Características produtivas do capim Marandu submetido a diferentes alturas de corte no período de transição águas-seca

Barbara Fernandes Lima Alves1, Alessandra schaphauser Rosseto Fonseca2, Lilian Chambó Rondena Pesqueira-Silva3, Sérgio Antonio Garcia Pereira Junior4, Silvio Márcio Vieira Da Silva5, Carlos Silva Júnior6, Maria Fernanda Soares Queiroz7, Rosemary Laís Galati8
1 - Universidade Federal de Mato Grosso
2 - Universidade Federal de Mato Grosso
3 - Universidade Federal de Mato Grosso
4 - Universidade Federal de Mato Grosso
5 - Universidade Federal de Mato Grosso
6 - Universidade Federal de Mato Grosso
7 - Universidade Federal de Mato Grosso
8 - Universidade Federal de Mato Grosso

RESUMO -

O objetivo foi o de avaliar características produtivas do capim Marandu submetido a diferentes alturas de corte durante o período de transição águas-seca. As avaliações ocorreram entre abril a junho de 2015, e as alturas de corte foram a 30, 45, 60 e 75 cm, com 15 cm de resíduo. As variáveis de produção (kg/ha) avaliadas foram: massa de forragem verde (MV), massa seca (MS), lâmina foliar (LF), colmo+bainha (C+B) e proteína bruta (PB). Para as alturas de 30, 45, 60 e 75 cm, foram observados três, dois, um e um ciclos de corte, respectivamente. As produções de MV, MS, LF e PB diminuíram (P<0,05) com o aumento das alturas. A 75 cm, a produção de PB por área foi 59,10 e 62,95% menor que aquela observada a 45 e 30 cm, respectivamente. A produção de lamina foliar diminuiu (P<0,05) mais de 40% a partir de 45 cm de altura. A menor (P<0,05) produção de C+B ocorreu a 30 cm. Concluiu-se que o capim Marandu deve ser cortado ou pastejado de 30 a no máximo 45 cm de altura.

Palavras-chave: forragem, manejo, nitrogênio, pastejo, proteína

Productive characteristics of Marandu grass submitted to different cutting heights in the rainy-dry season

ABSTRACT - The aim was to evaluate productive characteristics of Marandu grass submitted to different cutting heights during the rainy-dry season. Evaluations occurred between April and June 2015, and the cutting heights were: 30, 45, 60 and 75 cm, with 15 cm of residue. Evaluated variables of production (kg / ha) were: green forage mass (MV), dry mass (MS), leaf blade (LF), stem + hem (C + B) and crude protein (PB). Were observed three, two, one and one cut cycles for 30, 45, 60 and 75 cm, respectively. The yields of MV, MS, LF and PB decreased (P <0.05) with increasing heights. At 75 cm, CP production was 59.10 and 62.95% lower than that observed at 45 and 30 cm, respectively. Leaf production decreased (P <0.05) over than 40% from 45 cm. The lowest (P <0.05) C + B production occurred at 30 cm. It was concluded that the Marandu grass should be cut or grazed from 30 to 45 cm high.
Keywords: forage, management, nitrogen, grazing, protein


Introdução

A pecuária nacional é caracterizada por manter seus rebanhos bovinos basicamente em pasto. A expansão da agricultura em áreas de pastagens e a crescente demanda por alimentos estão forçando a pecuária a se tornar cada vez mais produtiva. Para isto, ações de manejo devem ser adotadas, priorizando maior produtividade por área, sem comprometer o desempenho animal e a perenidade do pasto, tornando a atividade mais competitiva. O gênero Brachiaria é o maior representante na formação destas pastagens, com aproximadamente 100 espécies distribuídas nas regiões tropicais do planeta, ocupando cerca de 80% destas pastagens cultivadas no território nacional, e com 50% destas pastagens cobertas pela Brachiaria brizantha cv. Marandu (MACEDO, 2005). Diante da importância do capim Marandu para a pecuária brasileira, objetivou-se avaliar as características produtivas deste capim submetido a diferentes alturas de corte no período de transição águas-seca.

Revisão Bibliográfica

No estabelecimento de pastagens, destacam-se as forrageiras do gênero Brachiaria, que apresentam vantagens em relação a outros gêneros, como boa adaptação a solos ácidos, tolerância à baixa fertilidade dos solos e elevado rendimento de matéria seca (ALMEIDA, 1998). Há a necessidade da utilização de práticas de adubação em áreas de pastagem, visando o fornecimento de um alimento com melhor qualidade para o rebanho (MOREIRA, 2000). Tendo em vista o grande rebanho da pecuária nacional e o desejo do produtor de aumentar a taxa de lotação nas pastagens. A Brachiaria brizantha é uma espécie recomendada como alternativa para os cerrados de média a boa fertilidade, devido à alta produção de forragem, persistência, boa capacidade de rebrota, tolerância ao frio, seca, ao fogo e resistência ao ataque das cigarrinhas-das-pastagens, respondendo muito bem à adubação fosfatada e apresentando boa tolerância a altos teores de alumínio e manganês no solo (ALCÂNTARA e BUFARAH, 1999). Dentre uma das cultivares da braquiária, a Marandu apresenta elevado potencial de produção de massa verde, sendo muito usado na alimentação de ruminantes em geral e, ao contrário de outras cultivares e híbridos da mesma espécie, é bem aceita por equinos (SOARES FILHO, 1994).

