Características de carcaças de cordeiros das raças Pantaneira, Santa Inês e mestiços (F1) terminados em pastagem recebendo suplementação

Diego Cordeiro De Paula1, Ubiara Henrique Gomes Teixeira2, Alexandre Agostinho Mexia3, Tiago Adriano Simioni4
1 - UEM
2 - UEM
3 - UNEMAT/Pontes e Lacerda
4 - Unesp/Jaboticabal

RESUMO -

Objetivou-se avaliar as características qualitativas de carcaças de cordeiros da raça Santa Inês, Pantaneiro e F1 Santa Inês x Pantaneiro, terminados em pastagens recebendo suplementação a 1,5% peso corporal vivo. Foram utilizados 36 cordeiros machos castrados, com idade média de 90 dias e peso médio inicial de 23,1 Kg. Os animais foram distribuídos aleatoriamente nos tratamentos por grupo genético. Ao atingirem o peso médio de 29,72 kg os animais foram abatidos. Amostras retiradas do lombo através de corte transversal foram separadas e dissecadas, para determinar as proporções de músculo, gordura e osso. Para os pesos e porcentagem dos cortes perna, paleta, lombo, fralda, costilhar e pescoço, observou-se que não houve diferença (P>0,05), entre os grupos genéticos para essas variáveis estudadas. Não houve diferença (P>0,05) para a medida A (comprimento maior do músculo Longissimus dorsi), espessura de gordura (EG) e área de olho de lombo (AOL), demonstrando que o grupo genético não influenciou nestas variáveis. Enquanto que para a medida B (comprimento menor do músculo Longissimus dorsi), houve diferença (P 0,05) com superioridade para o F1 e o Pantaneiro em relação ao Santa Inês. Observa-se que neste experimento com ovinos pantaneiros e suas cruzas terminados em pastagem recebendo suplementação, que não houve diferença para a maioria das características qualitativas estudadas, demonstrando que qualquer uma das raças pode ser utilizada como alternativa, para produção de carcaça de qualidade para o mercado consumidor.

Palavras-chave: acabamento, cortes, longissimus dorsi, ovinos

Characteristics qualitative of sheep’s carcass of race Pantanal, Santa Inês and crossbred finished in pasture receiving supplementation

ABSTRACT - The object of this work was to appraise the characteristics qualitative of sheep’s carcass of race Saint Ines, Swamper-land, and F1 their lineages, finished in pasture receiving supplementation to 1,5% alive body weight- PCV/BWA. Were used 15 castrate male plug sheep, with average 90 days and BWA initial average 23,1 kg. The animals were distributed alternately in the treatments by generics groups: Saint Ines, Swamper-land and F1 their lineages. When arrived at the average weight 29,72 kg, the animals were died. Sample retired of back by transverse court were divided and dissected, to determine the proportions of muscles, grease and bone. To weight and percentage of the courts: Leg, Palette, Back, thick flank, costilhar and neck, observed that hadn’t difference (P>0,05), among the genetics groups for that changeables studied. It hadn’t difference (P>0,05) to Measure A, EG, E>G and AOL, demonstrating that the genetic group not influenced in that changeables. While to Measure B, had difference (P>0,05), the genetic group Saint Ines introduce less length that others animals studied. To proportion muscles, grease and bone, hadn’t difference (P>0,05) to neither of the changeables studied. Observe in this experience with swamper-land sheep and their lineages finished in pasture receiving supplement, it hadn’t difference to qualitative characteristics studied, showing that anyone of the races can be used like alternative, to production of medium quality carcass to consumer market.
Keywords: finish, courts, longissimus dorsi, sheep


