BALANÇO DE NITROGÊNIO DE OVINOS ALIMENTADOS COM FARELO DE GIRASSOL
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão do farelo de girassol no consumo de nutrientes e balanço de nitrogênio em ovinos. Foram utilizados 24 cordeiros dispostos em delineamento de blocos casualizados, com três blocos e quatro tratamentos. A dieta foi ofertada para atender a mantença dos animais. Realizou-se a pesagem das dietas fornecidas para o cálculo de consumo, a coleta e armazenamento das fezes e urina para análises bromatológicas e determinação do balanço de N. Os dados foram submetidos à análise de regressão. Não houve efeito da inclusão do coproduto no consumo de MS e PB (P>0,05), devido ao fornecimento em nível de mantença e perfil isoproteico das dietas. O nitrogênio ingerido variou entre 18,36 e 20,42 g/dia, o nitrogênio retido de 3,46 e 7,00 g/dia e nitrogênio absorvido de 14,50 e 16,72 g/dia. A inclusão do farelo de girassol não alterou o balanço de nitrogênio, devido ao sincronismo de degradação de proteína e energia no rúmen.
NITROGENOUS BALANCE OF SHEEP FED WITH SUNFLOWER MEAL
ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the effects of sunflower inclusion on intake and nitrogen balance in sheep. Twenty-four lambs were used, arranged in a randomized block design with three blocks and four treatments.The diet was offered to attend to the maintenance of the animals. Each experimental period corresponded to 15 days of adaptation and 5 days of collection. The diets were provided for the calculation of consumption, for collection and storage of urine for bromatological analysis and determination of N balance. Data were submitted to regression analysis. The dry matter consumption ranged from 596.57 to 637.63, the ingested nitrogen balance oscillated 18.36 and 20.42, nitrogen retained of 3.46 and 7.00 and nitrogen absorbed from 14.50 and 16.72 Different levels of sunflower inclusion. There is no influence on BN when FG is added, according to the synchronism of protein degradation and energy in the rumen.Introdução
O uso farelo de girassol na alimentação animal vem aumentando ao longo dos anos, estudos com ruminantes, demonstram o valor nutricional equivalente ao do farelo de soja e ao do farelo de algodão (VINCENT, CAMPLING, 1990). A utilização do farelo de girassol é vantajosa economicamente, Garcia (2006) relatou economia no custo da dieta de 13,64%, 28,20% e 47,10% quando utilizou teores de 15%, 30% e 45% do farelo de girassol em substituição ao farelo de soja. Louvandini et al. (2007) ao trabalharem com níveis de substituição de 50 e 100% do farelo de soja pelo farelo de girassol no concentrado para cordeiros Santa Inês em terminação verificaram menor ritmo de crescimento, com redução de 27 e 37% respectivamente, para o níveis de inclusão em relação a dieta sem o coproduto. A redução no ritmo de crescimento dos animais com a inclusão do coproduto está relacionada principalmente com o teor de fibra do farelo de girassol. Devido ao alto teor de fibra presente no coproduto, são necessárias avaliações do seu efeito sobre a digestibilidade dos nutrientes especialmente da proteína. Objetivou-se avaliar efeitos de diversos níveis de inclusão do farelo de girassol em dietas sobre o balanço de nitrogênio em ovinos.Revisão Bibliográfica
O alto preço dos alimentos energéticos e proteicos na alimentação animal aumenta os custos de produção e diminui a porcentagem de lucro dos produtores. O surgimento de coprodutos das agroindústrias ganhou atenção especial, pelo baixo custo de aquisição. A indústria de processamento de alimentos produz quantidades de resíduos que são desperdiçados ou jogados fora, mas que possuem valores nutritivos ideias que podem ser fornecidos nas formulações de dietas para alimentação animal (GOES et al., 2008). A utilização de alimentos alternativos, coprodutos da indústria como o girassol, apresenta boa qualidade e alto valor nutricional como alimento funcional para alimentação humana, para os ruminantes e monogástricos (VILLABALDA, 2008). O girassol é a cultura que demonstra características ideias para fins agronômicos, por apresentar ciclo curto, elevada qualidade e bom rendimento em óleo, o que mostra boa opção para produtores brasileiros (SILVA et al., 2007). Devido ao teor de fibra presente no coproduto,a inclusão de farelo de girassol na dieta de ovinos pode alterar o consumo e a digestibilidade dos nutrientes. Em trabalho realizado por Oliveira et al. (2013), ao estudarem o efeito da inclusão de diferentes níveis, 0, 8, 16 e 24% de torta de girassol na alimentação de cabritos em crescimento constataram menor digestibilidade