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na Fazenda Experimental da UFMT entre abril a junho de 2015. O delineamento experimento foi o inteiramente casualizado, com quatro alturas de corte, 30, 45, 60 e 75 cm, seis repetições, num total de 24 parcelas de 20 m². Independente da altura de corte, o capim foi adubado com 200 kg ha-1 de nitrogênio (fonte sulfato de amônio). O dossel teve sua altura medida regularmente uma vez por semana, e para o corte, foi utilizado um quadrado de 0,25 m², lançado três vezes em cada parcela, permitindo-se resíduo de 15 cm. As amostras colhidas foram pesadas homogeneizadas e destas, retiradas uma subamostra para secagem por 72 horas a 55°C e obtenção da massa de forragem seca. Após a pré-secagem, estas amostras foram moídas a 1 mm e analisadas para quantificação da proteína bruta (AOAC, 1995). Foram avaliadas as produções (kg ha-1) de massa de forragem verde, massa seca, proteína bruta, lâmina foliar e colmo+bainha. Os dados foram submetidos à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey considerando-se nível de significância de 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

As produções de massa de forragem verde, massa seca e proteína bruta apresentaram comportamento decrescente com o aumento das alturas de corte, especialmente a 75 cm (Tabela 1). Para atingir esta altura, o capim demora mais tempo, e levando-se em consideração que a avaliação ocorreu no período de transição águas-seca, ou seja, quando disponibilidade de água diminuiu, apenas um corte foi obtido, o que explica as menores produções. Com a escassez das chuvas, o metabolismo da planta é reduzido, e em resposta ao estresse hídrico, a taxa de crescimento e desenvolvimento das folhas diminui, a matéria seca aumenta, e em resposta ao menor teor de umidade dos tecidos da planta, a síntese protéica é comprometida (MAESTRI et al., 2002; COSTA et al., 2005). Neste trabalho, a 75 cm de altura, a produção de PB por área foi 59,10 e 62,95% menor que aquela observada a 45 e 30 cm, respectivamente. A produção de lamina foliar diminuiu (P<0,05) a partir de 45 cm, com o menor valor observado a 75 cm de altura. Esta redução correspondeu a mais de 40% quando comparada aos cortes ocorridos a 30 e 45 cm, demonstrando claramente que em período de transição águas-secas, o manejo do capim deve ser a menores alturas, a fim de que a produção quantitativa e qualitativa não sejam comprometidas pela diminuição das precipitações. Preferencialmente, deve-se adotar 30 cm como altura de pré-pastejo, pois o número de cortes é maior, refletindo positivamente sobre as demais características de produção.

Conclusões

Concluiu-se que o capim Marandu pode ser cortado ou pastejado de 30 a no máximo 45 cm de altura.

Gráficos e Tabelas




Referências

  ALCÂNTARA, P.B.; BUFARAH, G. Plantas forrageiras: gramíneas e leguminosas. São Paulo: Nobel, 1999. 162p.   ALMEIDA, J.C.R. Combinação de doses de fósforo e magnésio na produção e nutrição de duas braquiárias. 1998. 81f. Dissertação de Mestrado – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.   COSTA, K.A.P.; ROSA, B.; OLIVEIRA, I.P.; CUSTÓDIO, D.P.; SILVA, D.C. Efeito da estacionalidade na produção de matéria seca e composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu, Ciência Animal Brasileira, v. 6, n. 3, p. 187-193, 2005.   MACEDO, M. C. M. Pastagens no ecossistema Cerrados: evolução das pesquisas para o desenvolvimento sustentável. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42, 2005, Goiânia. Anais… Goiânia. 2005. p.56 – 84.   MAESTRI, M.; ALVIM, P.T.; SILVA, M.A.P.; MOSQUIM, P.R.; PUSCHMANN, R.; CANO, M.A.O.; BARROS, R.S. Fisiologia vegetal: exercícios práticos. Viçosa: UFV, 2002. 91p.   MOREIRA, L.M. Características estruturais do pasto, composição química e desempenho de novilhos em pastagem de Brachiaria decumbens cv. basilisk adubada com nitrogênio. Viçosa: 25 Universidade Federal de Viçosa, 2000. 132p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa.   SOARES FILHO, C. V. Recomendações de espécies e variedades de Brachiaria para diferentes condições In: PEIXOTO, A. M.; Moura, J. C. de; FARIA V. P. de (ed.). Simpósio sobre manejo de pastagens – Brachiarias, 11., Piracicaba, SP. 1994. Anais. Piracicaba; FAELQ. 1994, p. 25- 49.