Introdução

A dinâmica do crescimento econômico brasileiro traz consigo o aquecimento do mercado estimulado pelo acréscimo no consumo de produtos diversificados. Tal evidência é dada pelo aumento do poder aquisitivo da população, o que implica em consideráveis mudanças, principalmente nos hábitos alimentares, caracterizados, sobretudo por uma transição para dietas que contenham proteína de origem animal. A terminação de ovinos a pasto pode ser feita com pastagens nativas ou cultivadas, qualquer gramínea pode ser utilizada, desde que seja adaptada a região, resistente ao pastejo, tenha bom rendimento forrageiro por área e boa qualidade (Souza et al., 2010). Entre as cultivares de forragens mais produtivas e adaptadas no Estado de Mato Grosso encontra-se o gênero das Brachiarias, forragens estas, que têm baixos valores nutricionais, que podem assim prejudicar o desempenho dos animais que são mantidos exclusivamente a pasto, enfatizando e destacando assim a importância da suplementação desses animais mantido nesse sistema. Objetivou-se com este experimento avaliar o desempenho produtivo com relação às características qualitativas de carcaças de cordeiros da raça Santa Inês, Pantaneiro e F1 Santa Inês x Pantaneiro, terminados em pastagens recebendo suplementação a 1,5% peso corporal vivo.

