed that the price and productivity through the evaluated year were correlated to the seasons (spring, summer, fall, winter). Regarding the variations found for each product, they were lower than average for head and neck meats compared to average variations of oxtail, spider steak and guts along the seasons.
Keywords: beef cattle, meat, processing, by-products


Introdução

A bovinocultura é um dos principais destaques do agronegócio brasileiro no cenário mundial, sendo o Brasil segundo maior produtor de carne do mundo desde 2009, abatendo no último semestre de 2015 15.271.998 animais. (IBGE, 2016). O país é responsável por 17% da produção total da carne bovina do planeta segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, sendo 3% do total de carne exportada é oriunda do estado do Rio Grande do Sul (SNA, 2015). Em uma abordagem sobre subprodutos do abate de ovinos, Medeiros et al. (2008) afirma que também na indústria de carne ovina o aumento de abates incrementou as quantidades dos componentes não-carcaça, os quais, segundo os autores, devem receber um destino adequado pela indústria ou por outros segmentos da cadeia produtiva. Silva Sobrinho et al. (2003) observou que a dieta alterou os pesos de fígado, vesícula biliar, omaso, intestino delgado, sangue, patas e pele e os pesos e rendimentos dos miúdos da “buchada”. Os autores também alertam para a importância de se avaliar a relação com custos da maximização no uso de concentrados e os valores dos componentes não-carcaça. A utilização de vísceras comestíveis no preparo de pratos como a buchada pode ser uma excelente e viável alternativa econômica, pois agrega valor e aumenta a lucratividade da produção (Dias et al., 2008). Portanto, o objetivo deste estudo foi avaliar economicamente a produção de subprodutos de abates de bovinos.  

Revisão Bibliográfica

Conforme Vaz et al. (2010), a remoção da carne de cabeça gera 0,69% do peso de carcaça de carne magra usada para embutidos e carne moída. No presente trabalho foi verificado que este corte juntamente a carne de pescoço representou importante fonte de renda ao frigorífico por ter um produção constante durante o ano. Trabalhos como o de Pacheco et al. (2005), afirmaram que há interação de categoria e grupo genético para pesos de orelha e cabeça quando expressos em relação ao peso de corpo vazio, de modo que novilhos 5/8 nelores 3/8 charolês apresentaram maiores pesos frente a animais 3/8 nelores 5/8 charolês. No mesmo trabalho ainda esta interação significativa também foi verificada para pesos de patas e de cabeça quando ajustados para peso de abate. Os rebanhos apresentam uma predominância dos genótipos zebuínos, em especial da raça Nelore, nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e os taurinos predominam na região Sul, destacando-se as raças Hereford, Aberdeen Angus, Simental e Charolês (CEZAR et al., 2005), porém o abate de animais com este genótipo zebuíno no Rio Grande do Sul ainda não é desprezível para os frigoríficos, ainda mais o devido ao grande abate de animais mestiços.

Materiais e Métodos

Este trabalho trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, conduzida a partir de dados primários tendo seus dados coletados a partir de dados secundários da linha de abate de um frigorífico comercial da região central do RS. Os dados foram coletados no ano de 2011, durante os dias nos quais ocorreram o abate dos animais (253 dias), 120.507 mil animais foram abatidos, sendo que, 61.145 mil eram machos bovinos, 58.999 mil eram fêmeas bovinas e 363 representam bubalinos. No decorrer dos meses foram avaliados os rendimentos de carne de cabeça, carne de pescoço, entranhas, bife aranha e rabada correlacionados ao preço pago por quilo do corte em questão e estação climática. Os dados tabulados foram analisados na Universidade Federal do Pampa, campus Dom Pedrito por intermédio da análise de variância e teste F ao nível de 5% de significância. As médias significativas foram analisadas pelo teste de comparação de médias, teste de Tukey, também a 5%. As análises de correlação foram consideradas ao nível de 1% de significância. O delineamento experimental compreendeu as estações e os meses do ano como variáveis independentes e as produções e receitas dos diferentes produtos como variáveis dependentes.

Resultados e Discussão

A produção de carne de cabeça (Tabela 1) não diferiu estatisticamente nas estações de verão, outono e inverno, sendo numericamente maior no outono em relação à produção do inverno e do verão e estes diferindo da produção desse subproduto na primavera (P<0,05). A produção individual de pescoço+carnes não apresentou diferença estatística entre as estações verão, outono e inverno (P>0,05), mas apresentou diferença estatística para a estação primavera. Conforme Vaz et al. (2010), a remoção da carne de cabeça gera 0,69% do peso de carcaça de carne magra usada para embutidos e carne moída. No presente trabalho foi verificado que este corte juntamente a carne de pescoço representou importante fonte de renda ao frigorífico por ter um produção constante durante o ano. O subproduto chamado bife aranha, que é um recorte removido da face interna do sacro, não diferiu entre estações verão e outono, mas apresentou diferença para inverno e primavera (P<0,05) em relação ao verão. Apesar de iniciar o verão com um preço inferior, a partir do outono valorizou-se e manteve-se constante, suba que não era esperada frente aos fatores avaliados, ao menos que confrontada ao aumento do peso de carcaça dos animais durante as estações subsequentes. Os subprodutos entranhas, rabada e outras carnes não apresentaram diferença estatística entre as quatro estações (P>0,05), empiricamente estimaria maior produção de rabada nos meses de primavera, quando o grau de acabamento dos animais aumenta, no entanto, o maior peso de carcaça dos animais do outono, pode ter compensado o grau de acabamento citado na primavera.

Conclusões

Perante os resultados obtidos na pesquisa é passível a conclusão da representatividade dos subprodutos oriundos do abate no Rio Grande do Sul nos rendimentos da empresa frigorífica e que a correlação de produtividade e preço frente as estações climáticas merecem atenção para o melhor aproveitamento da matéria prima. Os cortes de carne de cabeça, pescoço+carne e bife de aranha diferiram estatisticamente em relação as estações anuais.

Gráficos e Tabelas




Referências

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