Características morfogênicas do capim-piatã pastejado sob lotação intermitente, explorando resíduo pós-pastejo de lâmina foliar
Alan Feliciano Castro da Costa1, Wagner Soares da Costa Junior2, Emerson Alexandrino3, André Augusto Marinho Silva4, Nicolas Neves5, Epitacio Lopes Junior6, Raphael Oliveira de Sá e Silva7, Joaquim José de Paula Neto8
1 - UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
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RESUMO -
Objetivou-se avaliar diferentes comprimentos de lâmina foliar residual pós-pastejo sobre as respostas morfogênicas do capim-Piatã pastejado por bovinos de corte. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com três resíduos (2, 4 e 6 cm) e duas repetições de piquetes, durante duas estações (águas e transição águas-seca). As características morfogênicas não diferenciaram entre os tratamentos e estações.
Palavras-chave: Morfogênese, manejo do pastejo, remoção foliar
Morphogenic characteristics of the piatã gras grazing under intermittent stocking exploring residue after leaf blade grazing
ABSTRACT - The objective was to evaluate different lengths of post-grazing residual leaf blade on the morphogenics responses of Piatã grass grazed by beef cattle. The experimental design was a completely randomized design, with three residues (2, 4 and 6 cm) and two replicates of pickets, during two seasons (water and dry-water transition). The morphogenic characteristics did not differentiate between the treatments and seasons.
Keywords: Morphogenesis, grazing management, foliar removal.
Introdução
O manejo do pastejo tem como objetivo aumentar a quantidade de lâmina foliar em detrimento a colmo, facilitando a apreensão e digestão de forragem para os animais. Para que isso ocorra, é necessário o conhecimento das adaptações fisiológicas e morfológicas da planta forrageira ao pastejo animal (DIFANTE et al., 2011; SANTOS et al., 2011a). Nesse sentido, o grande desafio a ser solucionado é equilibrar a eficiência de colheita de forragem, sem o comprometimento da perenidade do dossel forrageiro (ALEXANDRINO et al., 2008).
Pastos submetidos a diferentes intensidades de pastejo podem ter efeitos na dinâmica de participação de seus componentes morfológicos, estruturais e desempenho animal, com isso a definição do momento ótimo de manejo de gramíneas são essenciais para o sistema produtivo (AGUINAGA et al., 2008; SANTOS et al., 2011b).
Diante do exposto, objetivou-se avaliar diferentes resíduos de lâminas foliares pós-pastejo (2, 4 e 6 cm) sobre o vigor de rebrotação do capim
Urochloa brizantha cv. Piatã pastejado em lotação intermitente com altura de entrada do dossel entre 35 a 40 cm.
Revisão Bibliográfica
O estudo das características morfofisiológicas e estruturais são necessários quando se trabalha com plantas forrageiras, pois promove o entendimento da dinâmica de produção de forragem e suas relações no sistema de produção animal (PEDREIRA et al., 2007).
A altura de manejo interfere diretamente em algumas características morfogênicas. Desse modo, estratégias de manejo do pastejo baseado na altura, também tem reflexo direto na estrutura do pasto, pois as variáveis estruturais são afetadas pelas modificações das respostas morfogênicas (DIFANTE et al., 2008), como demonstrado por Pena et al. (2009), o número de folhas vivas por perfilho, Lara e Pedreira (2011) comprimento final de folhas expandidas, Casagrande et al. (2010) densidade populacional de perfilhos (DPP), Cândido et al. (2005) relação folha/colmo.
O comprimento final da folha, é determinado pela TApF, TAlF e TAlC. Geralmente, plantas manejadas em maiores alturas apresentam o maior comprimento foliar, devido ao comprimento do colmo e, quanto maior o comprimento do colmo, maior a distância percorrido pela lâmina foliar para sua completa emergência (DIFANTE et al., 2011; GALZERANO et al., 2013).
De acordo com Cândido et al. (2005) com o aumento da altura do dossel forrageiro geralmente há a diminuição da relação folha/colmo decorrente do acúmulo da fração colmo para atingir a altura pretendida.
As características morfogênicas e estruturais variam em resposta ao manejo que as plantas são submetidas (CÂNDIDO et al., 2005; AGUINAGA et al., 2008), e estão relacionadas ao processo de alongamento de colmo, taxa de senescência, relação folha/colmo e DPP (SBRISSIA; SILVA, 2008; CASAGRANDE et al; 2010; DIFANTE et al; 2011 LARA; PEDREIRA, 2011). Deste modo, o controle do alongamento de colmo é o grande desafio a ser solucionado pelo manejo do pastejo de gramíneas tropicais
Materiais e Métodos
O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins- UFT, Campus Universitário de Araguaína - TO, em pastagem de
Urochloa brizantha cv. Piatã, durante a estação de crescimento. Foram avaliados três resíduos de lâmina foliar (RLF) no pós-pastejo. A área experimental foi de 4,8 hectares Piatã, dividida em seis módulos de quatro piquetes de 0,2 ha, mais uma área de escape de 2 ha utilizada para acomodar os reguladores. O período de pastejo foi aproximadamente doze dias e o momento de entrada dos animais foi utilizado na altura de 35 a 40 cm de acordo com Melo (2014) como ideal para controle das hastes. Os resíduos avaliados foram 2, 4 e 6 cm de lâmina foliar, o período de descanso foi variável.