Revisão Bibliográfica

Categoria de ovinos Em um contexto geral sobre o consumo de carne ovina, os cordeiros são potencialmente a categoria ovina que possui a carne de maior aceitabilidade. Segundo Sañudo & Sierra (1986), as carcaças bem conformadas são aquelas que apresentam formato curto, largo e compacto. Por outro lado, uma carcaça de conformação deficiente é a que apresenta formato longo, estreito e pouco compacto. Ainda há características qualitativas da carcaça que devem ser bem elucidadas para melhor aceitação. O termo qualidade está sendo estudado por ser um conceito bastante amplo e complexo, pois está relacionado com todas as etapas da cadeia agroindustrial, desde o nascimento do animal até o preparo para consumo final da carne in natura e dos produtos cárneos processados (BRESSAN & FERRÃO, 2003). Para melhorar esse valor torna-se necessário conhecer aspectos relativos a fatores intrínsecos relacionados ao próprio animal como idade, sexo, genética, morfologia, peso ao nascimento e peso ao abate e também por fatores extrínsecos como alimentação e manejo, tais fatores influenciam as proporções dos distintos tecidos (osso: músculo: gordura), que por, sua vez, denotam sua qualidade. Assim a qualidade é um conjunto de atributos que deve satisfazer o consumidor (CARVALHO & PÉREZ, 2011). Em relação a grupos genéticos no Brasil, temos um grande número de raças sendo criadas, tanto nativas quanto naturalizadas, contudo a valorização de ovinos adaptadas a cada região torna-se importante no sistema produtivo, devido principalmente a sua resistência. Neste contexto, a produção da raça Santa Inês é crescente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, devido a características de adaptação, habilidade materna, rusticidade, menor susceptibilidade a parasitas e também pelo fato de serem poliéstricas anuais (BUENO et al., 2000). Por sua vez, os ovinos Pantaneiros sofreram processo de seleção natural em uma determinada região com particularidades de relevo e clima, e apesar de menos produtivos quando comparados a raças especializadas para produção de carne, têm importante potencial genético a ser explorado e preservado. O genótipo e o sistema de alimentação podem influenciar muito na conformação da carcaça dos ovinos, sendo que o melhor desempenho dos ovinos dependerá das características do animal, da qualidade e quantidade dos alimentos que compõem a sua dieta (PINTO et al., 2005). Algumas técnicas de criação são necessárias para que os produtores explorem o máximo potencial produtivo dos animais através de alimentação adequada, seja com a utilização de confinamentos, uso de forragem cultivada, ou a forma de terminação com suplementação em pastagem (GOUVEIA et al., 2009).   Desempenho de cordeiros Vários fatores interferem no desempenho dos cordeiros, dentre eles, o peso ao nascer, consumo e conversão alimentar, ganho de peso diário e peso ao desmame. Estes são influenciados por variáveis como habilidade materna, produção de leite, idade e estresse ao desmame, manejo alimentar, disponibilidade e qualidade das forragens, manejo sanitário e fatores genéticos (BARROS et al., 2005). Além disso, para melhorar o desempenho dos cordeiros na fase de amamentação, recomenda-se a utilização do creep feeding, pois propicia maior peso ao desmame (OTTO et al., 1997). O mecanismo de controle do crescimento de desenvolvimento dos ovinos de corte vem sendo pesquisados nos últimos anos. Segundo Hammond (1965), o crescimento pode ser definido como o acúmulo de massa, enquanto o desenvolvimento refere-se ás mudanças na forma e preenchimento das funções dos indivíduos. Quando se trabalha com animais destinados á produção de carne, é necessária a determinação do peso ideal para abate. Essa determinação está baseada nas exigências do mercado, já que, de um modo