com o aumento da inclusão. Os autores explicaram essa alteração pela redução da digestibilidade dos carboidratos não fibrosos, ocasionados pelo aumento das frações de fibra em detergente ácido nas dietas em função dos níveis da torta de girassol. Em estudos de Ávila et al. (2013), com inclusão de farelo de girassol (7 ou 14 g kg de PC) em dietas para cordeiros mestiços, recebendo silagem de bagaço de sorgo sacarino como volumoso, verificaram aumento linear para consumo total, digestibilidade, excreção urinária e retenção de N com o aumento dos níveis de farelo de girassol na dieta. Os autores explicam que o fornecimento de energia e aminoácidos garantiu a eficiência no uso do N dietético.Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido no setor de Ovinocultura do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. Utilizou-se 24 cordeiros mestiços (Santa Inês x Dorper), machos distribuídos em delineamento experimental de bloco ao acaso, com três blocos, quatro tratamentos e seis repetições. O experimento teve duração de 60 dias, divididos em três períodos de 20 dias, com 15 dias para adaptação e cinco para coleta de dados. Os animais foram alojados em gaiolas metabólicas individuais providas de bebedouros, comedouros e coletores de fezes e urina. As dietas elaboradas conforme recomendações do NRC (2007) para atender as exigências de cordeiros em mantença (Tabela 1). Os tratamentos consistiram na inclusão do farelo de girassol em: 0, 100, 200 e 300 g kg-1 de matéria seca. Durante o período experimental foram coletadas amostras de alimento fornecido, fezes e urina. As amostras foram congeladas a -20 ºC para realização de análises posteriores. Foram determinados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) e cinzas determinados conforme INCT-CA Detmann et al. (2012). Para avaliação da utilização do nitrogênio (N), quantificou-se o N ingerido, Nabsorvido e Nretido. O Nabsorvido foi calculado pela diferença do (Ningerido - Nfecal). A retenção de nitrogênio (g N/dia) foi calculada pela fórmula de Decandia et al., (2000), Nretido=Ningerido–(Nfecal+Nurinário). Os dados foram submetidos a análise de regressão e de variância utilizando-se o pacote estatístico PROC REG (SAS, 2004).Resultados e Discussão
A inclusão de farelo de girassol não influenciou (P>0,05) o consumo de MS, independentemente da forma expressa, encontrando-se médias de 612,425 g/dia e 50,48 g/UTM/dia (Tabela 2). Vários fatores podem atuar na inibição do consumo de MS, entre os fatores inerentes ao alimento, destaca-se o teor de FDN, em razão de sua lenta degradação e baixa taxa de passagem pelo rúmen (Allen, 2000). Entretanto, na presente pesquisa o aumento no teor de FDN nas dietas (Tabela 1) em decorrência da inclusão do FG não alterou o CMS. O fornecimento para atendimento apenas da exigência de mantença, o processamento físico do coproduto e a proporção de concentrado da dieta podem ter contribuído para esses resultados. Não houve efeito da incluso do FG (P>0,05) sobre consumo de PB em g/dia ou g/UTM/dia devido à ausência de efeito na ingestão de MS e o perfil isonitrogenado das dietas ofertadas (Tabela 2). Fatores que podem ter contribuído parcialmente com esses resultados de CPB é a ausência da seletividade de partículas em função da similaridade no tamanho físico, somado ao fornecimento para mantença. A adição de farelo de girassol não alterou (P>0,05) o balanço de nitrogênio (Tabela 3). Esses resultados podem está relacionados com o perfil isoprotéico das dietas (Tabela 1), como também, pela similaridade do CMS e consumo de energia digestível (Tabela 2) para os mesmos. Embora, com a inclusão do FG houvesse diminuição dos teores de NIDN e NIDA (Tabela 1), esta alteração não resultou em maior aproveitamento do nitrogênio e não acarretou em maiores níveis de retenção do N nas dietas com níveis mais elevados de FG. A fração de NIDA dos alimentos altera a digestibilidade da proteína bruta, amplia a resistência da digestão, e os torna praticamente indigestíveis, além de estarem associadas à lignina e a outros compostos de degradação custosa (VAN SOEST, 1994). A similaridade no aproveitamento do nitrogênio, provavelmente está relacionada com o sincronismo de degradação de proteína e energia no rúmen. Em estudos realizados com novilhos recebendo dietas com diferentes fontes de energia, isoproteicas, apresentando farelo de girassol em sua composição, não foi observada alteração no balanço de nitrogênio (MENDES et al., 2005).Conclusões
A inclusão de até 300 g kg-1 de farelo de girassol na dieta de cordeiros não altera o balanço de nitrogênio.Gráficos e Tabelas