A adubação utilizada foi 50 kg ha
-1 de fosforo e 200 kg ha
-1 de nitrogênio e potássio. A altura do dossel forrageiro foi realizada com régua graduada em cm, e, foi utilizada como orientação do momento de entrada dos animais no piquete.
Para as características morfogênicas foi utilizado a técnica de perfilhos marcados (DAVIES, 1993), pela marcação de 48 perfilhos por tratamento três dias após o pastejo dos animais, em dois sub piquetes, para a avaliação do crescimento e senescência de lâminas foliares e colmo. De acordo com a altura média do piquete escolhia-se duas touceiras representativas, para marcação dos perfilhos. Com os dados de campo foram calculadas as taxas de aparecimento de folhas (folhas perfilho
-1 dia
-1), alongamento de folhas (mm perfilho
-1 dia
-1), alongamento de colmos (mm perfilho
-1 dia
-1) e senescência foliar (mm perfilho
-1 dia
-1) e o filocrono (dias).
As análises foram realizadas utilizando o PROC MIXED (modelos mistos) do SAS® (StatisticalAnalysis System), e as médias foram calculadas utilizando LSMEANS e, sua comparação realizada em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. A escolha da matriz de covariância foi feita pelo critério de informação akaike (AIC e BIC) (WOLFINGER, 1993).
Resultados e Discussão
Os valores obtidos de RLF se aproximaram dos pretendidos para os tratamentos experimentais, com valores reais de 2,3; 4,19 e 6,29 cm para os tratamentos 2; 4 e 6 cm respectivamente. Ao longo do período experimental as alturas pré-pastejo ficaram dentro da faixa preconizada de 35 a 40 cm.
As características morfogênicas, taxa de aparecimento foliar (TApF), filocrono (FILO), taxa de alongamento foliar (TALF), taxa de alongamento de colmo (TAlC) taxa de senescência foliar (TSF) não foram alteradas pelos manejos empregados e estação do ano durante o período de crescimento (Tabela 1). Esse resultado demostra que a planta conseguiu se adaptar às condições que foi submetida, comprovando a plasticidade fenotípica desse cultivar, semelhante ao apresentado pelo capim-Marandu (SBRISSIA; SILVA, 2008). Efeito similar foi observado por Marcelino et al. (2006) sobre a TApF em capim-Marandu manejado com duas intensidades de pastejo (10 e 20 cm) (0,079 e 0,076 mm folha perfilho
-1 dia
-1). Casagrande et al. (2010) trabalhando com capim-Marandu não observaram diferenças no filocrono com diferentes ofertas de forragem, em média 11,2 dias.
Os manejos testados foram eficientes no controle do alongamento de colmo, um dos principais objetivos do manejo do pastejo em gramínea tropical. Os valores médios encontrados foram de 2,99 mm perfilho
-1 dia
-1. O alongamento de colmo interfere diretamente na eficiência de pastejo, devido ao estreitamento da relação folha/colmo, que não é desejável quando se quer forragem de qualidade (RODRIGUES et al., 2014).
A taxa de senescência foi em média 6,04 mm perfilho
-1 dia
-1, não havendo diferença entre os tratamentos e estações, resultado semelhante ao encontrado por Melo (2014) de 6,27 mm perfilho
-1 dia
-1 para o capim-Piatã. Geralmente essa variável é alterada quando se trabalha com diferentes alturas de pré-pastejo, devido a competição por luz (CASAGRANDE et al., 2010).
A recuperação do dossel forrageiro após o corte ou pastejo, se dá pelo fluxo de biomassa, envolvendo os processos de alongamento, senescência de folhas e perfilhos, e ao longo do período de recuperação podem sofrer alterações, com a disponibilidade de recursos de crescimento como água, luz, nitrogênio e temperatura (CÂNDIDO et al., 2005a, 2005b; DIFANTE et al., 2008). Como o estudo foi conduzido na mesma condição de meio e adubação, as variáveis morfogênicas não se alteraram.
Conclusões
O manejo do capim-Piatã sob lotação intermitente por bovinos de corte com diferentes comprimento de lâmina foliar residual (2, 4 e 6 cm) não altera as características morfogênicas durante as estações das águas e transição águas-seca.
Gráficos e Tabelas
Referências
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