geral, o consumidor deseja carcaça com alta proporção de carne, adequada proporção de gordura e reduzida proporção de ossos. Owen (1976) relatou que a maior velocidade de crescimento do cordeiro ocorre entre a primeira e a vigésima semanas de vida. Portanto, procura-se produzir cordeiros de até 150 dias, com peso vivo de 28 a 30 kg e carcaças de tamanho moderado (12 a 14 kg), de acordo com a preferência do consumidor. Modificações no ambiente natural parecem ser essenciais para elevar o desempenho produtivo dos animais em regiões de clima quente. A manutenção de ovinos em crescimento em condições de pastejo deve prever a suplementação alimentar com concentrados, pois pode melhorar o desempenho (SOUZA et al., 2005). O pasto é a fonte mais barata de alimento para o rebanho, tornando a criação de ovinos em pastejo mais rentável. O consumo da forragem é um dos principais fatores que influenciam o desempenho animal, pois, segundo Mertens (1994), determina 60 a 90% das variações de desempenho, enquanto apenas 10 a 40% dessas variações estão relacionadas à digestibilidade dos componentes nutritivos. Para que o animal possa expressar seu potencial de ganho de peso, ele deve estar em estado nutricional satisfatório e ter aporte de nutrientes no organismo suficiente para atender as exigências de mantença e produção, sem afetar a saúde ou causar distúrbios metabólicos. As interações entre tipo de alimento, consumo, ambiente e parâmetros fisiológicos devem ser avaliadas, visando melhorar o desempenho dos animais (ANDRADE et al., 2007).   Alimentação de cordeiros De acordo com Andriguetto et al. (1999), a alimentação tem como função fornecer aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne, leite e lã, por isso, na alimentação, é necessário o conhecimento das exigências nutritivas do organismo em função da espécie, idade, sexo e produção. Para Silva et al. (2008), a eficiência de um sistema de alimentação é baseado em alguns requerimentos nutricionais como proteína, energia, minerais e vitaminas, que varia para cada categoria animal do rebanho e na composição química dos alimentos utilizados. Esses alimentos fornecidos, ao serem absorvidos, passam por transformações, convertendo-se em substâncias mais simples; tais transformações constituem a digestão, podendo ser de duas maneiras, mecânicas e químicas. Segundo Quadros et al. (2005), as transformações mecânicas em ruminantes acontecem por meio da mastigação, deglutição, regurgitamento, ruminação e motilidade gástrica e intestinal. As transformações químicas são devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários e substâncias químicas. A descrição e classificação dos alimentos são feitos com base na matéria seca, podendo ser comparados as suas características nutricionais sendo: volumosos - os alimentos que possuem teor de fibra bruta superior a 18% na MS, como é o caso dos capins verdes, silagens, fenos, palhadas etc.; concentrados - são aqueles alimentos com menos de 18% de fibra bruta na MS e ainda podem ser classificados como proteicos, quando têm mais de 20% de proteína na MS, como é o caso dos farelos de girassol, de soja etc., ou energéticos com menos de 20% de proteína na MS, como é o grão de milho, grão de sorgo, etc. (CARVALHO, 2005). Existem vários fatores relacionados ao consumo de alimento pelos animais, podendo este ser limitado pelo alimento, ou pelas condições de alimentação (MOUSQUER et al, 2013). Desta forma, é importante obter informações sobre a utilização dos nutrientes pelo animal além do conhecimento do consumo e da composição bromatológica dos alimentos (SILVA et al., 2010). Ainda, para isso, é necessário o conhecimento das exigências nutricionais de cordeiros, que variam em função de vários fatores, entre eles o peso, a idade, e o nível de produção do animal (NRC, 1985).

Materiais e Métodos

O experimento foi conduzido nas instalações de ovinocultura de uma propriedade rural localizada no município de Mirassol D´Oeste, Mato Grosso. Foram utilizados 36 cordeiros machos castrados oriundos de parto duplo, devidamente identificados, com idade média de 90 dias, todos criados até este período de desmama de forma igual, e peso corporal inicial (PCI) de 23,1± 2,1Kg. O período experimental procedeu-se de março a maio de 2012, totalizando 84 dias. Os animais foram distribuídos em três tratamentos variando entre eles o grupo genético, sendo: cordeiros Santa Inês, F1 Santa Inês x Pantaneiros e Pantaneiros. Durante o período experimental, os animais permaneceram em piquetes de quatro hectares, com pastagem de Panicum maximum cv. Massai, permanecendo diariamente na pastagem das 8:00 às 18:00 horas, recebendo suplementação a 1,5% do peso corporal vivo (PCV). Sendo recolhidos na instalação coberta após período de pastejo, com piso ripado suspenso, equipado com comedouros e bebedouros. As amostras de forragem forram recolhidas pelo método de dupla amostragem do pasto de Panicum maximum cv. Massai (Ahmed et al. 1995). Posteriormente o material foi separado em folhas, colmos e material senescente, sendo utilizado somente as folhas para análise de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDA) e fibra em detergente ácido (FDN), segundo metodologia de Campos et al. (2004), no Laboratório de Analises de Alimentos, da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus Universitário de Pontes e Lacerda/MT. Os resultados da composição química das folhas da Panicum maximum cv. Massai estão demonstrados na Tabela 1. Como suplemento, foi fornecido produto comercial Nutrimarques Ovinos® com composição básica: calcário calcítico, farelo de soja, farinha de ossos calcinados, milho moído, enxofre ventilado (flor de enxofre), oxido de magnésio, oxido de manganês, oxido de zinco, selenito de sódio, sulfato de cobalto, sulfato de cobre, sulfato de ferro, iodato de cálcio. Sendo níveis de garantia indicado pelo fornecedor conforme Tabela 2. Os animais foram pesados semanalmente para estimativa do ganho médio diário e ajuste do suplemento, sendo fornecido sal mineral e água a vontade aos animais durante todo período experimental. Ainda, ao início do período experimental os cordeiros receberam aplicação de anti-helmíntico conforme indicação do fabricante. Ao atingirem o peso médio de 29,72± 1,8 kg os animais foram abatidos após permanecerem 14 horas sob dieta hídrica. Após a evisceração, as carcaças foram pesadas e transferidas para uma câmara frigorífica a 4ºC, permanecendo por 24 horas. Os animais foram pesados para obtenção do peso vivo final (PVF). Posteriormente, as carcaças foram seccionadas longitudinalmente ao meio e as metades pesadas e subdividida em 6 regiões anatômicas, sendo: pescoço- sete vértebras cervicais como base óssea; paleta- região que compreende a escápula, o úmero, o rádio, a ulna e o carpo; costilhar – região correspondente as 13 vértebras torácicas e suas costelas, e ao esterno; lombo- vértebras lombares como base óssea, obtido através de secção perpendicularmente à coluna, entre a 13a vértebra dorsal-primeira lombar e última lombar-primeira sacral; perna: ílio, ísquio, púbis, vértebras sacrais, as duas primeiras vértebras coccígeas, fêmur, tíbia e o tarso compõem a base óssea deste corte, obtida por corte perpendicular à coluna entre a última vértebra lombar e a primeira sacra; fralda - este corte compreende a região anatômica da parede abdominal, tendo como constituinte anatômico os músculos: oblíquo externo do abdômen, oblíquo interno do abdômen e reto do abdômen. Os seis cortes comerciais considerados neste trabalho fazem parte de 3 categorias, assim divididas: cortes de primeira (perna e lombo); cortes de segunda (paleta e costilhar) e cortes de terceira (pescoço e fralda), sendo assim, realizado o agrupamento dos peso dos cortes comerciais para determinar os valores de cada categoria destes. No Longissimus lumborum (entre a última vértebra torácica e a primeira lombar, no corte denominado lombo), tomou-se a área transversal em transparência e, posteriormente, foi determinada a área de olho de lombo, através do programa computacional AUTOCAD®. Ainda no mesmo músculo, utilizando-se paquímetro, foram feitas quatro medidas: Medida A- comprimento maior do músculo Longissimus dorsi, perpendicular ao eixo ou medida B; Medida B- comprimento menor do músculo Longissimus dorsi: é a profundidade máxima do mesmo; EG - espessura de gordura sobre o músculo Longissimus dorsi: é a espessura da gordura de cobertura sobre a secção transversal do referido músculo, à continuação do eixo B. Amostras retiradas do lombo através de corte transversal foram separadas individualmente e dissecados, para determinação das proporções de músculo, gordura e osso. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualisado com três tratamentos Santa Inês (SI), Mestiços Santa Inês x Pantaneiros e Pantaneiros, e doze repetições (animais). Para realizar as análises estatísticas, foi utilizado o programa o programa SAEG (9.5), (2007). Para comparação entre médias de tratamento utilizou-se o teste de Tukey com nível de significância menor que 5%.

Resultados e Discussão

Na Tabela 3 estão demonstrados os valores de média e coeficiente de variação do peso e porcentagem dos cortes perna, paleta, lombo, fralda, costilhar e pescoço. Observa-se que não houve diferença significativa (P>0,05), entre os grupos genéticos para essas variáveis, provavelmente devido os animais se enquadrarem como nativos, ou seja, apesar de outras vantagens desses grupos genéticos, não são raças consideradas especializadas para carne. Também, devido ao fato de estipular peso final na decisão do abate e não idade cronológica houve similaridade nas proporções dos cortes por apresentarem peso semelhante ao abate. Dantas et al. (2008) ao testar diferentes níveis de suplementação (0,0%, 1,0% e 1,5%) em cordeiros da raça Santa Inês criados em pastagem nativa no semiárido Paraibano, observaram que o maior nível de suplementação (1,5%) influenciou (p<0,05) nos pesos de perna (1,816 kg), lombo (0,553 kg) , costilhar (1,422 kg), paleta (1,077 kg) e pescoço (0,435kg). Carvalho et al. (2006) ao avaliarem o efeito de diferentes níveis de suplementação (0%; 1,0%, 1,5%, 2,0% e 2,5%) concentrada sobre o desempenho e características da carcaça de cordeiros terminados em pastagem, encontraram resultados semelhantes para peso de paleta (1,19 kg e 1,51 kg) e para pescoço (0,52 kg e 0,61 kg), porém maiores para a variável peso costilhar (2,19 kg e 2,87 kg) quando comparado a este trabalho. As médias e o coeficiente de variação para a medida comprimento maior (medida A), comprimento menor (medida B), espessura de gordura (EG), espessura maior de gordura (E>G) e área de olho de lombo (AOL), estão demonstrados na Tabela 4.  Pode-se observar que não houve diferença significativa (P>0,05) para medida A, EG, E>G e AOL, demonstrando que o grupo genético não influenciou nestas variáveis. Enquanto que para medida B, houve diferença significativa (P <0,05), o grupo genético Santa Inês apresentou menor comprimento que os outros animais, representando assim menor musculosidade. Valores superiores para medida A, medida B, espessura de gordura e AOL, em relação a este trabalho foram relatados por Tonetto et al. (2004), ao estudar o desempenho dos animais e as características da carcaça de cordeiros Ile de France cruzados com Texel terminados em pastagem natural. Estes autores observaram que os cordeiros terminados em pastagem natural acumularam maior espessura de gordura (1,58 mm e 3,33 mm). Almeida et al. (2006) estudaram três sistemas de alimentação com suplementos comerciais de 18% de PB, fornecidos a 1,5% do PCV obtiveram resultados para espessura de gordura superiores (1,81 mm e 1,96 mm) aos que foram encontrados neste trabalho. Em estudo, Fernandes et al. (2009) avaliaram a composição tecidual de cordeiros terminados em pasto de azevém com níveis diários de suplementação concentrada (0, 1 e 2% do PV) e encontraram resultados superiores para EG (1,18 mm, 1,26 mm e 1,92 mm) e E>G (1,90 mm, 3,00 mm e 3,41 mm). Em relação à AOL, Cartaxo et al. (2011) observaram que cordeiros oriundos de cruza Dorper x Santa Inês apresentaram maior (P<0,05) área de olho-de-lombo (12,42 cm²) em comparação aos Santa Inês × Sem Raça definida (11,22 cm²), enquanto que os puros Santa Inês foram semelhantes (12,03 cm²) aos dois genótipos. Os autores alegaram ainda que devido a AOL ser um indicativo de musculosidade no animal, pressupõe-se que o cruzamento da raça Dorper melhorou devido caracterização racial para carne. Valores semelhantes ao do presente estudo foram aferidos por diversos autores para AOL, dentre eles, Tonetto et al. (2004) com 11,92 cm², Almeida et al. (2006) com 11,41 cm², Dantas et al. (2008) com 10,81 cm² e Fernandes et al. (2009) com 12,33 cm². As médias e o coeficiente de variação para proporção de osso, músculo e gordura estão demonstrados na Tabela 5. Não houve diferença significativa (P >0,05) para nenhuma das variáveis estudadas. A porcentagem de gordura melhora o rendimento de carcaça e é o principal parâmetro para aceitação da carne, verificou-se que o grupo genético não alterou a porcentagem de osso, músculo e gordura. Santos et al. (2007) ao avaliar o efeito da suplementação na composição tecidual dos cortes comerciais e da carcaça de cordeiros Santa Inês, terminados em pastagem nativa enriquecida com capim buffel no semiárido paraibano, não observou diferença (P>0,05) para peso da gordura intermuscular, proporção dos músculos e dos ossos do lombo nos tratamentos 1,0 e 1,5%, porém ambos diferiram (P<0,05) do tratamento 0%. A relação músculo/osso diferiram entre os tratamentos 0 e 1,5%, mas não houve significância destes (P>0,05) em relação ao tratamento 1,0%. Os níveis de suplementação 1 e 1,5% promoveram valores maiores para peso dos músculos do lombo quando comparados aos animais que não receberam suplementação, todavia não houve diferença significativa entre estes dois tratamentos para o rendimento. Ao avaliarem os parâmetros qualitativos da carcaça de cordeiros mestiços ¾ Ile de France ¼ Ideal, Sobrinho et al. (2005), encontraram resultados para percentagem de musculo (67,68%) e gordura (11,68%) semelhantes ao encontrados neste trabalho, porem menores para percentagem de osso (16,55%). Ovinos pantaneiros e suas cruzas terminados em pastagem recebendo suplementação, não apresentam diferenças para características de carcaça estudadas, demonstrando que qualquer uma das raças pode ser utilizada como alternativa, para produção de carcaça de qualidade média para o mercado consumidor. Com tudo, mais estudos devem ser realizados com ovinos pantaneiros e suas cruzas, levando-se em consideração que este grupo genético ainda não foi submetido a qualquer tipo de seleção ou melhoramento genético.

Conclusões

Ovinos pantaneiros e seus cruzamentos terminados em pastagem recebendo suplementação, não apresentam diferenças para características de carcaças estudadas quando comparados a cordeiros da raça Santa Inês, demonstrando que a raça Pantaneira pode ser utilizada como alternativa para a produção de carcaças de qualidade média para o mercado consumidor.

Gráficos e Tabelas




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